A seca que assolou o Amazonas em 2023 persiste em 2024 e isso pode ser visto pelo quadro atual das chuvas na região amazônica que sugerem uma seca de gravidade bem elevada para este ano. É o que alerta o pesquisador e coordenador de hidrologia do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LBA/Inpa-MCTI), Renato Senna.
Renato diz que a região amazônica ainda enfrenta uma deficiência de precipitação até agora.
“Isso comprometeu toda estação chuvosa e o período de enchimento dos grandes rios, e provavelmente se estenderá até o final do primeiro semestre. Esta condição só será alterada no segundo semestre de 2024”, afirma Senna.
Nos últimos quatro anos, o nível das águas do rio Negro tem oscilado entre extremos de cheias e vazantes. Em 2021, registrou-se a maior cheia já medida, atingindo a cota máxima de 30,02 metros. Já em 2023, ocorreu a maior vazante registrada em 120 anos de medição, com o nível chegando a 12,70 metros. De acordo com o pesquisador, dois eventos atuaram simultaneamente, evitando formação de nuvens e a precipitação na região amazônica: o aquecimento superficial do Oceano Pacífico (El Niño) inibiu a formação de nuvens e reduziu as chuvas na Amazônia e o Oceano Atlântico empurrou as nuvens que se formam sobre a Amazônia em direção ao Hemisfério Norte. Pesquisador Renato Senna Foto: Tadeu Rocha
As previsões indicam que as águas do Oceano Pacífico deverão esfriar no segundo semestre de 2024, o que favorecerá a ocorrência de chuvas na Amazônia. Por outro lado, o Oceano Atlântico, no Hemisfério Norte, permanece aquecido. “É provável que tenhamos uma temporada de furacões na região do mar do Caribe no segundo semestre de 2024, responsável por retirar umidade da Amazônia e transportá-la para o Hemisfério Norte, resultando na redução das chuvas na região amazônica”, destaca Senna. Impacto dos Oceanos
Os oceanos são responsáveis por modular o clima e as chuvas na região amazônica. Tanto o Oceano Pacífico quanto o Oceano Atlântico influenciam a circulação, acumulação e transporte de vapor d’água, áreas essenciais para a formação de nuvens e a consequente geração de chuvas nas grandes bacias da Amazônia. Vila de Ribeirinhos Boarazinho Foto: Dado Galdieri
Em 2023, o fenômeno natural La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, foi sucedido rapidamente pelo El Niño, devido ao aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, próximo a linha do Equador. Normalmente, o El Niño ocorre entre períodos de quatro a sete anos. “Geralmente, ocorre uma redução no nível da água dos rios no primeiro ano do El Niño e secas mais severas no ano seguinte”, explica Senna.
Ainda segundo o pesquisador, em 2023, as águas superficiais do Oceano Atlântico no Hemisfério Norte também aqueceram, especialmente próximo ao noroeste do continente africano.
“Águas muito aquecidas nessa região normalmente resultam em temporadas de furacões e de tempestades intensas no Hemisfério Norte, como observado nos eventos de 2005 e 2010. Nessas ocasiões, ocorreram chuvas intensas e tempestades naquela região que, também transferiram água da Amazônia para o Hemisfério Norte, resultando em seca em nossa região”, esclarece Senna.
Senna relembra que em setembro de 2023, o nível das águas do rio Negro diminuiu de forma drástica, em média 30 centímetros, durante vários dias consecutivos, um fenômeno jamais registrado nos 120 anos de medições das águas do rio Negro.
“A seca histórica de 2023 ocorreu em um contexto de aquecimento das águas superficiais próximas à linha do equador tanto no Oceano Atlântico quanto no Pacífico. Essas condições persistem até recentemente, totalizando quase 12 meses – de julho de 2023 a junho de 2024 – com temperaturas das águas superficiais muito elevadas e ambos os eventos ocorrendo simultaneamente, resultando na redução da precipitação”, ressalta o pesquisador. Previsões
O Laboratório Amanã do Inpa é responsável pela emissão do Boletim de Monitoramento Climático das grandes bacias hidrográficas da Bacia Amazônica. Este boletim monitora as chuvas acumuladas em intervalos de 30 dias nas bacias hidrográficas que compõem a bacia amazônica.
