Em 31 anos, o Brasil perdeu o equivalente a dez cidades de São Paulo em superfície de água. Especialistas dizem que a ação humana e as mudanças climáticas são responsáveis por essa redução.
No subsolo de um estacionamento, alguns homens trabalham com o objetivo de mudar o futuro. Parece sinopse de filme de ficção, mas é só uma empresa de tecnologia com um propósito.
“Um pouquinho de água e a gente consegue limpar o carro inteiro, de maneira ecológica. É uma lavagem que a gente utiliza 500 ml em vez de utilizar 500 litros, que são utilizados por uma mangueira convencional”, explica o fundador da empresa João Vitor Salvatori.Ações pequenas como mudar o jeito de lavar o carro e grandes, como conter o desmatamento, podem mudar uma tendência em curso: o Brasil mais seco. Em 31 anos, a superfície de água encolheu 7,5%.
O país perdeu 1,5 milhão de hectares, o que equivale a dez cidades de São Paulo.“E o preocupante é ver que a tendência de redução, a redução, acontece nos ambientes naturais: em várzeas, em áreas de planícies inundáveis. E ganho só se observa em represas de hidrelétricas, represas construídas para irrigação, ou até mesmo armazenamento de água para fornecimento de água potável para as cidades”, diz o coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck.
A falta d’água não está no horizonte dos pesquisadores, mas eles alertam para o fato de que já sofremos as consequências de viver em um país mais seco. Em 2021, o aumento das tarifas de energia e o baixo nível dos reservatórios em São Paulo. Para eles, isso mostra que não dá para esperar para começar a agir.
“Me remete à situação de duas ações: uma é a gente assumir esse compromisso de desmatamento zero em nossos diversos biomas, e a outra é também promover a restauração de regiões que são importantes para manutenção da água nos nossos sistemas”, afirma Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil.
De quando era menino até virar avô, o piloto de barco Alinor Pereira da Silva viu baixar a água do rio Paraguai em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
“Muito banco de areia, muita ilha surgiu, por causa da pouca água que nós estamos pegando do rio Paraguai. Eu sempre trago para ela dar uma mergulhadinha na água, acompanhar isso aí. Porque, futuramente, eu não sei se eles vão poder ainda ver isso aí. Porque isso aqui parece que vai acabar, né? Se secar mesmo, acaba”, lamenta.
Irregularidade foi descoberta pela Operação Boca Livre, da Polícia Federal
Lei Rouanet Foto: Divulgação
A Volkswagen Brasil e a Master Projetos foram multadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) em R$ 25,3 milhões, nesta terça-feira (14), pela aplicação irregular dos recursos da Lei Rouanet, em 2013.
A verba captada pela Volkswagen Brasil para financiar o projeto Brasilidade Sinfônica, entre os anos de 2012 e 2013, tinha sido de R$ 1 milhão. Segundo a CGU, as empresas “teriam realocado dinheiro do projeto em benefício próprio”.
Extração de minérios causou desorganização social de comunidade
Portal Amazônia, com informação da Agência Brasil
A presença do garimpo ilegal no Território Yanomami causa múltiplos impactos na vida social dos indígenas. A crise humanitária é mais visível no estado de saúde delicado, especialmente de crianças e idosos, mas alcança ainda dimensões culturais desse povo.
"Água suja para comer, estraga o peixe. Crianças muito fracas. Água bebe-se suja e barriga dói muito", diz Enenexi Yanomami, que tenta descrever a situação vivida por seus parentes na terra indígena. Contou o jovem indígena, de 21 anos, na entrada da Casa De Saúde Indígena (Casai). Segundo ele, já passavam de 60 dias sua estadia na capital para acompanhar familiares doentes. O retorno ao território, que depende de transporte aéreo, não tinha previsão. "Faltam mais horas de voo para Surucucu".
Para ele, a presença do garimpo é o que tem causado os danos que afetam seu povo. "Agora, tem que tirar o garimpo. Quando tirar, tranquilo. Tem muito garimpo lá, [tem que ser] proibido".
