O cantor Junior Lima disse que ter "hora marcada" para ter relações sexuais no casamento é uma "solução" dentro da rotina que vive com a esposa Mônica Benini, com quem está há mais de 10 anos e com quem tem dois filhos. O g1 entrevistou sexólogas para tirar dúvidas sobre o assunto que Júnior levantou na quarta-feira (22) no podcast “Quem Pode Pod”, apresentado por Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank.
Entre as especialistas ouvidas pelo g1, há opiniões diversas sobre se a estratégia é boa ou não: "sim", "não" e "pode ser legal". Entenda a seguir os pontos de vista.
“O sexo com hora marcada pode ser e pode não ser uma boa”, avalia Monica Verdier, médica de família e comunidade pela USP e sexóloga pelo IEPOS. Ela explica que a estratégia pode não apenas ajudar casais que têm filhos, como também ser bom para o casal que com rotina agitada.
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“Depende do contexto de cada casal, de cada momento. O sexo com hora marcada às vezes permite que pessoas que têm rotinas mais aceleradas tenham uma troca de prazer e de afeto durante a semana, seja uma, duas, três vezes por semana, ou uma vez por mês”, afirma Monica.
Já para a sexóloga Carla Cecarello, a ideia pode não ser tão interessante. “Quem me garante que eu vou ter desejo nesse dia, nessa hora?”, questiona. Ela explica que marcar horário para transar semanalmente, por exemplo, é como “condicionar o cérebro a ter vontade para aquele momento, então tira a espontaneidade".
“Alguns casais acabam organizando a vida em cima de hora marcada (...) Então para esses casais que já começaram uma vida sexual mais ou menos assim, não faz tanta diferença. Pelo contrário, faz a diferença se não tiver a hora marcada para poder acontecer. Mas sem dúvida nenhuma, isso nunca foi uma experiência muito positiva para a grande maioria dos casais, justamente porque perde essa espontaneidade”, aponta Carla.
Já a ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini, coordenadora do ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp, aponta outra visão do agendamento. Ela percebe a "hora marcada" para o sexo como algo positivo e diz que a prática está se tornando cada vez mais comum entre os casais.
“Quando a gente é namorado não tem isso? Que a gente marca de sair sexta-feira, sábado a noite e aí geralmente o sexo acontece? Então nesse contexto, o sexo com hora marcada vira um encontro, vira um namoro. Então eu vejo só pelo lado positivo isso”, afirma Carolina.
A especialista afirma que sempre indica para as pacientes terem relações sexuais aos fins de semana. “O final de semana é um momento que, geralmente, elas já estão mais descansadas e elas podem ir se estimulando até esse dia. Elas podem, por exemplo, assistir um filme erótico, escutar um podcast erótico, pensarem na lingerie, programarem um jantar”, explica.
VANTAGENS DA ESTRATÉGIA
Sabe aquela ansiedade pré-date? A sexóloga Monica Verdier afirma que esse pode ser um ponto legal de marcar hora para transar.
“A pessoa sabe muito bem que nesse dia possivelmente vai rolar, então ela se prepara para isso. É uma coisa que a gente pode refletir: por que isso não pode entrar na rotina de um relacionamento?”.
Ela também diz que esse tempinho sabendo que vai rolar pode ser uma forma nova de renovar o tesão sem depender tanto da espontaneidade.
“Isso também permite que um casal que tenha esse esforço a mais de se manter apresentável, com vontade, possa pensar em outras maneiras de renovar o tesão que não na espontaneidade do sexo”, afirma.
OS ALERTAS NECESSÁRIOS
Importante entender que marcar para transar “não é uma imposição”. As especialistas são unânimes em dizer que todos podem e devem cancelar o "encontro" se não se sentirem confortáveis.
“É uma sugestão de horário e não uma imposição. Até porque pode ser interpretado de maneira equivocada, pode banalizar um pouco a troca de afeto”, explica a sexóloga Monica.
A sexóloga Carolina Ambrogini disse que a falta de desejo espontâneo chega a causar culpa em algumas de suas pacientes, mas que quando elas entendem como funciona o desejo feminino ficam mais aliviadas.
Carolina conta que, na verdade, não é necessário sentir aquele desejo ardente durante todo um relacionamento. E que esse tipo de desejo é característico do início e que o ele muda depois de algum tempo se relacionando com uma mesma pessoa.
“Existe uma coisa que precisa ser quebrada, que é o mito do desejo espontâneo. O mito de que você precisa sentir aquele desejo. Isso geralmente acontece no início dos relacionamentos amorosos, onde existe um componente de paixão grande. Depois que o casal entra num relacionamento estável, o desejo é muito mais responsivo, então ele responde a uma investida, do que espontâneo. E isso é normal, acontece com 80% das mulheres e cada vez mais dos homens em relacionamentos estáveis”, explica.
E O SEXO ESPONTÂNEO É MAIS SATISFATÓRIO?
Não. E isso foi um consenso entre as três sexólogas ouvidas pelo g1, porque sempre tem como substituir esse desejo momentâneo por algo que desperte o mesmo efeito. “Sexo agendado ou não, não tem relação nenhuma com satisfação ou orgasmo, isso depende muito mais do "durante" do que do "antes”.
A sexóloga Carla Cecarello até concorda que o sexo no impulso do momento é mais fogoso e ardente, mas que não necessariamente é melhor.
Fotos: Reprodução
“Às vezes você pode estar cheio de tesão, cheio de amor para dar, e aí o que acontece? Brocha na hora, ou às vezes não consegue ter um orgasmo, ou ejacula precocemente. Então, não necessariamente é satisfatório”, pondera.
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“O sexo com hora marcada pode ser satisfatório, bem como o sexo espontâneo pode ser satisfatório”, afirma a sexóloga Monica. Ela ainda cita o caso de pessoas que preferem estar limpas e preparadas (banho tomado, roupa limpa e etc) antes de partir para transar e que, dessa forma, combinar antes vira uma estratégia viável para deixar tudo ainda mais prazeroso.
Fonte: G1