O consumo de ovos de tênia para emagrecer pode causar infecção intestinal e até tumores em alguns órgãos
Vendidos pela internet em formato de pílula, os ovos de tênia têm sido usados com a promessa de que ajudam a emagrecer rapidamente. Mas relatos recentes sobre o consumo dos ovos de tênia tem preocupado médicos em razão das consequências que a prática pode oferecer à saúde.
De acordo com alguns jornais internacionais, uma mulher de 21 anos teria ingerido pílulas contendo ovos de tênis com o intuito de perder peso. Algumas semanas depois a jovem foi diagnosticada com lesões no cérebro, fígado e língua, além de vários cistos no organismo.
Parasitas que podem se desenvolver no intestino humano ao ingerir carnes mal cozidas, as tênias realmente podem fazer com que seu hospedeiro perca peso, uma vez que se alimentam do que essa pessoa ingere. Porém, os ovos, quando ingeridos, podem cair na corrente sanguínea e chegar em qualquer órgão, causando a cisticercose.
“Dependendo do órgão afetado, pode causar até mesmo problemas cardiovasculares irreversíveis”, explica o gastroenterologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP) Mauricio Chibata. Por isso, elas podem ocasionar sérios problemas para o organismo.
Os principais sintomas gastrointestinais de uma infecção por tênia normalmente são cólicas abdominais e sensação de estufamento. Além disso, pode ocorrer também uma sensação de que a pessoa não comeu, pois a tênia absorve os nutrientes ingeridos.
Para ter uma tênia no intestino, o que parece ser o objetivo de consumir essas pílulas que estariam sendo vendidasde maneira clandestina, não basta ingerir os ovos da tênia. Segundo Mauricio, quem precisa ingerir esses ovos é o porco cuja carne será consumida.
O especialista explica que o porco come os ovos que estão no ambiente e esses ovos vão, pela circulação sanguínea, até os tecidos desse porco em forma de cisticerco. Então, quando alguém ingerir essa carne, se ela estiver mal cozida, essa pessoa vai ingerir já o bichinho pronto para se desenvolver no intestino.
“Nesse caso, ele não vai entrar na minha circulação, vai para o meu intestino e vai se fixar ali. Os pedaços do corpo dela vão conter ovinhos e, quando esses pedaços do corpo dela se desligam e vão junto com as fezes, eles contaminam o meio ambiente e o ciclo se reinicia”, comenta o profissional.
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Normalmente, o diagnóstico de uma infestação por tênia é feito por exame parasitológico de fezes, que vai identificar se há uma infestação por tênia. “Contanto que seja apenas uma infecção intestinal, o tratamento é tranquilo. Geralmente ele responde bem com medicações que são tóxicas para ele, como o Mebendazol, o Praziquantel e o Albendazol”, detalha Mauricio. Ao consumir ovos de tênia, o parasita não necessariamente vai parar no intestino, podendo ir para outros órgãos. “Se a gente consumir esses ovos, eles são absorvidos pela circulação sanguínea, porque são muito pequenos, e vão parar em qualquer um dos nossos órgãos. Podem ir para o cérebro, para os músculos, para o coração ou o pulmão. É o que chamamos de cisticerco”, explica Mauricio.
No cérebro, segundo o especialista, esse cisticerco pode causar convulsões e outros danos cerebrais. No coração, pode causar dor e até infarto; no pulmão, pode resultar sérios problemas de pulmão e assim por diante. “O risco de se comer ovos de tênia é muito alto. Esse consumo não deve ser feito em nenhuma hipótese”, finaliza o especialista.
Segundo relatório da Universidade de Harvard a fruta é uma das mais populares e está entre as três mais produzidas no mundo
Para longe vão as dietas que prometiam resultados “mágicos” para dar lugar a uma nova forma de alimentação baseada em hábitos conscientes e saudáveis. Nesse caminho, as frutas e vegetais são as estrelas porque são alimentos naturais que contêm múltiplos nutrientes, essenciais para manter o correto funcionamento do organismo.
Entre elas, a maçã é um clássico que nunca sai de moda. É uma fruta consumida desde a antiguidade — os seus primeiros registos são da Ásia Central e das zonas temperadas da Europa — e que se orgulha pela quantidade de propriedades nutricionais que promovem a saúde. Por estas razões, existe um ditado saxão que a descreve perfeitamente: “uma maçã por dia mantém o médico longe”. Mas quais são os seus segredos?
