A maior reserva de urânio do Brasil, localizada na Mina de Pitinga (AM). Foto: Reprodução
A maior reserva de urânio do brasil, localizada na Mina de Pitinga, interior do Amazonas, foi vendida para a China Nonferrous Trade (CNT), empresa estatal do país, por US$ 340 milhões (cerca de R$ 2 bilhões). A Mineração Taboca S.A., responsável pelo local, fechou a negociação nesta terça (26).
A empresa descobriu a reserva em 1979 e a mina também é responsável pela lavra de cassiterita e columbita, além de ser a maior produtora de estanho refinado do Brasil. O urânio é usado como combustível para geração de energia nuclear.
A reserva, vista como uma das mais promissoras do país, é responsável por cerca de 50% da extração de estanho no Brasil e produziu 5,3 mil toneladas do metal no último ano, gerando uma receita de US$ 256 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão).
A empresa chinesa que adquiriu a reserva é uma das maiores estatais produtoras de cobre do mundo e possui foco em mineração, processamento, hidrometalurgia, fundição pirometalúrgica e vendas. Suas principais operações ocorrem na Zâmbia, na África.
Reserva foi descoberta pela Mineração Taboca em 1979. Foto: Divulgação
O grupo minerador peruano Misur, que detém o controle acionário da empresa brasileira, intermediou a negociação e a Mineração Taboca anunciou que transferiu 100% das ações para a estatal chinesa: “Este novo momento é estratégico e constitui uma oportunidade de crescimento, pois permitirá que ela tenha acesso a novas tecnologias para se tornar mais competitiva e ampliar sua visão e capacidade produtiva”.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o presidente Lula fechou 37 acordos com o presidente do país, Xi Jinping, em reunião na semana passada no Palácio da Alvorada.
O segmento movimentou R$ 853 milhões, quantia que supera em 22% a de 2023, de R$ 699 milhões
Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da empresa Kaya, que abriga a Kaya Mind, há mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal, variedade que contempla diversas necessidades. "A expansão da cannabis medicinal é visível no Brasil, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o país", diz à Agência Brasil.
O segmento movimentou R$ 853 milhões, quantia que supera em 22% a de 2023, de R$ 699 milhões. Em 2021, o montante foi bem inferior, de R$ 144 milhões, passando, no ano seguinte, para R$ 364 milhões. A projeção é de que o faturamento chegue a R$ 1 bilhão em 2025.
À Agência Brasil, o chefe de Inteligência e sócio da Kaya, Thiago Cardoso, afirma que os progressos no campo da regulamentação da cannabis, como a liberação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao cultivo da planta têm colocado o Brasil em evidência. Este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o país, o que significou diversificação dos itens nesse mercado.
"Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador no cenário global", avalia Cardoso.
Apesar do crescimento, quase metade dos pacientes medicinais (47%) dependem da importação do produto que necessitam e que conseguem mediante prescrição médica devido aos entraves relativos à legalização. O restante recorre a farmácias (31%) e associações (22%), sendo que estas exercem um papel fundamental para quem não tem condições financeiras de cobrir os gastos.
LIBERAÇÃO DE CULTIVO
NO início do mês, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou, por unanimidade, a importação de sementes e o cultivo de cânhamo industrial para fins exclusivamente industriais e medicinais. A prática deve ser regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em até seis meses.
Foto: Reprodução
O cânhamo industrial é uma variedade com baixos níveis de THC, o principal composto psicoativo da planta, e que é inadequado para uso recreativo, mas pode ser usado para fins medicinais e industriais, como a produção de canabidiol (CBD).
Para a relatora no STJ, ministra Regina Helena, a permissão para o cultivo de “cânhamo industrial” para fins medicinais atende à diferenciação feita pela ciência e pela medicina entre o uso medicinal e recreativo. Ainda segundo a ministra, o alto custo de produção de medicamentos derivados de cannabis se deve, em parte, à necessidade da importação de insumos.
TRATAMENTO COM CANNABIS MEDICINAL
Um crescente número de estudos avalia os benefícios da cannabis medicinal para o tratamento de diversas condições de saúde. Atualmente, os efeitos positivos do canabidiol (CBD) já foram comprovados no tratamento de esclerose múltipla, epilepsia, autismo, doença de Parkinson, fibromialgia, dor crônica, entre outros.
Mas os produtos são indicados também para dezenas de outras doenças, como autismo, câncer, Alzheimer, espasticidade muscular, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, glaucoma, lesões musculares, entre outras.
