Agência das Nações Unidas publicou novo relatório apontando que a concentração de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) atingiram níveis sem precedentes no último ano
As concentrações atmosféricas de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global causado pelo homem, atingiram níveis sem precedentes no último ano, afirma um novo estudo da Organização Meteorológica Mundial divulgado nesta segunda-feira (28).
Segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2023, as concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO2), o gás de efeito estufa mais abundante na Terra, ultrapassaram em mais de 151% os níveis da era pré-industrial (definida pelo ano de 1750), alcançando o pico de 420 ppm (partes por milhão - o número de moléculas do gás a cada milhão de moléculas de ar).
Assim, o aumento do CO2 em 2023 foi de 2,3 ppm, marcando o 12º ano consecutivo com crescimento superior a 2 ppm.
Aliado a isso, o metano (CH4) também viu um aumento em suas concentrações (265% em relação a 1750, ou 1.934 ppb).
Já o óxido nitroso (N2O), o terceiro gás mais abundante, registrou um aumento de 125% em relação a 1750, ou 336 ppb).
"Mais um ano, mais um recorde. Isso deve acender um sinal de alerta entre os tomadores de decisão. Estamos claramente fora do caminho para cumprir o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C e de buscar 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Esses números vão além de estatísticas; cada parte por milhão e cada fração de grau de aumento da temperatura têm um impacto real em nossas vidas e no planeta”, afirmou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.
CONSEQUÊNCIA DOS GASES DE EFEITO ESTUFA
Segundo a OMM, o aumento do CO2 nos últimos anos está ligado à queima de combustíveis fósseis, com variações anuais influenciadas pelo fenômeno El Niño.
Em 2023, as emissões de carbono provenientes de incêndios florestais foram 16% acima da média, com o Canadá enfrentando a pior temporada de incêndios de sua história.
Já o metano, que permanece na atmosfera por cerca de uma década, representa aproximadamente 16% do aquecimento global causado por gases de efeito estufa.
Sua emissão provém tanto de fontes naturais quanto de atividades humanas, como agricultura e exploração de combustíveis fósseis.
Embora o aumento do metano em 2023 tenha sido menor do que em 2022, ainda assim ele atingiu um recorde para o período de cinco anos.
O óxido nitroso, por sua vez, é um potente gás de efeito estufa e agente de degradação da camada de ozônio, com emissões provenientes de fontes naturais e humanas, como o uso de fertilizantes. Mas o aumento do óxido nitroso de 2022 para 2023 foi menor em comparação ao aumento recorde anterior.
A Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal aprovou esta semana o Projeto de Lei 4364/2023, elaborado pelo senador Marcos Pontes. A proposta visa incentivar ações de mitigação e remoção de gases de efeito estufa no Brasil, promovendo uma economia mais sustentável e combatendo as mudanças climáticas. O projeto altera a Política Nacional sobre a Mudança do Clima, incluindo ações prioritárias para reduzir as emissões por entidades públicas e privadas.
O Brasil já protege e preserva 66,3% de sua área total com vegetação nativa. Dentre essas áreas, 9,4% são unidades de proteção, 13,8% são terras indígenas, 9,9% são terras devolutas não cadastradas, e 33,2% são imóveis rurais que lideram a preservação. Cidades e infraestrutura ocupam apenas 3,5% da área, enquanto 30,2% são propriedades rurais dedicadas a lavouras, pastagens e florestas plantadas.
O senador Marcos Pontes destacou a importância de ações globais e locais para reduzir as mudanças climáticas. “Temos que fazer o que está ao nosso alcance, e uma dessas ações é a redução dos gases de efeito estufa. Podemos implementar diversas medidas, desde a maneira como produzimos e consumimos energia, até como a mobilidade é realizada e o tipo de combustível utilizado. Deve ser feito de forma técnica e gradual. Esse projeto tem essa finalidade”, afirmou o senador.
O texto do projeto prevê incentivos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de energias renováveis, aumento da eficiência energética, restauração de vegetação nativa, combate ao desmatamento ilegal e promoção de técnicas de agricultura de baixo carbono.
