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Brasil : “Caçador” de nazistas visitou Vilhena no início da cidade
Enviado por alexandre em 18/05/2023 01:02:02

Condecorado após a Segunda Guerra Mundial, o delegado Paulista Elpídio Reali veio ''sondar'' a região antes da chegada do Presidente JK.


A vila de Vilhena (sul do estado de Rondônia) ainda não tinha nascido em 1960. Além das comunidades indígenas, contava apenas um posto telegráfico, inaugurado havia quase meio século pela Comissão Rondon, perdido nos confins da Chapada dos Parecis. Em fevereiro daquele ano, percorreu a área um homem estranho, sempre com uma escopeta pendurada ao ombro. Visitou a estação telegráfica e perambulou pela área onde, meses depois, seria aberta a rodovia BR-29 (atual 364), que liga Rio Branco (AC) a Brasília (DF).

Mas quem era aquele misterioso personagem? Trava-se de Elpídio Reali, delegado da Polícia Civil do estado de São Paulo. Por que ele estaria andando por Vilhena, fora de sua jurisdição?

Havia 15 anos que a Segunda Guerra Mundial terminara, persistia uma certa "neurose" de que nazistas e criminosos de guerra poderiam estar escondidos no Brasil; corria até a lenda de que o próprio ditador alemão Adolf Hitler teria vivido seus últimos dias, na década de 1980, em Nossa Senhora do Livramento, no interior do Mato Grosso.

Pela descrição insólita, depois de simular o próprio suicídio, Hitler fugiu para a América do Sul – a princípio, para a Argentina, depois o Brasil – e vivido como frentista de posto de gasolina, casado com uma negra e falecido aos 95 anos, sendo sepultado com o nome de Adolf Leipzig. Por mais absurda que pareça a tese, há um livro sobre o assunto: "Hitler no Brasil – Sua Vida e Sua Morte", dissertação de mestrado em jornalismo de Simoni Renée Guerreiro Dias, publicado em 2014.

A autora recebeu muitas críticas, na época. A pesquisa não foi levada a sério por pesquisadores e historiadores. Mas, ganhou repercussão e trouxe à tona a suspeita de que muitos remanescentes do nazismo se esconderam no Brasil Central e na Amazônia, regiões pouco povoadas no pós-guerra.

Vilhena por quê? 

Teorias conspiratórias trouxeram a Vilhena o "caçador de nazistas"? Na época, o todo-poderoso Sebastião Camargo, o dono da empreiteira Camargo Corrêa, iria iniciar as obras de abertura da rodovia na região. O que mudaria para sempre a cena regional, pois proporcionaria uma das maiores ondas migratórias da história do Brasil.

Sebastião, ressabiado e querendo impor-se na região dominada por conflitos e o trabalho escravo envolvendo indígenas em seringais, veio a Vilhena trazendo diretores da empresa, todos de São Paulo, e técnicos do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem). Chegou de helicóptero, tendo a tiracolo o famoso delegado, que há anos navegava na fama de ser "caçador de nazistas".

Elpídio Reali fazia jus à fama. Ele investigou e desbaratou em plena Guerra, em 1942, no Rio de Janeiro, uma rede de espionagem da Abwehr [serviço secreto do exército alemão]. O delegado tinha sido enviado de São Paulo para investigar atividades suspeitas de alemães infiltrados na então capital do Brasil.
Em um sobrado no distinto bairro do Leblon, zona sul do RJ, Elpídio encontrou Niels Christensen, engenheiro civil, nome atrás do qual se escondia o alemão Josef Starziczny. Ele mantinha equipamentos de criptografia para enviar informações diretamente para o almirantado alemão, em Hamburgo.

Com a prisão do espião, Reali fez com que o navio britânico Queen Mary, que partiu do Rio de Janeiro levando oito mil soldados canadenses, mudasse de rota e não fosse atacado pelos alemães. Em 1949, Elpídio Reali recebeu a Medalha de Guerra do comandante do II Exército, general Henrique Teixeira Lofft. 

Quando veio a Vilhena, em 1960, o agente da polícia estava respondendo como secretário de Segurança Pública, em São Paulo. Ele foi ao Posto Telegráfico Vilhena [conhecido como "Casa de Rondon"], falou com o diretor da repartição, Marciano Zonoecê, questionou se existiam mensagens suspeitas e como era a movimentação na área. Zonoecê, indígena paresí do Mato Grosso, morava em Vilhena desde 1943, junto com sua família. O máximo que acontecia por ali eram mensagens meteorológicas e aquelas dirigidas pelos seringalistas, sem sobressaltos.

