Uma nova onda de calor está prevista para intensificar-se nos próximos dias, de acordo com o alerta do Inmet. Estados como Rondônia, Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul estão entre os mais afetados. As temperaturas podem subir até 5ºC acima da média histórica, e em algumas cidades, superar os 40ºC, agravando a situação da baixa umidade.
A MetSul Meteorologia informou que o Brasil está sob uma massa de ar extremamente seco e quente, com níveis de umidade relativa do ar entre 10% e 20%, atingindo até valores abaixo de 10% em algumas regiões. Segundo a OMS, níveis abaixo de 20% são considerados uma emergência. A previsão é que o calor atinja o seu pico nesta semana.
Além do calor, o Brasil enfrenta o aumento das queimadas, que impactam a qualidade do ar, principalmente nas regiões Norte e Sudeste. Cidades como Porto Velho, Rio Branco e São Paulo tiveram os piores índices de qualidade do ar do mundo no domingo (8), com níveis de poluição mais de 10 vezes acima do limite seguro, de acordo com a especialista Adriana Gioda.
Alta na temperatura: 1400 cidades sofrem com seca extrema no Brasil
A maior seca já registrada no Brasil está afetando 1.400 municípios, classificados como de nível extremo ou severo. Essa estiagem chegou de forma antecipada, sendo um indicativo claro das mudanças climáticas, que resultam, em grande parte, do aquecimento global.
Em 2024, o mês de agosto foi o mais quente já registrado no mundo. Dos últimos 14 meses, 13 apresentaram uma temperatura média 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais.
O pesquisador Giovanni Dolif, do Cemaden, comentou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que o aquecimento global está acelerando e já afeta o Brasil de maneira significativa. Ele destacou que, no último inverno, as temperaturas em São Paulo ficaram dois graus acima da média.
“E mais grave do que isso: nós brasileiros estamos sentindo um aquecimento acima dessa média global. Nesse inverno, o trimestre junho, julho e agosto teve em São Paulo, por exemplo, dois graus acima da média”, afirmou.
Já o climatologista Carlos Nobre disse que o planeta está registrando temperaturas que não eram vistas há 120 mil anos, intensificando eventos climáticos extremos como secas prolongadas, ondas de calor e incêndios florestais. Segundo ele, esses fenômenos estão se tornando cada vez mais comuns e perigosos.
O clima seco contribui diretamente para a propagação de incêndios em áreas vulneráveis, como o Pantanal, uma das regiões mais biodiversas do Brasil. A cientista Luciana Gatti explicou que o Cerrado, de onde nascem os rios que abastecem o Pantanal, está 60% desmatado, o que afeta as raízes profundas da vegetação.
“O problema do abastecimento dos rios não é tanto o que está acima da superfície, mas principalmente o que está abaixo da superfície, porque o Cerrado é como se fosse uma floresta de ponta cabeça”, disse. “As raízes são a floresta exuberante que ajuda as águas a irem para o lençol freático e os rios terem um volume mais alto. Mas desmatando, as raízes também morrem”.
Além das questões climáticas, as ações humanas têm desempenhado um papel importante na origem dos incêndios. A Polícia Federal (PF) identificou que grande parte das queimadas no Brasil é provocada de forma criminosa.
Vale destacar que, em Novo Progresso, no Pará, o mesmo grupo envolvido no “Dia do Fogo” de 2019 organizou novos incêndios para expandir áreas de grilagem.
O governo federal está planejando medidas mais duras para quem comete crimes ambientais, incluindo confisco de terras e aumento das penas de prisão. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o uso do fogo tem sido adotado como estratégia de desmatamento, com invasores aproveitando o período de seca para ocupar e destruir ilegalmente áreas da Amazônia.
“O fogo está sendo o novo desmatamento. Então, tem que cercear qualquer forma de regularização que esteja associada à apropriação criminosa dessas áreas, até porque é terra pública”, disse Marina.
Os dados chamam a atenção quando se considera a análise do mesmo intervalo do período imediatamente anterior (2021 – 2022)
Entre agosto de 2022 e julho de 2023, um total de 50.037 hectares (ha) de floresta foi explorado para a extração de madeira no estado do Amazonas, de acordo com o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex). O levantamento feito pela iniciativa mostra que, no período, 77% dessa exploração florestal, o equivalente a 38,6 mil ha, ocorreu de forma não autorizada ou sem a devida identificação de legalidade. Os municípios de Lábrea, Manicoré e Boca do Acre foram os que registraram a maior exploração não autorizada para o intervalo analisado.
