Ainda na infância, aprendemos a cuidar da natureza para preservar o meio ambiente. Estudamos o tema na escola, ouvimos nossos pais falando a respeito e assistimos a filmes sobre o assunto. ‘Wall-E‘ mostra que, se não cuidarmos do planeta, ele ficará inabitável. Em ‘O Lorax‘ aprendemos a importância da natureza para os seres humanos, enquanto ‘Os Sem-Floresta‘, figurinha repetida no horário da tarde nos canais da TV aberta, retrata a expansão da área urbana e a degradação ambiental.
Mas, na idade adulta, percebe-se que a vida não é tão simples assim e que os problemas ambientais nas áreas urbanas no Brasil surgiram ainda na época que o país era colônia da Coroa portuguesa. Após algumas centenas de anos, a onda de colonização da Amazônia, incentivada pelo governo brasileiro, causou desmatamento e mudanças no uso da terra. Esses processos ignoraram a adaptação milenar da população nativa ao bioma, baseando-se em referências externas.
Dessa forma, as ações do passado impactaram diretamente o presente. Assim como nos filmes, tais ações afetaram os modelos de urbanização, o meio ambiente e, especialmente, a população amazônica. As cidades, vilas e comunidades sofrem com a crise climática, o que tem demandado uma revisão completa de paradigmas. Mas, se a sociobiodiversidade for ativada, será possível imaginar novas possibilidades e soluções, além de descobrir que o paradoxo entre urbanização e conservação de rios e florestas pode ser falso.
O projeto ‘Caracterização do Periurbano Estendido Amazônico: contribuições de espaços que resistem e preservam a floresta para o enfrentamento da crise ecológica da urbanização‘ busca trazer olhares múltiplos, que convergem para a compreensão de que a Amazônia é um território que sempre foi povoado, apesar de, por muito tempo, ter sido visto como a terra a ser conquistada e explorada.
O projeto é coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso (FAU/ITEC) e conta com a participação de estudantes e pesquisadores(as) vinculados(as) à UFPA e à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e colaboração de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). As estratégias para combater o racismo ambiental
Um dos termos tratados pelo projeto é o racismo ambiental institucionalizado, uma vez que políticas públicas ignoram os conhecimentos e as necessidades das populações locais da Amazônia, impondo soluções que beneficiam empreendimentos externos. Assim, comunidades indígenas e tradicionais são frequentemente afetadas por políticas e práticas ambientais excludentes, que desvalorizam seus conhecimentos e modos de vida, reforçando desigualdades e privando essas populações dos processos de decisão.
Como podemos evitar que isso ocorra? A sociobiodiversidade é uma solução. O projeto coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso tem como pilar principal fortalecer e destacar a sociobiodiversidade da região por meio da criação de um repertório urbano-natural. Isso significa buscar a valorização e a integração da diversidade social e biológica local, unindo aspectos urbanos e naturais.
O projeto entende a natureza como um meio para promover novos valores em diferentes áreas, sejam técnicas, sociais ou econômicas, reconhecendo-a como base para ações inovadoras e gerando impacto positivo na sociedade.
“Estamos estudando as espacialidades de grupos ribeirinhos para mostrar como é possível combinar assentamentos humanos e preservação de rios e matas. Isto poderá auxiliar a criação de instrumentos para o ordenamento territorial ou de controle urbanístico compatíveis com as necessidades da nossa população, além de orientar a adaptação à crise climática”, afirma a professora Ana Cláudia.
As cidades na Amazônia estão crescendo rapidamente, pois a terra passou a ser vista como investimento. Mineração, monocultivo e empreendimentos imobiliários invadem áreas onde vivem os povos da floresta e destroem, inclusive, a própria floresta. A expansão das cidades é dirigida para investidores, expulsando a população que habitava e produzia no local e deixando-a vulnerável.
É preciso reconhecer a diversidade do Brasil e encontrar soluções que beneficiem as pessoas, e não apenas os negócios. O projeto tem contribuído com mapas e reflexões sobre como a cidade pode destacar as qualidades da floresta.