O resultado das "investigações" de Reali não é conhecido. Não há notícias de que a região, tão erma na época, tenha servido de paragem para nazistas, nem durante nem após a Guerra. O desconfiado policial demonstrou simpatia, sempre com um leve sorriso no rosto, chegou a posar para fotos na Casa de Rondon com a família dos residentes. Além dele, estavam acompanhando Sebastião Camargo outras personalidades do Judiciário de São Paulo, a exemplo de Jorge Ribeiro Leite (corregedor geral de justiça) e Luiz de Mello Kujawsky (procurador geral de justiça).

Poucos meses depois, exatamente em 4 de julho de 1960, o presidente da República Juscelino Kubistchek inaugurou a rodovia de terra, aberta em tempo recorde, que se converteu no mais importante eixo de colonização regional. JK inaugurara Brasília dois meses antes.

Quanto a Reali, ele seguiu na polícia. Depois que JK saiu do poder, muita coisa mudou no país. Em 1964, houve o golpe civil-militar e o delegado foi elevado à condição de diretor do temido DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), órgão de repressão a comunistas e opositores do regime militar. O próprio ex-presidente Juscelino teve os direitos políticos cassados e chegou a ser preso.

Elpídio Reali foi pai do famoso jornalista Reali Júnior, falecido correspondente internacional que atuou no jornal O Estado de São Paulo e na Rádio Jovem Pam. 

Nazistas na Amazônia 

Não foi em Rondônia. Mas poderia. Hitler tinha interesse na Amazônia. Entre 1935 e 1937, uma comitiva de quatro nazistas alemães percorreu o Rio Jari, entre o Amapá e a Guiana Francesa. "Pela primeira vez, a suástica de um avião alemão será vista sobre a foz do Amazonas", escreveu, cheio de entusiasmo, o jornal "Westfäliche Landeszeitung".

A missão autorizada por Adolf Hitler era pretensamente cientifica. Com a ajuda de indígenas, os homens coletaram mostras zoológicas e carregamentos de animais vivos, além de produzirem centenas de fotografias e filmagens. Os motivos reais eram validar aquela velha teoria conspiratória, muito comum de se dizerem nos bares da vida: os gringos querem tomar a Amazônia. Hitler queria mais: invadir toda a América do Sul.

"A tomada das Guianas é uma questão de primeira importância por razões político-estratégicas e coloniais", é o que diz um relatório de 1940 preparado pelo biólogo e geógrafo Otto Schulz-Kamphenkel, da elite do Terceiro Reich.

Só para exemplificar, após a guerra, em 1945, milhares de nazistas de alto escalão fugiram para países da América do Sul. O "anjo da morte", o sanguinário médico Josef Mengele morreu afogado em 1979, em Bertioga, litoral de São Paulo.

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

Brasil : Violações sexuais contra crianças crescem quase 70%
Enviado por alexandre em 18/05/2023 00:53:56

Dados são relativos aos três primeiros meses deste ano

Violação sexual infantil Foto: Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil

Sinais sutis como agressividade, falta de apetite e isolamento social podem denunciar que algo errado está ocorrendo na vida de uma criança ou adolescente. É o que afirma a pedagoga e diretora de uma escola em Brasília (DF), Carol Cianni.

O abuso sexual é uma das causas de comportamentos assim e o crescimento desse tipo de crime no Brasil assusta. Só nos três primeiros meses deste ano, 17,5 mil violações sexuais contra crianças ou adolescentes foram registradas pelo Disque 100. Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e apontam um aumento de quase 70% em relação ao mesmo período de 2022.

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Nesta quinta-feira (18), Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o governo federal realiza diversas campanhas de conscientização sobre o tema.

Como identificar que uma criança ou adolescente está sofrendo algum tipo de violência sexual? Mais importante que isso é saber orientar os jovens sobre como se defender desse tipo de situação.

PREVENÇÃO
Carol Cianni destaca que a família e a escola têm papel fundamental na prevenção. Para ela, levar o tema para a sala de aula de forma leve e assertiva, explicando que o corpo é algo íntimo e sagrado, ajuda no entendimento dos alunos. Ela diz, também, que a escola precisa ficar atenta a qualquer mudança no comportamento dos alunos para intervir de forma rápida.