O Simex utilizou dados do Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (SisCOM) para produzir a análise e chegou ao diagnóstico de que, apesar do montante da exploração florestal total (legalizada ou não) identificada no Amazonas ter sido 1% menor que o registrado no período anterior (2021 – 2022, quando a exploração mapeada alcançou 50.448 ha), o avanço da exploração ilegal é preocupante.
“Os dados deste período, 2022 – 2023, apresentam grande diferença em relação ao ano anterior, principalmente pela análise da legalidade. Em números absolutos, os dados do período atual estão bem próximos do total identificado no período anterior, porém ressaltamos que, em 2022-2023, os dados sobre as licenças e a validação dos polígonos enviados ao Ipaam, não foram respondidos até o lançamento deste relatório. Portanto, foram utilizados dados oficiais do SisCOM”, explica Heitor Pinheiro, especialista em geoprocessamento e analista do Idesam.
A partir dos dados do SisCOM, o Simex identificou que os municípios do Amazonas com mais exploração não autorizada foram: Lábrea, com 12,3 mil ha; Manicoré, com 7,2 mil ha; Boca do Acre, com 5,8 mil ha; Pauini, com 3,6 mil ha; Novo Aripuanã, com 2,076 ha e Humaitá, com 1,3 mil ha. A lista atual não traz muitas mudanças, pois, assim como no período anterior, os municípios ao sul do Amazonas se destacam na exploração madeireira do relatório.
Por outro lado, entre os municípios com mais exploração madeireira legalizada estão Silves, com 5,1 mil ha; Itapiranga, com 2,1 mil ha; Lábrea, com 1,5 mil ha; Humaitá, com 1.007; e Novo Aripuanã, com 521 ha. Os dados chamam a atenção quando se considera a análise do mesmo intervalo do período imediatamente anterior (2021 – 2022), quando 91% da exploração madeireira identificada no estado foi realizada de forma autorizada enquanto apenas 9% foram de maneira ilegal.
Pablo Pacheco, consultor do Idesam, destaca que a falta de transparência afeta o acesso ao cenário concreto de informações sobre a exploração madeireira na Amazônia. “Essa situação representa um desafio significativo, que impacta a auditoria e a fiscalização da exploração madeireira. Essa deficiência pode levar a várias consequências, incluindo a exploração insustentável das florestas, o desmatamento ilegal e a degradação ambiental, além de dificultar a implementação de políticas de manejo florestal sustentável por parte de iniciativas do terceiro setor”, afirma Pacheco.
O diretor-técnico do Idesam, André Vianna, lembra que a exploração ilegal de madeira gera problemas para além da dimensão ambiental. “A exploração ilegal, além dos danos ambientais, gera situações de risco aos trabalhadores e impacto negativo ao mercado”, disse.
Vianna enfatiza que o produto ilegal compete com a madeira licenciada, prejudicando todo o setor, tanto na redução de preço quanto em termos reputacionais, o que dificulta também o acesso a mercados com maiores valores. “A atividade madeireira licenciada é importante para o Estado e a sociedade, pois gera arrecadação de impostos, empregos e movimenta recursos relacionados a sua cadeia. Ainda, permite a manutenção da cobertura florestal e, quando realizado por populações tradicionais, gera renda e proteção dos territórios”, pontua Vianna.
Áreas protegidas
O Simex também observou que a maior parte da exploração madeireira não autorizada entre 2022 e 2023 foi detectada em Imóveis Rurais Privados com Cadastro Ambiental Rural (CAR), com 30,1 mil ha. O levantamento aponta ainda que 17%, ou 6,4 mil hectares de floresta foram explorados de maneira ilegal em Terras Indígenas (TIs); enquanto 3% (ou 1,1 mil ha) foram em Áreas Não Destinadas e 1% (ou 554 hectares) em Unidades de Conservação (UCs).
Outro ponto de atenção do levantamento diz respeito às TIs na Amazônia, que registraram os maiores índices de exploração ilegal de madeira, somando 6,4 mil ha. A TI Tenharim Marmelos foi a mais afetada, com 3,4 mil ha de floresta extraídos ilegalmente, seguida pela Kaxarari, com 2,6 mil ha, e pela Jacareúba-Katawixi, com 395 ha. A TI Jacareúba-Katawixi, localizada na área de influência da BR-319, é habitada pelos Isolados do Katawixi, e seu processo de homologação já se arrasta há 17 anos.
