Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos nos rios Madeira e Purus, além de seus afluentes, que cortam o sudoeste do Amazonas. A decisão foi ocasionada devido à seca na Região Norte. As chuvas acumuladas nas bacias dos rios Madeira e Purus durante o último período chuvoso, que vai de novembro a abril, ficaram abaixo da média.
Patrick Thomas, superintendente adjunto de Regulação de Usos de Recursos Hídricos da ANA, alerta para a gravidade da situação.
“Os dados climáticos mostram uma anomalia negativa de chuva entre outubro de 2023 e junho de 2024 em relação à média, com déficits da ordem de 30% tanto na bacia do Rio Madeira quanto na bacia do Rio Purus. Essa anomalia leva à observação de vazões mais baixas neste ano em comparação ao ano passado, e as perspectivas indicam que essa diminuição pode se acentuar nos próximos meses, possivelmente atingindo os mínimos históricos no período crítico entre setembro e outubro”, informa.
Acre, Amazonas e Rondônia, que possuem territórios banhados por esses rios, são os que estão sendo mais afetados pela escassez de água.
Thomas explica que as estruturas de captação de água podem sofrer interrupções no abastecimento devido à redução do nível dos rios. Além disso, ele destaca que a navegação pode ser prejudicada, aumentando os tempos de viagem e reduzindo a carga transportada, o que eleva os custos de frete e pode até paralisar o tráfego, afetando o deslocamento de pessoas e o transporte de cargas.
Por isso, a medida ficará em vigor até o dia 30 de novembro para intensificar o monitoramento hidrológico dessas bacias e propor ações preventivas.
Leia também: Seca no Amazonas chega antes do previsto e coloca cidades em emergência por estiagem Rio Madeira e Purus Seca no Amazonas - A crise hídrica reduziu drasticamente o volume dos rios na região Norte, causando forte seca em toda a região amazônica, como no Rio Madeira - Foto: Defesa Civil/Porto Velho ANA declara escassez de água em rios da região norte. Foto: Divulgação/Defesa Civil/Porto Velho
A Bacia do Rio Madeira abrange 1,42 milhão de km², sendo 43% em território brasileiro e o restante dividido entre Peru (7,6%) e Bolívia (49,4%).
Nela estão as hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, que juntas geram até 6,7% da energia do Sistema Interligado Nacional (SIN). O rio possui um trecho navegável de 1.060 km entre Porto Velho e Itacoatiara (AM) e abastece Porto Velho, que possui cerca de 460 mil habitantes.
A Bacia do Rio Purus cobre cerca de 368 mil km², com mais de 90% em Amazonas e Acre, e o restante no Peru. Acre
O governo do Acre decretou situação de emergência ambiental em todos os 22 municípios do estado, válida até 31 de dezembro de 2024.
O Coronel Carlos Batista, Coordenador de Proteção e Defesa Civil do estado, destacou que as previsões meteorológicas indicam chuvas abaixo da média para todo o Acre, especialmente na região leste, além de temperaturas superiores à média.
“Estamos projetando que este ano será muito seco, principalmente nos meses de agosto e setembro”, afirma. ANA declara escassez de água em rios da região norte. Foto: Leandro Morais/Superintendência Municipal de Comunicação de Porto Velho
O coronel destaca que estão ocorrendo incêndios florestais como consequência das baixas umidades. Além disso, ele explica que as queimadas aumentam as doenças respiratórias e chama a atenção para os impactos na agricultura, pecuária e piscicultura.
A capital do Acre, Rio Branco, está em estado de emergência desde 28 de junho, devido ao baixo nível do Rio Acre e à falta de chuvas.
O locutor de rádio Fernando Ramos mora em Rio Branco (AC) e comenta que o Rio Acre está ‘bem abaixo’ da cota e as temperaturas altas, afetando a água potável, o serviço de esgoto e trazendo problemas de saúde.
“Isso também vai levando problema para os ribeirinhos, os colonos que moram às margens dos rios, para trazer os produtos para Rio Branco, chegar até o mercado e vender, porque o meio de transporte é o barco. Infelizmente acarreta danos, não só na parte financeira, mas ainda mexe muito com o lado psicológico”, completa.