Mãe de duas crianças internadas na Casai, Louvânia Yanomami já perdeu a conta de quanto tempo está longe de sua terra. Sem previsão de alta, ela recebeu alerta dos médicos de que, se voltar, pode colocar a vida do filho menor em risco. A criança, que tem entre 1 e 2 anos, apresenta quadro de desnutrição severa e inchaço do abdômen.
Indígenas yanomami mostram impactos sociais - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
"Eu estou muito cansada, tem muita gente aqui [Casai], dá pra perceber. É uma situação difícil. Não vou deixar porque é meu [filho] e não posso levar porque ele vai morrer", relata, angustiada, com ajuda de um intérprete. Em janeiro, a Casai chegou a abrigar mais de 700 pessoas, mas o local tem capacidade para pouco mais de 200. Houve uma redução dessa superlotação, mas o espaço ainda registra a presença de mais de 500 pessoas, segundo balanço da primeira semana de fevereiro de 2023 do Centro de Operações de Emergências (COE) do governo federal.
Quem também reclama dos danos ambientais trazido pela exploração ilegal de minérios é Arokona Yanomama. Ele cita como o maquinário pesado de dragas e tratores afugenta animais de caça e polui a terra. "Cheiro ruim. Morre caça, morre tudo. A terra não é boa, é muito feio. Máquina de fumaça entrou, por isso cheiro muito ruim. Contaminaram terra, contaminaram água, poluíram peixe", relata. Agora, para caçar um porco do mato, ele tem que andar por pelo menos 50 quilômetros para se afastar da área mais deteriorada.
Referência perdida
"O garimpo vai justamente atacar a cadeia alimentar básica dos yanomami. Eles são um povo de mobilidade territorial, vivem da caça, da pesca, da coleta e da agricultura. Nada mais triste, então, do que um caçador yanomami não ter caça para suprir a família", explica a antropóloga Maria Auxiliadora Lima de Carvalho. Ela trabalha há mais de 20 anos com o povo yanomami, em Roraima.
"O povo yanomami nunca precisou de doação de alimentos para sobreviver. Todo esse cenário de vulnerabilidade foi provocado. O maior mal ainda é a presença do garimpeiro, do garimpo", afirma o secretário especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, quando visitou o território.
Até mesmo alguns dos rituais mais sagrados dos yanomami estão sendo drasticamente abalados pela atividade garimpeira e a desassistência generalizada em saúde dentro do território. É o caso das cerimônias fúnebres. Os yanomami não enterram seus mortos. Eles cremam os corpos de seus familiares falecidos e, depois, trituram os ossos até virar pó. O processo pode levar semanas e, muitas vezes, inclui uma fase final em que a comunidade realiza um ato de tomar mingau de banana com as cinzar do ente falecido.
Mulheres e crianças yanomami em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami - Fernando Frazão/Agência Brasil
"Os yanomami fazem questão dos rituais fúnebres, mas os mortos são tantos que não está havendo nem tempo para chorá-los", afirma a antropóloga. Essas cerimônias podem incluir também a presença de visitantes de aldeias diferentes e, nesses casos, os anfitriões costumam oferecer um animal de caça, o que tem ficado escasso nas regiões afetada pelo garimpo.
A entrada do álcool na cultura yanomami, que não é recente, mas tem se agravado, é outro fator desestabilizador. O Caxiri, bebida feita de macaxeira cozida, não alcoólica, e muito tradicional, passou a ser fermentada pelos indígenas para ficar com alto teor de álcool, por influência dos garimpeiros, ainda durante a primeira invasão ao território, no fim da década de 80. "Isso fez aumentar casos de violência contra as mulheres e de violência de uma forma geral", explica Maria Auxiliadora. Também interferiu na produção agrícola, fazendo com que indígenas aumentassem a plantação de macaxeira para produzir a bebida, ampliando o ciclo do consumo de álcool nas aldeias.
A antropóloga também observa outro tipo de desestruturação comunitária causada pelo garimpo. No primeiro grande surto de garimpagem ilegal na Terra Indígena Yanomami, a partir da segunda metade da década de 80, a maior parte da população de indígenas era formada por adultos. Atualmente, no entanto, a base da pirâmide etária ficou bem mais numerosa, com forte presença de adolescentes e jovens. No entanto, a grande maioria das escolas dentro do território foi desativadas pelo governo do estado.
