Seus discursos parlamentares, seus sermões, suas cartas pastorais e outros escritos firmaram-lhe a reputação de sábio, assim no Brasil como na Europa. Por Redação
Romualdo Antônio de Seixas nasceu em Cametá/PA, em 1 de novembro de 1787, seus pais Francisco Justiniano de Seixas e dona Ângela de Souza Bittencourt, sobrinho de Dom Romualdo de Souza Coelho, oitavo Bispo do Estado do Pará.
Fez seus primeiros estudos no seminário de Belém sob os auspícios de seu tio, o Padre Romualdo de Souza Coelho que mais tarde viria a ser bispo do Pará e que também nascera na mesma cidade de Cametá. Estudou algum tempo no seminário em Lisboa, onde seu talento foi sobre modo apreciado.
Voltando para o Pará, lecionou no Seminário Latim, Retórica, Filosofia e Francês. Posteriormente, tornou-se deputado na Assembleia Geral Legislativo. Como deputado, apesar de ter nascido no Pará, foi defensor incansável na Campanha em prol da criação da província do Amazonas e seus discursos a esse respeito constam dos Anais do Parlamento Nacional, assunto sobre o qual se refere o historiador Arthur César Ferreira Reis, em sua obra História do Amazonas, afirmando que foi a primeira voz a se erguer em favor da criação da Província do Amazonas. Rua Marquês de Santa Cruz em Manaus (AM), 1953. Autoria: Tibor Jablonsky; Lúcio de Castro Soares. Soares. Série: Acervo dos trabalhos geográficos de campo. Foto: Reprodução/Biblioteca IBGE
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, o Bispo do Pará Dom Manuel enviou o padre Manuel Evaristo de Brito Mendes e o Diácono Romualdo Antônio de Seixas para levar os cumprimentos ao Rei Dom João VI, em nome do Clero Paraense. Manuel e Romualdo voltaram a Belém com a nomeação de Cônegos da Sé Paraense e Cavaleiros da Real Ordem de Cristo.
Romualdo Antônio de Seixas foi ordenado presbítero em Belém, no dia 1 de novembro de 1810, por Dom Manuel de Almeida de Carvalho, em seguida, nomeado pároco de Cametá e posteriormente Vigário Capitular. O cônego Romualdo Antônio de Seixas presidiu a junta governativa da Província do Grão-Pará e Rio Negro entre 1821 a 1823. Recebeu de Dom Pedro I o Título de Pregador da Capela Imperial e a Grande Dignatária da Imperial Ordem da Rosa e de Dom Pedro I, por ocasião de sua coroação, em 18 de julho de 1841, a Grã-cruz da Imperial Ordem de Cristo.
Ainda no reinado de Dom Pedro I foi nomeado Arcebispo da Bahia, no dia 26 de outubro de 1826 e confirmado pelo Papa Leão XII, no dia 20 de maio de 1827.
Dom Romualdo Antônio de Seixas foi sagrado na Capela Imperial do Rio de Janeiro por Dom José Caetano da Silva Coutinho, estando presente o imperador e toda sua corte, em 1841, como único arcebispo do Brasil à época. A Província Eclesiástica de São Salvador da Bahia abrangia todo território brasileiro e todas as demais dioceses, inclusive, a do Rio de Janeiro que eram sufragâneas da Arquidiocese Metropolitana de Salvador. Presidiu a solenidade de sagração Dom Pedro II, Imperador do Brasil e dele recebeu a Grã-cruz da Imperial Ordem de Cristo. Recebeu o título de Conde de Santa Cruz, por Decreto Imperial de 2 de dezembro de 1858. Em 14 de março de 1860, foi nomeado Marques de Santa Cruz.
Dom Romualdo Antônio de Seixas pertenceu ao grupo de bispos ultramanos ou reformadores como Dom Antônio Ferreira Viçoso, de Mariana, Dom Antônio Joaquim de Melo, de São Paulo, Dom Antônio Macedo Costa, do Pará e Dom Vital de Oliveira, de Pernambuco.
Foi sócio da Academia de Monique, do Instituto da África em Paris, do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, da Sociedade Real dos Antiquários do Norte e outras sociedades de ciências e letras. Correspondeu-se com Carl Frederich Philipp von Martius e Johann Baptist von Spix após manter contato pessoal quando da viagem destes à Amazônia. Ao regressarem a Europa, os naturalistas lhe enviaram de lá o diploma de sócio da Real Academia de Ciências de Monique.
Em Cametá, há uma escola com seu nome – Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas – a qual é a mais antiga da cidade. Em uma das ruas do Bairro de Cambuci, em São Paulo, tem o nome Rua Dom Romualdo de Seixas. Assim como em Belém do Pará, no Bairro de Umarizal.
Seus discursos parlamentares, seus sermões, suas cartas pastorais e outros escritos firmaram-lhe a reputação de sábio, assim no Brasil como na Europa.