Toda quinta-feira o Laboratório emite o boletim e está disponível para consulta no link linktr.ee/clima.amazonia.
“O objetivo é fornecer informações para os tomadores de decisão, como defesa civil, secretarias de agricultura, transporte, educação e saúde etc., permitindo que se planejem conforme as condições esperadas nas grandes bacias amazônicas. Monitoramos toda a bacia amazônica desde suas nascentes nos Andes até a foz do Amazonas, junto à Ilha de Marajó, nos estados do Pará e Amapá”, afirma Senna.
Como empoderar estudantes para agir diante das mudanças climáticas? Um programa está atuando na Amazônia para transformar vidas por meio da educação. É o Itinerários Amazônicos, que tem o objetivo de oferecer formação e conhecimento aos professores da região.
Lançado em agosto de 2023 pelo Instituto Iungo, Instituto Reúna e rede Uma Concertação pela Amazônia, com investimentos do BNDES, Fundo de Sustentabilidade Hydro, Instituto Arapyaú, Movimento Bem Maior e Vale, o programa atua em oito dos nove estados por onde se estende a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima e Tocantins.
Desde então, já foram disponibilizados, gratuitamente, mais de 2.600 páginas de material curricular, com formação de mais de 55 mil professores, mais de 5.300 escolas impactadas, beneficiando cerca de um milhão de alunos do Ensino Médio. O programa reúne redes estaduais de ensino e educadores em torno da complexidade amazônica e de questões locais, regionais, nacionais e globais que se relacionam diretamente com o desenvolvimento sustentável.
Ele traz conteúdo sobre temas amazônicos em diálogo com as áreas de conhecimento previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e realiza a formação de professores para sua adoção nas salas de aula. Além de promover a aprendizagem em contexto, o conteúdo e a formação têm foco no desenvolvimento das habilidades e competências dos estudantes para que possam agir diante das mudanças do clima.
Por causa disso, em 2023, o programa Itinerários Amazônicos foi selecionado como um dos cinco estudos de caso exemplares no mundo de Educação sobre Mudanças Climáticas, em um relatório encomendado pela UNESCO e apresentado na Reunião Regional da Ásia e Pacífico ESD-Net 2030, em junho do mesmo ano, na Indonésia.
“Há, relativamente, pouco conhecimento de como os jovens estão adquirindo e aplicando competências, como resolução de problemas, inovação, pensamento crítico e criativo, a partir de programas e abordagens sobre as mudanças climáticas. A educação para esse assunto foca, em sua imensa maioria, em aquisição de conhecimento sobre ciclo de carbono, efeito estufa e gestão de recursos, em vez de abordar o que pode e deve ser feito em termos de comportamentos e de ação para mitigação e adaptação diante da crise climática. Os Itinerários Amazônicos são um exemplo de boa prática tanto em relação ao diálogo proposto com o contexto local – da construção do documento ao tipo de conteúdo e atividades propostas – quanto aos recursos e aos esforços dirigidos à formação de professores com foco em metodologias ativas e no sentido do desenvolvimento de competências e habilidades para a ação efetiva”, afirma o Dr. Phil Lambert, professor e um reconhecido especialista em educação no mundo, que apoiou o Brasil na construção da Base Nacional Comum Curricular. Ações no Pará
Em outubro de 2023, o programa articulou junto à UNESCO, UNICEF, BID, BNDES, Porticus e Secretaria de Educação do Pará (SEDUC-PA) visitas conjuntas às escolas em Belém e no Marajó, para conhecimento da realidade da região e sobre como a iniciativa poderia atuar. Em novembro, foi realizado, junto com a Secretaria de Educação do Pará, o componente Educação para o meio ambiente, sustentabilidade e clima do Pará para o Ensino Médio e Fundamental (Anos Finais), englobando a produção de materiais pedagógicos e a formação continuada dos educadores da rede de ensino. Em dezembro do mesmo ano, eles apresentaram o material na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
“Com duas frentes complementares: materiais curriculares e formação continuada de professores e gestores escolares, o programa Itinerários Amazônicos visa a levar, de forma aprofundada, temas que tocam a região – como mudanças climáticas, questões sociais, culturais e econômicas – de maneira articulada com a Base Nacional Comum Curricular e os currículos estaduais de Ensino Médio”, afirma Paulo Andrade, presidente do Instituto Iungo.