“É comum proporem educação ambiental para quem vive em áreas periurbanas, o que é uma bobagem. Quem já vive nessas áreas sabe muito bem como interagir com o meio ambiente; quem chega depois é quem promove os maiores desequilíbrios. É na cidade que precisamos falar sobre a importância de rios e matas. São os portadores desses conhecimentos que nos ajudarão a dar um salto para a vanguarda dos processos de integração entre assentamentos humanos e a floresta tropical”, explica a docente. Evento é oportunidade para apresentar resultados
Pesquisar sobre o clima e os animais na Amazônia é tão importante quanto conhecer como vivem as pessoas da região. Com esse propósito, o Projeto coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso estará presente na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o evento que reúne pesquisadores e autoridades de diversas áreas.
“Vamos oferecer minicursos, entre eles o que apresentará o Igarapé Sapucajuba como um laboratório interdisciplinar para a construção de uma nova perspectiva da várzea inserida na cidade. Estaremos com o INPE na SBPC Jovem, em uma exposição que adotará parte do material que já produzimos”, anuncia a professora, “e estaremos no stand do Centro Integrado de Sociodiversidade Amazônica, projeto coordenado pela UFPA, que articula as universidades federais da região Norte em rede, para investigar a Amazônia, a partir dela mesma”.
Para Ana Cláudia Cardoso, as expectativas para o evento e para mostrar o potencial da Universidade estão altas: “espero rever amigos, celebrar o protagonismo na UFPA na organização e mostrar que somos uma Universidade excelente em quesitos que ainda nem são considerados em outros contextos, tais como a inclusão social e o respeito à diferença”.
Sobre a pesquisa: O projeto ‘Caracterização do Periurbano Estendido Amazônico: Contribuições de Espaços que Resistem e Preservam a Floresta para o Enfrentamento da Crise Ecológica da Urbanização‘, coordenado pela professora Ana Cláudia Cardoso (FAU/ITEC), tem feito intensos debates em um processo de troca de ideias que se tornou uma característica do grupo, comparando modelos matemáticos, conceituais e dados empíricos sobre a Amazônia urbana.
Não é uma questão de polícia. Promessas de ações ostensivas vêm se esvaziando com o tempo face à inépcia das ações dos órgãos responsáveis pela proteção do meio ambiente nos mais importantes biomas brasileiros. Pantanal, desde junho, e de julho em diante a Amazônia, haverão de registrar taxas recordes de incêndios. Há de se questionar: quais as ações específicas em curso de tantos ministérios criados para cuidar da gente e da nossa biodiversidade? Ministérios há, e muitos: Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Integração e Desenvolvimento Regional, das Cidades, Agricultura e Pecuária, Meio Ambiente e Mudança do Clima, Igualdade Racial, Pesca e Aquicultura, dentre outros dotados de funções mais abrangentes. O que se observa de concreto, contudo, é uma tempestade de promessas populistas e ineficazes desvinculadas da realidade local.
Especialistas atribuem o fenômeno a recorrentes falhas de prevenção de queimadas do governo federal, que já havia sido alvo de críticas em 2023 por causa do avanço de severos incêndios lá e cá na Amazônia. O planejamento do Ministério do Meio Ambiente é completamente, além de deslocado de suas características autóctones, agravado por histórica insuficiência de recursos humanos nos órgãos responsáveis pelo zelo do meio ambiente. Anúncio da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) dá conta de que servidores federais do setor (Ibama, ICMBio, Serviço Florestal Brasileiro e do próprio MMA) encontram-se em estado de greve desde junho passado. Em tais circunstância, sem planejamento e sem pessoal como efetiva e eficazmente cuidar dessas joias geopolíticas e do conjunto dos ecossistemas dessas regiões?