No dia 25 de fevereiro de 1858, escreveu seu belo e comovente testamento o qual fez executores ou testamenteiros Raimundo Barroso de Souza, seu primo, Cônego José Joaquim da Fonseca Lima, cunhado, e Cônego José de Souza Lima. Marquez de Santa Cruz, Arcebispo da Bahia, primaz do Imperio do Brasil. Litografia em preto e branco. Galeria dos Brasileiros Ilustres, de Sébastien Auguste, Sisson, 1861. Imagem: Abrahim Baze/Acervo
Dom Romualdo Antônio de Seixas muito sofreu da parte de inimigos gratuitos que lhe invejavam o talento e a fama. Estes não o pouparam espalhando no Reino as mais repelentes calúnias. O prelado, entretanto, nobre e magnânimo a todos perdoou, incluindo em seu testamento esta declaração impressionante:
“… Perdôo de todo meu coração todas as calúnias, de que tenho sido objeto, sem exceção das que com inaudita injustiça se fez correr por todo o Império, de que eu tinha alcançado por meios simoníacos o arcebispado da Bahia. Reconheço-me como o mais miserável dos pecadores, mas, tomo por testemunha a Deus que me há de julgar, que não sou culpado de tão abominável delito. Nunca dei nenhum passo ou apliquei meio algum ainda indireto para conseguir esta alta dignidade, que certamente não merecia, nem jamais me tinha vindo a lembranças, pelo contrário tentei logo pedir escusa e, se o não o fiz foi movido pelosa conselhos de um sábio e respeitável prelado, mas quando chegou a Bula da confirmação, tendo já transpirado a referida atrocíssima calunia, resolvi-me então, ir pedir a Sua Majestade Imperador, que me dispensa-se de semelhante cargo, pois que ainda era tempo, mas ele não se dignou atender-me”.
Antologia Nacional de Werneck
Dom Romualdo Antônio de Seixas é Patrono da Poltrona n. 46 do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Chorado pelo seu rebanho, faleceu no dia 29 de dezembro de 1860, em Salvador, aos 73 anos.
Fontes: BAENA, Antônio Ladislau Monteiro (1782-1850). Compendio das eras da Província do Pará, Belém: Universidade Federal do Pará, 1969. BLACK, Augusto Victorio Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 1883-1902. COUTINHO, Afrânio; SOUZA, J. Galante de (dir.). Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. Ed. Ver. Ampl, atual. e Il. Sob a coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional e Academia Brasileira de Letras, 2001. Guia Histórico e catálogo da Arquidiocese de Belém, 1982. RAMOS, Alberto Gaudêncio. Cronologia eclesiástica do Pará. Belém: Falângola, 1985. SILVA, Cândido da Costa e; AZZI, Riolando. Dois estudos sobre D. Romualdo Antônio de Seixas Arcebispo da Bahia. Salvador: CEB, UFBA, 1981. (Centro de Estudos Baianos).
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
Estudo inédito mostra que mais da metade da região das Matas de Rondônia é formada por florestas devido, principalmente, à contribuição das reservas indígenas
Estudo inédito realizado pela Embrapa comprova a sustentabilidade da cafeicultura das Matas de Rondônia. Por meio do uso da geotecnologia e com o apoio de imagens de satélite, o trabalho registrou desmatamento zero em sete dos 15 municípios da região, entre os anos de 2020 e de 2023. Em toda a região, foram encontrados traços de retiradas de áreas florestais em menos de 1% da área total ocupada pela cafeicultura. O trabalho também demonstra que mais da metade dos territórios dos 15 municípios somados é coberto por florestas, o que totaliza 2,2 milhões de hectares com vegetação nativa. Leia o trabalho na íntegra aqui. As plantações de café e as áreas florestais da região foram identificadas em um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Líder do trabalho, o pesquisador da Embrapa Territorial Carlos Ronquim explica que a equipe cruzou dados de fontes oficiais e utilizou imagens de satélite de alta resolução espacial como apoio para definir em polígonos como áreas agropecuárias e como florestas. “Então, comparamos os cenários de 2020 e de 2023 para observar avanços dos cafezais sobre áreas de floresta. É um trabalho inédito e muito aguardado pelos produtores locais”, conta o pesquisador. Acesse os mapas gerados aqui .
Foto: Fernando Wagner Malavazi
As Matas de Rondônia são responsáveis por mais da metade da produção de café de Rondônia. A produção regional está crescendo e buscando ampliar o mercado para o seu produto, um café especial. A região é o berço do “robusta amazônico”, a primeira variedade a receber selo de Indicação Geográfica de cafés canéforas sustentáveis no mundo. A bebida gerada pelo grão amazônico vem ganhando destaque em feiras e concursos nacionais e internacionais como uma das mais exóticas e interessantes do ponto de vista sensorial. Amazônia aumenta pressão mundial pela sustentabilidade
Segundo os Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon), além do mercado brasileiro, o robusta amazônico é comercializado com países da América do Sul, Ásia e Europa. As negociações comerciais não são simples. Para expandir o mercado de compradores, os produtos agrícolas da Amazônia enfrentam pressão maior para comprovar a sustentabilidade do processo, como afirma Juan Travain, produtor rural e presidente da Caferon. “Sabíamos que uma cafeicultura da região era sustentável, mas não tínhamos essa comprovação com base na ciência. E o estudo demonstra isso. Esses dados precisam ganhar o mundo. Queremos divulgá-los em eventos de grande repercussão nacional e internacional”, informa.