No que diz respeito às UCs, os Parques Nacionais (Parna) Mapinguari e dos Campos Amazônicos foram os mais impactados, com 277 hectares explorados ilegalmente em cada um. Essas áreas são de proteção integral, onde é permitida apenas a utilização indireta dos recursos naturais, com o objetivo de preservar a biodiversidade e evitar a degradação dos ecossistemas.
“Para reverter esse quadro, é necessário em âmbito federal o fortalecimento de fiscalizações em Terras Indígenas e Unidades de Conservação Federais, além do fortalecimento de ações conjuntas com o governo do estado, principalmente, ações em campo. Já em âmbito estadual, é necessário o fortalecimento do Ipaam com aportes de recursos para ampliação de quadro técnico e para melhoria estrutural visando maior celeridade para os processos de licenciamento e maior transparência de dados, assim como, é necessário maiores recursos para realização de operações em campo otimizadas pelo uso de ferramentas de sensoriamento remoto”, completa André Vianna, do Idesam.
Formado pela rede de instituições de pesquisa ambiental integrada pelo Imazon, Idesam, Imaflora e ICV, o Simex se baseia em ferramentas de análise geoespacial e inteligência geográfica, utilizando dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM) e do SisCOM, do Ibama. No entanto, a falta de atualização do SisCOM e a ausência de dados do Amazonas podem ter gerado inconsistências nos resultados, que foram obtidos analisando extrações madeireiras ocorridas entre agosto de 2022 e julho de 2023.
O maior bioma brasileiro, berço da maior biodiversidade dentre as florestas tropicais do mundo, a Amazônia é celebrada neste 5 de setembro, data que marca a criação da Província do Amazonas pelo imperador D. Pedro II, em 1850. Com aproximadamente 5 milhões de km² de floresta, a Amazônia se estende ao longo de nove países da América do Sul, sendo 60% da área desse bioma no Brasil. Dona de riqueza incalculável de plantas e animais, a floresta brasileira abriga 38 milhões de habitantes.
Presente nos sete estados da Região Norte, além do Maranhão e Mato Grosso, a Amazônia é tão extensa que, se fosse um país, seria o sétimo maior do mundo. Tamanha imensidão faz com que, ainda nos dias de hoje, novas espécies de plantas e animais sejam descobertas e catalogadas. A diversidade é igualmente grande. Estima-se existir milhões de espécies no bioma – incluindo as não catalogadas – sendo parte desta diversidade exclusiva da maior floresta tropical do planeta.
De toda a água da Terra, cerca de 97% é salgada, dos 3% restantes, parte está congelada e cerca de 1% é agua doce em estado líquido. A maior bacia hidrográfica do mundo é a Amazônica, que detém 20% da água doce do mundo e aproximadamente 80% das águias superficiais do Brasil.
Cerca de 80% da área do bioma é terra firme, mas também há regiões alagadas onde diferentes espécies prosperam. Na Amazônia, também há floresta de várzea inundada; florestas de igapó, superfícies alagadas onde vivem as vitórias régias; e os manguezais próximos ao mar, onde a água é salobra, tornando-se o lar ideal para vários tipos de crustáceos.
A fauna amazônica é motivo de orgulho para todo brasileiro. O peixe-boi amazônico, por exemplo, é o menor dentre as espécies de sua família e o único que vive exclusivamente em água doce, nos rios da bacia hidrográfica da região. A Amazônia também tem o folclórico boto-cor-de-rosa que, nas lendas, seduzia as mulheres. O bioma tem, ainda, um dos maiores peixes de água doce: o pirarucu, que pode chegar a 3 metros e passar dos 200 quilos. Nos ares, a harpia – maior águia e uma das maiores aves de rapina do mundo – reina soberana.
A Amazônia abriga 85% das espécies de peixe da América do Sul; possui mais de 400 espécies de anfíbios; 1.300 e aves e mais de 400 mamíferos.
