Brasil : 'Amazônia fornece uma atmosfera limpa para o mundo inteiro', diz presidente italiano
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Enviado por alexandre em 18/07/2024 15:02:51 |
Sergio Mattarella cumpre agenda no Brasil e destaca importância da COP 30 ser realizada em Belém no ano que vem O presidente da Itália, Sergio Mattarella, disse que “o mundo tem uma dívida para com o Brasil” por causa da Amazônia. “A Amazônia fornece uma atmosfera limpa para o mundo inteiro”. Mattarella veio ao Brasil em meio às comemorações dos 150 anos do início da imigração italiana ao Brasil. Essa é a primeira visita de Estado de um presidente italiano ao país em 24 anos. O presidente também falou que os italianos amam os brasileiros e que, assim que chegou ao Brasil, teve a sensação, “embora fosse a primeira vez, de visitar lugares que eu já conhecia”. “Há muitas afinidades entre os dois países. Não tem como os italianos não se sentirem em casa no Brasil e os brasileiros, na Itália”. Veja também Amazonas deve enfrentar seca mais severa em 2024 Corpo de Bombeiros realiza instrução prática de resgate em área de selva para 200 alunos soldados Em São Paulo, ele visitou instalações ligadas à imigração italiana na Capital Paulista e conheceu o tradicional “Circolo Italiano” no centro da cidade e conversou com a CNN. LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA O senhor é o primeiro presidente italiano a fazer uma visita de Estado ao Brasil em 24 anos. Na reunião com o presidente Lula, o senhor assinou acordos de cooperação. O que o senhor pode nos falar sobre esses acordos e como eles aproximarão ainda mais a relação entre Brasil e Itália? Eu estou muito feliz de estar no Brasil depois de 24 anos da última visita de um presidente italiano. Esse ano de 2024 representa um ano, particularmente, significativo. É um ano que são celebrados os 150 anos da imigração da Itália para o Brasil e que depois foi muito ampliada. Também são celebrados os 80 anos da presença na Itália da Força Expedicionária Brasileira, que lutou com os aliados contra o fascismo e o nazismo e ajudou a libertar o país enviando muitos jovens brasileiros. E, por isso, eu continuo expressando a gratidão da Itália. 2024 marca também uma coincidência: a presidência do Brasil no G20 e a Itália na presidência do G7. Por isso, é um ano, particularmente, participativo. Com o presidente Lula, assinamos alguns acordos de cooperação que vão se juntar aos muitos outros acordos entre os nossos países. São acordos que abrangem vários âmbitos em diversos setores. Um, por exemplo, tem a ver com a vida social dos cidadãos italianos e brasileiros. O reconhecimento mútuo da carteira de motorista, o que vai tornar mais fácil a vida dos nossos cidadãos que moram na Itália e no Brasil. Há, também, acordos sobre avanços tecnológicos, há também protocolo de entendimento entre algumas universidades. Enfim, os acordos são muitos e todos eles se inserem nesse quadro de grande amizade que existe entre os dois países. O Brasil ocupa, neste momento, a presidência do G20 enquanto a Itália preside o G7. Como a relação bilateral entre esses países pode colaborar para o crescimento econômico de ambos nos seus blocos econômicos? Há a possibilidade de Brasil e Itália trabalharem juntos para estabelecer o acordo entre União Europeia e Mercosul? Entre a presidência do G20 e a presidência do G7, de fato, há muitas coincidências sobre os temas que são destaques e de relevância mundial. Existem alguns temas que parecem temas “gêmeos” como, por exemplo, alguns tratados que estão sendo tratados tanto no G20 como no G7. Mencionando alguns deles, por exemplo, a mudança climática –que é extremamente importante para garantir um futuro mais saudável e próspero para as próximas gerações –, o combate à fome, e a atenção com a inteligência artificial, que é um tema extremamente importante. Por que eu digo que são tão importantes que alguns desses temas de destaques sejam coincidentes nesse momento? Pois é só assim que poderão garantir que outros países se interessem e assumam a responsabilidade sobre esses temas. O Brasil e a Itália com certeza estão no centro das atenções internacionais nesse momento. Com certeza, estão sendo tratados e discutidos os temas importantes para o futuro da comunidade internacional. Em relação ao acordo entre União Europeia e Mercosul, eu considero que seja absolutamente inevitável. Pois a integração intercontinental é fundamental para garantir segurança, crescimento, desenvolvimento para todas as partes. Quando foi constituída a União Europeia, ao longo desses anos todos, todos os países se beneficiaram. Foi uma ajuda mútua. Então essa integração entre continentes