« 1 ... 59 60 61 (62) 63 64 65 ... 1126 »
Brasil : Água de 12 lagos da Amazônia já está mais quente que em 2023, quando 330 botos morreram
Enviado por alexandre em 03/10/2024 00:52:53


Redação Planeta Amazônia

Com a seca extrema castigando a Amazônia pelo segundo ano consecutivo, órgãos dos governos estaduais e federal têm evidenciado que os principais rios do bioma estão descendo a níveis baixíssimos, com graves impactos ambientais, sociais e econômicos. Agora, dados inéditos de uma plataforma desenvolvida pelo WWF-Brasil e pelo MapBiomas, que monitora 23 lagos dos mais de 60 existentes na Bacia Amazônica com a mesma hidrogeomorfologia, revelam também que as águas dos lagos conectados a esses rios estão atingindo temperaturas mais altas, o que representa um grave risco para a fauna aquática, em especial para os botos. 

Todos os 23 lagos monitorados pela ferramenta estão com a temperatura acima da média acumulada dos últimos cinco anos para o mês de agosto. “O mais preocupante é que, em 23 de setembro, 12 desses lagos já estavam com temperaturas acima dos valores observados em 2023, ano no qual as águas atingiram temperaturas extremas, resultando em uma catástrofe para a população de botos da Amazônia”, afirma Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil e uma das coordenadoras da plataforma. “Esses lagos também acumulam de 5 a 9 meses com temperaturas médias acima do observado em 2023, ressaltando o estresse fisiológico acumulado pela sucessiva exposição a altas temperaturas e baixos níveis de água.”

A necessidade de monitorar a temperatura dos lagos amazônicos surgiu a partir de setembro de 2023, quando o bioma também enfrentava uma seca extrema e 330 botos das espécies cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e tucuxi (Sotalia fluviatilis) morreram nos lagos Tefé e Coari, ambos conectados ao rio Solimões, no interior do Amazonas.

“A partir daquela situação, surgiu a ideia de utilizarmos os dados de sensoriamento remoto para obter informações que nos permitissem monitorar a temperatura das águas, ranquear as áreas de maior risco e estabelecer prioridades de ação diante dos graves impactos da emergência climática na população de botos”, salienta Helga. 

De acordo com o Instituto Mamirauá, já foi confirmado que a morte dos botos em 2023 foi causada pela alta temperatura da água, que chegou a 40 graus na ocasião. A plataforma também permite monitorar a área coberta por água nos lagos, já que a redução da quantidade está diretamente ligada ao aquecimento.

Todos os 23 lagos monitorados pela ferramenta estão com a temperatura acima da média acumulada dos últimos cinco anos para o mês de agosto/foto: Adriano Gambarini_WWF Brasil

A grande preocupação dos pesquisadores neste momento é que os níveis dos principais rios estão muito abaixo do normal em 2024. No dia 30 de agosto, o Solimões atingiu a cota de 94 centímetros negativos, a mais baixa já registrada pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB) em toda a série histórica do monitoramento, iniciada em 1989. O recorde anterior era de 86 centímetros negativos, em 2010. A situação continuou se agravando e, no dia 20 de setembro, a cota chegou a 206 centímetros negativos.

“No ano passado, quando ocorreu a tragédia com os botos, não tínhamos dados sobre as variações de disponibilidade e temperatura da água dos lagos. A nova ferramenta nos permitirá monitorar esses 23 lagos, que foram identificados como vulneráveis, para acompanhar as variações, a partir da comparação da temperatura e disponibilidade de água em diferentes anos, a fim de gerar alertas para orientar ações emergenciais em campo”, explica Helga.

De acordo com o Instituto Mamirauá, já foi confirmado que a morte dos botos em 2023 foi causada pela alta temperatura da água, que chegou a 40 graus na ocasião/foto: Adriano Gambarini_WWF Brasil

De acordo com os resultados obtidos até agora pela plataforma, o aumento da temperatura em relação à média dos últimos cinco anos chega a 1,5 °C em locais como o Lago do Rei, no rio Amazonas. Mas o dado mais impactante foram os 12 lagos que estão ainda mais quentes que em 2023, com uma diferença que chega a 0,86 °C no Lago Calado, próximo a Manacapuru, AM.

