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Brasil : SUS faz 300 mil laqueaduras em 4 anos, mas mulheres citam dificuldades e falta de apoio; nova regra diminui exigências
Enviado por alexandre em 13/03/2023 10:04:40

Diane sempre soube que não queria ser mãe e, desde os 25 anos, tenta fazer uma laqueadura, a cirurgia que corta as tubas uterinas para impedir uma gravidez. Hoje, poucos meses de completar 30 anos, a pesquisadora já contabiliza quatro tentativas frustradas na busca pelo procedimento, ainda não realizado.

 

“É muito chato isso. Eu mesma não posso cuidar da minha saúde e do meu planejamento familiar", conta ao g1 a moradora do Rio de Janeiro (RJ), que preferiu não revelar o sobrenome.Ao longo dos últimos quatro anos, ao manifestar interesse em fazer uma laqueadura, ela afirma que foi ignorada por profissionais de saúde nas redes pública e particular.

 

"A enfermeira pegou a lei da minha mão para mostrar para a supervisora dela e, quando voltou, disse que eles não estavam reconhecendo essa lei”, relata Diane.

 

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Citada acima, a lei do planejamento familiar é de 1996 e, no ano passado, foi atualizada;


Em 5 de março deste ano, começaram a valer novas regras para a esterilização no Brasil;


A idade mínima para fazer laqueadura ou vasectomia passou de 25 para 21 anos;


Quem tem pelo menos 2 filhos vivos também está autorizado, independentemente da idade;


Pessoas sem filhos podem fazer, desde que tenham a idade mínima;


É necessário esperar 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico;


Foi dispensada ainda a autorização do cônjuge para realizar a cirurgia;


Nos últimos quatro anos, foram feitas 324.272 laqueadura no SUS.

 

Após muita insistência, Diane foi colocada na fila de cirurgias eletivas do SUS no final de 2022. Mas, dois meses depois, o status apareceu como negado, e nenhuma explicação foi dada a ela.

 

Já a professora Fabiane Pereira esperou seis anos até entrar na sala de cirurgia, em novembro de 2020, quando fez a chamada salpingectomia (siga lendo a reportagem e entenda a diferença).

 

"Ouvi todas aquelas frases clichês: 'você vai se arrepender', 'você é muito nova', 'e se um dia o seu marido quiser ter filhos?' Ou seja, minha vontade nunca foi importante. Já ouvi de uma médica ginecologista que a mulher que não quer ter filhos é incompleta", relatou Fabiane.A lei é clara (e mal interpretada)


A legislação brasileira regula a esterilização no Brasil.

 

No caso das mulheres, o procedimento é a laqueadura: é feito um corte nas trompas de falópio, com o objetivo é interromper o "caminho" entre o ovário e o útero;


Isso evita o contato do espermatozoide com o óvulo e, assim, pode impedir uma gestação;


Nos homens, o procedimento é a vasectomia.


"Em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 21 (vinte e um) anos de idade ou, pelo menos, com 2 (dois) filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, inclusive aconselhamento por equipe multidisciplinar, com vistas a desencorajar a esterilização precoce", diz a lei.

 

Apesar de ser claro, o texto ainda é mal interpretado. Reunidas em grupos nas redes sociais, mulheres que não querem ser mães trocam experiências sobre a realização da laqueadura e fazem listas compartilhadas com nomes de médicos que fazem o procedimento, além dos estados em que atuam.

 

Nos grupos, também incentivam mulheres a levar a legislação "embaixo do braço", assim como fez Diane e Fabiane, para evitar qualquer manifestação contrária à cirurgia.

 


Fui em vários consultórios ginecológicos com a lei impressa e eu ouvia sempre a mesma coisa: 'a gente não pode fazer em mulher que não tem filho'. O que mais me chocou é que por várias e várias vezes ouvi médicos falando que fazer laqueadura em mulher sem filhos era contra a lei.