– Na escola, os professores observam tudo: como a criança brinca, como ela se alimenta, como ela deita para relaxar na hora do descanso e como se relaciona com os colegas. Então, temos uma observação atenta a todos os detalhes do comportamento da criança para que a gente possa ajudá-la. Isso porque os pedidos de socorro dos pequenos vêm de forma muito sutil – explica.

ALERTA
Já a psicóloga Caroline Brilhante afirma que a maior parte dos abusos contra crianças e adolescentes é praticada por pessoas próximas da vítima e em ambientes conhecidos da família. Por isso, é importante estar sempre alerta.

Ela frisa que monitorar e restringir o acesso à internet pode evitar que a criança se exponha a situações de risco.

– Uma das formas de prevenir é restringir o tempo de tela da criança [na internet] e até mesmo do adolescente. Implantar filtros no acesso a conteúdos que estejam fora da faixa etária. Ter atenção ao comportamento da criança ou jovem em relação a sexo porque o interesse súbito sobre o assunto pode indicar algum problema – salienta.

As denúncias de qualquer abuso sexual ou outro crime contra os direitos humanos podem ser feitas – de forma anônima e gratuita – pelo Disque 100.

*Agência Brasil

Brasil : Teria coragem de provar? Empresa dos EUA cria cerveja à base de água reciclada de chuveiro
Enviado por alexandre em 17/05/2023 10:19:15

Uma empresa da Califórnia decidiu inovar na produção de cerveja artesanal. Ela criou a bebida a partir de água reciclada de chuveiro e máquina de lavar.

 

 “O que queríamos fazer como empresa era realmente mostrar o potencial inexplorado da reutilização de água. Acreditamos que não há desperdício nas águas residuais”, comenta Aaron Tartakovsky, cofundador e CEO da Epic Cleantec, em entrevista ao site do The Weather Channel.

 

A empresa de Tartakovsky, que trabalha na criação de sistemas de reciclagem de água, fez uma parceria com a cervejaria Devil's Canyon Brewing Company, situada do norte da Califórnia (EUA), para criar a cerveja Epic OneWater Brew, do tipo kölsch. O diferencial da bebida é o uso da chamada água cinza (de chuveiro e máquina de lavar). Nesse caso, a água cinza vem do arranha-céu de luxo Fifteen Fifty, de 39 andares, que fica em San Francisco, na Califórnia.

 

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O edifício possui sistema de reciclagem da Epic Cleantec para reuso das águas residuais produzidas pelos residentes.

 

A cervejaria usou cerca de 7.600 litros de água cinza reciclada (filtrada e purificada) para a produção de 7.500 latas de cerveja.

 

Teria coragem de provar? Empresa dos EUA cria cerveja à base de água reciclada de chuveiro

 

Apesar de curiosa, a bebida não está à venda, mas amostras foram distribuídas em eventos, como a Conferência da Água da ONU, realizada em março deste ano em Nova Iorque. A ideia é incentivar discussões sobre o uso sustentável da água, revela o The Weather Channel.

 

“Muitas vezes sentimos os primeiros impactos das mudanças climáticas através da água, como no caso dessas secas prolongadas e cada vez mais frequentes”, diz Aaron Tartakovsky.

 

Em 2022, uma seca histórica na Europa chamou a atenção em todo o mundo, ao baixar drasticamente o nível de vários rios e exporte construções históricas, como as chamadas pedras da fome.

 

A Califórnia e outros estados do oeste dos EUA também costumam enfrentar problemas de abastecimento. De acordo com o site americano, nos últimos anos, cientistas afirmam que essa crise hídrica é agravada justamente pelas mudanças climáticas. Embora a chuva e a neve no Inverno de 2023 tenha batido recordes em alguns lugares, inclusive na Califórnia, o uso sustentável da água ainda é um desafio.

 

“No século 21, com todas as capacidades tecnológicas à nossa disposição, o fato de ainda dependermos de chuva ou não para saber se teremos água suficiente para nossas comunidades é um problema. E assim pensamos que podemos alavancar a tecnologia, modelos de negócios inovadores e uma espécie de regulamentação com visão de futuro para criar um mundo no qual tenhamos segurança hídrica”, sugere Tartakovsky.

 

Como mostra o The Weather Channel, a cidade de San Francisco possui uma lei que exige a presença de sistemas de reutilização de água cinza em grandes projetos de engenharia, como o edifício que forneceu o material para a produção da cerveja Epic OneWater Brew.

