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Brasil : "Nosso costumes": fotógrafo registra tradicional festa de casamento peruana
Enviado por alexandre em 21/03/2023 00:50:31

O fotodocumentalista Carlos Lezama Villantoy explora o 'palpa' e o 'kasarakuy', alguns dos nomes que o casamento recebe nos Andes, no Peru. Uma festa tradicional que sobrevive nos povoados do Vale do Mantaro, em Junín, é a 'palpa': quando as famílias competem saudavelmente para ver quem dá melhores presentes aos noivos.

Em algumas cidades há o princípio pré-colombiano de reciprocidade, em forma de oferendas ou presentes de casamento. Em Huancarani (província de Paucartambo, Cusco), por exemplo, os casamentos incluem a celebração da 'paltasqa' que, ao contrário do 'palpa', conta-se o dinheiro que está ligado às roupas dos noivos e espera-se que a noiva junte mais, como sinal de que o casal vai bem na vida em comum.
Clique feito por Carlos Lezama Villantoy. Foto: Arquivo Pessoal
Brindes e oferendas de casamento são chamados de "jirusqa" em Parccocalla (distrito de Ccarhuayo, província de Quispicanchi, Cusco). Os padrinhos iniciam a cerimônia, seguidos pelos pais e todos os parentes se unem para desejar felicidades aos noivos. "Retratei casamentos muito ostensivos e outros muito humildes. Ambas somam muita beleza", diz Carlos Lezama.

O fotodocumentalista chegava no mesmo dia do casamento e quase sempre sem convite. Segundo ele, foi uma tensão. Ele aparecia com sua câmera, sem ser contratado. Ele explicou aos casamenteiros que seu objetivo não era comercial, que o que ele buscava era retratar a cultura do casamento, que era "tudo por amor à arte". E eles concordaram.

Lezama interessou-se pelas suas roupas, pelas suas feições, igrejas onde diziam o 'sim', pelos rituais, pelos convidados, pelos sons, tudo que envolve a tradição cultural.

"Às vezes, a mídia não olha para esses eventos porque não são notícias. Mas se mergulharmos nesses temas, naquele céu, nas roupas, vamos descobrir que existe beleza, cores, costumes, existe uma nação. O 'palpa', o 'kasarakuy', o casamento, é o que nós peruanos somos. Se estudarmos a competição das famílias dos noivos, veremos que não é nada anacrônico, é contemporâneo. Essas fotos são uma viagem ao que nos representa como peruanos: essas pessoas se divertem, se vestem com orgulho e mantêm nossos costumes. É aquele Peru que às vezes a gente não vê", 

afirma.
Villantoy acompanhou todas as tradições de um casamento. Foto: Arquivo Pessoal

Ele afirma que, ao contar histórias com imagens, percorre-se caminhos não marcados. Assim, o fotojornalista cumpre sua missão: situar as pessoas com seus protagonistas dentro do que são os Andes e da grande atividade que é o centro dessas celebrações, o 'ayni', porque nesses casamentos o que se busca é o bem de toda a comunidade. 

Porque o dinheiro que é preso às roupas do casal com alfinetes ou agulhas, explica, é uma versão da ajuda que se mantém viva nas comunidades andinas. O importante, enfatiza Lezama, é o gesto.

Por trás das lentes, Lezama não busca forçar as imagens ou interferir na situação. "Procuro ver tudo com naturalidade", diz o fotógrafo.

Olhar com luz, permite-lhe encontrar essas imagens. Por exemplo, no interior das igrejas da montanha, onde as pessoas o ajudam a simbolizar melhor as ideias que quer partilhar. Faz parte do acaso, que é o elemento que acompanha qualquer missão jornalística: você não sabe o que vai encontrar.

"Como fotógrafos documentais temos uma missão tão simples e poderosa, ao mesmo tempo, que é o olhar: a fotografia deve parar o tempo para sempre. As festas do Paucartambo ou da Candelária não são as mesmas há 20 anos, tudo está mudando, e temos que contar o que estamos presenciando. Nenhum artifício. A prática nos leva a ter um comportamento honesto e digno, pois a fotografia sempre dignificou", comenta. 

 

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Brasil : Estudo aponta que energéticos aumentam o risco de desenvolver dependência de álcool
Enviado por alexandre em 20/03/2023 14:48:21

Pesquisa desenvolvida pela Unifesp mostra que a mistura de bebidas pode aumentar a chance de binge drinking

O consumo de destilados misturados com energéticos aumenta as chances de “binge drinking”, ou seja, quando se bebe muito em um curto período de tempo, o que pode resultar em mais casos de dependência de álcool.

