O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros e coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, Cláudio Falcão, disse ao site ac24horas que recebeu com temor a informação de que o governo da Bolívia fará intervenções com dragagens e construção de comportas no Rio Acre, em Cobija, cidade boliviana na fronteira com o Brasil através de Brasiléia, no interior do Acre. De acordo com Falcão, o uso de comportas no manancial pode afetar o ritmo das inundações nos municípios acreanos.
“Tudo que acontece lá no Peru, na Bolívia e nos outros municípios que estão acima de Rio Branco, acaba afetando diretamente a capital acreana porque nós somos um dos municípios mais impactados que tem em toda a Bacia do Rio Acre. Fechando as comportas, vai chegar uma hora que vai ter que abrir, e abrindo, pode dar problema em tudo o que está abaixo”, disse o coronel.
Como exemplo do que pode acontecer nos municípios banhados pelo Rio Acre, no Acre, com a implantação de comportas na Bolívia, o coordenador da Defesa Civil da capital lembrou a ocorrência da alagação histórica em Porto Velho no ano de 2014, a maior dos séculos XX e XXI. Autoridades reconheceram que a barragem da usina concentrou a força da água em uma única queda, aumentando a velocidade e o poder erosivo da água. “A hidrelétrica de Santo Antônio em Rondônia, por exemplo, já causou inundação em Porto Velho, porque a comporta vai segurar a quantidade de água necessária e depois vai ter que ir abrindo, e acaba tendo um impacto hidrológico bem grande para o que está abaixo. Enfim, não posso opinar maiores detalhes porque eu não conheço o projeto, de repente é um projeto que vai ajudar a eles lá e não vai prejudicar a gente, mas eu creio que é bem temeroso essa questão”, concluiu Falcão.
Piloto sobrevoando a Amazônia (Imagem: Reprodução/YouTube)
Por Feifiane Ramos, do ATUAL
MANAUS — O acidente de avião que causou a morte de duas pessoas em dezembro do ano passado em Manicoré (a 1.058 quilômetros de Manaus) gerou debate sobre os desafios e riscos enfrentados por pilotos que sobrevoam a Floresta Amazônica. A floresta densa e condições meteorológicas adversas causam desorientação e geram riscos à aviação, informou o Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), a densa vegetação compromete a identificação de pontos de referência no solo dificultando o voo visual, especialmente à noite, quando a floresta permanece em completa escuridão. Além disso, a frequente neblina matinal reduz significativamente a visibilidade. “À noite, a floresta é escura, aumentando a dificuldade de orientação”, diz o Decea.
A vegetação densa também impede pousos de emergência, enquanto o clima instável, com tempestades localizadas, adiciona camadas de complexidade à navegação.
Precauções
Em vídeos publicados no YouTube, o piloto Alves Tavares, relata a experiência e desafios que é sobrevoar na Amazônia. Em um dos vídeos, ele diz que está saindo de Tabatinga com destino para São Paulo de Olivença, que segundo ele, fica a 35 minutos de voo e cita que para “voar na Amazônia é preciso ter precações”.
“Tem muita umidade. Amazônia é muito úmida. A Amazônia você tem que tomar algumas preocupações para voar aqui. Geralmente, para quem não conhece a região, eu sempre indico fazer voo visual, na parte do dia, até meio-dia”, orienta o piloto, acrescentando que a maioria da Amazônia é de “regiões isoladas” onde só “há selva bruta”.
Alves Tavares reforça que viajar durante o dia, principalmente, antes do meio-dia, é a melhor opção para quem não conhece a região, pois assim o piloto tem melhor visão da área. Ele orienta também sempre olhar as condições meteorológicas.
Infraestrutura
A FAB cita também que não é incomum que aeródromos na região não possuam homologação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para operações noturnas devido à falta de infraestrutura, como balizamento de pista, iluminação adequada e instrumentos de auxílio à navegação.
“A ausência de infraestrutura básica limita as operações nos aeródromos”, destaca o Decea, que acrescenta que, em rota, a infraestrutura é mais robusta, com sistemas de radares, frequências de comunicação e auxílios à navegação que asseguram a continuidade dos serviços.