Um relatório da Universidade de Harvard indica que a maçã é uma das frutas mais populares e está entre as três mais produzidas no mundo. Além disso, destacam-se pela facilidade de armazenamento e transporte e, ao contrário de muitas outras frutas, estão disponíveis o ano todo.
Para a nutricionista Lucila Rosso, ela é um alimento nobre, completo e ideal para manter em equilíbrio as funções vitais do corpo. “A maçã é excelente porque contém múltiplos nutrientes necessários ao corpo: contribui para regular a glicemia, o colesterol, a pressão arterial e a microbiota intestinal”, explica a especialista.
A esse respeito, a nutricionista Silvina Tasat, membro da Associação Argentina de Nutrição, acrescenta que seu consumo é universal. “Não tem restrições e é muito bem tolerado”, diz.
Para explicar seus benefícios, outro artigo da Universidade de Harvard cita um relatório da revista científica Critical Reviews in Food Science and Nutrition, que dá conta das vantagens geradas por esta fruta. Como revelam: “Comer uma maçã de tamanho médio todos os dias ajuda a reduzir a pressão arterial, o colesterol e a inflamação”.
ALIADA DA SAÚDE
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O que melhor caracteriza a maçã é o alto teor de água. “Entre 80% e 85% de sua composição é líquida, então seu consumo nos proporciona uma excelente hidratação”, destaca Rosso.
Outro ponto que diferencia esse alimento é que ele tem baixo índice calórico: “uma maçã de 100 gramas tem em média 52 calorias”, afirma Julio Bragagnolo, chefe de Nutrição e Diabetes do Hospital Ramos Mejía. Ao mesmo tempo, pelo baixo teor de gordura — 0,2 gramas — e pelo nível de saciedade que gera, “faz com que seja um alimento essencial para quem quer perder peso”, afirma o especialista.
A maçã também é rica em carboidratos. Segundo os especialistas consultados, 100 gramas contêm 14 gramas desse macronutriente “que vem na forma de frutose e para absorvê-la não precisa que o corpo libere insulina, por isso é ideal para pessoas que não têm uma boa glicemia manejo como no caso dos diabéticos”, explica Rosso.
Por outro lado, a maçã é considerada uma aliada para retardar o envelhecimento celular e fortalecer o sistema imunológico graças ao aporte de vitaminas e minerais. Como descreve Rosso, seu alto teor de vitamina C e E atua como antioxidante e anti-inflamatório, portanto “fortalece as células e previne o desenvolvimento de doenças crônicas como a hipertensão; também resfriados e gripes do dia a dia.”
Quanto aos minerais, a presença de potássio, “que se encontra na proporção de 107 miligramas por 100 gramas de maçã, é fundamental para quem tem hipertensão porque regula o nível de sódio no organismo”, afirma Rosso e. acrescenta que também é importante manter a contração ideal e a saúde muscular, especialmente em atletas ou idosos. Além disso, destaca-se a presença de cálcio e fósforo, que segundo Bragagnolo, colaboram no desenvolvimento da estrutura óssea, dentes e gengivas.
A fibra natural é outro dos nutrientes presentes nas maçãs. A casca contém algo conhecido como pectina, que absorve água e toxinas. Quando isso ocorre, forma um gel que posteriormente será eliminado, por isso “é recomendado para pessoas que sofrem de prisão de ventre ou prisão de ventre”, acrescenta Rosso. Por outro lado, a polpa da fruta contém uma fibra chamada tanino “que ajuda a diminuir os episódios de diarreia”, diz Rosso. Então, “depende se você quer ou não acelerar o trânsito intestinal, é melhor comer descascado ou com casca”, ressalta a nutricionista.
Essas fibras, por sua vez, ajudam a reduzir o colesterol ruim (LDL). Isto foi relatado em um relatório da Universidade de Harvard que, após analisar cinco investigações clínicas, observou que a ingestão de frutas tem impacto nas doenças cardiovasculares. Com base nisso, observaram uma melhora nos casos de consumo de maçãs frescas ou desidratadas.
BRASÍLIA – O atendimento a pacientes obesos em emergências de todo o país requer adaptações urgentes, incluindo adequações na estrutura hospitalar, como o uso de macas reforçadas, até a capacitação de equipes para procedimentos como intubação e obtenção de acesso venoso.