 

É o que indica uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que está em fase de revisão e será submetida para publicação no próximo mês. Segundo dados inéditos do estudo, os episódios de binge drinking ocorrem três vezes mais com quem faz uso da mistura com energético frequentemente.

 

A prática corresponde a um consumo de pelo menos 60g de álcool puro em um período de até 2h. Considerando as variáveis, isso equivale a cinco ou seis doses de álcool, conforme a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera 10g de etanol puro como dose padrão. No caso dos destilados, como vodca e gim, seriam doses de cerca de 45 ml, levando em conta que essas bebidas têm teor alcoólico deaproximadamente 40%.

 

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(Foto: Taba Benedicto/Estadão)

 

Foram consultados para a pesquisa da Unifesp mais de 800 jovens, a maioria de 18 a 25 anos, em levantamento online. Os entrevistados responderam questões como os motivos pelos quais criaram o hábito de tomar bebidas alcoólicas combinadas com energéticos. Mais da metade afirmou que prefere a mistura pelo gosto do energético, que neutraliza o sabor forte do destilado; 21,6% responderam que gostam da combinação porque reduz o efeito de sonolência do álcool e outros 13% relataram que adotaram a prática para beber mais álcool.

 

De acordo com Maria Lúcia Oliveira de Souza Formigoni, professora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp que está conduzindo o trabalho, ao fazer a mistura as pessoas percebem por mais tempo os efeitos estimulantes do álcool. “As bebidas alcoólicas têm um efeito bifásico. A primeira fase é uma sensação de estimulação, de euforia. O segundo momento tem um efeito mais depressor. O energético mascara essa sensação de sono, e o indivíduo fica em alerta”, diz a pesquisadora, que é doutora em Farmacologia e coordena a Unidade de Dependência de Drogas da Escola Paulista de Medicina. Isso faz com que as pessoas tenham uma falsa impressão de que não estão tão bêbadas assim, e pensem que estão em condições de beber ainda mais.

 

Fonte: O Globo

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Brasil : Dia do Cuscuz: aprenda receita tradicional e outra com toques do Norte com tapioca, coco e castanha
Enviado por alexandre em 20/03/2023 10:40:00

Este domingo (19) é o Dia do Cuscuz, prato reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Não que seja necessário um dia especial para comer cuscuz, já que esse alimento, especialmente no Nordeste brasileiro, é amado e versátil ao ponto de servir de café da manhã, almoço e jantar, em versões doce e salgada, recheada ou simples.

O cuscuz, da forma como é consumida no Nordeste, é feito a partir do fubá de milho, que é uma espécie de farinha com flocos finos e que absorvem mais água. A massa é cozida no vapor de água e comida tanto como acompanhamento quanto como prato principal, junto a manteiga, ovo, queijo legumes, frango ou peixe, por exemplo.

Entretanto, apesar de ser tão característico da região, o cuscuz não nasceu no Nordeste. Nesta reportagem, o g1 fala sobre a origem do prato e do apreço nordestino pelo alimento, conta histórias de empreendedores que usam o amor pelo cuscuz como motivação e, por fim, ensina receitas do prato.

De onde vem o cuscuz?

De acordo com o antropólogo da alimentação Bruno Albertim, se sabe que o cuscuz, feito com sorgo, arroz e com sêmola de trigo, como o conhecido cuscuz marroquino, era prato comum na alimentação de povos mouros, oriundos do norte do continente africano.

"Do Egito ao Marrocos, na África setentrional e muçulmana, o cuscuz já era tido como prato nacional, sendo comido de situações corriqueiras a ocasiões especiais, com comidas de caldo. É um prato que absorve caldos muito bem, e por isso a gente vê tanto o cuscuz sendo comido com galinha ou carne guisadas", explicou.

Bruno Albertim lembrou, ainda, que entre 711 e 1492, a Península Ibérica, onde fica Portugal, foi dominada pelos povos mouros, o que fez com que os colonizadores tivessem o cuscuz como parte de sua alimentação. Mas é no Brasil que ele começa a ser feito com milho, que tem origem americana.

O cuscuz, portanto, é resultado direto das chamadas "trocas atlânticas", por meio das quais, por exemplo, chega ao Brasil a cana-de-açúcar, originária da Índia, que foi base da economia pernambucana desde o século 16.

"O milho promove uma revolução nos hábitos alimentares dos europeus, na época das chamadas 'trocas atlânticas'. Se eles trazem o cuscuz, daqui eles levam a polenta, que é parecida com nosso angu, e faz parte da cultura italiana. Os portugueses, por outro lado, têm contato com o tomate, a batata e o milho", disse o antropólogo.