 

O CEO da Epic Cleantec diz que esse tipo de água, normalmente desperdiçada, pode ser uma boa opção para as cervejarias. O único problema é fazer as pessoas superarem o “fator eca”.

 

 

 

“Há um problema de percepção pública quando se trata de águas residuais e isso faz sentido. Nós projetamos o que gostamos de chamar na Epic de ‘sociedade do descarte e esqueça’. Não pensamos no que acontece depois que usamos o chuveiro ou quando abrimos a torneira, simplesmente presumimos que sai água”, comenta Tartakosky ao site americano.

 

Fonte: Trendsbr

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Brasil : Maioria dos que acessam internet via celular não checa informações
Enviado por alexandre em 17/05/2023 00:47:18

Estudo mostra que plano de dados limitado contribui para desinformação.
 

Por Pedro Rafael Vilela 

Mais da metade dos usuários da internet no Brasil (62%) só acessa a rede pelo aparelho celular. Em números absolutos, são 92 milhões de pessoas que utilizam um tipo de acesso considerado bastante limitado por especialistas. Os dados foram revelados pela pesquisa sobre o uso de tecnologias da informação e comunicação nos domicílios brasileiros – TIC Domicílios 2022, lançada nesta terça-feira (16) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).


Imagem Tânia Rêgo

A nova edição da pesquisa revela que o uso da internet apenas pelo telefone celular predomina entre as mulheres (64%), entre pretos (63%) e pardos (67%), e entre aqueles pertencentes às classes D e E (84%). Ao todo, o país atingiu a marca de 149 milhões de usuários de internet, dos quais 142 milhões acessam a rede todos os dias ou quase todos os dias. Outros 7 milhões têm frequências menores de uso e há uma estimativa de 36 milhões de pessoas que não têm acesso à internet.

A TIC Domicílios é uma pesquisa presencial por amostragem feita com 20.688 indivíduos com 10 anos ou mais e em 23.292 domicílios de todo o país. O período de coleta foi de junho a outubro de 2022. A pesquisa é realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Pela primeira vez, o levantamento investigou as habilidades digitais dos usuários de internet, independentemente do dispositivo utilizado para acesso à rede. Até então, a pesquisa só avaliava as habilidades de quem usava o computador.

Um dos dados mais reveladores do levantamento é que apenas 37% das pessoas que acessam a rede apenas pelo celular checam as informações recebidas. Esse número sobre para 51% na média geral e para 74% entre os usuários que se conectam por mais de um dispositivo, como celular e computador.

"De maneira geral, em todas as habilidades digitais investigadas pela pesquisa TIC Domicílios foram verificados melhores resultados entre usuários de internet que acessam a rede por múltiplos dispositivos do que entre aqueles que acessam exclusivamente pelo telefone celular", avalia o coordenador da pesquisa Fabio Storino, analista de informações do Cetic.br e NIC.br, em resposta à Agência Brasil.

Situação similar foi observada quando os entrevistados foram indagados se adotaram medidas de segurança, como senhas fortes ou verificação em duas etapas, para proteger dispositivos e contas. Neste caso, apenas 33% dos que acessam a rede exclusivamente pelo celular adotaram essas medidas, enquanto entre os usuários que acessam por múltiplos dispositivos a proporção subiu para 69%.

Desinformação

Segundo Storino, esse cenário traz implicações importantes para o desenvolvimento do país, tanto no que diz respeito à nova transformação digital em curso quanto em aspectos de aprofundamento da desinformação.

"No caso específico da verificação de informações online por telefone celular, há limitações ligadas tanto ao dispositivo em si quanto ao plano de dados associado a ele: segundo a TIC Domicílios, 64% dos indivíduos que possuem um telefone celular possuem um plano pré-pago. Para muitos desses usuários, o consumo da notícia que chega pelo aplicativo de mensagem limita-se às informações que lá aparecem (título, subtítulo, foto) e não há dados móveis suficientes para se abrir a matéria completa. Isso certamente tem impactos para esses usuários e para a sociedade como um todo, como vimos observando nos últimos anos", acrescenta.

O telefone celular foi um dispositivo fundamental para o aumento do acesso à internet no Brasil e no mundo, explica o coordenador da pesquisa. Atualmente, o celular é utilizado por 99% dos usuários de internet no país.

"Até 2014, o computador era o dispositivo mais usado para acessar a internet, por 80% dos usuários. De lá para cá, muitos dos novos usuários acessavam exclusivamente pelo telefone celular. Hoje, o computador é o dispositivo de acesso de 38% dos usuários, perdendo terreno até para a televisão, citada por 55% dos usuários", observa.