"As políticas públicas não chegam para esses jovens. E eles são jovens, querem aventuras. Com isso, o garimpo assediou enormemente essa juventude, com acesso a armas, que eles apreciam muito, e outros objetos", acrescenta a especialista.
Ela cita o caso de assédio sexual de garimpeiros contra as mulheres indígenas, que observou durante trabalho de campo na comunidade, onde permaneceu por vários anos, entre 2002 e 2009. Segundo a antropóloga, as denúncias que vêm sendo reveladas agora, com a explosão de garimpo no território, são bem prováveis.
"Com o garimpo o tempo todo e cada vez mais, é bem possível que eles tenham feito sedução. Elas gostam muito de sabonetes, óleo para cabelo, comida. Então, essa troca por relação sexual, seja consentida ou não, é desigual, porque há posições de poder bem claras", argumenta.
O governo federal investiga o caso de 30 meninas yanomami que estariam grávidas de garimpeiros que atuam ilegalmente no território.
Indígenas Yanomami acompanham deslocamento de equipes e material - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Esperança
Em meio ao caos vivido pelos yanomami, a esperança no futuro passa pela reativação das escolas na região, fechadas há mais de uma década.
"Aqui tinha escola, eu ainda lembro", afirma Ivo Yanomami, tuxaua (cacique) na comunidade de Xirimifik, com mais de 200 pessoas, grande parte crianças e adolescentes. A aldeia fica a cerca de 15 minutos de caminhada da pista de Surucucu.
A demanda pela retomada das escolas indígenas dentro do território será levada ao governo federal, assegurou o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, durante visita que fez à região.
Nem os mortos têm paz. Diz o adágio, com razão. O túmulo do Major Amarante foi recentemente profanado no Cemitério dos Inocentes, em Porto Velho. Arrancaram a placa de bronze do jazigo perpétuo do militar, que era genro do patrono de Rondônia, Marechal Cândido Rondon.
Rondônia é o único Estado brasileiro cujo nome homenageia uma pessoa; significa "terra de Rondon", na definição do etnólogo e antropólogo Edgard Roquette-Pinto que inventou a palavra Rondônia, em 1917.
Em tempo: o imortal da Academia Brasileira de Letras, Roquette Pinto, "pai do rádio no Brasil", acompanhou Rondon, Amarante e comitiva em uma das expedições a esta região, em 1912. Cinco ano depois, surgiu pela primeira vez a palavra Rondônia como título do livro que Roquette escreveu sobre sua experiência na região: "Rondônia - Antropologia etnográfica", considerado um clássico da antropologia brasileira.
Consiste numa "relíquia", ligada diretamente à família de Rondon, o túmulo do seu genro, Major Amarante. Que deveria ser cuidado e tombado como patrimônio histórico! Afinal, o major Emanuel Silvestre do Amarante é o único oficial da Comissão Rondon sepultado em Rondônia. Todos os outros passaram, contribuíram e seguiram seu rumo. Amarante ficou! Mesmo que morto!
Major Amarante - Foto: Reprodução/internet
A principal avenida de Vilhena e uma rua no bairro Arigolândia, de Porto Velho, levam o nome do militar morto em 1929, aos 49 anos, vítima de tifoide. Em Cabixi, existia um porto chamado "Major Amarante", e este também era a denominação de um posto telegráfico no Mato Grosso.
A singela placa que foi retirada do jazigo perpétuo continha uma homanagem prestada em 2016 pela Amarante pela Academia Rondoniense de Letras e a 17ª Brigada de Infantaria de Selva. Na época, houve até salva de tiros em honra ao ilustre personagem, engenheiro militar que ajudou a desbravar Rondônia colaborando, inclusive, com a cartografia regional, redesenhando o mapa de boa parte deste lugar então chamado de "Terra Desconhecida".