“O projeto fortalece o compromisso com a preservação ambiental, priorizando ações específicas para o controle e a prevenção do desmatamento ilegal. Dessa forma, combatemos essa prática criminosa e garantimos maior efetividade na preservação da vegetação nativa”, ressaltou o senador Zequinha Marinho.
Se não houver recurso para a votação no plenário, o projeto seguirá para análise na Câmara dos Deputados. A aprovação desta proposta representa um passo importante para o Brasil na busca por um desenvolvimento mais sustentável e na contribuição para os esforços globais de combate às mudanças climáticas.
Conferência irá reunir 198 países, entre eles o Brasil
A menos de um mês, a cidade de Baku, no Arzebaijão, reunirá representantes de 198 países e territórios durante a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que ocorrerá entre os dias 11 e 22 de novembro. Durante o encontro, líderes mundiais debaterão a crise climática e dezenas de acordos e negociações acerca do tema, mas este ano, uma discussão prevalecerá: o desenho de um financiamento climático global.
Uma nova geração de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) alinhadas à missão de manter o planeta 1,5 grau Celsius acima do período pré-industrial é o principal dever das partes que assinam o Acordo Paris. Nelas, os países apresentarão as ambições que pretendem transformar em ação para contornar a crise climática, mas para que tudo funcione é necessário saber quanto tudo isso custará e quem pagará a conta.
Segundo a secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, há cinco temas que dominam esses impasses que são transparência, valor para atualização do financiamento global, quem deve pagar, o tempo de atualização da nova obrigação e como os recursos devem financiar proporcionalmente mais ações de mitigação, de adaptação ou de forma equivalente.
Nos últimos cinco anos, o valor que deveria ser financiado por países ricos aos países em desenvolvimento era de US$100 bilhões, valor que já se mostrou insuficiente, mas, segundo Ana Toni, ainda é necessário mais clareza na metodologia adotada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o repasse desses valores, para confirmar se os países pagadores estão cumprindo o compromisso firmado.
“Independentemente do número, precisamos de transparência para saber e monitorar como é que esse recurso está chegando para os países em desenvolvimento”, diz.
De acordo com o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador André Corrêa do Lago, a manutenção de países ricos como financiadores dos países em desenvolvimento é o que o Brasil defenderá durante a conferência ao lado dos outros 134 países que integram o Grupo dos 77 + China (G77/China), em oposição à proposta dos países desenvolvidos de que financiamentos voluntários de países emergentes passem a ser obrigatórios.
De acordo com os secretários, na pré-COP realizada no início de outubro em Baku também ficou claro que a regulação de um mercado de carbono global é um segundo tema, que terá força durante a conferência em novembro. Singapura e Nova Zelândia comandarão as negociações acerca do assunto e um acordo internacional é esperado ao final do encontro.
Para Ana Toni, o entendimento é que esses dois temas precisam avançar este ano e que o Brasil tem condições de contribuir de forma efetiva com o debate global a exemplo do avanço alcançado nacionalmente.
“A NCQG [Nova meta Coletiva Qualificada] e o mercado de carbono são debates que precisam acontecer na COP29, se não acontecerem vai para a COP30, então para o sucesso da nossa própria COP a gente quer muito que isso seja resolvido”, reforça.
Os secretários também consideraram efetiva a iniciativa que reuniu as presidências das COPs 28, 29 e 30, lideradas respectivamente pelos Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão e Brasil para reuniões de avaliação e negociações com outros países em momentos que antecedem as conferências.
“A Troika tem trabalhado bastante nisso, da gente falar com todos os países em colocar as metas na missão 1.5, alinhadas com as próximas NDCs e que tenham planos de implementação nacional fortes também, a exemplo do Plano Clima que está sendo construído no Brasil”, conclui Ana Toni.