 Fabiane Pereira, professora e moradora do Rio


A lei não incentiva a esterilização, mas autoriza quem quer fazê-la. Médicas ginecologistas ouvidas pelo g1 explicam que o papel dos profissionais de saúde é informar e aconselhar a pessoa sobre a laqueadura e a possibilidade de adoção de outros métodos contraceptivos, com base em evidências científicas e no quadro de saúde da paciente.

 

"Mas a decisão da mulher é soberana e deve ser respeitada. Esse é um desafio: a capacitação dos profissionais de saúde envolvidos em saúde sexual e reprodutiva com esse entendimento", diz a ginecologista e obstetra Teresa Derraik, da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras.
Mayra Boldrini, ginecologista do Hospital Vergueiro (SP), explica que a paciente, quando manifesta o desejo de fazer uma laqueadura em uma consulta, precisa ser informada pelo médico sobre os detalhes envolvendo o procedimento, além das alternativas a ele.

 


"A gente tem que explicar todas as abordagens e quais são os riscos da cirurgia. É um procedimento seguro, mas possui riscos como qualquer outra cirurgia. Isso não deve servir para desencorajá-la, mas para mostrar como funciona", afirma Mayra.


Para a ginecologista e sexóloga Rayanne Pinheiro, quando uma mulher está convicta de que não quer ter filhos, isso precisa ser validado. "Se ela diz que é uma decisão própria e que tem certeza disso, não cabe ao profissional (de saúde) fazer nenhum tipo de discussão, não cabe a ele descredibilizar essa mulher”, completa.

 

"O médico, apesar de ser um técnico em saúde, é um ser humano, e está inserido em um contexto social amplo onde temos uma sociedade machista e patriarcal que, muitas vezes, invisibiliza as lutas femininas e acaba tirando o poder de escolha delas", diz Rayanne.
A busca pela laqueadura no SUS


Desde pequena, Julia Vitoria sabe que não quer ter filhos. Na infância, viu de perto casos de gravidez na adolescência e de mães que tiveram que criar os filhos sozinhos após o abandono paterno. Com 21 anos, a jovem foi beneficiada com a recente mudança na lei que alterou a idade mínima para fazer a laqueadura e está no processo para fazer o procedimento.

 

"Tentei adiantar a papelada e os 60 dias obrigatórios antes de a lei entrar em vigor, mas não consegui", conta. “Não é porque foi dado o encaminhamento que tudo vai ser tranquilo. Posso ser barrada daqui para a frente. Estou com uma expectativa de 70%”, afirma Julia, que tenta fazer a cirurgia pelo SUS.

 

Moradora de Campinhas (SP), Talita, de 31 anos, decidiu fazer a laqueadura pois diz ter certeza de que não quer ser mãe e após usar outros métodos contraceptivos, como o DIU hormonal (mais conhecido como Mirena).


"Eu cheguei à conclusão de que a esterilização é o melhor caminho para mim porque eu realmente não quero ter filhos. Não vou mudar de ideia, há muitos anos eu penso nisso", conta Talita, que pediu para ter o sobrenome ocultado.


Em janeiro desde ano, ela procurou o posto de saúde para dar entrada no procedimento e disse que ficou surpresa - mas de uma forma positiva. "Cheguei lá com a lei embaixo no braço e com 20 pedras na mão depois dos relatos que eu li. Não teve nenhum questionamento", diz.

 

De 2019 a 2022, foram realizados 324.272 procedimentos de laqueadura no SUS. Desses, 218.926 em mulheres entre 25 a 35 anos. A média de idade das mulheres que realizaram o procedimento é de 30 a 34 anos.


Os dados foram levantados pelo Ministério da Saúde a pedido do g1. No caso de mulheres sem filhos ou com o status não informado, o número de laqueaduras praticamente dobrou nos últimos quatro anos: em 2019, foram 653 cirurgias. Em 2022, o número saltou para 1.241. A quantidade de cirurgias é maior entre mulheres com dois filhos: foram mais de 43 mil procedimentos no ano passado.