“Esse aumento pode parecer pequeno em termos de magnitude de temperatura, mas antecipa um alerta de risco de ocorrência de mortalidade de botos, uma vez que as temperaturas do ar também estão altas e a qualidade, devido às queimadas, também atinge níveis críticos”, declara a pesquisadora.

Lago Tefé mais quente que em 2023

De acordo com Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, a plataforma obtém dados a partir de duas fontes de sensoriamento remoto: o sensor Modis, do satélite Terra, e o sensor TIRS, do satélite LandSat, que passa com menos frequência. Combinando as duas fontes, é possível contar a história das variações nas temperaturas médias dos lagos.

“O LandSat tem uma alta resolução espacial, isto é, cada pixel da imagem equivale a uma área de 30 metros. Mas ele só passa sobre a região uma vez a cada 16 dias. Já o Modis tem uma resolução espacial menor e cada pixel equivale a um quilômetro. Porém, sua resolução temporal é bem mais alta: ele passa todos os dias. Quando juntamos os dois, obtemos de fato uma ferramenta de monitoramento robusta”, destaca.

Plataforma monitora 23 lagos dos mais de 60 existentes na Bacia Amazônica com a mesma hidrogeomorfologia/foto: Adriano Gambarini_WWF Brasil

A equipe está trabalhando com um histórico de cinco anos de dados de temperaturas com base no sensor Modis. “Com isso, calculamos a média de temperatura para cada mês. Nossa principal referência é o ano de 2023, que foi marcado pelo evento crítico da morte de botos. Com isso, conseguimos avaliar as temperaturas atuais em relação às médias e em relação a cada mês de 2023”, frisa o pesquisador.

No lago Tefé, por exemplo, onde morreram 209 botos em 2023, as temperaturas estão 0,8 °C acima da média dos últimos cinco anos e 0,2 °C acima de 2023, de acordo com os dados obtidos pela plataforma. “O problema é que ainda temos pela frente mais dois meses de estação seca na Amazônia e esses números são um indício de que no auge do calor, entre setembro e outubro, teremos temperaturas bem acima das registradas no ano passado”, diz Schirmbeck.

Alertas para a ação em campo

Mariana Paschoalini Frias, analista de conservação sênior do WWF-Brasil que também participou do desenvolvimento da plataforma, lembra que um dos propósitos da ferramenta é complementar o monitoramento dos botos que é feito continuamente, desde a crise de 2023, por uma força-tarefa liderada pelo Instituto Mamirauá e pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Além disso, a ideia é ampliar o uso da plataforma para áreas ainda não monitoradas e sem qualquer tipo de informação precedente, pois isso ajudará a dar escala ao problema e mensurar o nível de resposta necessária.

“O Instituto Mamirauá e o ICMBio têm o protagonismo nesse grupo de resposta à emergência que se dedica ao monitoramento, estudo e resgate dos botos. O objetivo do monitoramento por sensoriamento remoto feito pela plataforma é fornecer dados que permitam emitir alertas para equipes que direcionam as ações em campo”, declara Mariana. “Assim como para que outros tomadores de decisão em níveis estadual e nacional possam estruturar ações coordenadas”.

Segundo ela, embora as mortes em massa de botos tenham sido registradas apenas nos lagos Tefé e Coari, uma análise feita pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá identificou um total de 23 lagos onde há presença de botos e que foram considerados áreas vulneráveis ao superaquecimento da água.

“Todos os 23 lagos têm uma geomorfologia semelhante e há potencial para a ocorrência do mesmo tipo de fenômeno. São lagos de conformação alongada que vêm do interior da floresta, começam a se alargar por grandes extensões muito rasas, até chegarem a um canal mais estreito onde se comunicam com o rio Solimões, drenando essa água superaquecida. Essas características contribuíram para a morte de botos nos lagos Tefé e Coari e por isso foram escolhidos como áreas prioritárias para monitoramento”, explica a pesquisadora.

Sempre que os satélites detectarem um aumento importante na temperatura da água de um desses lagos, um alerta será disparado para que as equipes possam se deslocar para um local específico e colocar em ação o protocolo de emergência – sob comando do ICMBio. “Esses alertas são essenciais para que tenhamos tempo hábil para agir”, diz Mariana.