Devido à abundância dos ingredientes, o cuscuz, no Nordeste brasileiro, logo se tornou integrante basilar da alimentação, algo equivalente ao pão francês.

Não por acaso, em 2002, as farinhas de trigo e de milho foram escolhidas para serem fortificadas com ferro e ácido fólico, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da portaria 344/2002.

O enriquecimento dessas farinhas foi uma política pública adotada para combater a anemia por deficiência de ferro e má formação de fetos por falta de ácido fólico. Nesse segundo caso, por exemplo, houve redução de 30% na prevalência de doenças do tubo neural em bebês, segundo dados do Ministério da Saúde.

"Essas farinhas viraram algo como um aliado, por ser algo que está tão institucionalizado no cotidiano da população. Minha mãe, por exemplo, estava indo para a maternidade quando eu ia nascer e, por ser o primeiro filho, ficou desesperada. Não sabia quanto tempo ia ficar no hospital, nem se ia poder comer. Ela disse à minha avó que só ia para o hospital depois de comer cuscuz", contou.

Aprenda a fazer cuscuz

A receita do cuscuz tradicional é bastante simples, um dos motivos pelos quais o alimento tão fortemente faz parte do cotidiano. Confira, abaixo, o passo a passo;

Ingredientes

  • 2 xícaras de chá de flocão;
  • 1 xícara de chá de água;
  • Uma colher de chá de sal, ou a gosto.

Modo de preparo

  • Misture bem os ingredientes e deixe descansar por dez minutos;
  • Coloque água até metade da parte inferior da cuscuzeira;
  • Coloque a massa na parte superior e tampe;
  • Leve ao fogo por dez minutos;
  • Desligue o fogo e deixe descansar por dez minutos;
  • Sirva e se delicie.

A chef Carol Medeiros, que é professora e consultora de gastronomia, recomenda que, ao colocar a massa na panela, tente não pressioná-la, para que o cuscuz fique mais fofinho e molhado.

Há dois tipos de cuscuzeira: a tradicional e a conhecida como "peitinho". Essa segunda, ela sugere que seja untada com manteiga, para facilitar a retirada do prato. É possível, também, fazer cuscuz recheado.

"No cuscuz recheado, você precisa pôr parte da massa e, no meio, o recheio de sua escolha. Depois, cobre com o restante da massa, criando camadas. A melhor opção é usar o que você tem na geladeira. Pode ser um frango acebolado, ou bacon, para quem gosta. Tomate e queijo também podem ser combinados. Para pessoas veganas, uma compota de berinjela e tomates refogados com alho e azeite também é uma boa opção", explicou a chef.

As informações são do G1

Brasil : Sabonete que 'restaura a virgindade' viraliza em todo mundo
Enviado por alexandre em 20/03/2023 09:57:18

As redes sociais nas Filipinas têm sido inundadas por diversas postagens falsas sobre a área de saúde, nos últimos anos, aumentando a preocupação entre os profissionais do segmento. Um dos conteúdos mais recentes que chamam a atenção é um sabonete que promete “restaurar a virgindade” das mulheres.

 

Divulgado pela influencer Rosanel Demasudlay, o produto, com formato de coração, é apresentado por ela como uma suposta solução segura para usar na região da vagina e devolver a virgindade ao público feminino. Ele também serviria para tratar problemas de pele, segundo a jovem.
Tentando garantir que se trata de um item verdadeiro, a youtuber chega a afirmar que o produto foi aprovado pela Philippine Food and Drug Administration. A agência, que realiza um trabalho parecido com o da Anvisa no Brasil, é responsável por regular o mercado de medicamentos e alimentos no país asiático.

 

O vídeo do sabonete da virgindade foi divulgado por Demasudlay em agosto do ano passado, em seus perfis nas redes sociais, e visualizado mais de 10 mil vezes desde então. Na gravação, que tem cerca de 15 minutos de duração, ela faz uma série de suposições a respeito do produto para promovê-lo.

 

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INFORMAÇÃO FALSA

 

(Fonte: AFP/Reprodução)

 

De acordo com a equipe de checagem de fatos da Agência France Press (AFP), o “sabonete da virgindade” não passa de enganação, obviamente. Ao contrário do que a influenciadora digital afirma no vídeo, a agência reguladora do país não aprovou nem recomenda o produto.

 

O que o órgão fez, na verdade, foi alertar os consumidores sobre os perigos que o “Bar Bilat Virginity Soap”, como o cosmético é conhecido originalmente, traz. Além de não aprová-lo, a autoridade de saúde diz que o uso pode causar vários problemas, de irritação da pele à falência de órgãos.

