
Terras Indígenas ajudam na prevenção de doenças causadas por queimadas, revela estudo
Data 13/04/2023 15:49:36 | Tóopico: Brasil
| A pesquisa divulgada na Communications, Earth & Environment, da Nature, apontou os territórios podem absorver 26.000 toneladas de poluentes nocivos liberados pelas queimadas todos os anos. JORNALISMO@PORTALAMAZONIA.COM">REDAÇÃO - JORNALISMO@PORTALAMAZONIA.COM Uma pesquisa divulgada na Communications, Earth & Environment, da Nature, apontou que a floresta tropical da Amazônia e seus Territórios Indígenas podem absorver nada menos que 26.000 toneladas de poluentes nocivos liberados pelas queimadas todos os anos, evitando milhares de casos de doenças cardiovasculares e respiratórias letais e reduzindo de forma significativa os custos com a saúde em algumas das cidades mais desmatadas da região. Os autores - Paula R. Prist , Florencia Sangermano, Allison Bailey , Vitória Bugni, María del Carmen Villalobos-Segura , Nataly Pimiento-Quiroga, Peter Daszak & Carlos Zambrana-Torrelio - realizaram uma análise de dados de 10 anos, constatando que cada hectare de floresta queimada custa às cidades pelo menos 2 milhões de dólares no tratamento de doenças relacionadas, enquanto demonstram que as florestas indígenas ao absorverem os poluentes dos incêndios, evitam cerca de 15 milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares por ano, o que, de outra forma, custaria 2 bilhões de dólares ao sistema de saúde. "Durante os anos analisados, a Floresta Amazônica tinha capacidade potencial para absorver em média 8,5 bilhões de material particulado a cada 500 km/ano, com um total de 26.376,66 toneladas/ano para toda a região. Somente os territórios indígenas foram responsáveis por 27% desse potencial de absorção (7.192 toneladas ano), com apenas cinco territórios (Vale do Javari, Yanomami, Alto Rio Negro, Mekragnoti e Trombetas). Sendo responsável por 8% da capacidade potencial total de absorção de toda a Amazônia. Espacialmente, a menor capacidade de absorção concentrou-se na parte mais ao sul, que corresponde à região do arco brasileiro de desmatamento", apontam na conclusão do estudo.
Foto: Reprodução / Estudo 'Protecting Brazilian Amazon Indigenous territories reduces atmospheric particulates and avoids associated health impacts and costs' A pesquisa também conclui que terras indígenas densamente florestadas estão protegendo populações urbanas e rurais, na região sudeste da floresta. Os resultados indicam que a floresta Amazônica pode absorver 26.000 toneladas de partículas todos os anos e os territórios indígenas são responsáveis por 27% dessa absorção, embora ocupem apenas 22% da floresta, informam. A equipe de pesquisadores, da Clark University, EcoHealth Alliance, George Mason University, a Universidade Nacional Autônoma do México e a Universidade de São Paulo, concentrou sua análise na Amazônia Legal Brasileira, uma área que se estende por mais da metade do território do país, incluindo 722 cidades de médio e pequeno porte. Durante o período das queimadas, do final de julho até novembro, a região tornou-se um dos lugares mais poluídos do planeta. Incidência de doenças relacionadas ao fogo. Foto: Reprodução / Estudo 'Protecting Brazilian Amazon Indigenous territories reduces atmospheric particulates and avoids associated health impacts and costs' "Com base em uma década de relatórios de doenças cardiovasculares e respiratórias em toda a Amazônia, e dados sobre poluentes e cobertura florestal, os cientistas identificaram dois milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares para uma estimativa de 1,7 tonelada de partículas liberadas todos os anos por incêndios durante a estação seca, que geralmente começa no final de julho, o que sugere que devastar a floresta pode ocasionar um número muito maior de poluentes e taxas mais elevadas de doenças. Na falta de dados meteorológicos precisos, os cientistas basearam-se apenas em dados de satélite para quantificar as emissões dos incêndios, que são frequentemente perpetrados para desmatar ilegalmente a terra para cultivo ou pasto. Os pesquisadores não mediram as verdadeiras taxas de remoção da floresta, em vez disso, calcularam a capacidade da Amazônia de absorver as partículas emitidas pelos incêndios durante a estação da seca, fazendo previsões com base em estudos realizados em regiões temperadas", destacam sobre o caminho escolhido para realizar o estudo.