Feijó, Epitaciolândia e Bujari também estão na lista dos municípios em emergência. Em Bujari, o decreto menciona os prejuízos econômicos e sociais causados pela seca, além da necessidade urgente de garantir a dignidade da população e o atendimento às necessidades básicas. Epitaciolândia, situada na fronteira com a Bolívia, está enfrentando problemas com a falta de água que afeta 18 mil moradores.
Feijó, além das dificuldades relacionadas ao abastecimento de água, enfrenta o risco de isolamento de comunidades ribeirinhas e indígenas devido à falta de navegabilidade dos rios e igarapés. A escassez também compromete o fornecimento de alimentos e outros insumos essenciais.
A situação de emergência é situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido.
Embalagens de delivery e pinos de drogas estão entre os principais resíduos encontrados em praias, rios e manguezais do Brasil. Um projeto vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU) realizou um mapeamento de lixo em 16 cidades brasileiras, incluindo Santos e Itanhaém, no litoral de São Paulo.
O projeto Blue Keepers, parte do Pacto Global da ONU Rede Brasil, coletou, contou e classificou mais de 55 mil itens de lixo nas águas do país. A pesquisa, iniciada em 2022, continuará até que os dados de todo o território nacional sejam coletados.
Confira o ranking dos 10 resíduos mais encontrados no Brasil:
Fragmentos de plástico em geral (7.991 itens)
Cigarros, filtros e bitucas (6.263)
Fragmentos de isopor granulado (2.856)
Tampas plásticas de garrafas de bebidas (2.843)
Fragmentos de embalagens delivery de isopor liso (2.482)
Pinos plásticos para o uso de drogas (2.030)
Cotonetes (1.585)
Tampas metálicas de garrafas de bebidas (1.481)
Canudos (1.445)
Tampas de plástico em geral (1.205)
Os 10 itens mais comuns somam 30,1 mil resíduos, com o projeto já acumulando mais de 55 mil itens coletados.
As coletas também ocorreram em cidades como Manaus (AM), Caucaia (CE), São Gonçalo do Amarante (CE), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), Serra (ES), Arraial do Cabo (RJ), Armação de Búzios (RJ), Iguaba Grande (RJ), São Pedro da Aldeia (RJ), Cabo Frio (RJ) e Rio de Janeiro (RJ).
Em Santos, 2.369 itens de madeiras foram coletados em manguezais. Em seguida, foram encontrados 1.830 pinos plásticos para drogas, 1.383 embalagens de delivery, 1.091 fragmentos de isopor, 1.005 cotonetes e 924 fragmentos de isopor não identificado.
Além disso, foram encontrados 760 fragmentos de madeira, 705 tampas de garrafa, 615 sacolas plásticas e 425 fragmentos de plásticos rígidos.
Em Itanhaém, os cigarros, filtros e bitucas lideraram com 172 itens, seguidos por fragmentos de plástico mole (161), canudos (24), garrafas PET de até dois litros (20), copos descartáveis (10) e embalagens de balas e doces (8). Outros itens comuns incluem boias de isopor para pesca (6), fragmentos de látex e borracha (6), bexigas (5) e pinos para drogas (5).
Clientes do restaurante consumiam os pratos supostamente frescos, sem imaginar que estavam sendo enganados
O chef e um cozinheiro de um restaurante em Nantong, província de Jiangsu, no leste da China, foram condenados a dois anos e um ano e seis meses de prisão, respectivamente, com liberdade condicional, e multados em 160.000 yuans (cerca de R$ 126.000).
Segundo o jornal chinês Global Times, eles foram acusados de produzir e vender refeições feitas com ingredientes vencidos e estragados. Eles foram descobertos porque colocavam um remédio antidiarreico nos pratos dos clientes para evitar que sofressem intoxicação alimentar.
O medicamento em questão é o sulfato de gentamicina (Gentamicin), um tipo de antibiótico prescrito, entre outras coisas, para tratar meningite e infecções urinárias, respiratórias e gastrintestinais. Ele foi ilegalmente colocado pelo chef Sha e pelo cozinheiro Fu, desde 2023, em, pelo menos, 1.612 refeições, que lhes renderam 77.376 yuans (cerca de R$ 62.000).