Conheça, a seguir, ações do Ministério do Meio Ambiente para preservar e promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia:
Operação Guardiões do Bioma
A operação se divide em eixos: Operação Guardiões do Bioma – Combate a queimadas e incêndios florestais e Operação Guardiões do Bioma – Combate ao desmatamento ilegal. A iniciativa é desenvolvida, de maneira coordenada, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Justiça e Segurança Pública. Órgãos de fiscalização, como o Ibama e ICMBio, as polícias Federal e Rodoviária Federal, além de Força Nacional de Segurança Pública, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) atuam conjuntamente para combater o desmatamento, queimadas e incêndios, tráfico de fauna e flora nativas e venda ilegal de produtos florestais.
A Operação Guardiões do Bioma vem trazendo bons frutos no combate à desflorestação. Em toda a Amazônia Legal, a redução no desmatamento foi de 2,16%, entre agosto de 2021 e julho de 2022, de acordo com dados do Sistema de Detecção de Desmatamentos e Tempo Real (DETER).
Lançada em julho de 2021, a primeira fase do eixo queimadas contou com efetivo de mais de oito mil profissionais no combate a 18,3 mil focos de incêndios florestais e 7 mil crimes ambientais. Foram 3.853 ações preventivas, 137 maquinários apreendidos, além de 1.580 animais resgatados em 11 estados brasileiros. Ainda, foram mais de 5.800 m³de madeira apreendida, o equivalente a 204 contêineres cheios. A segunda edição foi lançada em junho deste ano. Com investimento de R$ 77 milhões, a atuação inclui os biomas Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal.
Fiscalização reforçada
O Ministério do Meio Ambiente recebeu, em 2021, verba suplementar de R$ 270 milhões para reforçar a fiscalização ambiental. Além desse montante, a pasta terá um acréscimo anual de cerca de R$ 72 milhões ao seu orçamento para custear a contratação de 739 servidores para Ibama e ICMBio, representando um aumento de 18% sobre o efetivo. Além disso, 3.185 novos brigadistas atuam em atividades de prevenção e combate a incêndios florestais em todo o Brasil.
O controle do comércio de produtos florestais foi enrijecido com a implementação de novos sistemas de informação, como o Sinaflor+ (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais), que estabeleceu a obrigatoriedade de adoção dos mecanismos de rastreabilidade da madeira, e o Pau-Brasil, que se conecta ao Siscomex para trazer mais controle sobre o comércio e a exportação de produtos florestais. Lançada em junho passado, a plataforma Pamgia integra mais de 60 softwares do Ibama, garantindo assim mais eficiência para o trabalho dos gestores e técnicos ambientais e transparência das informações.
Em junho, Brasil e Estados Unidos anunciaram a criação de um novo grupo de trabalho copresidido pelos ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e pelo Enviado Presidencial Especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry. O esforço bilateral de resposta rápida tem o objetivo de alcançar resultados imediatos no combate aos crimes nacionais e internacionais de tráfico de animais silvestres, mineração ilegal e comércio ilegal de madeira, bem como bloquear o uso dos sistemas financeiro e comercial internacionais associados a atividades ilegais com produtos florestais.
Mercado de carbono e serviços ambientais
Conciliando desenvolvimento e preservação, o Ministério do Meio Ambiente lançou o Programa Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais Floresta+, uma iniciativa para criar, fomentar e consolidar o mercado de pagamento por serviços ambientais em todos os biomas, a fim de reconhecer e valorizar atividades, projetos e prestadores de serviços ambientais.
O Projeto Piloto Floresta+ Amazônia vem trabalhando a implementação destas ações, tendo até o momento recebido mais de mil inscrições para o recebimento de pagamento por serviços ambientais, levado apoio a 4 Estados Amazônicos para a validação de CAR para pequenos produtores rurais e ainda, classificou 234 propostas de projetos para Povos Indígenas e Povos e Comunidades Tradicionais. Ademais, será realizado em novembro o primeiro evento de Ideação na agenda de inovação apoiada pelo Projeto, no qual serão identificadas propostas para serem desenvolvidas com mentorias e parcerias.
Ainda, estão abertas, até 03/10 as inscrições para edital que selecionará instituições especialistas para a implementação de programas de originação, incubação e aceleração, referentes à modalidade de inovação do Projeto Floresta+ Amazônia. O Edital 3.886/2022 visa estabelecer Acordos de Longo Prazo que resultem na contratação de instituição para implementar até três ciclos dos programas. O edital está organizado em lotes referentes à cada um dos programas de inovação, portanto as instituições interessadas poderão se inscrever em um ou mais lotes, conforme sua capacidade administrativa e experiência nas temáticas. As entidades selecionadas serão responsáveleis por desenvolver a metodologia e implementar os Programas de Incubação, Originação e Aceleração.