Há também relatos de mulheres que nem sequer conseguiram abrir o processo. "Me disseram no posto que é muito difícil conseguir pelo SUS", afirma uma moradora de Maricá (RJ) que não quer se identificar.


"A gente fica até meio desanimada, né. Agora estou no processo de colocação do DIU, porque a laqueadura só pagando pelo visto", lamenta.


A quantidade de laqueaduras feitas no SUS é muito maior do que a inserção de dispositivos intrauterinos, os DIUs: foram mais de 70 mil procedimentos desse tipo em 2022.Laqueadura, salpingectomia e outros métodos


Outro procedimento adotado por mulheres que buscam a esterilização é a salpingectomia. A diferença é que, nesse caso, há a retirada das trompas, e não a estrangulação do canal tubário, como acontece na laqueadura. O método escolhido vai depender da paciente e do andamento da cirurgia.

 

"A abordagem cirúrgica é determinada pelas condições do corpo de cada uma. Às vezes, nos programamos para uma laqueadura e há varizes na pelve ou um sangramento não programado que podem justificar a necessidade de retirar a trompa, por exemplo", afirma a ginecologista Ana Teresa Derraik, que também é diretora da Maternidade Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias (RJ).Tanto a laqueadura quanto a salpingectomia são procedimentos irreversíveis.

 

"Quando uma mulher escolher pela laqueadura tubária ela deve entender que está escolhendo um método definitivo", coloca Ana Tereza.
Parte da resistência médica em fazer o procedimento também passa por um possível arrependimento no futuro da paciente, que pode ser questionado na Justiça.

 

"Muitos médicos acabam evitando esse tipo de procedimento por insegurança e medo de um processo, já que a esterilização causa uma perda definitiva de função”, coloca a ginecologista Rayanne Pinheiro.


Apesar de ser irreversível, mulheres que fazem laqueadura ou salpingectomia ainda podem gestar de outras formas, após uma inseminação artificial ou uma fertilização in vitro.


Ou também podem engravidar sem querer. A taxa de eficácia da laqueadura fica acima de 99%, mas há uma mínima chance de falha: a cada mil mulheres, cinco podem engravidar pela forma natural, mesmo esterilizadas, algo que também virou processos na Justiça.

 

DIUs possuem taxas de eficácia parecidas com a da laqueadura. Eles são pequenos dispositivos em forma de T colocados no interior do útero, com o objetivo de evitar uma gravidez, e são reversíveis.

 

o DIU hormonal (ou Mirena) tem uma eficácia de 99,7%; ele libera um hormônio parecido com a progesterona, mas não possui estrogênio na composição, como os anticoncepcionais;


o DIU de cobre, que libera íons que dificultam a mobilidade dos espermatozoides no útero, tem uma eficácia de 99,2% a 99,4%;
há também os implantes hormonais, inseridos sob o braço, com eficiência de 99,9%.


De acordo com ginecologistas, não existe um método contraceptivo perfeito: depende muito da fase da vida que a mulher se encontra, do estado de saúde e dos fatores de risco.

 

Hoje, a gente entende a contracepção como algo pactuado. Antigamente, era algo muito determinado pelo médico: use isso ou aquilo. Hoje não. Precisamos aconselhar a mulher e mostrar a ela todos os métodos que são possíveis e quais seriam contraindicados no caso dela. É um momento de escuta e de escolha pactuada e orientada.

 

Segundo a médica Ana Tereza Derraik, a laqueadura é recomendada para mulheres que decidiram fazer o procedimento depois de serem informadas sobre as complicações, os efeitos colaterais e as possíveis falhas, além de serem esclarecidas sobre todos os métodos contraceptivos disponíveis.

 


 

"A mulher deve ter autonomia para uma escolha livre e esclarecida - ou deveria ter", defende. "Todos os métodos contraceptivos têm prós e contras. A laqueadura é um método definitivo, tem uma taxa de arrependimento grande e isso dever ser considerado", afirma a ginecologista Ana Tereza Derraik.