De acordo com a Lei de Segurança Alimentar da China, medicamentos não devem ser adicionados a produtos alimentícios durante a produção ou a venda, informa o jornal chinês.
Apesar de o Gentamicin ser um medicamento muito prescrito por médicos para o tratamento de disenteria e diarreia grave, ele possui um efeito colateral sério: risco de surdez em crianças.
O caso da venda de alimentos impróprios que estavam mascarados com o remédio só veio à tona após um funcionário do restaurante denunciar o ocorrido ao governo local, em setembro de 2023. Em uma batida policial, os agentes encontraram quatro caixas de seringas contendo sulfato de gentamicina na lata de lixo da cozinha e outras 101 embalagens do medicamento no escritório do chef.
Chef e cozinheiro tiveram a sentença anunciada em 23 de abril de 2024, e eles também fizeram um pedido público de desculpas na mídia chinesa.
Entenda como ansiedade pode piorar problemas de tontura e zumbido
A saúde mental, apesar de ser chamada dessa forma, não afeta apenas a mente em si, mas também o bem-estar geral dos seres humanos. Por isso mesmo, nunca se deve negligenciá-la. No caso da ansiedade, por exemplo, quem sofre com ela pode ter a piora de sintomas como tontura e zumbido.
“Não podemos afirmar que a ansiedade, isoladamente, seja a causa da tontura e do zumbido. No entanto, ela com certeza agrava os problemas e é agravada por eles, já que pacientes com zumbido e tontura não tratadas podem ter piora do quadro de saúde mental”, diz a Dra. Nathália Prudencio, médica otorrinolaringologista e especialista em tontura e zumbido.
Assim, é sempre preciso descobrir, indo a um médico otorrinolaringologista ou um otoneurologista (otorrino especialista em zumbido e tontura), qual o diagnóstico correto e como tratá-lo, além de cuidar também da ansiedade, para que ela não agrave o problema. “O acompanhamento psicológico pode ajudar e diminuir o peso desse agravante”, diz a médica otoneurologista.A seguir, entenda melhor como a ansiedade se relaciona com a tontura e o zumbido:
Segundo a especialista, as alterações que aparecem durante uma crise de ansiedade, como inquietação, apreensão, palpitação e respiração acelerada, são decorrentes de uma grande liberação de adrenalina no organismo. Assim, em alguns casos, o aumento da frequência cardíaca e a hiperventilação podem diminuir o fluxo sanguíneo no cérebro e provocar tonturas ou sensação de atordoamento durante a crise.
“Quando o sintoma é persistente, porém, é provável que exista alguma anormalidade no sistema vestibular ? responsável por regular o nosso equilíbrio, a nossa coordenação e a nossa orientação espacial ?, ou problemas hormonais e metabólicos associados”, explica a otoneurologista.
Ademais, o contrário também é possível, já que a tontura pode trazer uma ansiedade, especialmente no início do quadro.A Dra. Nathália Prudencio explica que essa relação entre ansiedade e zumbido é muito comum e pode dar algumas pistas sobre o quadro do paciente e, principalmente, sobre como ele se relaciona com o zumbido.
“Sabemos, hoje, que apenas um em cada dez pacientes apresenta o zumbido como um incômodo importante. Nessas pessoas, o sintoma pode ser um fator determinante para o surgimento ou agravamento de transtornos do humor, como a ansiedade e a depressão. Por outro lado, observamos também que períodos de maior estresse ou demanda emocional podem influenciar a maneira como o paciente vivencia o sintoma”, comenta.
Fotos: Reprodução
Geralmente, o paciente já tem motivos para ter o zumbido, contudo as questões emocionais aparecem como um gatilho. Outros motivos para seu desencadeamento são: infecções; transtornos do labirinto; cerume impactado; medicamentos; alterações vasculares; e desordens funcionais.De acordo com a médica, pacientes cujo zumbido está relacionado à disfunção da articulação temporomandibular (que controla o movimento de abrir e fechar a boca), por exemplo, podem experimentar uma piora do sintoma em momentos de tensão, pois esse estado pode gerar maior apertamento dentário e contraturas musculares próximas ao ouvido.