Temperaturas podem subir rapidamente

Com o baixíssimo nível atual do Médio Rio Solimões, as temperaturas tendem a subir perigosamente nas próximas semanas, conforme uma análise feita pelo Instituto Mamirauá com dados coletados até o dia 2 de setembro.

De acordo com Ayan Fleischmann, coordenador do Grupo de Geociências do Instituto Mamirauá, esses dados foram obtidos a partir de sensores automáticos instalados em dois flutuantes no lago Tefé – que medem a temperatura a cada 10 minutos em diversas profundidades – e um monitoramento mensal em 24 pontos do lago.

“O nível do lago Tefé está em 6,35 metros, cerca de 1,6 metro acima do mínimo atingido no dia 23 de outubro de 2023. Quando a cota está abaixo de 7 metros, vemos que a água começa a ganhar calor muito rapidamente durante o dia. Já identificamos que o lago começou a esquentar nas últimas semanas. No dia 25 de agosto, alcançou 33 graus em toda sua profundidade – a maior temperatura do ano”, afirma Fleischmann.

O superaquecimento dos lagos amazônicos é resultado da combinação de vários fatores, como a redução da quantidade de água, excesso de radiação solar e água excessivamente turva, que facilita a difusão de calor no lago, segundo o pesquisador. 

“Nos últimos dias choveu muito, o que resultou em um cenário mais favorável. Com isso, a temperatura ainda não chegou aos 40 graus, que é o limiar perigoso para os mamíferos aquáticos, mas estamos preocupados com as próximas semanas. No ano passado, observamos que 3 a 6 dias de sol intenso são suficientes para uma elevação rápida da temperatura, transformando o lago em uma verdadeira armadilha para os botos”, explica Fleischmann. 

O superaquecimento dos lagos amazônicos é resultado da combinação de vários fatores, como a redução da quantidade de água, excesso de radiação solar e água excessivamente turva/foto: Adriano Gambarini_WWF Brasil

Mas o risco não se restringe apenas ao aumento da temperatura na água. “Com o stress hídrico – baixo volume e extensão do lago, os botos ficam mais vulneráveis e expostos a conflitos com pescadores e outras interações antrópicas negativas”, alerta a oceanógrafa Miriam Marmontel, líder do grupo de pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá. “Na última semana, no Lago Tefé, ao menos uma morte de boto ou tucuxi foi registrada por dia, resultante de interação desses animais com atividades de pesca, navegação e retaliação direta”, completa. 

A plataforma desenvolvida pelo WWF-Brasil e pelo MapBiomas é aberta para consulta e pode ser acessada por cientistas, estudiosos do tema  e instituições interessadas através do link: https://ciencias-wwf.projects.earthengine.app/view/lagos-amazonicos

Brasil : Apenas 4% dos programas para idosos no Brasil são do poder público
Enviado por alexandre em 02/10/2024 15:23:23

Maioria dos programas para idosos é gerido por organizações da sociedade civil (Foto: Michael Dantas/Sejel/Divulgação)
Por Letycia Bond, da Agência Brasil

SÃO PAULO – O Brasil conta, atualmente, com 403 programas para idosos, que compreendem cerca de 30 aspectos da vida dessa parcela da população. Quase metade (48,1%) beneficia mais de mil pessoas diretamente, quatro em cada dez iniciativas (39%) são tocadas por organizações da sociedade civil e cerca de dois terços deles (62,3%) estão em atividade há cinco anos ou mais.

O mapeamento em que constam esses dados foi realizado pelo Lab Nova Longevidade, em parceria com a Ashoka, rede global de empreendedorismo social, o Instituto Beija, que atua no campo da filantropia, e a associação Itaú Viver Mais.

Nesta terça-feira (1º), quando é lembrado o Dia do Idoso, o levantamento fornece informações relevantes para se localizar quais áreas de cuidado e regiões do país são mais desconsideradas, inclusive pelo poder público, que é responsável por somente 4% dos projetos em funcionamento.