Paula Marlieri, gerente sênior de Assuntos Externos da Hydro, destacou que “para a Hydro, fazer parte de um projeto com a dimensão e a potência da educação na Amazônia é um compromisso com todos. Essa junção de esforços é muito positiva para ações de grande relevância para a região. O mundo precisa saber e conhecer essa potência. Educar é mostrar a vida a quem ainda não viu”.
Com sua vasta biodiversidade e rica herança cultural, a Amazônia sempre foi um lugar de fascinação. Agora, uma iniciativa educacional traz a importância e os desafios da região para a sala de aula. O programa Itinerários Amazônicos é uma jornada educacional transformadora. O projeto é fruto de uma colaboração entre Ministério da Educação, os Institutos Iungo e Reúna e Uma Concertação pela Amazônia.
Uma Inovação Educacional com Impacto
Os Itinerários Amazônicos visam criar uma geração de cidadãos comprometidos com o futuro sustentável da Amazônia. Com parceria e investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundo de Sustentabilidade Hydro, Instituto Arapyaú, Movimento Bem Maior e patrocínio da Vale, o programa está se espalhando por escolas de 8 dos 9 estados da Amazônia Legal. No Amazonas, o programa é ofertado em 625 turmas, alcançando cerca de 9,5 mil estudantes.
Um Olhar mais Profundo
Integrados ao currículo do ensino médio, os Itinerários Amazônicos se destacam por sua abordagem única. Oferecem materiais curriculares que se aprofundam nos desafios da região amazônica. Cultura, clima e questões socioeconômicas são exploradas em profundidade. Sempre alinhadas com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os currículos estaduais. Assim, os alunos não apenas absorvem informações, mas também entendem como aplicá-las em suas vidas.
A abordagem fornece recursos fundamentais para solucionar problemas de escala global e reforça a conexão entre todas as partes do mundo.
Despertando o Interesse Nacional
O diretor de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação da SEB, Lourival José Martins Filho, enfatiza a importância de todos os brasileiros entenderem a Amazônia. Ele propõe “amazonizar” o currículo, tornando-o parte essencial da compreensão de cada cidadão. A Amazônia é parte fundamental da identidade e herança do Brasil e a sua preservação é uma responsabilidade de todos.
Um Esforço Colaborativo Poderoso
Por trás do sucesso dos Itinerários Amazônicos está um esforço colaborativo notável. Mais de 120 pessoas, entre educadores e jovens amazônicos, trabalharam para criar essa iniciativa. Eles uniram forças para abordar as questões mais prementes de nossa geração. O presidente do Instituto Iungo, Paulo Andrade, destaca que o programa é uma resposta urgente aos desafios climáticos, à desigualdade e à promoção da vida em toda a sua diversidade.
Um Olhar Sistêmico sobre as Amazônias
A secretária executiva da Uma Concertação pela Amazônia, Fernanda Rennó, reitera que o programa promove uma visão sistêmica das complexidades da região. Não apenas fortalece capacidades institucionais, mas permite que escolas e comunidades se unam para criar soluções abrangentes e sustentáveis.