Além disso, no âmbito do projeto Parcerias para a Inovação na Amazônia foi contratado apoio para a construção da Estratégia Nacional de Manejo Integrado do Fogo, parceira entre o MMA, a GIZ, o IBAMA e o ICMBio na qual serão estruturados protocolos para o manejo e formação de brigadas locais.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o ICMBio firmaram, em abril, acordo de cooperação técnica para realização de estudos de viabilização de concessões de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e de créditos de carbono em Unidades de Conservação Florestal, uma importante iniciativa que visa o desenvolvimento sustentável, com conservação e preservação de floresta nativa.
Em maio, foi publicado o Decreto Nº 11.075, que cria o mercado regulado brasileiro de créditos de carbono. A publicação inclui, entre outros destaques:
Conceito de crédito de metano e possibilidade de registro da pegada de carbono dos produtos e atividades; da unidade de estoque de carbono; do carbono de vegetação nativa; do carbono no solo ; e do carbono azul.
A plataforma única de registro de transações, Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa - Sinare, com segurança digital e garantia de rastreabilidade, sem dupla contagem, com critérios mínimos de qualidade e integridade ambiental.
Planos setoriais com meta de neutralidade climática até 2050, alinhada com o Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) perante a UNFCCC.
O Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia (projeto ASL) tem objetivo de melhorar a sustentabilidade dos sistemas de Áreas Protegidas, reduzir as ameaças à biodiversidade, recuperar áreas degradadas, aumentar o estoque de carbono, desenvolver boas práticas de manejo florestal e fortalecer políticas e planos voltados à conservação e recuperação e uso sustentável dos ecossistemas amazônicos. Em julho deste ano, o Comitê Operacional do programa aprovou o Plano Operacional Anual (POA) no valor de R$ 47,2 milhões, que será implementado no período 2022/2023.
Entre as ações previstas no período estão estudos para viabilizar a concessão florestal em áreas federais e estaduais, apoio à elaboração de planos de recuperação de áreas degradadas e gestão de unidades de conservação, entre outras. Serão priorizadas a entrega de atividades de restauração florestal com o aporte de cerca de R$ 21 milhões. Além disso, o programa vai apoiar a estruturação e capacitação dos órgãos estaduais e federais envolvidos no projeto. As novas atividades planejadas para o período pretendem entregar 1.270 hectares de áreas para restauração, além de 16 mil novas análises e 5 mil retificações de Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Há também o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que completou 20 anos em julho. A iniciativa visa a preservação de unidades de conservação de proteção integral, Terras Indígenas e Terras Quilombolas. Ao todo, o Arpa consolida 60 milhões de hectares de unidades de conservação na Amazônia – área equivalente a quase duas vezes o tamanho da Alemanha – criando a maior iniciativa mundial de conservação de florestas tropicais. Incluindo terras indígenas e Unidades de Conservação de uso sustentável e proteção integral em diversas esferas administrativas, o programa compreende 198 milhões de hectares, o equivalente a 47% do território do bioma. O Arpa envolve a participação do Ministério do Meio Ambiente, do ICMBio e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
Biodiversidade
Recentemente, foi lançado o livro “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Norte”, apresenta mais de 150 espécies nativas com valor econômico atual ou com potencial e que podem ser usadas de forma sustentável na produção de medicamentos, alimentos, aromas, condimentos, corantes, fibras, forragens como gramas e leguminosas, óleos e ornamentos. Entre os exemplos estão fibras que podem ser usadas em automóveis, corantes naturais para a indústria têxtil e alimentícias e fontes riquíssimas de vitaminas.
Dentre os resultados práticos esperados com o livro podemos citar a difusão e ampliação do uso sustentável de espécies amazônicas na gastronomia regional e nacional; o incremento do interesse em pesquisas, o desenvolvimento e a inovação, inclusive por meio de programas de melhoramento genético vegetal voltados à obtenção de cultivos de frutas da Amazônia em plantios comerciais. Outro ponto relevante de contribuição do projeto é a criação de cadeias produtivas e de valor para plantas frutíferas, medicinais e oleaginosas amazônicas, com foco nos mercados nacional e internacional.