Altitude
O DECEA esclarece que, em áreas habitadas, a aeronave deve manter uma altura mínima de 300 metros acima do obstáculo mais alto em um raio de 600 metros. Em áreas não habitadas, como a Floresta Amazônica, essa altura pode ser reduzida para 150 metros acima do solo ou da água, salvo em situações de pouso ou decolagem.
Mesmo assim, o Decea, diz que a depender das condições climáticas e da densidade da floresta, as operações tornam-se mais desafiadoras em áreas remotas, onde os riscos são ampliados pela falta de infraestrutura de apoio e suporte logístico.
“Ressalta-se também que, ao voar sobre a Floresta Amazônica, os pilotos devem evitar depender exclusivamente de navegação visual, realizar operações noturnas em locais inadequados e voar sem planejamento adequado. Existem áreas na floresta que possuem mais riscos para as aeronaves, como as mais remotas e de difícil acesso, especialmente locais distantes de aeródromos ou infraestrutura de apoio”, cita.
Para melhorar a segurança dos voos na região, o Decea defende investimentos na infraestrutura aeroportuária e em tecnologia de navegação embarcada. Modernizar os equipamentos das aeronaves e garantir condições básicas de operação nos aeródromos locais são medidas que podem minimizar os desafios impostos pela floresta e pelo clima amazônico.
A complexidade da região exige planejamento meticuloso, infraestrutura adequada e tecnologias avançadas para a aviação continuar a operar de forma segura e eficiente sobre a maior floresta tropical do mundo.
O risco de incêndio na Amazônia é maior em regiões onde o armazenamento de água subterrânea está comprometido, principalmente se o El Niño estiver agravando a seca. Usando imagens de satélite e dados de queimadas, pesquisadores conseguiram demonstrar a relação entre o fenômeno climático e a propensão ao fogo, criando uma ferramenta que poderá, no futuro, auxiliar em ações preventivas.
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Os resultados do estudo, com base em informações de 2004 a 2016, revelam uma diminuição nas condições de umidade em três níveis – do solo superficial (sfsm), da zona das raízes das árvores (rtzsm) e das águas subterrâneas (gws), sendo este último o que apresenta maior severidade de aridez. São esses “reservatórios” que demoram mais para se recuperar quando afetados por secas consecutivas e extremas decorrentes do El Niño, um dos fenômenos climáticos de maior impacto na Terra.
Nas últimas décadas, incêndios florestais provocados pelo homem (antropogênicos) alteraram significativamente a dinâmica da vegetação na região amazônica. Essas atividades humanas são consideradas “ignições” para o fogo na floresta tropical, sendo que a escalada das queimadas está ligada às condições climáticas. A ilustração mostra o impacto do El Niño nos níveis de água subterrânea do solo superficial (sfsm), da zona das raízes das árvores (rtzsm) e das águas subterrâneas (gws), e a relação com o risco de incêndio. Imagem: Bruno Conicelli
Somente em 2024, o total de focos de incêndio registrado de janeiro a 20 de novembro na Amazônia é o maior desde 2010 – foram 132.211 em pouco menos de 11 meses, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com uma metodologia diferente da usada pelo Inpe, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que já foram queimados cerca de 128 mil km2 do bioma neste ano, o que corresponde ao território da Inglaterra.
“Resolvemos investigar o impacto da seca meteorológica e hidrológica dos incêndios na Amazônia com atenção no papel das águas subterrâneas e eventos do El Niño dentro do projeto Sacre, que tem foco maior em áreas urbanas, mas também olha para zonas rurais e florestas. E conseguimos demonstrar a relação”, comemora o professor Bruno Conicelli, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), autor correspondente da pesquisa.