Valorizando a Identidade Regional
A diretora executiva do Instituto Reúna, Katia Smole, realça a importância de valorizar a diversidade e a identidade regional. Ela destaca que o programa não apenas educa, mas também empodera os jovens amazônidas. Assim, eles compreendem e abraçam sua herança cultural única, ao mesmo tempo em que se preparam para um futuro promissor.
Uma Jornada Holística de Aprendizado
O Itinerários Amazônicos propõem uma educação holística, combinando temas, saberes e questões amazônicas com as competências e práticas da BNCC. Ciências humanas, da natureza, linguagens e matemática são entrelaçados para criar uma experiência de aprendizado rica e interconectada.
Construindo o Futuro através da Educação
Não apenas uma inovação educacional fundamental, o programa Itinerários Amazônicos é uma promessa para um futuro melhor. Essa iniciativa pode construir um alicerce sólido para a sustentabilidade, conscientização e o respeito pela riqueza da Amazônia. Educar a próxima geração de líderes e cidadãos é o primeiro passo.
O programa une conhecimento, colaboração e a valorização da identidade regional. Isso pavimenta o caminho para uma transformação educacional significativa. E, portanto, o empoderamento comunitário de uma região mais forte e consciente.
Para intensificar a segurança nos condomínios habitacionais, o governo de Rondônia reuniu na manhã desta terça-feira (25), líderes comunitários dos principais condomínios residenciais populares e representantes da Prefeitura de Porto Velho, com o intuito de discutir a crescente preocupação com a criminalidade nessas localidades.
Durante o encontro, os líderes comunitários expuseram os desafios enfrentados pelas suas comunidades, relatando incidentes frequentes de criminalidade que têm afetado a qualidade de vida dos moradores.
O titular da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), Felipe Bernardo Vital ouviu as demandas, e ressaltou o compromisso do governo em intensificar as ações de segurança na região. “Estamos cientes das dificuldades enfrentadas pelos moradores desses condomínios e estamos tomando medidas para mudar essa realidade. Nossa equipe de inteligência está trabalhando para criar estratégias que atendam às necessidades específicas de cada comunidade”, pontuou.
A reunião contou, também, com a presença do setor de inteligência do estado, que está atuando diligentemente em conjunto à Polícia Militar e Polícia Civil do Estado de Rondônia, para enfrentar os desafios de segurança pública nas regiões afetadas.
Uma das ações destacadas, foi a recente instalação de totens de segurança nos condomínios populares. Os totens estão equipados com câmeras de alta resolução e botões de emergência, permitindo assim, uma resposta mais rápida e eficaz das forças de segurança em situações de risco.
PATRULHAMENTO INTENSIVO
A implementação dos totens de segurança é apenas o início de uma série de iniciativas planejadas para os próximos meses. A Sesdec, em colaboração com a equipe de inteligência e as polícias Militar e Civil, estão elaborando um programa de patrulhamento intensivo, que contará com a participação ativa das comunidades através de conselhos de segurança.
Os moradores presentes na reunião expressaram alívio com as novas medidas e esperam que essas ações tragam resultados significativos, em breve. Patrícia Oliveira Silva moradora de um dos condomínios afirmou: “Sentimos que nossas vozes estão sendo ouvidas. Esperamos que essas mudanças façam diferença e que assim, possamos viver com mais tranquilidade.”
Com o tema Educar é prevenir, Semana Nacional de Políticas sobre Drogas é aberta em Porto Velho
A cerimônia de abertura da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas reuniu autoridades estaduais e representantes da sociedade civil
Com o tema “Educar é prevenir: o caminho para um futuro sem drogas”, o Governo de Rondônia, por meio do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Conepod), vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), deu início à Semana Nacional de Políticas sobre Drogas, na manhã desta segunda-feira (24). A cerimônia de abertura ocorreu no auditório do Ministério Público do Trabalho (MPT) e contou com a presença de autoridades estaduais e representantes da sociedade civil. A semana de ações, que se estende até o dia 28, é uma iniciativa em alusão ao Dia Internacional de Combate às Drogas, celebrado anualmente em 26 de junho.
Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, esta semana é uma oportunidade para conscientizar a população e promover debate entre os poderes públicos e a sociedade sobre os malefícios que as drogas, lícitas e ilícitas, causam ao ser humano.
Segundo o presidente do Conepod, David Inácio, o objetivo é informar, prevenir e oferecer suporte àqueles que mais precisam. Durante toda esta semana serão realizadas palestras, debates, campanhas de sensibilização e ações comunitárias. “O objetivo é engajar a população e fomentar discussões que contribuam à redução do consumo de drogas e para a criação de políticas públicas eficazes. A iniciativa também visa fortalecer a rede de apoio existente, proporcionando capacitação para profissionais da saúde, assistência social e segurança pública, além de promover a integração entre diferentes setores que atuam na prevenção e no combate às drogas”, explicou.
Com a hashtag #useacabeçanãousedrogas, a campanha busca ampliar, ainda, o alcance das mensagens de prevenção nas redes sociais, envolvendo jovens e adultos na luta contra o uso de substâncias nocivas.
O Conepod conta com o apoio de parceiros e entidades na execução das atividades como: Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), Polícia Civil do Estado de Rondônia (PCRO), Polícia Federal (PF) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RO).
O desenvolvimento de uma vida saudável, alcançada por meio de exercícios físicos é uma das principais preocupações das gerações atuais. E suplementos alimentares são elementos que tem se popularizado entre os praticantes de esportes. Creatina, albumina, colágeno, multivitamínicos, whey protein, são tantas as possibilidades na prateleira que, por muitas vezes, esquecemos que uma boa nutrição deve ser feita, principalmente, por meio da alimentação.
O Portal Amazônia conversou com especialistas para saber quais alimentos regionais podem melhorar o rendimento no pré e pós treino. Afinal, como escolher alimentos pré e pós treino?
Pré-treino, como o próprio nome indica, são alimentos indicados para aumentar o rendimento, que devem ser consumidos antes de treinar. Os pós-treinos, por sua vez, são alimentos que ajudam na recuperação do músculo, após a atividade física.
De acordo com a médica Elzafã Gomes, “quando pensamos em pré e pós-treino temos que avaliar o objetivo. No caso do pré-treino preciso de energia para o corpo usar na hora da atividade física, já no pós-treino é a energia para recuperação muscular do corpo”.
Assim, por atenderem a diferentes funções, é importante compreender as necessidades a que cada um destes grupos atende. Os pré-treinos, por exemplo costumam ser selecionados por seu alto valor energético, gerando aumento no desempenho na hora de realizar os exercícios.
Mas como escolher os alimentos corretos e ainda incluir os amazônicos?
“A escolha dos alimentos no pré-treino deve partir do princípio que não necessite de grande digestão, para evitar desconforto gástrico. Então o ideal são alimentos leves, alimentos regionais que são mais fáceis de achar como frutas (banana e melancia), açaí, guaraná e outros. Já no pós-treino para recuperação é importante, além do carboidrato, a proteína como peixe, macaxeira, castanha da Amazônia e outros”, exemplifica Elzafã.
Açaí (pré-treino) Foto: Reprodução/Agência Pará
A deliciosa fruta amazônica que conquistou o Brasil, principalmente em sua versão frozen – servida como uma espécie de sorvete -, possui inúmeras funções.
Além de anti-inflamatória e protetor do cérebro contra os males do Alzheimer, o fruto é altamente energético, proporcionando um pré-treino apetitoso e eficiente.