A agenda de qualidade ambiental urbana também avança no bioma. Foram R$ 16 milhões investidos no encerramento de lixões e melhoria da gestão de resíduos sólidos nos municípios da região amazônica; 29 Unidades de sistema de tratamento de esgoto descentralizado implementadas em comunidades locais; e recolhimento de 4 toneladas de resíduos em rios da região a partir de ação voluntária que contou com a participação de 385 pessoas.
Conforme anunciado pelo governo brasileiro durante a 26ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas, realizada na Escócia em novembro do ano passado, todas as capitais da Amazônia receberam centrais de logística reversa de eletroeletrônicos. De fone de ouvido a geladeiras, as centrais são preparadas para receber produtos eletroeletrônicos e dar a correta destinação ambiental, evitando assim a contaminação do solo e das águas.
No Dia da Amazônia, vamos refletir sobre os desafios e as soluções para conservar um dos ecossistemas mais ricos e vulneráveis do planeta? A legalidade florestal na Amazônia é um tema central nessa discussão, especialmente quando consideramos as crescentes ameaças do desmatamento ilegal e da grilagem em terras públicas. Frente a esse cenário, as concessões florestais são uma das estratégias mais eficazes e sustentáveis para proteger a floresta, oferecendo uma alternativa concreta ao modelo predatório que ainda impera em muitas áreas.
As concessões florestais, previstas na Lei de Gestão das Florestas Públicas de 2006, se consolidaram como uma ferramenta na luta contra o desmatamento. No entanto, apesar de seus inegáveis benefícios, a área de florestas sob concessão ainda é modesta quando comparada à imensidão da Amazônia, sobretudo das áreas sob pressão. Atualmente, cerca de 1,3 milhão de hectares estão sob esse regime, número que pode chegar a 2 milhões se incluirmos as concessões estaduais. Porém, diante da magnitude dos desafios, essa agenda precisa ser ampliada de forma significativa.
O manejo florestal permite a colheita planejada e sustentável dos recursos madeireiros e não-madeireiros, garantindo a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos que a floresta oferece, é a manutenção da floresta em pé. Além disso, ao inserir a legalidade em áreas de alta pressão de desmatamento, como as terras públicas não destinadas, o manejo florestal impede que essas regiões se tornem “terras de ninguém”, sujeitas à exploração ilegal e predatória.
A expansão das concessões florestais, combinada com a implementação de modelos de restauração em áreas degradadas, apresenta um duplo benefício. Além de recuperar ecossistemas e sequestrar carbono, esses projetos geram novas fontes de receita para as comunidades locais, por meio da venda de créditos de carbono e produtos florestais. Entretanto, o mercado de carbono no Brasil ainda enfrenta desafios, como preços baixos e uma demanda incipiente. É necessário, portanto, fortalecer esse mercado, garantindo sua credibilidade e atraindo investidores comprometidos com a sustentabilidade.
O compromisso do governo federal em ampliar as concessões para 5 milhões de hectares nos próximos dois anos, em parceria com o setor privado e o terceiro setor, é um passo fundamental nessa direção, pois não apenas conservará a floresta, mas também impulsionará o desenvolvimento econômico sustentável na região. Ao tornar a floresta um ativo valorizado, promovemos um modelo de prosperidade que alia conservação ambiental com inclusão social e geração de emprego e renda.
Nesse contexto, o papel do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) é fundamental. A instituição tem a missão de garantir que a gestão florestal no Brasil seja robusta, eficaz e integrada, conectando ciência, tecnologia e governança. A cooperação técnica recentemente firmada entre o SFB e o BNDES, que destina recursos para projetos de manejo sustentável e restauração, reflete o compromisso de criar um modelo de gestão florestal que sirva de exemplo para o mundo.
A Amazônia é, sem dúvida, um patrimônio da humanidade, e sua proteção depende de políticas públicas sólidas e da participação ativa de todos os setores da sociedade. As concessões florestais, com sua capacidade de regularizar e monitorar vastos territórios, são uma peça-chave nesse quebra-cabeça. Neste Dia da Amazônia, reafirmamos nosso compromisso com a legalidade florestal e com a construção de um futuro em que a floresta em pé seja sinônimo de desenvolvimento e sustentabilidade.