Publicado na revista Science of the Total Environment, o artigo tem como coautor o pesquisador Ricardo Hirata, coordenador do “Sacre: Soluções Integradas de Água para Cidades Resilientes”. Um dos maiores projetos de pesquisa aplicada em recursos hídricos no Brasil, o Sacre tem como tema central as águas subterrâneas e o objetivo de reduzir a vulnerabilidade de cidades e do campo em crises associadas às mudanças climáticas globais. Recebe apoio da FAPESP por meio de um Projeto Temático. Base de dados
Para a caracterização da seca hidrológica, os pesquisadores utilizaram informações de satélite da missão GRACE, sigla em inglês para Gravity Recovery and Climate Experiment, que permite detectar o armazenamento de água terrestre integrando umidade do solo, água superficial e a subterrânea.
Cruzaram com dados sobre a gravidade da seca em cada local analisado. Com isso, conseguiram identificar áreas com menor concentração de umidade no nordeste da bacia amazônica, além de uma diminuição da umidade em direção ao leste.
As maiores áreas queimadas coincidiram com regiões que enfrentaram seca durante eventos extremos do El Niño, com um aumento entre 2015 e 2016. À época, o fenômeno foi considerado um dos três mais intensos já registrados (juntamente com 1982/83 e 1997/98). O de 2023/2024 está entre os cinco mais fortes, segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês).
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal da superfície do oceano Pacífico devido à diminuição da intensidade dos ventos alísios. Os padrões da circulação atmosférica sobre o Pacífico são alterados, com mudança também na distribuição de umidade e das temperaturas em várias partes do planeta. Relatórios internacionais apontam que haverá um crescimento na frequência e intensidade desse evento nas próximas décadas.
“Sabemos que as queimadas na Amazônia têm origem antrópica. No entanto, quando há o registro de um El Niño mais intenso, como ocorreu em 2016, que investigamos, e novamente em 2024, as secas meteorológicas e hidrológicas tornam-se mais severas na floresta. Nessas condições, a vegetação depende intensamente da água subterrânea para sobreviver. As árvores menores, com raízes menos profundas, são as primeiras a sofrer com a falta de água”, diz Conicelli, que foi orientador da primeira autora do artigo, Naomi Toledo.
Quando a pesquisa começou, ela era aluna de graduação da Universidad Regional Amazônica Ikiam, no Equador, onde Conicelli foi professor durante quatro anos.
Em agosto, um grupo internacional publicou o primeiro relatório State of Wildfires, mostrando que os incêndios na Amazônia Ocidental – que inclui Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia – entre março de 2023 e fevereiro de 2024 foram impulsionados por secas prolongadas ligadas ao El Niño. Aliadas às condições meteorológicas, as secas explicaram 68% desses incêndios, seguida da influência de ações antrópicas, como desmatamento, agricultura e fragmentação de paisagens naturais. Sistema de alerta
Com base no resultado do trabalho, o grupo desenvolve um índice de risco de incêndios adaptado à região amazônica, incluindo tanto indicadores meteorológicos (ligados às chuvas) quanto hidrológicos (água no solo, rios, aquíferos e outras reservas). O modelo pode ser aplicado em outros ecossistemas.
Ao demonstrar a interconexão entre as condições meteorológicas e hidrológicas e o agravamento dos incêndios florestais, os resultados podem contribuir com estratégias destinadas a mitigar o risco de queimadas e ações de prevenção. “Estudos como esses são importantes também para a conscientização do quanto a floresta fica vulnerável com eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes e intensos”, completa o pesquisador.
Segundo Conicelli, a expectativa é no futuro acrescentar dados coletados em campo para que o sistema sirva como um alerta quando as águas subterrâneas ficarem em níveis baixos.
As espécies mais comuns que aparecem incluem aranhas, escorpiões, lacraias, serpentes e outros animais, inclusive alguns venenosos, que são encontrados no meio de entulhos
Quando chega o período de chuvas mais intensas, conhecido como inverno amazônico, a incidência de acidentes com animais peçonhentos tende a aumentar em Rondônia. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO), esse fenômeno ocorre principalmente devido ao comportamento dos animais, que saem de seus habitats naturais em busca de abrigos mais secos e quentes, o que acende um alerta para a população.
As espécies mais comuns incluem aranhas, escorpiões, lacraias, serpentes e outros animais, inclusive alguns tipos venenosos, que são encontrados em quintais e terrenos que acumulam entulhos, como madeiras e tijolos. A Corporação orienta que medidas básicas podem ser fatores decisivos para evitar ataques que podem levar a casos mais graves.