Saiba mais: Conheça os benefícios do açaí, o alimento-remédio da Amazônia. Castanha da Amazônia (pós-treino) Frutos da castanheira. Foto: Reprodução/Globo Rural
A castanha-da-Amazônia (também conhecida como castanha-do-Pará ou castanha-do-Brasil), por ser um alimento rico em proteínas e com poucas calorias, é uma ótima aliada na criação de fibras musculares. Além de ser facilmente transportada, servindo como possibilidade de lanche rápido e nutritivo.
Saiba mais: Qual o termo certo: castanha do Pará, do Brasil ou da Amazônia? Guaraná (pré-treino) Foto: Divulgação
O Guaraná que, por seu formato que se assemelha a um olho ocupa o imaginário como uma lenda do Amazonas, é também um dos maiores estimulantes energéticos da região.
Por suas propriedades é amplamente utilizado na fabricação de xaropes, barras alimentares e até refrigerantes. Pode ser utilizado como um potente pré-treino, especialmente pela quantidade de cafeína presente nos seus frutos. Macaxeira (pós-treino) Foto: Divulgação/Semadesc
Uma das maiores fontes de carboidratos dos trópicos, perdendo apenas para o arroz e o milho, a Macaxeira (também conhecida como mandioca ou aipim) pode ser uma importante aliada da nutrição pós treino.
Afinal, os carboidratos são responsáveis por reabastecer o estoque de energia do corpo, acelerando o processo de recuperação.
Leia também: Mandioca ou macaxeira: pesquisadora paraense explica as diferenças
Por fim, a médica Elzafã Gomes, deixa uma dica para quem quer atingir os objetivos na academia: “os alimentos são ótimas fontes de energia para melhorar o rendimento e consequentemente os resultados, tanto na perda de peso como no ganho de massa muscular”.
Governo federal lança nesta terça programa de incentivo à agroecologia e produção orgânica de alimentos, mas movimentos sociais reclamam de falta de verbas e da captura do orçamento pelo agronegócio
Por Anelize Moreira e Diego Junqueira | Edição Paula Bianchi
O governo federal lança nesta semana o novo Plano Nacional de Agricultura Familiar e Produção Orgânica (Planapo). A ideia é estimular a produção de alimentos orgânicos e a transição para a agricultura com base agroecológica, que alia agricultura e preservação da natureza.
Contudo, movimentos do campo ouvidos pela Repórter Brasil veem o anúncio com desconfiança, pois consideram baixos os investimentos e afirmam que o orçamento da União privilegia cada vez mais as commodities agrícolas e os ultraprocessados.
Conhecida como “Brasil Agroecológico”, essa política foi criada em 2012 e tem como principal forma de financiamento o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, Pronaf, que responde pela maior parte dos investimentos do Plano Safra da Agricultura Familiar. Mas apesar do foco que o governo Lula tem colocado na agricultura sustentável desde a eleição, os recursos destinados à produção orgânica são irrisórios, segundo o Painel do Crédito Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
Na safra atual (2023/2024), foram fechados apenas 218 contratos na linha de crédito Pronaf Agroecologia, que financia os produtores orgânicos e agroecológicos. O total aplicado é de apenas R$ 7 milhões, o que não chega a 0,02% do total liberado pelo Pronaf: R$ 49,7 bilhões. As informações da atual safra são parciais e foram atualizadas em 8 de maio.
Somando o Pronaf Agroecologia às outras três linhas de crédito para Agricultura de Baixo Carbono (Pronaf Semiárido, Pronaf Bioeconomia e Pronaf Floresta), o total chega a R$ 1,2 bilhão, ou 2,5% de todo o Pronaf. Em número de contratos, são apenas 2% dos quase 1,4 milhão de acordos fechados.
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O valor chama ainda mais atenção quando comparado aos créditos destinados à agricultura empresarial pelo Plano Safra – R$ 364,2 bilhões, aumento de 26% em relação à safra anterior. Por outro lado, o Plano Safra para a Agricultura Familiar soma ao todo R$ 77,7 bilhões no ciclo 2023/2024.