Estudos da internacionalmente respeitada Nature Conservancy observam que “além de nos fornecer água e alimentos necessários para a nossa sobrevivência, o meio ambiente também é a fonte de matéria-prima para todas as atividades econômicas. Por isso, alterações no clima ou impactos ambientais afetam diretamente a disponibilidade e o preço dos mais variados produtos, e também os rendimentos de toda a cadeia de produção, típicos da agropecuária, totalmente dependente do clima e, por isso, sensível às mudanças climáticas”. Em 2023, o Brasil ficou em quarto lugar na lista de países que tiveram as maiores perdas econômicas associadas a eventos climáticos extremos. A Nature salienta que “93% dos municípios brasileiros registraram episódios de calamidade pública e só com reconstrução de habitações destruídas já foram gastos mais de US$ 5 bilhões nos últimos dez anos”.
Editorial do Estado de S. Paulo questiona que, entre as muitas lições deixadas pelas tragédias sem precedentes provocadas pelas queimadas, a pior estiagem da história ocorrida na Amazônia e as inundações do RGS, “uma tem tudo a ver com a natureza da gestão pública, em qualquer área: não basta apenas dinheiro para reagir a um desastre, é preciso que gestores públicos tenham capacidade de estruturar e apresentar projetos aptos a receberem os recursos”. Não basta fazer planos, é preciso implementar suas diretrizes e ter capacidade de avaliar e atualizá-los em tempo hábil. Na realidade, afirma o editorial, “tanto o Pantanal quanto a Amazônia continuam sendo um grande desafio para sucessivos governos brasileiros, que têm-se mostrado incompetentes de equacionar soluções eficazes”.
Efetivamente, ambos os biomas só estarão plenamente protegidos com o desenvolvimento. Os desafios são gigantescos. Não basta prender e confiscar propriedades, rebanhos e balsas de mineração; avulta, do atual quadro socioeconômico da região, a necessidade de definir políticas públicas e marcos regulatórios (ZEE, regularização fundiária, pesquisa e desenvolvimento) orientadoras de atividades preconizadas, todas, desde que regulamentadas, e exercidas sustentavelmente, do maior interesse para o crescimento econômico do país.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
Aumentar a produtividade na criação de tambaquis em até seis vezes, em comparação com os atuais modelos de piscicultura, e ao mesmo tempo, alavancar a produção de alimentos no Amazonas de modo sustentável e ambientalmente responsável, reduzindo custos, consumo de água e sem a necessidade de derrubar nenhuma árvore.
Estes são os objetivos da pesquisa inovadora realizada pela Universidade Nilton Lins, por meio de seu Programa de Pós-Graduação em Aquicultura, e que esta semana inaugurou sua unidade experimental no campus da instituição no Parque das Laranjeiras, zona Centro-sul de Manaus, visando o desenvolvimento de um sistema integrado e simultâneo para criação de peixes e hortaliças em um único ambiente aquático.
Coordenado pelos professores Lucas Pedro Gonçalves Junior e Juliana Tomomi Kojima, do curso de Mestrado e Doutorado em Aquicultura da Universidade Nilton Lins/INPA, a pesquisa é voltada especialmente para pequenos produtores e agricultores familiares do estado e na unidade serão testados e avaliados diferentes modelos de produção visando adaptar-se à realidade amazônica.
“Nosso desafio neste primeiro momento é desenvolver, na prática, um ambiente ideal elaborado nos estudos teóricos, que seja propício tanto para os peixes quanto para as plantas. Dessa forma, esperamos melhorar a produtividade pela qualidade da água dentro do sistema alternativo de aquaponia e permitir que os pequenos produtores tenham duas fontes de renda”, destacou Lucas. Fotos: Divulgação
Na etapa inicial dos trabalhos em campo, a hortaliça escolhida foi a alface mas nos próximos meses, a proposta é expandir a pesquisa para incluir o jambu, manjericão e outras plantas de interesse comercial regional. Sustentabilidade
Além das vantagens econômicas, o desenvolvimento de um sistema integrado de produção aplicado na agricultura familiar, permitirá o aumento da produtividade sem a necessidade de desmatar novas áreas e ainda reduzirá o consumo de água em comparação aos modelos atuais.
“É totalmente sustentável e respeita o meio ambiente da região. Nesta unidade experimental, contamos com 16 tanques, mas os produtores poderão usar viveiros de até 50m³. A piscicultura tradicional produz cerca de 1 kg de tambaqui por m³, enquanto com este sistema estimamos chegar a 6 Kg”, explicou Lucas.
