Alta de cirurgia de fimose em adolescentes alerta especialistas

Publicado em: 05/12/2025 10:45
Alta de cirurgia de fimose em adolescentes alerta especialistas
Foto: Reprodução

Diagnóstico tardio e falta de acesso à saúde elevam em mais de 80% as internações de jovens em razão do procedimento

Nos últimos dez anos, as internações cirúrgicas por problemas relacionados à fimose em adolescentes cresceram mais de 80% no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a partir de dados dos SUS.

 

Esse aumento acendeu um alerta entre urologistas, que veem na tendência um sinal de que o diagnóstico pode estar acontecendo tarde demais, quando a cirurgia é mais dolorosa, a recuperação é mais lenta e as complicações são mais frequentes.

 

A fimose é caracterizada pelo excesso de pele que recobre a cabeça do pênis e dificulta a retração do prepúcio. Ela é bastante comum nos primeiros anos de vida, inclusive recebe o nome de “fimose fisiológica”, e costuma se resolver espontaneamente até os 3 anos. O problema surge quando o prepúcio (essa pele que recobre a glande) não consegue ser retraído. Isso dificulta a higiene, favorece infecções e, mais tarde, pode causar constrangimento e dor durante as ereções.

 

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Quando não há uma resolução natural do quadro até os 7 anos de idade, é possível tratar com pomadas de corticoide. “Após esse período, se o problema persistir, a cirurgia é recomendada e é sempre melhor operar na primeira infância do que na adolescência”, explica o urologista Daniel Suslik Zylbersztejn, do Einstein Hospital Israelita.

 

A investigação da SBU com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS mostra que as internações por fimose, parafimose e prepúcio redundante na faixa de 10 a 19 anos saltaram de 10.677, em 2015, para 19.387, em 2024.

 

Internações por cirurgia de fimose em adolescentes disparam mais de 80% e  acendem alerta entre especialistas

Foto: Reprodução

 

Isso pode ser explicado por múltiplas causas: falhas no diagnóstico precoce, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e um afastamento típico dos meninos do consultório médico depois que deixam o pediatra, especialmente nos primeiros anos da puberdade. A pandemia de Covid-19 também contribuiu: cirurgias eletivas foram adiadas e parte das consultas deixou de acontecer, empurrando a resolução do problema para mais tarde.

 

Além do desconforto físico, a fimose não tratada eleva o risco de infecções urinárias, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e até câncer de pênis. “Na adolescência, o pênis é maior, a pele já tem mais fibrose e pode sangrar mais. O menino tem mais ereções devido à testosterona, e a recuperação tende a ser mais desconfortável e demorada”, adverte Zylbersztejn, que é diretor do departamento de Urologia do Adolescente da SBU.

 

 

 

“Pela masturbação e pela iniciação sexual, muitos acabam precisando do procedimento nessa fase”, afirma o médico. O procedimento pode ser feito em qualquer idade. “As principais complicações são sangramento e hematoma. Infecção é muito rara, e a maioria dos meninos se recupera bem com cuidados simples”, assegura o urologista.

 

Fonte: Metrópoles

 

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