 

Fonte: G1

 

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Brasil : Por que a Amazônia é a região do Brasil com maior incidência de raios?
Enviado por alexandre em 13/03/2023 10:00:21

Tempestades são caracterizadas por chuva, raios e trovões. São produzidas por uma ou mais nuvens cumulunimbus também conhecidas como nuvens de tempestade. Uma típica nuvem de tempestades tem um diâmetro de 10 a 20 km. Cerca de 2000 tempestades estão sempre ocorrendo, o que significa que 16 milhões ocorrem anualmente em nosso planeta.

De acordo com o pesquisador de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Kleber Naccarato, a região amazônica é o lugar ideal para receber essas tempestades mais fortes.

"Existem dois ingredientes para gerar esses fenômenos: calor e umidade. O calor vai fazer com que o ar suba e à medida que ele vai subindo a umidade é carregada. Em primeiro lugar, a umidade cria água na sua fase líquida. Se ela for subindo mais se cria o gelo. Dessa maneira, as tempestades ficam mais violentas. Ou seja, a Amazônia é o ambiente ideal para essa formação", 

destacou.
Foto: Ron Rev Fenomeno/Pixabay

Apenas tempestades com raios não existem. A chuva, o vento e os raios sempre vão estar juntos. Ainda mais em uma região com umidade e calor intensos igual a Amazônia. Por isso, as pessoas devem se precaver e redobrar o cuidado. "A Amazônia produz muito calor e umidade, além de estar próxima ao Equador. Tudo isso é a junção ideal para uma tempestade mais forte com a incidência de raios e trovões", alertou o especialista.

"Os raios atingem árvores o tempo todo", lembra o pesquisador. Ele comenta que, como as árvores ficam molhadas no exterior essa é a superfície ideal para o raio descer. Muitos animais acabam morrendo porque buscam abrigo debaixo dessas árvores e ficam próximos à zona de impacto da corrente elétrica.

O especialista informou ainda que não existem pesquisas exatas sobre a área que a eletricidade de um raio percorre: "O grande problema está na característica do terreno. Se o raio cai no mar, ele pode atingir as pessoas que estão próximas, mesmo que não esteja dentro da água. Se você está numa região com solo arenoso (pouco condutor), o raio vai ter um alcance menor".

Cidade X raio 

O raio nunca vai cair dentro de uma casa, não importa de qual material ela seja feita. Na verdade, o raio vai entrar na fiação elétrica e causar um curto-circuito, ou seja, quem estiver próximo a algum eletroeletrônico será atingido. 

"Se a casa não tiver fiação elétrica, como por exemplo, uma oca indígena, muito dificilmente você vai ter a incidência de raio neste local", 

exemplificou o pesquisador.

É importante que a instalação elétrica esteja em dia e conte com aterramento ou fio-terra. "A melhor arma é a prevenção. As pessoas devem cuidar da sua instalação elétrica e seguir todas as normas. Já que o raio entra pela rede elétrica podendo causar um acidente ou algo pior", afirmou Naccarato.

Foto: Divulgação/Elat

Pessoas X raios 

Obviamente os raios podem ser ainda mais perigosos. Se a pessoa estiver desprotegida ou exposta em áreas onde estejam ocorrendo, ela está sujeita a ser atingida diretamente por eles. Porém, a chance de alguém ser atingido por um raio é algo em torno de 1 para 1 milhão e a maioria das mortes e ferimentos não acontecem devido a incidência direta de um raio. Na verdade, são efeitos indiretos associados à proximidade do raio ou por efeitos secundários.

O pesquisador pontuou que a corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, por meio do aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.

A extensão do dano depende da intensidade da corrente, das partes do corpo afetadas, das condições físicas da vítima e das condições específicas do incidente.