“Não dá para dizer que temos um plano à altura [das necessidades] nem no orçamento, nem nas ações. Infelizmente há uma dificuldade orçamentária e uma falta de diálogo entre os ministérios para investir de forma articulada na agroecologia”, diz Leomárcio Araújo, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
O governo federal vem construindo o novo plano agroecológico há quase um ano, desde que recriou a Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (composta por 14 ministérios e nove entidades governamentais) e a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (formada por 21 instituições da sociedade civil), extintas no governo de Jair Bolsonaro (PL).
“As propostas para esse novo plano do ponto de vista de metas e de orçamento colocadas pelo governo são decepcionantes”, afirma “A expectativa era compensar o tempo perdido e o plano voltar com força. [Mas] já perdemos um ano e meio de governo sem que se tenha conseguido voltar às políticas fundamentais, isso é problemático”, afirma Rogério Dias, presidente do Instituto Brasil Orgânico e integrante da comissão de agroecologia.
Paulo Petersen, da Articulação Nacional da Agroecologia, critica também que mesmo os recursos da agricultura familiar são canalizados para produtores mais capitalizados das regiões Sul e Sudeste. Os dados do MDA comprovam a afirmação.
Só os estados de Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais concentram 64% de toda a verba do Pronaf. “Defendemos que os recursos sejam destinados à produção diversificada”, afirma Petersen.
Ceres Hadich, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lamenta que o governo continue culpando a gestão anterior pelo orçamento baixo. O orçamento para o plano Safra deste ano não vai atender as necessidades da agricultura familiar, e seguramente é o que vai acontecer também com o plano de agroecologia”.
Plano Safra empresarial X agricultura familiar
Apesar da retomada da política, os movimentos de trabalhadores rurais estão desconfiados se as medidas serão efetivas, já que o governo federal vem perdendo a queda de braço com a bancada ruralista não só no Congresso, mas também no Executivo.
A diferença entre os investimentos do Plano Safra na agricultura empresarial e na familiar é um dos exemplos. Neste ano, a previsão do plano para agricultura familiar é de R$ 80 bilhões. Já para a linha empresarial, deve passar de R$ 500 bilhões. O MDA informou que só irá se pronunciar após o lançamento oficial dos planos.
“Estamos falando de disputa de orçamento para diferentes modelos de agricultura. Eles [agronegócio] conquistaram regalias e subsídios ao longo do tempo e mantêm a força. O Executivo tem preocupação de buscar alternativas, mas temos dentro do Congresso Nacional a bancada ruralista, que determina o orçamento e usa evidentemente esta força para segurar o próprio governo”, afirma o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), presidente da bancada ambientalista no Congresso.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), braço institucional da bancada ruralista, foi procurada, mas não se manifestou.
“Lembro que em 2016 tínhamos o PL do Veneno, que é do agro, e o PL de Redução de Agrotóxicos (PNARA), que é de iniciativa popular. Em 2018, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criou um grupo especial para analisar o PL do Veneno e apensou o PNARA, praticamente matando ali a ideia, porque eram dois projetos completamente antagônicos, com modelos de agricultura diferentes. Dialogamos e conseguimos que eles fossem discutidos em comissões diferentes, mas não adiantou. A FPA avançou e saiu vitoriosa com o PL do Veneno”, relembra Tatto.
Petersen, da Articulação Nacional da Agroecologia, critica ainda o fato de o governo não interferir nos mercados de alimentos. Segundo ele, oferecer apenas crédito aos pequenos agricultores não resolve a questão principal: melhorar a remuneração pela produção diversificada de alimentos.
“Por mais baixos que sejam os juros, se não tiver mercados locais, incentivo à produção diversificada e assegurar preços mínimos, não mudará o rumo da agricultura familiar, pois o que remunera bem hoje são as commodities”, diz “Os mercados para alimentos locais estão sendo destruídos e substituídos por grandes cadeias de varejo que comercializam ultraprocessados”, completa.