De acordo com os especialistas que apuraram e reuniram os dados, a Região Sudeste do país é a que tem mais iniciativas (62%), ou, pelo menos, a que teve mais interesse em participar do levantamento. Em seguida, aparecem o Nordeste (19%), o Sul (11%) e o Centro-Oeste (5%). Por último, com apenas 3% dos projetos, está a Região Norte.

Em relação aos estados, São Paulo (42,2%) lidera a lista, ao lado do Rio de Janeiro (10,2%), de Minas Gerais (9,7%), de Pernambuco (7,2%), do Rio Grande do Sul (5,2%) e da Bahia (5%). Além do Distrito Federal, 24 dos 26 estados brasileiros participaram do mapeamento com pelo menos uma iniciativa. Acre e Rondônia não tiveram nenhum projeto informado ou identificado.

Além das organizações da sociedade civil, também se destacam por manter a roda dos projetos girando o setor privado (22%), as startups (11%) e os produtores de conteúdo e mídia (11%).

As propostas concretizadas por pesquisadores e institutos ou grupos de pesquisa superam a participação do governo. A academia responde por 9% das iniciativas, um percentual maior do que as ações governamentais (4%). Os pesquisadores são as figuras principais (44%) que puxam as iniciativas como de sua responsabilidade.

Os conselhos de Pessoas Idosas e as aceleradoras ou incubadoras também têm demonstrado comprometimento com a causa, embora muito menor do que as organizações com outros perfis. Ao todo, estão por trás de 3% e 1% dos projetos mapeados, respectivamente.

Em relação às temáticas abordadas pelos projetos, o que predomina é envelhecimento saudável (82%), novas narrativas para longevidade (70%), diversidade e inclusão (66%), intergeracionalidade (65%) e combate ao idadismo (61%).

Entre os assuntos que estão em menos da metade das iniciativas, foram identificados educação continuada (49%), cuidado familiar (46%), inclusão digital (43%), acesso à saúde (39%), acessibilidade (37%), empreendedorismo sênior (36%), empregabilidade (28%), interseccionalidade (27%), educação financeira (24%), requalificação profissional (21%) e educação midiática (17%).

Para Marília Duque, liderança do Lab Nova Longevidade, o setor público tem se aproximado tanto da iniciativa privada quanto de empreendedores sociais, com o objetivo de assimilar conhecimentos de ponta e também os relacionados à inovação. Como exemplo do que vem sendo articulado nesse âmbito, ela cita uma ação da Coordenadoria da Cidadania da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Tocantins, que mapeou as redes de atendimento, atenção e proteção à pessoa idosa, distribuídas nos 139 municípios do estado.

Houve, ainda, um esforço para se traçar um panorama da violência praticada contra a pessoa idosa na unidade federativa. “O mapeamento indicou um enorme potencial de colaboração entre o setor público, organizações da sociedade civil, iniciativa privada e academia”, destaca ela.

Um dos hábitos que, na contemporaneidade, podem determinar o entrosamento ou isolamento de uma pessoa idosa em sua comunidade é o uso da internet, por diversos meios.

“No mapeamento, a questão da inclusão e letramento digitais aparece como condicionante para o aprendizado ao longo da vida, que está diretamente relacionado com a possibilidade de requalificação profissional e permanência na força de trabalho, além de trazer benefícios em termos de saúde, sociabilidade e propósito. Além disso, o nível das habilidades digitais dos usuários idosos emerge como gargalo para a escala de impacto de soluções que fazem uso de tecnologia”, diz a líder.

“No futuro, seremos, de fato, todos nativos digitais”, aponta Marília, ao afirmar que, até lá, é necessário haver “esforços para não deixar a população idosa à deriva”. “Nesse sentido, foi apontada também a necessidade de se criar ambientes de aprendizados pensados nas pessoas idosas”.

Em paralelo ao mapeamento, foram listados 13 nomes que dominam o assunto, em suas diferentes dimensões, e entrevistados 17 especialistas e líderes de diferentes setores que se destacam por sua contribuição ao ecossistema de longevidade no Brasil. A versão completa do levantamento pode ser conferida no sitewww.labnovalongevidade.org.