Animais mortos por causa de raios. Foto: Reprodução/G1 Cacoal
De acordo com informações divulgadas pelo Inpe, cerca de 20 a 30% das vítimas de raios morrem, "a maioria delas por parada cardíaca e respiratória, e cerca de 70% dos sobreviventes sofrem devido às sérias sequelas psicológicas e orgânicas, por um longo tempo". Diminuição ou perda de memória, diminuição da capacidade de concentração e distúrbio do sono são as consequências mais comuns.

Dicas

Por conta de todos esses fatores, o especialista destaca: "é mais fácil a pessoa morrer em um acidente de trânsito". Outra comparação feita é com a queda de um avião, porém, o resultado é outro. "Quedas de aviões são tragédias imensuráveis, só que comparado ao número de aeronaves que pousam, a chance da pessoa ser atingida por um raio ao invés de morrer em uma queda de avião é maior", conta.

Confira algumas dicas para não sofrer o impacto das poderosas tempestades de raios da Amazônia:


  • Evite sair de casa durante tempestades, mas se estiver na rua, procure se abrigar em carros, ônibus, lugares cobertos;
  • Se estiver em uma área sem abrigo ou cobertura e estiver relampejando, ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles;
  • Mantenha distância de árvores, cercas de arames e objetos metálicos;
  • Caso esteja em casa, evite usar equipamentos eletrônicos ligados na tomada, como celulares e notebooks, porque as redes elétricas podem ser atingidas.
  • Evite estruturas altas tais como torres, de linhas telefônicas e de energia elétrica;
  • Não se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos;
  • Não fique próximo a tomadas, canos, janelas e portas metálicas.
 

Comentários:

Brasil : Dez anos de Papa Francisco: a curva de aprendizado e os planos de um reformista
Enviado por alexandre em 13/03/2023 09:55:38

O Papa Francisco celebra o 10º aniversário de sua eleição na segunda-feira (13), superando em muito os “dois ou três” anos que ele imaginou para seu papado e não mostrando sinais de que vá sair do posto tão cedo.

 

Pelo contrário, com uma agenda cheia de problemas e planos e não mais sobrecarregado pela sombra do Papa Bento XVI, Francisco, de 86 anos, tem evitado falar em aposentadoria e recentemente descreveu o papado como um trabalho para toda a vida.

 

O primeiro papa latino-americano da história já deixou sua marca e pode ter ainda mais impacto nos próximos anos. No entanto, uma década atrás, o jesuíta argentino estava tão convencido de que não seria eleito papa que quase perdeu a votação final enquanto conversava com um colega cardeal do lado de fora da Capela Sistina.

 

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“O mestre de cerimônias apareceu e disse: 'Você vai entrar ou não?'”, Francisco lembrou em uma entrevista recente à Associated Press. “Depois percebi que era minha resistência inconsciente a entrar.”

 

Ele foi eleito o 266º papa na votação seguinte.

 

ABUSO SEXUAL

 

Francisco teve uma grande curva de aprendizado sobre o abuso sexual do clero, inicialmente minimizando o problema de maneiras que fizeram os sobreviventes questionarem se ele “entendeu”. Ele teve seu despertar cinco anos depois de seu pontificado, após uma visita problemática ao Chile.

 

Durante a viagem, ele descobriu uma séria desconexão entre o que os bispos chilenos lhe contaram sobre um caso notório e a realidade: centenas ou milhares de fiéis chilenos foram estuprados e molestados por padres católicos ao longo de décadas.

 

“Essa foi a minha conversão”, disse ele à AP. “Foi quando a bomba explodiu, quando vi a corrupção de muitos bispos nisso”.

 

Francisco aprovou uma série de medidas desde então com o objetivo de responsabilizar a hierarquia da igreja, mas os resultados foram mistos. Bento XVI removeu cerca de 800 padres, mas Francisco parece muito menos ansioso para exonerar os abusadores, refletindo a resistência dentro da hierarquia aos esforços para remover permanentemente os predadores do sacerdócio.

 

A próxima fronteira da crise já surgiu: o abuso sexual, espiritual e psicológico de adultos pelo clero. Francisco está ciente do problema – um novo caso diz respeito a um de seus colegas jesuítas – mas parece não haver vontade de tomar medidas firmes.