Globalmente, 85.000 mulheres e meninas foram mortas intencionalmente em 2023 (Foto: Ingrid Anne/Fiocruz Amazonia)
Do ATUAL
MANAUS — O feminicídio é o crime dominante contra mulheres em todo o mundo, mostra o relatório ‘Femicídios em 2023: Estimativas globais de feminicídios de parceiros íntimos/familiares’ da ONU (Organização das Nações Unidas) e coordenado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime no Brasil. O documento foi divulgado na segunda-feira (25).
Foram mortas 85 mil mulheres adultas e meninas em 2023. Desse total, 60% desses homicídios — 51.100 — foram cometidos por um parceiro íntimo ou um membro da família. Os dados mostram que 140 mulheres e meninas morrem todos os dias por parceiros ou parentes próximos, o que significa que uma mulher ou menina é morta a cada 10 minutos.
Em 2023, a África registrou as maiores taxas de feminicídio relacionado a parceiros íntimos e familiares, seguida pelas Américas e a Oceania. Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres mortas na esfera doméstica (64% e 58%, respectivamente) foi vítima de parceiros íntimos, enquanto em outros lugares os familiares foram os principais perpetradores.
“A violência contra mulheres e meninas não é inevitável, é evitável. Precisamos de uma legislação robusta, coleta de dados aprimorada, maior responsabilização governamental, uma cultura de tolerância zero e maior financiamento para organizações de direitos das mulheres e órgãos institucionais”, diz Sima Bahous, diretora Executiva da ONU Mulheres.
Ghada Waly, diretora-executiva do Escritório das Nações Unidas, diz ser urgente melhorar os sistemas de justiça criminal para garantir que os agressores sejam responsabilizados e que as vítimas recebam o apoio necessário.
Waly destaca que é essencial existirem mecanismos de denúncia acessíveis, seguros e transparentes para as sobreviventes. Ela menciona a importância de enfrentar e desmantelar preconceitos de gênero, desigualdades de poder e normas sociais que perpetuam a violência contra as mulheres.
O relatório foi divulgado em momento oportuno, pois o 30º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim, em 2025, e o prazo de cinco anos para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tornam-se marcos significativos para ações que busquem a igualdade de gênero e o fim da violência contra mulheres e meninas.
De acordo com o relatório, alcançar esses objetivos exige a eliminação da impunidade e medidas preventivas eficazes, envolvendo todas as partes interessadas na criação de soluções urgentes para garantir os direitos das mulheres.
Greenpeace Brasil detectou degradação em sobrevoo na Amazônia (Foto: Christian Braga/Greenpeace)
Do ATUAL
MANAUS — A Amazônia Legal registrou em outubro aumento tanto do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, quanto na degradação florestal, que é o dano causado pelo fogo ou pela extração madeireira, pelo quinto mês seguido. A degradação atingiu a média de 10 mil campos de futebol por dia de janeiro a outubro, o pior cenário em 15 anos.
Os dados do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) mostram que apenas em outubro a Amazônia teve uma área degradada de 6.623 km², o equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. Esse número também foi quatro vezes maior do que o registrado em outubro de 2023, quando foram degradados 1.554 km² de floresta.
O Pará foi o estado com a maior área degradada em outubro, com 2.854 km², 43% do total registado na região. Mato Grosso, com 2.241 km² afetados, 34% do total, ficou em segundo. E a terceira colocação foi do Amazonas, com 1.082 km² degradados, 16% do detectado no bioma.
O Pará também concentrou seis municípios no ranking dos que mais degradaram, atingindo 2.390 km². Outros três, que totalizam 773 km², estão em Mato Grosso.
Nos primeiros 10 meses de 2024, foram degradados 32.869 km², o equivalente a 21 vezes a cidade de São Paulo (ou 10 mil campos de futebol afetados por dia). Área quase três vezes maior do que o recorde de degradação até então, de 11.453 km², registrado em 2017.
Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon, explica que é normal haver aumento da degradação florestal na época de seca, o chamado “verão amazônico”, devido à alta nas queimadas. Porém, as áreas afetadas nos meses de setembro e outubro são superiores às que vinham sendo registradas pelo sistema. “A seca severa de 2024 aumenta o risco às queimadas”.
“Assim como o desmatamento, a degradação também emite gases de efeito estufa, que intensificam os efeitos das mudanças climáticas, como as graves secas que estamos vivendo na Amazônia. Por isso, precisamos de ações mais efetivas de combate a esse dano ambiental, principalmente se quisermos cumprir com a nova meta climática brasileira, a NDC (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada), apresentada na COP 29, no Azerbaijão, que prevê reduções de 59% a 67% nas emissões do país até 2035”, comenta o especialista.