Brasil : Dois homens são presos por incendiar 953 hectares de terras da União no AC
Enviado por alexandre em 02/10/2024 15:13:49

Área desmatada (Foto: Divulgação/PF)
Área desmatada; devastação na floresta (Foto: Divulgação/PF)
Do ATUAL

MANAUS — A Polícia Federal no Acre deflagrou na segunda-feira (30) operação para combater crimes ambientais como desmatamento e incêndio florestal em uma área de aproximadamente 950 hectares, pertencente a União.

Além do cumprimento de seis mandados de busca e apreensão, dois homens foram presos e apreendidas 1.100 cabeças de gado, um carro e duas armas de fogo.

A ação visa não apenas identificar os responsáveis e financiadores dos crimes ambientais, mas prevenir que novas ações criminosas sejam perpetradas na Amazônia.

A Operação Smoke faz parte do Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Queimadas na Amazônia. Além dos policiais federais mobilizados para a ação, a operação contou com o apoio de equipes da Força Nacional de Segurança e da Polícia Civil de Boca do Acre.



Brasil : Justiça proíbe comércio de produtos de áreas desmatadas no AM e RO
Enviado por alexandre em 02/10/2024 15:08:36

Área desmatada no Amazonas (Foto: Divulgação/Ibama)
Proprietários terão que reflorestar área desmatada e não podem usar para agricultura e pecuária (Foto: Divulgação/Ibama)
Do ATUAL

MANAUS – A Justiça Federal determinou a imediata proibição de plantação, comércio de produtos agrícolas, madeiras ou atividades pastoris em duas áreas desmatadas nos estados de Rondônia e Amazonas. Os órgãos ambientais e de controle agropecuário locais foram informados para garantir o cumprimento da decisão. 

A proibição é resultado do julgamento de duas ações públicas ajuizadas em conjunto pelo MPF (Ministério Público Federal) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para responsabilizar proprietários de terras que desmataram ilegalmente 86 hectares de áreas no município de Candeias do Jamari, em Rondônia, e de 64 hectares no município de Apuí, no Amazonas.

 A comprovação da titularidade das terras foi possível por meio do cruzamento de coordenadas geográficas com o CAR (Cadastro Ambiental Rural). A metodologia utilizada no âmbito do projeto Amazônia Protege utiliza imagens de satélite e informações públicas para identificar áreas desmatadas no bioma.

Além de estarem proibidos de usar as áreas, os responsáveis deverão elaborar projeto de reflorestamento para recuperar os locais no prazo de 90 dias, além de pagarem indenização por danos materiais e morais.

Reparação

No caso da área desmatada em Rondônia, o juízo determinou o pagamento de R$ 923 mil por danos materiais e R$ 46 mil por danos morais coletivos. Já no caso da área no Amazonas, as indenizações foram fixadas em R$ 687 mil e R$ 34 mil, respectivamente. Os réus também estão proibidos de realizar financiamentos bancários, além de terem os patrimônios bloqueados em valor suficiente para o pagamento das reparações.

A Justiça definiu ainda que o projeto de reflorestamento das áreas desmatadas deve ser elaborado por profissional habilitado e apresentado ao Ibama ou ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) para aprovação em 90 dias. Todas as etapas do cronograma devem ser concluídas no prazo de um ano, sob acompanhamento do MPF.

Amazônia Protege

Idealizado pelo MPF, o projeto Amazônia Protege visa a combater o desmatamento ilegal na Floresta Amazônica brasileira. Com uma nova metodologia de trabalho, que utiliza imagens de satélite e cruzamento de dados públicos, o MPF instaura ações civis públicas contra os responsáveis pelos desmatamentos ilegais com mais de 60 hectares registrados pelo Proedes/Inpe (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal).

As áreas-alvo das ações estão marcadas em mapa interativo conforme as coordenadas geográficas e disponíveis para consulta pública. O projeto conta com a parceria do Ibama, do ICMBio e da UFLA (Universidade Federal de Lavras).