 

SIGNIFICADO DOS SÍNODOS

 

Enquanto a história do pontificado de Francisco é escrita, capítulos inteiros podem ser dedicados à sua ênfase na “sinodalidade”, um termo que tem pouco significado fora dos círculos católicos, mas pode ser considerado uma das mais importantes contribuições de Francisco à Igreja.

 

Um sínodo é uma reunião de bispos, e a filosofia de Francisco de que os bispos devem ouvir uns aos outros e os leigos definiu sua visão para a Igreja Católica: ele quer que seja um lugar onde os fiéis sejam acolhidos, acompanhados e ouvidos.

 

Os sínodos realizados durante seus primeiros 10 anos produziram alguns dos momentos mais significativos e controversos de seu papado.

 

Depois de ouvir a situação dos católicos divorciados durante um sínodo de 2014-2015 sobre a família, por exemplo, Francisco abriu a porta para permitir que casais divorciados e casados ??novamente recebessem a Comunhão. Apelos para permitir padres casados ??marcaram seu sínodo de 2019 na Amazônia, embora Francisco tenha rejeitado a ideia.

 

Seu sínodo de outubro envolveu uma sondagem sem precedentes dos fiéis católicos sobre suas esperanças para a Igreja e os problemas que encontraram, provocando demandas das mulheres por maiores papéis de liderança, incluindo a ordenação.

 

MISSA EM LATIM

 

Os tradicionalistas católicos ficaram cautelosos quando Francisco emergiu como papa pela primeira vez na varanda da Basílica de São Pedro sem a capa vermelha que seus predecessores usavam para eventos formais. No entanto, eles nunca esperaram que ele revertesse uma das decisões de assinatura de Bento, reimpondo restrições à antiga missa em latim, incluindo onde e quem pode celebrá-la.

 

Embora a decisão afetasse diretamente apenas uma fração dos frequentadores da missa católica, sua repressão ao Rito Tridentino tornou-se o chamado às armas para a oposição conservadora anti-Francisco.

 

Francisco justificou sua decisão dizendo que a decisão de Bento XVI de liberalizar a celebração da missa antiga se tornou uma fonte de divisão nas paróquias. Mas os tradicionalistas interpretaram as restrições renovadas como um ataque à ortodoxia, que eles viam como uma contradição ao mantra “todos são bem-vindos” de Francisco.

 

“Em vez de integrá-los à vida paroquial, a restrição ao uso das igrejas paroquiais marginalizará e empurrará para as periferias os fiéis católicos que desejam apenas adorar”, lamentou Joseph Shaw, da filial britânica da Latin Mass Society.

 

Embora as perspectivas de curto prazo para a cessão de Francisco não sejam grandes, os tradicionalistas têm o tempo a seu favor, sabendo que em uma instituição de dois mil anos de idade, pode surgir outro papa que seja mais amigável ao antigo rito.

 

PAPEL DAS MULHERES

 

As piadas de Francisco sobre o “gênio feminino” há muito fazem as mulheres se encolherem. As teólogas são os “morangos no bolo”, disse ele uma vez. As freiras não deveriam ser “solteironas”, disse ele. A Europa não deveria ser uma “avó” estéril e infértil, disse ele aos legisladores da União Europeia – uma observação que lhe rendeu um telefonema furioso da então chanceler alemã, Angela Merkel.

 

Mas também é verdade que Francisco fez mais para promover as mulheres na Igreja do que qualquer outro papa antes dele, inclusive nomeando várias mulheres para cargos de destaque no Vaticano.

 

Isso não quer dizer muito, dado que apenas um em cada quatro funcionários da Santa Sé é mulher, nenhuma mulher chefia um dicastério ou departamento, e Francisco defendeu a doutrina da Igreja que proíbe as mulheres do sacerdócio.