 

Meses após a publicação original em que divulgava o sabonete, Demasudlay chegou a admitir, em outra postagem, que o uso do produto causou coceira “a ponto de sangrar”. Apesar dos problemas enfrentados, a youtuber não interrompeu a promoção do item que prometia restaurar a virgindade.

 

Postagens enganosas como esta passaram a se difundir cada vez mais nas Filipinas após a pandemia de covid-19, segundo a publicação. Elas envolvem produtos não testados que prometem tratamentos fáceis e rápidos para diferentes tipos de doenças, atraindo a atenção dos internautas.

 

FACILIDADE PARA PROMOVER ANÚNCIOS ENGANOSOS

 

(Fonte: GettyImages)

 

A baixa quantidade de médicos no território filipino, aliada ao uso intenso da internet no país, formam um cenário propício para o crescimento da desinformação online. Além disso, o sistema de verificação de postagens do Facebook, rede social mais popular por lá, tem demorado a detectar as publicações enganosas, conforme a agência de notícias.

 

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Outro caso que chamou a atenção nas Filipinas foi o uso de colírios sem prescrição médica, após ação de divulgação na web, afetando pacientes de até 12 anos, deixando as crianças cegas.

 

Fonte: Mega Curioso

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Brasil : Recuperação de floresta tropical compensa 26% de emissões de carbono provocadas por desmate e degradação
Enviado por alexandre em 18/03/2023 13:52:18

Os dados de satélite permitem não só monitorar o crescimento das florestas secundárias como entender a distribuição etária dessa vegetação ao longo dos trópicos.


Pesquisa publicada na revista Nature traz uma nova metodologia que permite calcular ao longo do tempo a capacidade de absorção de carbono de áreas em regeneração de florestas tropicais, podendo contribuir na discussão de planos de mitigação de efeitos das mudanças climáticas e de pagamentos por serviços ambientais.

Liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de Bristol (Reino Unido), o estudo é o primeiro deste tipo realizado em larga escala com o uso de sensoriamento remoto. Os dados de satélite, obtidos entre 1984 e 2018, permitem não só monitorar o crescimento das florestas secundárias como entender a distribuição etária dessa vegetação ao longo dos trópicos.

Foto: Acervo/Divulgação/Fapesp

Com base na idade, foi possível construir curvas de crescimento, que levam em consideração variações de clima, condições ambientais e distúrbios provocados pelo homem (como queimadas e extração seletiva de madeira) e possibilitam quantificar a capacidade de absorção de carbono das florestas secundárias – áreas totalmente desmatadas, onde a vegetação nativa já foi toda removida.

De acordo com o trabalho, as regiões em recuperação nas três maiores florestas tropicais do mundo – a amazônica (América do Sul), a do Congo (África central) e a de Bornéu (Sudeste Asiático) – estão removendo pelo menos 107 milhões de toneladas de carbono da atmosfera por ano, tendo acumulado até 2018 3,56 bilhões de toneladas.

Estoque de carbono modelado em 2018 em florestas em recuperação (degradadas e secundárias) nas três regiões: (a) Amazônia, (b) Bornéu, e (c) Congo. Crédito: Heirich et al./Nature

 Esse total acumulado é suficiente para compensar 26% – pouco mais de um quarto – das emissões brutas de carbono provocadas pelo desmatamento global (10,52 bilhões de toneladas) e pela degradação gerada por ação humana (2,91 bilhões de toneladas), principalmente fogo e corte seletivo de madeira, na maioria das vezes ilegal.

"Os resultados da pesquisa têm importância tanto para os inventários nacionais de emissão de carbono apresentados às Nações Unidas como para o grande potencial do Brasil de atrair recursos financeiros por meio de investimentos em áreas de gestão e pagamento por serviços ambientais"

explica à Agência FAPESP o chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG) do Inpe, Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, coautor do artigo.

Aragão se refere ao programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+), um incentivo desenvolvido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para compensar financeiramente países em desenvolvimento por resultados em programas de redução de emissões de gases de efeito estufa originados do desmatamento e da degradação das florestas.

O programa considera o papel da conservação e do aumento de estoques de carbono florestal, além do manejo sustentável de florestas. Os inventários nacionais são relatórios publicados pelos países e enviados à UNFCCC com dados e um panorama das ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

"Nosso estudo fornece as primeiras estimativas pantropicais de absorção de carbono acima do solo em florestas em recuperação de degradação e desmatamento. Embora continue sendo prioridade proteger as florestas tropicais antigas, demonstramos o valor de gerenciar de forma sustentável as áreas que podem se recuperar de ações humanas", afirmou à assessoria da Universidade de Bristol a pesquisadora Viola Heinrich, primeira autora do artigo e orientanda de Aragão.