Estudo desenvolve bebida e queijo feitos a partir da castanha de babaçu Os produtos à base do babaçu podem substituir derivados de leite e representam novas opções de geração de renda para as quebradeiras de coco do Maranhão. Portal Amazônia, com informações da Embrapa O Maranhão concentra mais de 90% do total das castanhas de babaçu produzidas e comercializadas no País. Além disso, as milhares de comunidades nas quais o extrativismo de babaçu é tradicionalmente praticado se caracterizam pelo destaque e protagonismo das quebradeiras de coco, vinculadas à extração da amêndoa para subsistência e venda a comerciantes locais com destino à indústria de óleos. Os principais produtos obtidos das amêndoas são o óleo, o azeite tradicional e a bebida tipo leite, utilizados na culinária. Já o mesocarpo, que é a parte comestível entre a casca e a parte interna do coco babaçu, é costumeiramente consumido como alimento medicinal e suplemento alimentar. Pelo seu alto teor de amido (cerca de 70%), tem sido utilizado na elaboração de pães, bolos, biscoitos, mingaus, beiju, quitutes e em uma bebida quente popularmente conhecida como "chocolate de babaçu". A amêndoa de coco babaçu é matéria-prima de um análogo de queijo e de uma bebida desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os produtos à base de plantas, ou plant-based, podem substituir derivados de leite, para quem não pode ou não deseja consumir lácteos tradicionais. Foto: Reprodução/ Embrapa Segundo Guilhermina Cayres, pesquisadora da Embrapa Cocais (MA) e líder do projeto, alimentos produzidos a partir da biodiversidade brasileira, que valorizam o conhecimento tradicional e a história de grupos sociais, possuem um grande potencial para atender nichos de mercados que valorizam produtos com essas características. "É o caso de alimentos à base de babaçu fabricados por quebradeiras de coco. Tanto a bebida vegetal tipo leite quanto o análogo de queijo representam oportunidades de inovação na cadeia de valor do babaçu, agregando saberes tradicionais e conhecimentos técnico-científicos, gerando negócios e promovendo o empreendedorismo de organizações comunitárias em torno de uma espécie da sociobiodiversidade que é o babaçu", afirma. A pesquisadora Selene Benevides, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), que desenvolveu o análogo de queijo, caracteriza o projeto como de inovação social, uma vez que tem por objetivo contribuir com o desenvolvimento das atividades realizadas nas comunidades de quebradeiras de coco, que sobrevivem do extrativismo vegetal. "No Maranhão, eles já produzem alguns alimentos à base de babaçu. Esses novos produtos tiveram seus parâmetros avaliados com base em similares existentes na legislação e no mercado", explica. Foto: Reprodução/ Embrapa O análogo de queijo apresenta sabor e aroma semelhantes a produtos lácteos fermentados. Benevides explica que, como o babaçu é adocicado, a fabricação envolve um processo de fermentação que reduz o dulçor, aumenta a acidez e confere sabor e aroma semelhantes a queijos tradicionais. Como o coco é rico em lipídios e pobre em proteínas, foi adicionada uma fonte proteica a partir da soja e o resultado foi um alimento que apresenta teores de proteína semelhantes a de um queijo fresco. Já a bebida é um extrato obtido da trituração de amêndoas de coco babaçu em água, na proporção de 1 kg de amêndoas para 3 kg de água, além de ingredientes para melhorar a estabilidade e o sabor. O produto deve ser pasteurizado, pronto para o consumo, e armazenado em temperatura de refrigeração, podendo ser consumido em até 15 dias – tempo de vida de prateleira semelhante ao de outras bebidas vegetais pasteurizadas. O pesquisador Nedio Wurlitzer, também da Embrapa Agroindústria Tropical, que atuou no desenvolvimento do produto, diz que a principal proposta é apresentar novas possibilidades de uso da amêndoa de babaçu, permitindo acessar nichos de mercados no Maranhão, que valorizem as preparações artesanais. Para ele, o desenvolvimento de processos tecnológicos para aproveitamento integral da amêndoa pode resultar em melhoria de renda às quebradeiras de coco.
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