O tenente BM José Feliciano dos Santos Filho, que atua nas ações de orientação e captura realizadas pelo CBMRO, destaca a necessidade de conscientização sobre os cuidados necessários neste período chuvoso no estado. “A prevenção é a chave para reduzir o número de acidentes, e estar atento aos sinais da presença desses animais com medidas simples pode salvar vidas. Além disso, o Corpo de Bombeiros realiza resgates, ações educativas e está à disposição para fornecer informações sobre locais de risco e como proceder em caso de acidentes”, explicou.
CUIDADOS EM CASA
Uma das principais orientações é a limpeza constante de ambientes domésticos e quintais
Um espaço limpo e organizado tem menos chances de abrigar animais peçonhentos. Por isso, é recomendado manter o quintal limpo e evitar o acúmulo de detritos, sempre utilizando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no momento da limpeza. Outra medida é vedar frestas em portas, janelas e buracos no piso, para proteger as aberturas ao redor e garantir que locais inapropriados da casa não sirvam de esconderijos para animais, como cobras e lacraias.
A população deve, ainda, revisar periodicamente áreas como porões, sótãos, banheiros e garagens. A presença de aranhas, por exemplo, é comum nesses locais, especialmente as mais venenosas, que podem causar sérios problemas de saúde se não tratadas rapidamente. Já os escorpiões, frequentemente encontrados em áreas de pouca circulação, também são uma preocupação durante o inverno, pois se deslocam em busca de calor e umidade.
EM CASOS DE ACIDENTES
Medidas básicas podem ser fatores decisivos para evitar ataques que podem levar a casos mais graves
Em caso de ataque de um animal peçonhento, como uma mordida de serpente, picada de escorpião ou aranha, é essencial procurar atendimento médico de emergência imediatamente. O estado de Rondônia conta com unidades especializadas e multiprofissionais, como o Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cementron), que oferece atendimento de urgência, acompanhamento de casos de envenenamento e avaliação adequada ao tratamento de vítimas.
O tenente BM José Feliciano, ressalta ainda que, em algumas situações, o animal pode ser capturado e devolvido ao seu habitat natural, o que também ajuda a evitar futuros acidentes. “Caso algum desses animais seja encontrado dentro ou perto de casa, é importante manter a calma e evitar o contato direto. O responsável pelo local deve entrar em contato com o 193, que fará o resgate do animal, além de prestar as orientações necessárias. A colaboração da sociedade é decisiva para minimizar eventuais acidentes e preservar a saúde e segurança de todos”, orientou.
OUTROS CANAIS DE INFORMAÇÃO
Além do 193, o cidadão também pode contatar outros canais de comunicação disponíveis para garantir atendimento rápido e adequado. Podem ser acionados os seguintes números de emergência: 190 (Polícia Militar do Estado de Rondônia), 192 (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU). O Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop) registra a ocorrência e coordena as triagens e, dependendo da gravidade do caso, a pessoa pode ser encaminhada ao Cemetron.
Pedestre caminha em meio a temporal em SP; Inmet emitiu dois alertas para chuvas intensas nesta segunda-feira (13) – Foto: Reprodução
Nesta segunda-feira (13), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu dois alertas para chuvas intensas, abrangendo 23 estados e o Distrito Federal. Os avisos são classificados como “Perigo Potencial” (nível amarelo) e “Perigo” (nível laranja), com previsão de fortes precipitações e ventos intensos. Enquanto isso, a região Sul terá clima estável, sem previsão de instabilidades.
Os estados afetados pelo alerta incluem Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Para essas áreas, as chuvas podem variar entre 30 e 60 mm/h, com ventos de até 100 km/h, segundo o Inmet.
A recomendação é evitar abrigos sob árvores devido ao risco de quedas e descargas elétricas, além de não estacionar veículos próximos a torres ou placas. O alerta amarelo indica ventos intensos e possibilidade de alagamentos pontuais, enquanto o alerta laranja reforça a necessidade de atenção redobrada nas áreas com maior intensidade de chuvas e ventos.