Potencial 

Segundo a pesquisa, até 2018, cerca de 35% das áreas degradadas das três florestas tropicais também haviam sido desmatadas. Os pesquisadores calculam que, se elas tivessem sido preservadas armazenariam 5,89 bilhões de toneladas de carbono, o que seria suficiente para contrabalançar 48% das emissões brutas derivadas da perda da floresta (12,34 bilhões de toneladas).

São consideradas florestas degradadas as áreas que sofreram algum tipo de dano, seja por fogo ou corte seletivo, por exemplo, e perderam parcialmente seu estoque de carbono. Nas regiões desmatadas, toda a vegetação original foi retirada, podendo ter mudança do uso do solo para pastagens ou agricultura e altas taxas de emissão de gases.

"Com a metodologia que apresentamos na pesquisa, é possível avaliar, por exemplo, se houve queda no potencial de recuperação de biomassa de uma área atingida pelo fogo. Isso pode contribuir com o mercado de carbono para que um investidor avalie o potencial de regeneração de uma determinada área. De qualquer maneira, quanto mais preservar a floresta em pé, melhor", diz à Agência FAPESP Ricardo Dal'Agnol, um dos autores do artigo, que atualmente é pesquisador no Instituto Ambiental e de Sustentabilidade da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) e no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (agência espacial norte-americana).

Antes, Dal'Agnol integrou a DIOTG/Inpe, quando teve apoio da FAPESP por meio de uma bolsa de pós-doutorado.

A FAPESP também apoiou o estudo publicado na Nature por meio de bolsas de pós-doutorado no Brasil e no exterior concedidas ao pesquisador do Inpe Henrique Luis Godinho Cassol.

Pelas estimativas dos autores, conservar a recuperação de áreas degradadas e das florestas secundárias pode ter um potencial futuro de sumidouro de carbono de 53 milhões de toneladas por ano nas principais regiões tropicais estudadas.

"Focar na proteção e restauração de florestas tropicais secundárias e degradadas é uma solução eficiente para a construção de mecanismos robustos para desenvolvimento sustentável dos países tropicais. Isso agrega valor monetário para os serviços ambientais fornecidos pelas florestas, beneficiando de forma econômica e socialmente as populações locais"


completa Aragão.


No entanto, o grupo destaca que os esforços para proteger as florestas secundárias e degradadas não podem ocorrer à custa da conservação das áreas nativas (primárias), que continuam sendo as mais rentáveis estratégias de mitigação climática.

Sumidouros 

 
As florestas tropicais são um dos ecossistemas mais importantes para mitigar as mudanças climáticas, juntamente com oceanos e solos. Consideradas sumidouros de carbono, as florestas funcionam como uma espécie de "via de mão dupla" – enquanto crescem e se mantêm absorvem carbono e quando degradadas ou desmatadas liberam gases de efeito estufa.

Com o objetivo de evitar que a atmosfera global aqueça mais que 2 oC, preferencialmente não ultrapassando 1,5 oC em relação ao período pré-industrial, as emissões de carbono teriam de cair pelo menos 45% até 2030 e chegar a zero em 2050. No entanto, a trajetória ainda é de crescimento no mundo, como mostrou o relatório 'Emissões de CO2 em 2022', da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

O documento, que traz um panorama da poluição climática gerada pelo setor de energia com foco no CO2 resultante da queima de combustíveis fósseis, revelou aumento de 0,9% (321 milhões de toneladas) em 2022, atingindo novo recorde de mais de 36,8 bilhões de toneladas emitidas.

No Brasil, as emissões de gases de efeito estufa tiveram em 2021 (último dado divulgado) a maior alta em quase duas décadas. Relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima mostra que o país emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 – alta de 12,2% em relação a 2020. A principal fonte de emissão foi o desmatamento, principalmente da Amazônia, seguido pela agropecuária.

Em março de 2021, o grupo de cientistas já havia publicado na revista Nature Communications um estudo mostrando que a manutenção da área de floresta secundária na Amazônia tem o potencial de acumular 19 milhões de toneladas de carbono por ano até 2030, contribuindo com 5,5% para a meta de redução de emissões líquidas do Brasil até lá. Se fossem evitados incêndios e o desmatamento repetido, o estoque de carbono da floresta secundária amazônica poderia ser 8% maior.

O artigo 'The carbon sink of secondary and degraded humid tropical forests' pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41586-022-05679-w.

*Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. A autoria é de Luciana Constantino, da Agência FAPESP.

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