Uma curiosidade sobre Amarante: em 1912, ele foi o primeiro a guiar um veículo automotor entre os rios Juruena e Soporuba, no MT. Ele mesmo inventou algo posteriormente copiado mundo afora [dizem que até os tanques de guerra surgiram desse protótipo]: adaptou o "caminhãozinho", traçando os pneus com tacos de madeira para garantir que pudessem rodar os 96 quilômetros no caminho conhecido como "picadão de Rondon".
Assim, o veículo transpôs o areião e o barro em cujas redondezas não haviam pastagens para as tropas dos militares. Com a invenção, foi possível a Amarante levar provimentos para os homens de Rondon a caminho da Serra do Norte — nome primitivo de Vilhena. Entre os sertanistas atendidos, lá estava o lendário cientista Roquette-Pinto.
Major Amarante morreu em plena atividade, como diretor do distrito do telégrafo nacional sediado em Santo Antônio do Rio Madeira [cidade extinta em 1945 e incorporada a Porto Velho], uma imensa área que abrangia o território de quase todos os atuais municípios rondonienses.
O jazigo do sertanista carioca em Porto Velho -
Dilapidações de lápides têm sido comuns, cometidas, geralmente, por usuários de drogas que infestam as ruas do país. Muitos cemitérios no Brasil são alvos de pessoas que furtam objetos de valor e deixam os jazidos sem as identificações. Ninguém escapa. No Cemitério da Consolação, em São Paulo, por exemplo, "limparam" até o túmulo do ex-presidente da República, Washington Luís.
Além da perda material, a prática causa danos à memória e à história. Cemitérios são categorizados por muitos historiadores como museus a céu aberto. São fontes de pesquisa. Há, inclusive, apreciadores de arquitetura e de artes tumulares e, por isso, alguns campos santos ao redor do mundo — inclusive no Brasil — dispõem até de guias turísticos.
Vários visitantes do Cemitério dos Inocentes, localizado na região central da capital rondoniense, reclamam do estado de abandono e da falta de segurança do local. Afora os furtos, há muito mato e sujeira.
Na tentativa de se combater o fenômeno dos ataques, o Projeto de Lei 644/22, em trâmite na Câmara dos Deputados, torna crime a violação ou o furto de lápide de túmulo e determina que o infrator repare o dano.
O texto em análise na Câmara altera o Código Penal que, atualmente, tipifica como crime apenas a violação ou a profanação de sepultura ou urna funerária, com pena de reclusão, de um a três anos, e multa. O projeto inclui como sacrilégio a hipótese de furto, bem como a responsabilização econômica.
Mais do que criminalizar, porém, é preciso garantir a segurança das necrópoles. Quem furta as placas não tem muito a perder e precisa até de ajuda do Estado. São "zumbis". O problema está em quem compra — certamente bem barato — as peças para derreter.
Cemitério das celebridades
Fundado em 1915 — quando o município de Porto Velho ainda era parte do estado Amazonas e tinha apenas um ano de implantação —, o Cemitério dos Inocentes é tombado pelo Estado como patrimônio histórico de Rondônia.
No campo santo, foram sepultadas muitas personagens ilustres que contribuíram com a formação desta terra em todas as áreas da sociedade.
Entre elas, estão o poeta Vespasiano Ramos; a cientista alemã Emilie Snethlage; o carnavalesco Manoel Mendonça, o Manelão, fundador da Banda do Vai Quem Quer; o ex-deputado federal Eduardo Valverde; o banqueiro Raymundo Cantuária; o italiano Quinto Trivério, herói de guerra; o famoso médico e memorialista Ary Pinheiro; o jornalista Inácio Castro, defensor contumaz da nacionalização da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré; o historiador e ex-deputado estadual Amizael Silva… e muitos outros.
Sobre o autor
Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.
Cérebros são moldados conforme a passagem do tempo e, ao serem alvo de estímulos rápidos provocados por celulares e tablets, não são treinados para se concentrar por período maior.
Nas mãos de adultos, o celular pode se tornar uma dependência. Mas, em crianças e adolescentes, o uso desenfreado também pode afetar o desenvolvimento do cérebro e a concentração.