A divulgação da TIC Domicílios 2022, um levantamento anual do CGI.br, ocorre em meio a negociações para votação do Projeto de Lei (PL) 2630, conhecido como PL das Fake News, que foi retirado da pauta da Câmara dos Deputados há duas semanas após dificuldades na costura de acordos políticos pela sua aprovação, além de forte oposição das grandes empresas de tecnologia, as Big Techs.

O texto institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, com normas e mecanismos de transparência para provedores de redes sociais, ferramentas de busca e de mensagens instantâneas, bem como as diretrizes para seu uso.

Conectividade

A presença de internet nos domicílios brasileiros ficou estável entre 2021 e 2022, alcançando 60 milhões de lares, o que corresponde a 80% do total de domicílios no país. Segundo a pesquisa, foi verificada uma situação de estabilidade na presença de conexão nas residências das áreas urbanas (82%) e rurais (68%) e em todos os estratos sociais analisados: classe A (100% dos domicílios conectados), B (97%), C (87%) e D e E (60%).

Cabo ou fibra óptica segue como o principal tipo de conexão no Brasil, presente em 38 milhões dos domicílios, com predominância na Região Sul, onde 72% dos lares adotam essa tecnologia. Já a região Norte tem a maior proporção de domicílios cuja principal conexão é pela rede móvel 3G ou 4G (27%).

Entre os domicílios conectados, 16% compartilham a conexão com o domicílio vizinho. Essa situação é mais comum nas áreas rurais (27%), no Norte (21%) e no Nordeste (22%) do Brasil e nas classes C (16%) e D e E (25%).

"Por muitos anos, o foco das políticas de inclusão digital estava na universalização do acesso, na cobertura do serviço no território, em aspectos da concorrência do provimento de serviços de internet. Hoje, temos 80% dos domicílios com acesso à internet e 81% da população com 10 anos ou mais usuária de internet. Mas, mesmo para os que já venceram a barreira do acesso, aspectos da qualidade desse acesso afetam a apropriação dos benefícios advindos do uso da rede. Em 2022, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) anunciou metas de conectividade digital para 2030 com foco em uma conectividade universal e significativa", analisa Fabio Storino.

Já no caso dos domicílios sem acesso à rede, que somam 36 milhões de pessoas, o preço do serviço foi apontado pelos entrevistados como principal motivo (28%) para a não conexão, seguido pela falta de habilidade (26%) e falta de interesse (16%).

Compras e atividades online

A nova edição da TIC Domicílios divulgou também os resultados sobre comércio eletrônico e atividades mais realizadas por usuários online. O questionário sobre compras na internet havia sido aplicado pela última vez na pesquisa de 2018.

O estudo mostrou, por exemplo, que 67 milhões de usuários de internet compraram produtos e serviços pela internet em 2022. A atividade se manteve em alta, mesmo após o fim das medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de covid-19.

“Com a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus e o consequente isolamento social, houve um incremento da proporção de pessoas que compram online, proporção essa que se manteve em 2022. Observou-se também uma ampliação dos tipos de produtos comprados pela internet, revelando uma mudança no perfil do comércio eletrônico do país nos últimos anos”, afirma Storino.

Compra de roupas, calçados e materiais esportivos foi citada por 64% dos usuários de internet em 2022. Na sequência, aparecem produtos para a casa e eletrodomésticos (54%) e comidas e produtos alimentícios (44%).

Em relação aos serviços realizados online, os que mais cresceram de 2018 para 2022 foram: pedir táxi ou motoristas em aplicativos (de 32% para 40%); pagar por filmes ou séries na internet (de 28% para 38%); e fazer pedidos de refeições em sites ou aplicativos (de 12% para 33%).

A forma de pagamento mais usada nas compras no ambiente digital em 2022 foi o cartão de crédito (73%). Já o Pix, serviço de pagamentos digitais lançado no final de 2020, ficou em segundo lugar (66%): o método foi usado por 44 milhões de brasileiros nas compras online, incluindo 23 milhões da classe C e 5 milhões das classes D e E.

O levantamento mostra ainda que mais da metade (51%) dos entrevistados fez consultas, pagamentos ou outras transações financeiras na internet em 2022. Em relação às atividades multimídia, assistir a vídeos, programas, filmes ou séries online foi a mais prevalente, alcançando 80% dos usuários.