é importantíssima. No caso de um acordo entre União Europeia e Mercosul, com certeza, os benefícios seriam tanto para os países do Mercosul, assim como os da União Europeia. Essa rede poderia, inclusive, favorecer a paz no mundo. Na reunião com o presidente Lula, os senhores também trataram sobre transição energética. De que forma Brasil e Itália podem trabalhar juntos para incentivar a produção de energia limpa nos dois países? Com certeza, o tema da energia limpa e da transição energética são temas fundamentais que estão dentro das agendas do G20 e G7. É tratado, obviamente, dentro da colaboração entre Brasil e Itália. Ambas as nações, de fato, já colaboram nesse sentido. A energia limpa interessa muito aos países. O que a Itália e a Europa em geral espera da COP30 que vai acontecer em Belém, aqui no Brasil, em 2025? Com a COP30, que acontecerá em Belém, o Brasil vai lançar dois recados importantes. O primeiro, é com certeza, a importância da atenção e o cuidado com a preservação da natureza. Precisamos lembrar que as gerações futuras terão o direito de viver em um ambiente mais limpo e saudável. O segundo recado é que o Brasil, sediando a COP30 na Amazônia. vai chamar a atenção sobre o fato de que a Amazônia fornece uma atmosfera limpa para o mundo inteiro. O mundo não pode esquecer que tem uma dívida para com o Brasil por esse motivo. Tem outra coisa, Brasil e Itália esperam do mundo, inclusive depois da COP29 de Baku, compromissos mais concretos e que ao longo dos últimos anos, infelizmente, não foram adotados de formas tão firmes. Qual seu sentimento em relação ao Brasil? O charme, esse fascínio que os italianos percebem no Brasil é, de fato, reconhecido e é enorme. A cultura brasileira, a música brasileira, esse desenvolvimento da arte que foi criado, meio que em conjunto, entre artistas brasileiros e italianos.
Eu mesmo conheço muitos casos! Assim que eu cheguei no Brasil, eu tive a sensação, embora fosse a primeira vez, de visitar lugares que eu já conhecia. Há muitas afinidades entre os dois países. Não tem como os italianos não se sentirem em casa no Brasil e os brasileiros na Itália. O senhor poderia mandar uma mensagem aos brasileiros? Os italianos querem muito bem os brasileiros. Amam os brasileiros. LEIA MAIS |
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Brasil : Vai plantar uma árvore? Saiba quais são os riscos do plantio próximo à rede de energia
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Enviado por alexandre em 18/07/2024 14:57:00 |
Já em áreas privadas, cabe ao proprietário, responsável pelo imóvel ou condomínio, contratar um profissional para isso. A Energisa só realiza o serviço de podas quando os galhos tocam ou estão muito próximos aos cabos de energia. Os galhos podem entrar em contato com a rede e provocar curtos-circuitos, rompimento de cabos, interrupção do fornecimento de energia e até mesmo energizar a árvore. Além de embelezarem ruas e quintais, as árvores também são importantes aliadas no conforto térmico. Mas, antes do plantio, é importante se atentar a alguns detalhes. Galhos de árvores próximos à rede elétrica podem provocar acidentes e a interrupção do fornecimento de energia elétrica. O supervisor de meio ambiente da Energisa Rondônia, José Meireles Carratte, explica que os serviços de manutenção no espaço público são de responsabilidade das prefeituras, conforme a legislação vigente. Já em áreas privadas, cabe ao proprietário, responsável pelo imóvel ou condomínio, contratar um profissional para isso. A Energisa só realiza o serviço de podas quando os galhos tocam ou estão muito próximos aos cabos de energia. “A vegetação quando está sob a rede traz riscos. Os galhos podem entrar em contato com a rede e provocar curtos-circuitos, rompimento de cabos, interrupção do fornecimento de energia e até mesmo energizar a árvore, elevando os riscos e expondo mais pessoas a perigos. Em dias de chuva e ventania, é ainda mais perigoso”, pontua Carratte. Confira algumas orientações que devem ser seguidas antes de plantar uma árvore: -Não plante árvores próximo ou embaixo de redes previamente instaladas; -Escolha plantas e árvores que não cresçam muito no seu jardim; -Na área rural, respeite a faixa de servidão da rede elétrica, devendo ter uma distância mínima de segurança de 10 metros em relação ao traçado da rede. -Redobre o cuidado ao subir em árvores ou utilizar varas e barras metálicas para tentar cortar galhos ou até mesmo colher frutos; -Não faça podas de árvores que estiverem próximas ou em contato com a rede elétrica, pois os galhos podem tocar os fios e energizar a árvore. Nesses casos entre em contato com a Energisa. -Em propriedades particulares, a responsabilidade da poda é do dono do imóvel. Caso a árvore esteja próxima à rede, o cliente deve entrar em contato com a Energisa e solicitar o desligamento da rede para que o serviço seja realizado com segurança pelo profissional contratado. Em casos de galhos na rede, a população pode entrar com a Energisa por meio dos contatos: WhatsApp (Gisa): https://gisa.energisa.com.br/ Aplicativo Energisa On (disponível no Google Play ou App Store do celular) Call Center: 0800 647 0120 : |