 

Mas a tendência existe e “não há possibilidade de voltar atrás”, disse María Lía Zervino, uma das três primeiras mulheres nomeadas para o escritório do Vaticano que ajuda o papa a selecionar bispos em todo o mundo.

 

FÉ LGBTQIA+

 

A insistência de Francisco de que os católicos LGBTQIA+ há muito marginalizados podem encontrar um lar bem-vindo na igreja pode ser resumida por dois pronunciamentos que encerraram seu papado até o momento: “Quem sou eu para julgar?” e “Ser homossexual não é crime”.

 

Entre fazer essas declarações históricas, Francisco fez do alcance das pessoas LGBTQIA+ uma marca registrada de seu papado mais do que qualquer outro papa antes dele.

 

Ele ministra a membros de uma comunidade transgênero em Roma. Ele aconselhou casais homossexuais que procuram criar seus filhos como católicos. Durante uma visita aos EUA em 2015, ele divulgou um encontro privado com um ex-aluno gay e o parceiro do homem para contrariar a narrativa conservadora de que havia recebido um ativista anti-casamento entre pessoas do mesmo sexo.

 


 

“O papa está lembrando à Igreja que a maneira como as pessoas tratam umas às outras no mundo social é de uma importância moral muito maior do que o que as pessoas podem fazer na privacidade de um quarto”, disse Francis DeBernardo, do Ministério New Ways, que defende uma maior aceitação dos católicos LGBTQIA+.

 

Fonte: G1

 

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Brasil : Malha costurada na língua para emagrecer; saiba os riscos
Enviado por alexandre em 11/03/2023 13:21:37

Técnica ilegal e perigosa atrai clientes ao Paraguai.

A técnica de emagrecimento com a costura de uma malha na língua, não reconhecida no Brasil, tem atraído brasileiros para clínicas no Paraguai.

 

O procedimento consiste em prender temporariamente uma tela plástica na língua, que causa dor e torna a alimentação restrita a líquidos, resultando em rápida perda de peso.

 

No entanto, especialistas alertam que essa prática é considerada uma "loucura" que pode levar a riscos como infecções, compulsão alimentar e recuperação do peso perdido.

 

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Embora seja realizada em alguns países da América Latina e nos Estados Unidos, no Brasil, a técnica não é reconhecida.

 

Essa técnica não é uma prática médica comum e pode ser perigosa e ilegal em muitos países.

 

A malha de plástico, comumente utilizada na medicina, é presa na língua do paciente com seis pontos isolados. O procedimento é realizado com anestesia local e, se não houver sangramento, o paciente é liberado imediatamente após a operação.

 

A malha permanece na língua por 30 dias e durante esse tempo, o paciente é instruído a seguir uma dieta líquida com baixo teor calórico, a fazer exercícios físicos e a manter uma boa higiene bucal para evitar o acúmulo de restos de alimentos sob a malha.

 

O objetivo é dificultar a alimentação, o que pode levar a uma perda de peso rápida. O médico especialista em medicina laboratorial, Roberto Franco do Amaral, alerta que a técnica de "malha" costurada na língua para emagrecer é considerada perigosa por muitos médicos e especialistas em saúde, pois pode levar a várias complicações graves, incluindo:

 

Sangramento: a costura na língua pode causar sangramento significativo, o que pode levar à anemia e outras complicações.

 

Infecção: a introdução de corpos estranhos no corpo, como a malha cirúrgica, aumenta o risco de infecções, que podem ser graves e até mesmo colocar a vida em risco.

 

Dificuldades respiratórias: a presença da malha cirúrgica na língua pode dificultar a respiração, especialmente durante o sono, o que pode levar a problemas respiratórios graves, como apneia do sono.

 

Problemas na fala: a costura na língua pode afetar a fala, tornando-a difícil ou impossível de compreender, o que pode levar a problemas de comunicação e isolamento social.

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ressaltou que não legisla sobre nenhum procedimento neste sentido e a regulação, nestes casos, é feita pelos conselhos das categorias profissionais. Quando se trata de procedimentos médicos no Brasil, a Anvisa possui o papel de regulamentar as regras de funcionamento, bem como registrar equipamentos como maquinário, anestésicos e insumos, por exemplo.