Fonte - 20 - Agência Brasil

Brasil : Huka-Huka: conheça a arte marcial indígena realizada em casamentos e funerais
Enviado por alexandre em 17/05/2023 00:43:39

A luta corporal no Xingu contribui para manter viva a cultura indígena no Mato Grosso.

Conhecidas pelo conjunto de disciplinas de luta e combate, as artes marciais geralmente estão associadas à cultura oriental. Porém, essa não é uma realidade tão distante da Amazônia. Um exemplo disso é a luta esportiva kindene.

Mais conhecida como huka-huka, a luta consiste em um combate corporal criado pelo povo indígena Bakari e dos povos do Xingu, localizado no Mato Grosso, Estado pertencente à Amazônia Legal.

A huka-huka possui algumas particularidades e é uma das modalidades dos Jogos dos Povos Indígenas, competição criada em 1996.

Foto: Hilda Azevedo/Funai

Em primeiro lugar é necessário entender que a luta huka-huka é disputada em determinadas situações, como na chegada de um visitante à aldeia estrangeira ou nos casamentos, ocasião em que o noivo deve enfrentar todos os lutadores locais – devido à regra de residência pós-matrimônio.

O esporte ocorre também quando se está prestes a encerrar o Kuarup, ritual fúnebre xinguano que marca o final do período de luto um ano após o falecimento dos membros das comunidades. Com enfeites de linha, plumas e miçangas e o corpo pintado de jenipapo e urucum, os guerreiros são convocados para o embate pelo "dono da luta", um indígena que exerce papel de observador e se dirige ao centro da roda, chamando os lutadores pelo nome.

Um estudo sobre essa particularidade cultural produzido por Carlos Eduardo Costa, intitulado 'A luta esportiva nos rituais pós-funerários: corporalidade, chefia e disputa política no Alto Xingu' e publicado no 'Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas' na Scielo, define:

"Trata-se de uma modalidade de luta em que os oponentes devem tocar a parte posterior da perna do rival, agarrá-lo pelas costas ou executar golpes de arremesso para obter a vitória – objetivo almejado pelos lutadores e clímax das comemorações. Embora o empate seja o resultado mais recorrente, os combates apresentam alto nível de intensidade, sendo realizados logo pela manhã do último dia do ciclo ritual – chamado de 'final', momento em que os povos se encontram todos reunidos no pátio da aldeia anfitriã".


Fotos: Mário Vilela/Funai

Com uma variedade de golpes, técnicas e táticas, as disputas ocorrem entre o time dos anfitriões contra os convidados adversários, separados entre si.

Com essa dinâmica organizacional, que depende das relações de parentesco entre chefes e homenageados falecidos, o time anfitrião faz bem mais lutas que seus convidados, principalmente os campeões (kindotoko, os 'donos de luta') que se apresentam primeiro e separadamente dos demais – após serem convocados pelos chefes (anetü) e 'donos' do ritual. 

Influência política

De acordo com o estudo, a região do Alto Xingu é conhecida pela ênfase nas redes de trocas matrimoniais (casamentos preferenciais com primos e alianças estratégicas), comerciais (por meio de especialidades étnicas) e cerimoniais (um conjunto de festas por variados motivos para os quais os povos se convidam mutuamente).

Nesse cenário, as disputas esportivas são ótimas justificativas para estabelecer relações de proximidade e estabelecer vínculo com outros grupos étnicos. Assim, "a prática é decisiva no estabelecimento de alianças e rivalidades que se modificam a cada evento".

Isso porque as pessoas geralmente se identificam com ao menos dois etnônimos (palavra que designa tribo, etnia, raça, grupo humano definido, nação e, em alguns casos, equivale a gentílico), ampliando as relações de parentesco que conectam chefes e homenageados falecidos. "Esta é a base para a diferenciação entre anfitriões, aliados e convidados, firmada por meio da formalidade do sistema de convites", explica. 

Para além da Amazônia

Para além das fronteiras do Alto Xingu, a luta indígena é bastante respeitada e valorizada. Um fato interessante é que o lutador de UFC Anderson Silva, conhecido internacionalmente, foi até o Xingu para aprender técnicas indígenas e ampliar seu conhecimento.

Silva recebeu explicações sobre as táticas utilizadas no combate e foi introduzido à luta da forma mais tradicional possível: pintura especial no corpo, panos grossos para proteção das articulações, pele de onça na cintura e um colar feito de placas de caramujos no pescoço.

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