“Pessoas com mordida errada, bruxismo ou que realizaram procedimentos dentários também podem apresentar zumbido no ouvido pelo mesmo motivo. Na maior parte dos casos, o que observamos é que os fatores emocionais influenciam diretamente a percepção do paciente sobre o zumbido e as características do zumbido em si, como o aumento da intensidade do som”, explica.Segundo ela, a maioria das pessoas que apresentam o zumbido tendem a se habituar ao sintoma e não o percebem como um incômodo importante. Para a minoria que sofre com a presença do som, porém, o zumbido pode afetar significativamente sua qualidade de vida.
Com 20.221 focos de calor registrados de 01 de janeiro a 24 de julho de 2024, os registros de fogo na Amazônia nos sete primeiros meses do ano já são o maior para o período desde 2005, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além de um recorde em quase 20 anos, o fogo registrado na Amazônia nos sete primeiros meses do ano teve um aumento de 43,2% em relação ao mesmo período de 2023 (14.116 focos de calor).
O especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, vê com especial atenção o mês de julho de 2024, que, a uma semana para o final do mês, já supera o total registrado em julho do ano passado: enquanto foram registrados 5.772 focos de calor de 01 a 31 de julho de 2023 na Amazônia, o período de 01 a 24 de julho deste já soma 6.732 focos.
“O registro de fogo até 24 de julho já superou o total observado para todo o mês de julho do ano passado. Além disso, somente nos últimos dois dias, 23 e 24, foram mais de mil focos de calor”, alerta Batista.
Nos dias 23 e 24 de julho, a Amazônia teve 1.318 focos de calor. Para se ter noção da quantidade de fogo, esses dois mesmos dias no ano passado registraram 671 focos, um aumento de 96%. Em 2022, tais dias tiveram 399 focos.
Rômulo lembra que, historicamente, é esperado um alto índice de desmatamento e queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo chamado “verão amazônico”, caracterizado pela diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo.
Saiba mais: “Verão amazônico”: entenda as origens do fenômeno e suas consequências
“Mas, considerando que ainda não chegamos ao fim de julho e que ainda temos mais três meses de verão amazônico, a situação do fogo e da seca é de extrema preocupação na Amazônia”, explica Batista. Parque Estadual Guajará-Mirim, em Rondônia, no dia 21 de julho. O local registra um terço dos focos de calor registrados em unidades de conservação na Amazônia este ano.
“A melhor forma de combater o fogo é evitar que ele comece, pois, uma vez começado, ele se alastra e forma grandes queimadas, como estamos vendo acontecer. A Amazônia precisa de um planejamento sistemático do bioma, que passa por continuar combatendo o desmatamento e atingir o Desmatamento zero o quanto antes, mas também precisamos atuar fortemente na prevenção, no manejo integrado do fogo e criar verdadeiros batalhões de combate a queimadas e incêndios de biomas naturais que sejam estruturados, bem pagos e equipados para esse combate. Locais com difícil acesso, como no Pantanal e na Amazônia, precisam que o Brasil invista em um esquadrão de combate ao fogo, inclusive com aviões de grande porte dando suporte a esse combate. Não adianta termos somente brigadistas em parte do ano na Amazônia”, completa o porta-voz. Múltiplos fatores
Vários fatores contribuíram para o aumento do fogo na Amazônia em 2024: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas e foi potencializada pelo fenômeno El Niño.
“Acabamos de passar pelo ano mais quente já registrado nos últimos 100 mil anos e em junho completamos 13 meses consecutivos de temperaturas recordes mensalmente. Quanto maior a temperatura, mais vulnerável a floresta e mais sujeita a queimadas ela está”, explica.
Batista também aponta que a paralisação dos servidores do Ibama, devido às justas reivindicações salariais e reestruturação de carreiras, pode gerar a sensação adicional de impunidade.
“Somado ao contexto atual de paralisação do Ibama, outro problema histórico é que não há rigor por parte dos governos para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos – não adianta apenas multar quem incendeia, é necessário fiscalizar se houve o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos. Essa leniência permite que o crime seja cometido com mais frequência, pela certeza da impunidade. É preciso empenho integrado entre o governo federal e os governos estaduais na fiscalização das queimadas no bioma”, diz Batista.