Desmatamento
Embora o desmatamento acumulado de janeiro a outubro tenha sido 8% menor do que em 2023, outubro apresentou uma alta de 44% na derrubada, passando de 290 km² para 419 km². Essa foi a sétima maior área devastada em outubro dos últimos 16 anos, desde que começou o monitoramento do Imazon.
A derrubada foi liderada pelos estados de Mato Grosso (35%), Pará (31%) e Acre (12%), que juntos somam 330 km² destruídos, o que equivale a 78% de toda a perda registrada. Esses estados também concentram nove dos dez municípios que mais desmataram.
Área degradada x área desmatada
De janeiro a outubro deste ano, a degradação é quase 10 vezes maior que o desmatamento. Mais um alerta sobre a necessidade de medidas específicas para combater esse dano ambiental e suas emissões.
Apelidado de Enguia, em alusão ao peixe-elétrico, o projeto prevê a fabricação de duas voadeiras, embarcações de pequeno porte típicas da região, movidas a energia solar
Até o final de 2027, o Brasil pode ter o primeiro corredor verde fluvial, localizado na Amazônia, com embarcações 100% elétricas produzidas em escala comercial. Apelidado de Enguia, em alusão ao peixe-elétrico, o projeto prevê a fabricação de duas voadeiras, embarcações de pequeno porte típicas da região, movidas a energia solar.
O projeto é executado por professores de engenharia naval da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio de um projeto da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, contemplado pelo programa Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A iniciativa ocorre às vésperas da COP30, que acontece em Belém, em 2025. O objetivo é que os barcos, feitos com tecnologia nacional, sejam vendidos a custo acessível à população local. A expectativa é estimular o investimento em energia limpa no transporte fluvial, tanto por agentes privados quanto por públicos.
“É uma combinação de dois pilares que temos na companhia, o propósito de contribuir com a geração de energia renovável do país e com o desenvolvimento socioeconômico da região. Conseguimos unir esses dois aspectos e também contribuir no combate às mudanças climáticas”, diz Sílvia Cabral, diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia.
É a terceira parceria dos pesquisadores da UFPA com a empresa. Nas duas primeiras, desenvolveram um catamarã e duas voadeiras elétricas. Agora, trabalham na construção de todos os componentes dos barcos. O catamarã, que entrou em operação em setembro, foi o primeiro barco elétrico da região, integrando um modal com dois ônibus elétricos movidos a energia solar, com capacidade de transportar 2.000 pessoas por dia, no campus da UFPA, em Belém.
Juntos, evitam o lançamento de 161 toneladas de CO? na atmosfera por ano —o que equivale à emissão de 30 carros populares. Só o barco faz com que 100 toneladas de gases de efeito estufa deixem de ser despejadas na atmosfera, por ano. As voadeiras Poraquê 1 e Poraquê 2, que operam desde maio na usina, no município de Altamira, evitam o consumo de 2.800 litros de combustíveis fósseis ao mês. As primeiras experiências ajudaram os pesquisadores a identificar as dificuldades de uso das embarcações elétricas nos rios da região.
“Nos projetos anteriores percebemos que um dos principais gargalos era a falta de fabricantes nacionais para a maioria dos componentes, principalmente os motores, fazendo com que o custo de fabricação fosse muito alto e inacessível à população, tanto pelo valor de compra, como pela manutenção. Por isso, resolvemos desenvolver essa tecnologia aqui no Brasil“, diz o diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA e coordenador geral do projeto, Emannuel Loureiro.
Entre os itens que serão desenvolvidos pelos pesquisadores estão o motor de popa elétrico, um banco de baterias e o software de gestão com inteligência artificial para monitoramento. O projeto contempla ainda dois eletropostos de abastecimento, sendo um flutuante. Iniciado no mês passado, o Enguia envolve 34 pesquisadores da UFPA, de diversas áreas correlatas, que terão um prazo de até três anos para desenvolver o protótipo das embarcações.
Quando estiverem prontas, as duas lanchas vão operar gratuitamente no transporte de passageiros, na região da usina, num trecho de 40 km entre o município de Altamira e a barragem de Pimental. Aos poucos, a ideia é escalonar para distâncias maiores. Segundo Loureiro, além de ambientais, os impactos do projeto são também sociais e econômicos. “Você está garantindo o direito dessas pessoas de ir e vir e ter acesso a bens básicos como saúde e educação“.