Isso porque smartphones e outras telas são uma fonte inesgotável de estímulos rápidos. Em poucos segundos, comentários, curtidas e a atualização constante do feed de redes sociais provocam a liberação de dopamina no cérebro, neurotransmissor que dá sensação de prazer e satisfação.
Só que a dopamina vicia e é capaz de gerar um looping altamente perigoso para a saúde. Quanto maior o contato com os estímulos rápidos, maior é a chance de repetir - e aumentar - esse tipo de comportamento.
Além de a pessoa ter o prazer imediato, ela aumenta a impulsividade e faz com que dificulte a estratégia de controle de uso. Essa alteração no nosso cérebro pode acontecer e não se reverter. — Julia Khoury, psiquiatra que fez mestrado e doutorado em dependência digital
O perigo da exposição exagerada de crianças e adolescentes a telas é que o cérebro pode acabar sendo "recrutado" por esses estímulos rápidos, se tornando uma forma de pensamento preponderante, como explica o psicólogo Cristiano Nabuco, PhD em psicologia clínica de dependências tecnológicas.
Isso tem a ver com a maturação cerebral: o cérebro é uma parte do corpo humano que vai tomando forma com a passagem do tempo.
Antes dos 25 anos, essa maturação não está completamente desenvolvida. Ou seja: o cérebro ainda está sendo "moldado".
A "bomba" de estímulos rápidos que sai das telas pode, nessa etapa da vida, afetar o desenvolvimento do cérebro e a capacidade de concentração, uma herança que será levada para a fase adulta - e pode ser irreversível.
"Isso faz com que essa população se torne biologicamente muito mais vulnerável a esse tipo de estimulação", afirma Nabuco. "Quanto mais eu uso as telas, mais um determinado tipo de operação é recrutada no meu cérebro", diz ainda.
RACIOCÍNIO PREJUDICADO
Segundo os especialistas, conforme o pensamento vai sendo solicitado para estímulos rápidos, mais ele vai se tornando prevalente e preponderante no funcionamento mental.
“Cérebros de crianças e adolescentes, que têm uma maturação maior, acabam não sendo treinados para se concentrar por um tempo maior”, explica a psquiatra Julia Khoury.
Segundo Cristiano Nabuco, isso vai ao ponto de prejudicar o raciocínio. "Quando você dá para esses jovens que passam muito tempo em frente às telas um material que envolve um raciocínio mais denso e mais profundo, eles não conseguem fazer", diz.
O psicólogo, que coordena uma unidade pioneira no país, localizada em São Paulo (SP), para atendimento de pacientes dependentes da tecnologia, afirma que as novas gerações vivem o que chama de "autismo digital".
"Há relatos de casos de jovens que chegam a ficar conectados 40, 50 horas ininterruptas, sem sair do lugar, exatamente em função disso", diz.
Alguns pesquisadores dizem que essas novas gerações são os 'filhos do quarto'. Eles não saem mais de casa. Tudo que precisam fazer eles fazem na frente da tela — Cristiano Nabuco, psicólogo
O QUE FAZER?
Para Cristiano Nabuco, crianças e adolescentes não devem ser estimulados ao uso frequente de celulares e telas. Por isso, pais e responsáveis devem ficar atentos ao dar um aparelho na mãos dos filhos.
Confira algumas dicas do especialista:
Criar zonas livres de tecnologia ou desafios de detox digital: estabelecer ambientes ou períodos onde o celular não pode ser usado, como em uma viagem ou no almoço e jantar;
A vida offline também é boa: estimular os filhos a fazer atividades ao ar livre ou praticar esportes pode ser uma tática para afastá-los das telas por um período do dia;
Curtir o ócio: ensiná-los que é importante ter momentos à toa, sem os apitos das notificações. A pausa - real e digital - descansa a mente, estimula a criatividade e o desenvolvimento do cérebro;
Dar o exemplo: crianças que veem os pais usando o celular o tempo todo estão mais propensas a repetir esse comportamento.
"A gente precisa de tempo ocioso. Olhar para a janela durante uma viagem e não para a tela de um tablet", diz o psicólogo Cristiano Nabuco.