A pesquisa teórica teve início em maio de 2023 e todo o trabalho está previsto para ser concluído em maio de 2025. Além dos experimentos, o local também servirá para a realização de cursos, contribuindo para a disseminação do conhecimento e capacitação dos produtores locais. O projeto conta com apoio da Fapeam pelo Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil. ... - Veja mais em https://portalamazonia.com/sustentabilidade/pesquisa-promete-multiplicar-producao-de-tambaquis-e-hortalicas-no-amazonas/
Dados estão são do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia
Cientistas acreditam que este ano de 2024 pode ser o mais quente no planeta Terra. Nesta segunda-feira (8), um serviço de monitoramento de mudanças climáticas da União Europeia disse que o mês de junho foi o mais quente já registrado.
Em um boletim mensal, o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia apontou que todos os meses desde junho de 2023 foram considerados os mais quentes desde o início dos registros, em uma comparação com o mesmo mês em anos anteriores.
Os especialistas tomam como base as alterações climáticas causadas pelo homem e o fenômeno natural El Nino, que empurraram as temperaturas para recordes máximos no ano até o momento. As informações são da agência Reuters.
Dados do C3S remontam ao ano de 1940. Cientistas cruzaram informações com outros índices para indicar que junho de 2024 foi o mais quente desde o período pré-industrial de 1850-1900. Entre as principais causas estão as emissões de gases com efeito de estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis.
O serviço de monitoramento disse que nos 12 meses encerrados em junho, a temperatura média mundial foi a mais alta já registrada em qualquer período desse tipo, com 1,64 graus Celsius acima da média pré-industrial.
Orçamento militar brasileiro: R$ 77,4 bilhões em 2024. Saiba como esses gastos são distribuídos entre ativos, inativos e pensionistas. Confira detalhes e comparações!
O Brasil destina 78% do orçamento militar para o pagamento de pessoal da ativa, reserva e pensões; em 2024, esse montante alcançará R$ 77,4 bilhões.
A proporção da folha de pagamento dos militares brasileiros é mais de três vezes superior à dos Estados Unidos. No momento, 78% das despesas militares no Brasil são destinadas ao pessoal da ativa, aposentados e pensionistas. Para 2024, esse valor totalizará R$ 77,4 bilhões.
A questão da folha de pagamento dos militares é um antigo ponto de debate nas finanças públicas do Brasil, especialmente quando comparado a outros países.
Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 22% do orçamento militar é destinado ao pessoal, segundo dados da Peter G. Peterson Foundation, uma entidade que monitora as finanças públicas americanas.
O Ministério da Defesa do Brasil reconhece a controvérsia em torno deste tema e oferece uma explicação padrão em seu site oficial. “Devido às funções que desempenha, é inerente à Defesa Nacional ter um grande número de pessoal”, explica ao detalhar o orçamento da pasta para 2023.
O número de pessoas associadas ao Ministério da Defesa no Brasil chega a cerca de 800 mil.
De acordo com o Portal da Transparência, o Brasil conta com 362.574 militares da ativa, 169.793 inativos e outros 235.416 que recebem pensões. Juntos, esses grupos receberão R$ 77,4 bilhões, conforme a previsão orçamentária para 2024.
Os valores são distribuídos de maneira relativamente equilibrada entre os três grupos: 33,5% para os militares da ativa, 32,7% para os inativos e 27,7% para o pagamento das pensões.
Contudo, devido às diferenças no número de pessoas em cada grupo, o valor médio recebido varia significativamente.
A média mensal indica que os militares da ativa recebem mais de R$ 6.300. Para os pensionistas, o valor é de aproximadamente R$ 8.000 por mês, enquanto os inativos recebem, em média, R$ 13.233 mensais.
A CNN procurou o Ministério da Defesa para comentar sobre a diferença na folha de pagamento entre Brasil e Estados Unidos e para verificar se há possibilidade de cortes no orçamento. Até o momento, o Ministério não respondeu aos questionamentos. Caso uma resposta seja fornecida, este texto será atualizado.