Notícias relacionadas

Empresa que patrocina Amazonas FC está fora da lista de bets do governo

Programas buscam atualizar ensino e incentivar autoestima de alunos

Governo divulga lista de 192 bets autorizadas a funcionar no país

Preso chama juiz de ‘cachorro’ em audiência e o manda vestir fralda

Brasil : Eleitor deve cobrar políticas públicas para tratamento do lixo
Enviado por alexandre em 01/10/2024 17:50:37

Prefeito tem 60 dias para substituir lixão por aterro sanitário em Tapauá (Foto: MP-AM/Divulgação)
Lixão a céu aberto: desafio para prefeitos (Foto: MP-AM/Divulgação)
Atual selo eleições 2024
Por Fabíola Sinimbú, da Agência Brasil

BRASÍLIA – Em 2023, 40% dos resíduos e 15% dos rejeitos gerados no Brasil não foram reaproveitados ou reciclados, segundo o Sistema Nacional de Informações em Saneamento do Ministério das Cidades. Melhorar a gestão desse material é um dos desafios para os 5.569 prefeitos que assumirão a gestão dos municípios brasileiros pelos próximos quatro anos.

Para o pesquisador Gesmar Santos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que desenvolve estudo sobre governança, investimentos e instrumentos das políticas relacionadas aos resíduos sólidos, ao analisar a proposta dos candidatos, o eleitor deve estar atento à forma como o saneamento é tratado como um todo. A partir daí, deve observar se a questão dos resíduos gerados no município é integrada às propostas apresentadas.

“O candidato a prefeito tem que lembrar que ele tem mecanismo de busca de recursos para aprimorar a gestão e tem obrigações como a de gerenciar os resíduos sólidos, de fazer a coleta seletiva, fazer a inclusão de catadores e buscar financiamento para os projetos.”

Relatório

De acordo com o relatório Panorama Global do Manejo de Resíduos 2024 (Global Waste Management Outlook 2024 em inglês) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), no mundo, o resíduo sólido produzido por 2,7 bilhões de pessoas nem sequer é coletado por um serviço de limpeza urbana.

A falta de controle sobre esse material faz com que ele seja depositado em ecossistemas terrestres, aquáticos e na atmosfera na forma de poluentes, que impactam a saúde humana e o planeta por gerações, contribuindo para três crises globais: mudança climática: perda de biodiversidade e poluição.

No Brasil, embora o Panorama 2023 da Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente) aponte que o serviço de limpeza urbana alcança 93% da população, o destino final do material coletado ainda é um desafio a ser superado por gestores municipais.

agua
Lixo às margens de rio em Manaus: poluição e risco de proliferação de doenças (Foto: Valter Calheiros)

Ainda existem aproximadamente 3 mil lixões no Brasil. É a estimativa que temos entre aterro inadequado, depósito a céu aberto, valas e tudo mais o que consideramos lixões”, alerta Pedro Maranhão, presidente da instituição que reúne 200 empresas da cadeia de manejo de resíduos sólidos do país.

A Abrema tem trabalhado com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima no apoio às prefeituras para a geração de dados e a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que, entre outras medidas, prevê a adequação dos locais para a disposição final de rejeitos, ou seja, a substituição de ‘lixões’, por aterros sanitários adequados para receberem os materiais que não podem ser reintroduzidos em um ciclo econômico.

Economia

O presidente da Abrema explica que, do ponto de vista econômico, quando um município não planeja e executa um ciclo adequado para o resíduo sólido, ele efetivamente está desperdiçando recursos.

“Nós estamos perdendo o equivalente a centenas de barris de petróleo, mas de um petróleo que é de energia renovável. Com essa nova lei que foi aprovada no Congresso, do combustível do futuro, que prevê a substituição do gás fóssil por biometano, para descarbonizar a economia, os aterros sanitários podem virar verdadeiras reservas de energia renovável”, diz.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – Resíduos Sólidos (SNIS-RS 2022), do Ministério das Cidades, dos 5.060 municípios pesquisados, 2.585 municípios informaram já terem elaborado o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). O documento é a primeira etapa no planejamento para a adequação dos aterros sanitários, mas também apresenta um diagnóstico dos resíduos gerados, além das estratégias de correção e prevenção de todo o sistema da coleta à destinação final.