A conservação da Amazônia não é apenas uma questão ambiental; é uma questão de justiça social e de sobrevivência planetária. Somente com a presença ativa do manejo florestal nesses territórios seremos capazes de monitorar e proteger as áreas ameaçadas, garantindo que as futuras gerações possam desfrutar de um mundo onde a Amazônia continue a desempenhar seu papel na manutenção do equilíbrio climático global.
Queridas e queridos das beiras e beiradas dos nossos rios, do açaí com mandi, do dominó de fim de tarde e do tacacá ao anoitecer. Vamos remando em nossa canoa da reflexão. Quanta fumaça toma conta de nosso céu? Do Pantanal até nossa Amazônia, estamos pegando fogo e “defumando” a vida. E isso não pode acontecer mais, não podemos permitir que continue a acontecer ano após ano, não podemos nos calar.
O mês de setembro já registrou mais de 154 mil focos de incêndios, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A região Norte registrou 42,7% dos focos de calor do dia 01/09 até o dia 04/09. E a cada ano, principalmente desde a eleição de 2018, esse índice aumenta sem parar. Principalmente com a proposta política e de expansão da vista grossa feita aos garimpos ilegais e desmatamento do governo passado. Que Aliás, desativou e promoveu o desmanche dos ministérios e de órgãos de pesquisa e prevenção climática.
Não por acaso, podemos analisar e relacionar o interesse de Elon Musk em instalar internet na Amazônia. Na verdade é uma estratégia para monitorar via satélite todas às possibilidades de mineração que temos na região, literalmente uma “cortina de fumaça”. Nada está relacionada a levar acesso a internet para as escolas. A SpaceX é o conglomerado onde estão o “X” e a Starlink desse senhor. É um movimento bem planejado e que serviu ao garimpo ilegal e como instrumento contra nossa soberania nacional. Promovendo e aumentando a polarização e conflito entre os poderes da República.
Leia as reportagens abaixo e pesquise se ela atendeu de verdade as escolas ou ao garimpo ilegal: Quatro meses após anúncio de Elon Musk, uma escola do AM recebe internet por meio do Starlink Antenas da Starlink são apreendidas em garimpo ilegal na Terra Yanomami
A Amazônia é uma fronteira cobiçada por esse senhor e muitos políticos da região que não se importam com a nossa floresta e na promoção do seu desenvolvimento sustentável e de preservação climática. Precisamos ter uma proposta de desenvolvimento que possa aproveitar e preservar nossa floresta e nossa cultura ribeirinha. A floresta é um grande ativo farmacêutico para pesquisas e para riquezas sem serem as antigas que enriquecem poucos e elite.
Então, bora refletir… no final da década de 70 do século passado meu Avô Sebastião, lá no Paraná costumava comentar uma reflexão de sua sabedoria de homem da terra que sempre me intrigou:
“Meu neto, depois que o homem foi para a lua, tudo aqui embaixo mudou, antigamente tinha tempo para plantar e para colher, na roça obedecíamos à lua para plantar, sabíamos a época da chuva e quando ela estava chegando pelo cheiro da terra. Hoje tudo mudou está doido, o homem não respeita mais a terra, desmatada tudo sem dó, um dia os filhos de seus filhos sentirão o preço da arrogância do bicho homem”.
E já chegou a época dos “filhos dos meus filhos”, o desmatamento sem dó, o mercúrio no rio, o boi na Amazônia, a soja que avança e agora o terrorismo ideológico estão acentuando o fim de nossas florestas e dos nossos rios por toda Amazônia e Pantanal. Dois ecossistemas diferentes, com grande impacto sobre o clima brasileiro e mundial.
Precisamos de projetos de desenvolvimento sustentáveis, incentivo à educação e pesquisa em nossa terra, de orçamento público e privado trabalhando na direção de arranjos produtivos para o século XXI. A Amazônia é nossa, mas tem uma responsabilidade global, ela preserva e mantém a estabilidade climática e evita que o planeta entre em colapso. Vamos lutar para desenvolver com nosso povo, nossos pesquisadores e produzir a nossa riqueza. Os políticos jamais olharam para cá, só querem explorar e se aliar com estrangeiros gananciosos que estupram nossa floresta e nossa cultura.
BORA REFLETIR! E AGIR!
Sobre o autor
Walace Soares de Oliveira é cientista social pela UEL/PR, mestre em educação pela UEL/PR e doutor em ciência da informação pela USP/SP, professor de sociologia do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).