O alerta é da Abramede (Associação Brasileira de Medicina de Emergência) e da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
“O aumento da obesidade na população brasileira trouxe à tona importantes desafios para os profissionais de saúde, especialmente nos departamentos de emergência”, avaliam as entidades em nota conjunta. “A falta de preparação adequada em muitas unidades pode resultar em atrasos críticos ao tratamento, agravando condições que exigem intervenção rápida”, completa o documento.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 61,4% da população nas capitais brasileiras apresenta sobrepeso, enquanto 24,3% vivem com obesidade. Em todo o planeta, a Federação Mundial de Obesidade estima que o número de adultos com sobrepeso ou obesidade chegará a 3,3 bilhões em 2035. Nesse contexto, as entidades avaliam que não se pode assistir à crescente demanda sem se preocupar com a qualidade da assistência prestada aos pacientes.
A nota conjunta destaca que, nos departamentos de emergência, a realização de exames físicos figura como um dos maiores desafios – o excesso de tecido adiposo dificulta exames clínicos essenciais, como palpação e ausculta, e compromete a identificação rápida de sinais clínicos críticos, como a pulsação em pacientes inconscientes. Tudo isso pode atrasar procedimentos que exigem resposta imediata, como a ressuscitação cardiopulmonar.
“Além disso, procedimentos rotineiros, como a obtenção de acesso venoso, tornam-se mais complicados e exigem maior número de tentativas, o que aumenta o risco de infecções e tromboses. Outro ponto crítico é a intubação em pacientes com obesidade, que demanda técnicas especializadas, como a ‘posição rampada’, que facilita a visualização das vias aéreas e melhora a ventilação.”
Exames de imagem, segundo as entidades, também enfrentam limitações entre pacientes com obesidade ou sobrepeso. Ultrassonografias e radiografias são prejudicadas pela presença de tecido adiposo, enquanto tomografias e ressonâncias, muitas vezes, requerem múltiplas varreduras, prolongando o tempo de exame e aumentando a exposição à radiação.
Recomendações
Em meio ao cenário, a Abramede e a Abeso recomendam:
– adaptar a infraestrutura dos departamentos de emergência para acomodar o peso e as dimensões de pacientes com obesidade, incluindo a disponibilização de macas reforçadas, cadeiras de rodas maiores e balanças de alta capacidade;
– capacitar equipes médicas, sobretudo para que os profissionais possam realizar exames físicos adaptados à obesidade e manusear corretamente equipamentos necessários para o atendimento desses pacientes;
– combater o estigma associado à obesidade por meio do incentivo para que profissionais da saúde utilizem linguagem empática e adequada, evitando atitudes preconceituosas que possam impactar negativamente o atendimento.
No âmbito de políticas públicas, o documento propõe medidas como a incorporação de treinamento sobre obesidade e suas comorbidades nos currículos de programas de residência em medicina de emergência, além da inclusão do peso do paciente nas informações de referenciamento, para que indivíduos com mais de 150 quilos sejam encaminhados a serviços devidamente capacitados e estruturados para seu atendimento.
As entidades defendem ainda a criação, em caráter de urgência, de protocolos clínicos padronizados para o cuidado de pacientes com obesidade grave em emergências, incluindo adaptações físicas e suporte psicológico necessário. “O combate à gordofobia deve ser promovido por meio de campanhas institucionais de conscientização e educação, a fim de reduzir o preconceito e garantir um atendimento humanizado e adequado”.
Presidente em exercício do CFM, Emmanuel Cavalcanti afirma que, muitas vezes, a falta de infraestrutura no ambiente de trabalho também acaba tensionando a atuação do médico
Pesquisa do CFM identificou violência contra médicos em unidades de saúde (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
A cada dia, nove médicos são vítimas de violência em estabelecimentos de saúde do Brasil, segundo dados do CFM (Conselho Federal de Medicina). A média foi calculada pela entidade a partir de um levantamento que considerou cerca de 38 mil boletins de ocorrência feitos entre 2013 e 2024 nas polícias civis do país.
De acordo com os dados, o ano mais violento para os profissionais foi 2023, quando ocorreram 3.993 casos, um aumento de cerca de 50% em relação a 2013, ano em que 2.669 profissionais fizeram boletim de ocorrência por violência no ambiente de trabalho. As informações consideram estabelecimentos de saúde públicos e privados.