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Brasil : Incêndios florestais no Governo Lula: O pior cenário em anos e o silêncio dos artistas que antes reclamavam
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Enviado por alexandre em 18/07/2024 00:27:43 |
Nos primeiros seis meses de 2024, o Brasil enfrentou um cenário devastador no que diz respeito aos incêndios florestais. Com um total de 4,48 milhões de hectares consumidos pelas chamas, o governo Lula registra um dos piores períodos de queimadas na história recente do país. Este número impressionante equivale a queimar uma área equivalente à cidade do Rio de Janeiro a cada 4,9 dias, segundo dados do levantamento Monitor do Fogo, do MapBiomas. Aumento Drástico das Queimadas O aumento de 529% nas queimadas em comparação com anos anteriores expõe a gravidade da situação sob a atual administração. A Amazônia foi o bioma mais afetado, com 2,97 milhões de hectares queimados, representando 66% de toda a área consumida no Brasil. Em seguida, o Cerrado registrou 947 mil hectares destruídos pelo fogo, um aumento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado. No Pantanal, a situação é igualmente alarmante. Em apenas seis meses, 468 mil hectares foram devastados, com 79% dessa área queimada somente em junho. O bioma ainda enfrenta uma seca histórica, a mais severa em 70 anos, segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o que agrava ainda mais o risco de incêndios. O Silêncio dos Autores e Compositores Enquanto o país arde, chama atenção o silêncio de figuras públicas que, em outros tempos, se mostravam vocalmente críticas a questões ambientais. Autores e compositores, que frequentemente utilizam sua arte para abordar problemas sociais e ecológicos, parecem ausentes no debate sobre as queimadas que assolam o Brasil sob o governo Lula. Essa omissão contrasta com períodos anteriores, onde a classe artística se manifestou fortemente contra a destruição ambiental. Falta de Ações Eficazes Eduardo Rosa, coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas, enfatiza a necessidade de estratégias mais robustas e integradas para prevenir e combater o fogo. Entre as ações sugeridas estão o manejo integrado do fogo, queimadas controladas, aceiros, monitoramento e detecção precoce, educação ambiental, sensibilização social e capacitação de brigadas. No entanto, a implementação dessas medidas parece insuficiente frente à magnitude do problema atual. Outras Regiões Atingidas Além dos biomas mencionados, a Mata Atlântica, a Caatinga e o Pampa também enfrentaram incêndios significativos. A Mata Atlântica teve 73 mil hectares queimados, enquanto o Pampa registrou 1.145 hectares, o menor valor dos últimos seis anos. Na Caatinga, a situação é ainda mais preocupante, com um aumento considerável de queimadas, totalizando 16.229 hectares. Compartilhe isso: |
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Brasil : Mapa confirma novo foco de monilíase do cacaueiro no AM e adota medidas para conter a praga
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Enviado por alexandre em 17/07/2024 09:52:48 |
A doença atinge somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos de danos à saúde humana
Monilíase do Cacaueiro (Moniliopthora roreri) O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que confirmou, no dia 2 de julho, a ocorrência de um novo foco de monilíase do cacaueiro (Moniliophthora roreri) no município de Urucurituba, no Amazonas. A suspeita de ocorrência da praga foi verificada no dia 24 de junho durante ações de vigilância fitossanitária conduzidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), e confirmada por meio de análise laboratorial realizada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia (LFDA/GO). Medidas emergenciais foram discutidas e implementadas em conjunto com autoridades locais, antes mesmo da confirmação oficial da doença. “Procedemos com a interdição imediata da propriedade afetada para evitar qualquer propagação da praga, implementamos técnicas de erradicação para eliminar a monilíase na propriedade foco e proibimos o trânsito de frutos e amêndoas do município afetado para outras regiões”, relata a diretora