O Panorama da Abrema indica que o país gerou 77,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, em 2022. São mais de 211 mil toneladas por dia, chegando a 380 quilos por habitante ao ano. Enquanto o Sudeste é responsável por 49,4%, a Região Norte foi responsável pelo menor percentual, gerando apenas 7,3 do total de resíduos produzidos no país.

Grande parte desse material tem alto potencial de reinserção no sistema econômico do país, seja por meio da logística reversa, com o recolhimento de bens obsoletos para reaproveitamento pela própria indústria produtora, ou ainda pela coleta seletiva, separação e uso desses recursos como matéria-prima.

Antes mesmo do rejeito chegar aos aterros, os resíduos resultantes das atividades domiciliar, de limpeza urbana, industrial, dos serviços de saúde, da construção civil, agrossilvopastoris, de serviços de transportes e da mineração podem gerar riqueza. “É uma engrenagem, que pode gerar renda e gerar emprego. É separação, é biometano, é biogás, é CDR [combustível derivado de resíduo], é reciclagem, e a economia começa a se mover, a cadeia produtiva começa a se mover e gerar renda para o próprio município”, destaca Maranhão.

Destino do lixo em Manaus será debatido pela internet (Foto: Três Comunicação/Divulgação)
Coleta seletiva: tratamento de material reciclável gera renda (Foto: Três Comunicação/Divulgação)

Segundo Santos, o Brasil já tem exemplos de resíduos que alcançaram bons índices de destinação adequada. “A latinha de alumínio chegou a mais de 95% de reciclagem, pneus, eletroeletrônicos, embalagens de pesticidas, vidro, papel, papelão. Esses materiais que são mais facilmente inseridos na cadeia produtiva e recuperados, têm um valor econômico e é um fator positivo”, diz

Educação

Para que todo esse sistema funcione, Santos considera necessário envolver todas as esferas de governo, a iniciativa privada e também garantir o envolvimento da sociedade civil organizada. “A participação social necessita de ter conselhos dentro do município, de ter espaços para ter diálogo com a prefeitura, com a secretaria, para que a população faça denúncias, participe de campanhas educativas em que ela cobre também dos órgãos a prestação de serviços com qualidade.”

Outro ponto de destaque que o pesquisador acredita ser necessário estar na proposta dos candidatos à prefeitura é a educação ambiental, a partir de reunião de esforços da União, estados e municípios.

“A campanha de educação ambiental dos municípios deve ser em parceria com o Ministério do Meio Ambiente [e Mudança do Clima], governo do estado, com a Secretaria de Meio Ambiente do estado, no sentido de fazer com que a destinação dos resíduos seja adequada, que a coleta seja adequada, que os resíduos não sejam jogadas em túneis na cidade, em bueiros, em locais impróprios, nos rios principalmente”, diz.

Saúde

Santos destaca que quando a gestão municipal não tem essa visão global do sistema de saneamento, o resíduo sólido acaba impactando o sistema de saúde e aumentando as despesas do município, além de trazer riscos à população. “Quando esse sistema funciona de forma inadequada, vai gerar contaminação e prejuízos para a saúde. A chuva mistura água, esgoto e resíduos sólidos e afeta diretamente a saúde das pessoas”.

De acordo com o relatório do PNUMA, a estimativa é que de 400 mil a 1 milhão de pessoas no sul global morrem todos os anos por doenças relacionadas com resíduos mal geridos que incluem diarreia, malária, doenças cardíacas e câncer.

Propostas

Para Maranhão, os eleitores precisam estar atentos principalmente nas cidades onde os lixões persistem, em especial aquelas em que esses espaços ocupam áreas sensíveis, com regiões litorâneas, nascentes e leitos de rios.

“Eu costumo dizer que é um passo de cada vez e nós temos 20 degraus. O primeiro degrau é o prefeito deixar de jogar no lixão. O segundo passo, vamos estabelecer coleta seletiva, se tem catador, vamos resolver o problema dos catadores, da cooperativa, vamos fazer um galpão de separação. Então, vamos dar uma viabilidade econômica para os catadores também ter o seu sustento. Mas o primeiro degrau é dizer, prefeito, não jogue lá”, conclui.



« 1 ... 59 60 61 (62) 63 64 65 ... 1126 »
Publicidade Notícia