“A partir de agora vamos iniciar as buscas por respostas. Por que esses médicos são agredidos? É demora no atendimento? Algum problema na relação médico-paciente? Por que isso ocorre? E, a partir daí, buscar soluções para esses problemas”, afirmou Jeancarlo Fernandes Cavalcante, 3º vice-presidente do CFM.
O CFM consultou todos os Estados por meio de pedidos de Lei de Acesso à Informação. Somente o Rio Grande do Norte não respondeu. O Acre afirmou não ter os dados. Outros Estados, como Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, não atendiam aos padrões solicitados, seja por não filtrar violência contra médicos em ambiente de trabalho, ou porque os dados correspondiam à violência em estabelecimentos de saúde, mas a profissão da vítima foi ignorada. Diante disso, o CFM optou por fazer uma média ponderada para esses Estados.
Os dados consideraram diversos tipos de violência, como: ameaça, lesão corporal, vias de fato, perturbação do trabalho, injúria ofendendo a dignidade, desacato, calúnia, difamação, furto, entre outros. Entre os casos considerados, 47% das vítimas eram mulheres e 53%, homens.
Presidente em exercício do CFM, Emmanuel Cavalcanti afirma que, muitas vezes, a falta de infraestrutura no ambiente de trabalho também acaba tensionando a atuação do médico. Ele diz ainda que, em geral, a segurança prestada nos estabelecimentos de saúde está voltada para a proteção patrimonial e não dos profissionais de saúde.
“A gente precisa de uma ação efetiva para proteger o maior patrimônio, que é o patrimônio humano. Não só médicos, mas todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência”, diz.
Regiões mais violentas
Em termos absolutos, o Estado de São Paulo lidera no número de casos ao longo dos anos analisados, com 18.406 ocorrências, em um universo de 166 mil médicos registrados no conselho. Em São Paulo, 45% dos casos ocorreram em hospitais, e os demais em clínicas, consultórios, laboratórios, postos de saúde e casas de repouso.
Ao observar a média de ocorrências por mil médicos num período de dez anos (2013-2023), no entanto, é possível observar que Estados da região Norte apresentam um índice maior de violência. As médias mais altas, considerando essa razão, foram registradas no Amapá (37,8 casos a cada mil), em Roraima (26,4 casos a cada mil) e no Amazonas (23,7 casos a cada mil).
O interior do País também tende a ter índices maiores do que a capital, representando 66% das ocorrências.
Diretor de Comunicação do CFM, Estevam Rivello, defende que os Estados melhorem a captação de dados de violência contra médicos para servir como base ao desenvolvimento de políticas mais efetivas. Ele argumenta ainda que é preciso envolver o Executivo e o Legislativo no combate ao problema.
“(Precisamos) Desde a articulação dos conselhos regionais nas secretarias de Estado, possibilitando a padronização, melhoria e combate à violência contra profissionais até leis mais rígidas, que punam o infrator e protejam o ambiente de saúde e o profissional”, disse.
Público infantil é o mais afetado pela negligência da atual gestão
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sem vacinas contra a Covid-19 para entrega imediata após parte dos lotes adquiridos da farmacêutica Moderna perder a validade nos estoques do Ministério da Saúde. A situação afeta principalmente o público infantil, que sofre com a falta de imunizantes.
Cerca de 4,2 milhões de doses de um contrato de 12,5 milhões de vacinas da Moderna, adaptadas à variante XBB, ficaram paradas no estoque, e 1,2 milhão já foi recolhida para troca por unidades com validade estendida. As outras 3 milhões de doses, vencidas, devem ser substituídas por vacinas da variante JN.1 em dezembro.
O contrato emergencial, no valor de R$ 725 milhões, foi assinado com atraso e as primeiras entregas ao SUS ocorreram apenas em maio. Além disso, a Moderna entregou vacinas com validade mais curta do que o esperado, o que fez o Ministério da Saúde solicitar a troca dos lotes em agosto, sem custos adicionais.
Em setembro, a Anvisa autorizou a importação de 1,2 milhão de vacinas substitutas, com validade até 2025, mas essas doses ainda precisam passar por controle de qualidade antes de serem distribuídas.
O Ministério da Saúde atribui a situação a uma combinação de fatores, como a curta validade das vacinas, a exigência de armazenamento em baixas temperaturas e campanhas de desinformação.
O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, o médico Eder Gatti, declarou à Folha de S.Paulo que a pasta está ciente que os estados estão com estoque para adultos e que o desabastecimento de vacinas infantis será resolvido.