Quanto mais quente a água do mar, maior a probabilidade de formação de furacões de alta intensidade
Formado no dia 5 de outubro de 2024, o furacão Milton gerou grande preocupação entre meteorologistas e autoridades governamentais devido ao seu alto potencial destrutivo. Em menos de dois dias, saiu de ventos de 119 km/h para 285 km/h. Isso o colocou entre os furacões que mais rápido subiram de intensidade, atrás apenas de Wilma e Félix, ocorridos em 2005 e 2007, respectivamente.
Na noite de 9 de outubro, Milton atingiu a costa oeste da Flórida como um furacão de categoria 3, com ventos de 195 km/h. Esse momento de chegada ao continente, conhecido como “landfall”, traz consigo ventos e chuvas intensas, resultando em impactos severos nas regiões costeiras afetadas. As consequências variam conforme a intensidade do furacão, podendo gerar tempestades devastadoras, inundações, destruição de casas e tornados.
As cidades de Sarasota e Tampa foram as mais impactadas, resultando em um estado de alerta máximo para a evacuação de 5,5 milhões de pessoas, 3,3 milhões de casas sem eletricidade e pelo menos 10 mortes já confirmadas. Os furacões se formam a partir de altas temperaturas da superfície do mar, geralmente em torno de 27 °C.
Essas águas quentes favorecem a evaporação, fazendo com que o ar quente e úmido suba. Ao entrar em contato com o ar mais frio da atmosfera, cria-se uma região de baixa pressão, onde a pressão atmosférica é menor. Isso gera um ciclo de movimento, com o ar frio descendo para substituir o ar quente que subiu. Esse fenômeno cria um sistema de ventos e nuvens de tempestade.
A rotação da Terra faz com que esses sistemas girem em sentido horário no Hemisfério Norte e anti-horário no Hemisfério Sul, formando o característico “olho” do furacão. O olho é vital para a intensidade do furacão, pois é onde ocorrem as principais trocas de calor. A maior intensidade do furacão ocorre sobre o oceano, ao chegar à terra, ele perde força e diminui de categoria. Esta diminuição é ocasionada porque o que alimenta o olho do furacão é a energia disponibilizada pelo calor da superfície da água. O fenômeno é chamado de acordo com a região onde ocorre, sendo:
Foto: BBC
Furacão: Oceano Atlântico e no nordeste do Pacífico; tufão: noroeste do Pacífico, especialmente na Ásia e ciclone: sul do Pacífico e no Oceano Índico.
Ações judiciais buscam reparação por destruição de cinco mil hectares em três estados da Amazônia Legal
Por Rondoniadinamica
AGU pede R$ 89 milhões em indenização por queimadas na Amazônia, incluindo áreas em Rondônia
Porto Velho, RO – A Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com cinco ações judiciais contra responsáveis por queimadas que devastaram aproximadamente cinco mil hectares de vegetação nativa em regiões da Amazônia. Os processos envolvem áreas localizadas no Amazonas, Pará e Rondônia, e a reparação financeira total solicitada é de R$ 89 milhões. As ações têm como base autos de infração e laudos elaborados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Os municípios afetados incluem Altamira e São Félix do Xingu, no Pará; Boca do Acre e Lábrea, no Amazonas; e Buritis, em Rondônia. Nessas localidades, o desmatamento ocorreu, principalmente, por meio de queimadas, resultando na perda significativa de vegetação nativa. As ações judiciais da AGU pedem, além do ressarcimento, o bloqueio dos bens dos envolvidos e a proibição de uso das áreas desmatadas para qualquer atividade econômica.
Entre as medidas adicionais solicitadas pela AGU estão a suspensão de incentivos fiscais concedidos aos responsáveis, além da restrição ao acesso a linhas de crédito oferecidas por órgãos públicos. O objetivo é garantir a reparação dos danos ambientais e impedir que os infratores continuem a explorar essas áreas de maneira irregular.
Essas ações se somam a outra iniciativa recente da AGU, que, em setembro, demandou R$ 635 milhões em compensação por danos climáticos. Essa ação anterior se referia ao desmatamento de 7.075 hectares dentro de uma unidade de conservação no estado do Pará.