do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da SDA, Edilene Cambraia. Ainda com objetivo de evitar a dispersão da praga para as áreas que ainda não tem presença da doença, foram aumentadas as fiscalizações do trânsito de materiais vegetais (frutos, plantas) hospedeiros da monilíase. “Aumentamos a fiscalização sobre o trânsito de vegetais e iniciamos campanhas de conscientização e treinamento em Urucurituba e em 10 municípios vizinhos entre Itacoatiara e Parintins na divisa com o Pará, maior produtor de cacau do país, que estão em plena execução”, acrescentou Edilene. Outra ação coordenada pelo Mapa para reforçar a vigilância e o controle fitossanitário é a prorrogação da declaração de emergência fitossanitária para os estados do Acre, Rondônia, Amazonas e inclusão do estado do Pará em virtude do aumento do risco fitossanitário. Também já foi encaminhado ao governo do Amazonas o pedido de restrição da emissão de notas fiscais interestaduais de amêndoas de cacau provenientes do estado. A monilíase é uma doença que afeta plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), causando perdas na produção e uma elevação nos custos devido à necessidade de medidas adicionais de manejo e aplicação de fungicidas para o controle da praga. Devido ao seu potencial de danos, o Mapa alerta que é fundamental a notificação imediata de quaisquer suspeitas de ocorrência da praga nas demais regiões do país às autoridades fitossanitárias locais. A doença atinge somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos de danos à saúde humana. Focos O primeiro foco da praga no Brasil foi identificado em julho de 2021 em área residencial urbana no município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Em novembro de 2022, o segundo foco foi detectado no município de Tabatinga, no estado do Amazonas, dessa vez, em comunidades rurais ribeirinhas. Ambos os estados se encontram sob ações permanentes de controle, com vistas à sua erradicação. Na América do Sul, a praga já se encontra presente no Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru.
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Brasil : Aquecimento da água na Amazônia é generalizado, alertam pesquisadores
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Enviado por alexandre em 17/07/2024 09:50:00 |
Temperatura da superfície de lagos na região central do bioma tem aumentado 0,6 ºC por década, aponta estudo apresentado durante o evento em Belém
As águas dos lagos na Amazônia vêm esquentando nas últimas décadas em escala sem precedentes, apontam estudos conduzidos por pesquisadores do Instituto Mamirauá em Tefé, no Amazonas. Por meio da análise de dados sobre a temperatura da superfície da água obtidos por satélites, pesquisadores da entidade, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), têm constatado tendência de aumento de 0,6 graus Celsius (ºC) por década em 25 lagos da Amazônia central e atribuem esse aquecimento às mudanças climáticas. Resultados preliminares do estudo, em revisão, foram apresentados em uma mesa-redonda sobre a hidrografia, os aquíferos, as secas e enchentes na Amazônia, realizada na quinta-feira (11/07), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento terminou sábado (13/07), no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. “O aquecimento [das águas amazônicas] é generalizado. Desde 1990 observamos uma tendência média de aquecimento de 0,6 ºC por década dos lagos amazônicos. É um aumento muito expressivo. Não houve um lago que não apresentasse uma tendência significativa. Todos estão aquecendo”, disse Ayan Fleischmann, coordenador do estudo. De acordo com o pesquisador, o pico foi atingido na seca extrema de 2023, quando a temperatura da água do lago Tefé, medida ao longo de toda a coluna d’água, a 2 metros (m) de profundidade, atingiu mais de 40 ºC. Essa temperatura, sem precedentes, causou a morte de 209 botos em um mês, a maior parte deles botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e alguns tucuxi (Sotalia fluviatilis), contou o pesquisador, que integrou uma força-tarefa para identificar as causas da mortandade dos animais. “Especialistas da área de mamíferos aquáticos comentam que, se a gente encontra três carcaças de botos em algumas semanas, já é um alerta vermelho. Agora, 70 animais mortos em um dia [como aconteceu em 28 de setembro de 2023], é uma tragédia. Peixe morrer em uma seca extrema é muito comum na Amazônia, mas boto morrer nessa proporção ninguém tinha visto. A grande pergunta era o que estava acontecendo”, relatou Fleischmann. A fim de encontrar uma resposta, foi desencadeada a Operação Emergência Botos Tefé, coordenada pelo Instituto Mamirauá e com a participação de