 


No caso da "malha na língua", a Anvisa fala que, como se trata de algo realizado no exterior, não possui nenhuma ação neste sentido e também afirma não saber de registro de estabelecimentos que o façam no Brasil.

Fonte: Diário Online

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Brasil : Estudo mostra que onças estão em áreas ameaçadas pelo homem na Amazônia
Enviado por alexandre em 11/03/2023 13:05:43


Um estudo publicado no dia 15 de fevereiro na Revista Nature mostra que as áreas protegidas na Amazônia brasileira com as maiores densidades populacionais de onças-pintadas estão nos locais mais pressionados pela degradação de habitat causada pelo homem. De acordo com a pesquisa, desmatamento, expansão agrícola, incluindo pastagens para gado e terras agrícolas, e incêndios florestais são predominantes nas áreas que abrigam as maiores populações do felino.

O estudo foi feito pela organização não governamental WWF, pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), e por pesquisadores parceiros. Assinam a pesquisa os autores Juliano Bogoni, Valeria Boron, Carlos Peres, Maria Eduarda Coelho, Ronaldo Morato, e Marcelo Oliveira da Costa.

Onça pintada está na lista de animais ameaçados de extinção. Foto: Divulgação/ICMBIO

Entre os espaços ameaçados, o estudo identificou dez áreas protegidas que demandam ações emergenciais para a conservação da onça-pintada amazônica: as terras indígenas Apyterewa, Araribóia, Cachoeira Seca, Kayapó, Marãiwatsédé, Parque do Xingu, Uru-Eu-Wau-Wau, Yanomami, a Estação Ecológica da Terra do Meio e o Parque Nacional Mapinguari.

"As fronteiras agrícolas estão chegando mais próximas. Então, a onça sai para atacar mais lugares. Além disso, tem mais caçadores dentro dessas áreas. Tem garimpeiro dentro da terra Yanomami e esses caras caçam, e caçam a presa da onça. Eles também fazem armadilhas e matam as onças",

destaca o coautor do estudo, especialista em conservação e líder do programa de proteção de espécies ameaçadas do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira.

A pesquisa analisou 447 terras protegidas da Amazônia brasileira, incluindo 330 reservas indígenas. As áreas analisadas correspondem a 1.755.637 km², o que representa 41,7% da Amazônia brasileira, e abrigam cerca de 26,68 mil onças-pintadas, de acordo com os modelos aplicados no estudo.

Proteção

O pesquisador Marcelo Oliveira ressalta que o levantamento reforça o papel das terras indígenas como santuários para as onças-pintadas e a biodiversidade: "O futuro das onças-pintadas, mesmo nas regiões neotropicais mais intactas, como a Amazônia, só é seguro em áreas protegidas onde as restrições de uso do solo podem ser rigorosamente aplicadas e só se for possível resistir à pressão política incessante para reduzir o tamanho, recategorizar e extinguir as áreas protegidas. Estes espaços são centrais para a salvaguarda da biodiversidade, mas estão sob múltiplas pressões geopolíticas".

Entre as ações emergenciais sugeridas pelos pesquisadores estão o aumento do financiamento e apoio às áreas protegidas e terras indígenas, especialmente as priorizadas pelo estudo, reforçando a participação dos povos indígenas e comunidades locais nas decisões e gestão dos seus territórios.

Os pesquisadores propõem ainda elevação dos recursos para as agências ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e a implementação de políticas e arcabouços legais fortes que não deixem espaço para a redução, recategorização e extinção das áreas protegidas.

"Precisamos fortalecer a gestão dessas áreas. Nos últimos quatro anos, foi extremamente difícil com o enfraquecimento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e outros órgãos que promovem a fiscalização", disse Oliveira.

O estudo pode ser lido na íntegra em no site da revista.


*Por Bruno Bocchini, da Agência Brasil

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