dezenas de instituições do país e do exterior. Os pesquisadores constataram que a causa da morte dos animais foi hipertermia, causada por uma combinação catastrófica. Durante a seca de 2023, a Amazônia registrou recorde de dias seguidos sem nuvem, o que é raro na região. Sem a cobertura das nuvens, aumentou a radiação solar no lago que, devido à seca, estava muito raso e, consequentemente, mais fácil de aquecer. Além disso, as águas estavam turvas, o que facilitou o aquecimento. Esse quadro resultou em picos de temperatura de mais de 40 ºC em toda a coluna d’água do lago Tefé, explicou Fleischmann. “Medimos 40 ºC, 41 ºC em 1 a 2 m de profundidade. Isso é muita coisa”, afirmou. De acordo com o pesquisador, é sabido que lagos na Amazônia podem atingir temperaturas extremas na superfície. Limnólogos que trabalham há décadas na região já mediram temperaturas variáveis entre 37 ºC e 40 ºC. Quando o nível da água baixa 30 centímetros, por exemplo, a temperatura cai rapidamente para entre 30 ºC e 35 ºC. Na seca de 2023 na Amazônia, contudo, a temperatura da superfície do lago Tefé permaneceu no patamar de 40 ºC e não havia refúgio térmico para os animais. “Os botos que ficaram ali infelizmente vieram a óbito. E não só a temperatura foi extrema, mas a variação diária também. Chegou a ter 13 ºC de variação da temperatura ao longo do dia”, relatou Fleischmann. A variação, combinada com o calor e o lago muito raso, fez com que os animais perdessem e ganhassem calor alternadamente de forma muito rápida. “Essa amplitude de temperatura é muito estressante para o animal, que atinge não só o limite de temperatura máxima, mas também de amplitude diária”, explicou. Ações de adaptação Após o registro do pico de temperatura no lago Tefé, os pesquisadores estabeleceram, entre setembro e outubro de 2023, uma rede de monitoramento emergencial para tentar medir a temperatura da água em diversos lagos da Amazônia central. Os resultados das análises dos dados indicaram que mais da metade dos 10 lagos incluídos no mapeamento registraram temperatura superior a 37 ºC. “Houve um aquecimento generalizado [durante o período da seca de 2023] e isso foi comprovado depois, quando olhamos para os dados de satélite. Hoje conseguimos estimar [in loco] a temperatura da água da superfície com alguma incerteza e é possível confirmar com dados de satélite”, afirmou Fleischmann. O pesquisador alerta que esse aquecimento generalizado da superfície dos lagos da Amazônia representa um risco real para os ecossistemas aquáticos e para as pessoas que vivem no bioma, principalmente as comunidades ribeirinhas que dependem do rio para o transporte e acesso a serviços essenciais. “Foi uma verdadeira catástrofe humanitária o que aconteceu na Amazônia na seca de 2023. Não só as comunidades ribeirinhas, mas áreas urbanas em tributários do rio Amazonas e, especialmente, cidades que ficam em rios menores também ficaram muito isoladas”, contou. Uma vez que esse tipo de evento climático extremo tende a acontecer com maior frequência e intensidade, é preciso criar urgentemente programas de acesso à água na Amazônia, avaliou o pesquisador. “Não é porque estamos na beira do maior rio do mundo que o acesso à água de qualidade para o consumo é garantido”, ponderou. Algumas das ações de adaptação que precisam ser implementadas na região são a construção de cisternas para a captação de água da chuva e de poços mais profundos, especialmente para comunidades em terra firme, além da distribuição de kits de tratamento emergencial da água e ampliação da cobertura de tratamento de esgoto na região. “As pessoas não tinham água da chuva para beber durante a seca porque não tinham capacidade de armazenar. Elas tiveram de tomar água direto do rio, que estava extremamente barrenta e imprópria para o consumo”, contou. Segundo cálculos dos pesquisadores, mesmo durante a seca de 2023 teria sido possível armazenar água de chuva em volume suficiente para atender às necessidades básicas de uma família com cinco integrantes se houvesse cisternas e poços disponíveis. Em agosto de 2023, o mês mais seco no médio Solimões, o volume pluvial na região chegou a 50 milímetros. Essa quantidade de chuva, se armazenada em uma cisterna, pode gerar 2 mil litros de água, estimaram os cientistas. “Esse volume captado resultaria em 16 litros de água por dia por pessoa para uma casa com cinco integrantes. Isso é suficiente para atender, pelo menos, à necessidade de uso básico e está acima do recomendado pelas organizações internacionais para o acesso de água durante crises”, afirmou Fleischmann. Mais informações sobre a 76ª Reunião Anual da SBPC aqui. |
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