O estudo também aponta fatores que podem ajudar a cadeia local a atender à demanda de novos mercados, sem iniciar as áreas de floresta. A cafeicultura da região vem aumentando a produtividade pela aplicação de tecnologias, e pode ainda ocupar as vastas áreas de pastagens, que representam 1,9 milhão de hectares, tamanho um pouco menor que metade de toda a área da região.
“Trabalharemos para ocupar essas áreas novamente, mas de uma maneira com mais sustentabilidade e pujança, por termos mais tecnologias. A Amazônia será um celeiro de café para o mundo, de maneira mais sustentável, obedecendo a todas as normas”,
ressalta Travain.
Equipe formada por representantes da Embrapa, Senar e da Caferon, conversou com um produtor indígena de café, em Cacoal, RO (abril/2024) – Foto: Arquivo Pessoal/Carlos Ronquim
Além da conservação ambiental por parte dos produtores, o estudo destaca a contribuição das reservas indígenas, que preservam e conservam grandes “blocos” de florestas nativas primárias num total de 1,2 milhão de hectares. Somadas, essas áreas de vegetação nativa chegam a 56% de todo o território das Matas de Rondônia, ou 2,2 milhões de hectares (ha). Desafio para identificar plantações de café
Identificar as plantações de café não foi tarefa fácil. Mesmo com o apoio de imagens de satélite de alta resolução espacial, não foi possível automatizar o reconhecimento dos cafeeiros, pois a maior concentração de pés encontra-se dentro de pequenas propriedades rurais, sendo confundidas com outras culturas, ou até mesmo com bordas de floresta .
Dos 37 mil imóveis rurais da região das Matas de Rondônia, declarados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), menos de 9 mil se dedicam à cafeicultura, e, destes, 95% são pequenas propriedades familiares, com 3,5 ha cultivados com café, em mídia.
Ronquim qualifica o trabalho como árduo, exigindo o envolvimento de muitos técnicos, entre pesquisadores, analistas e bolsistas.
No vídeo abaixo, ele conta como a equipe venceu os desafios para identificar os cafeeiros dentro das pequenas propriedades rurais espalhadas pelo vasto território das Matas de Rondônia. Política Pública
pesquisador da Embrapa Rondônia (SP) Enrique Alves , coautor do trabalho, relata que a cadeia local articulada com o governo do estado o lançamento de um programa de desmatamento zero vinculado à cafeicultura. Essa proposta de política pública pode ser considerada um dos primeiros resultados práticos do projeto. Ela toma por base a Lei nº 5.722/2024 , que tornou a qualidade sustentável e a valorização do robusta amazônico um patrimônio cultural e imaterial do estado de Rondônia.
“Queremos um programa não só para mitigar qualquer problema ambiental que tenha na cafeicultura, mas também para prevenir qualquer desmatamento”, reforça Alves. A proposta será apresentada às autoridades estaduais e representantes da cadeia de café entre os dias 9 e 10 de maio, em um evento em Cacoal (RO). Projeto
Plantação de café na Reserva Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO. (abril/2024) – Foto: Arquivo Pessoal/Carlos Ronquim
O mapeamento do uso e ocupação da cafeicultura rondoniense integra as atividades do projeto CarbCafé Rondônia, liderado pela Embrapa Territorial, em parceria com a Embrapa Rondônia, a Caferon e o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil, divisão de Rondônia (Sicoob-RO). A pesquisa também se propõe a levantar o carbono estocado no solo e nas plantações de café e a elaborar um inventário de carbono do cultivo do grão na região em um segundo momento.
Parlamentar aborda polarização política e suas consequências para o Brasil
Por Rondoniadinamica
Porto Velho, RO – O senador de Rondônia, Confúcio Moura, do MDB, publicou recentemente um texto abordando a complexidade da política e os diferentes posicionamentos políticos no Brasil. Moura destaca a polarização crescente no país e discute as características e prioridades das diferentes vertentes políticas, com especial ênfase no lado humanitário da esquerda e nas preocupações da extrema-direita.
Em seu texto, Moura observa que a política pode ser difícil de entender devido às diversas posições que as pessoas adotam dentro do espectro político. Ele menciona que a maioria dos indivíduos pode ser considerada de centro, movendo-se entre a direita e a esquerda com base no bom senso. "Esse pessoal de centro pode ser de direita e de esquerda. São pessoas que fazem a mediação", afirma.
O senador também descreve as bandeiras típicas da direita, como a oposição à imigração e ao aborto, e a defesa da propriedade privada. Por outro lado, ele enfatiza que a esquerda se preocupa mais com questões humanitárias, como saúde e educação. "A esquerda é de uma abrangência mais de atendimento humanitário às pessoas", escreve Moura, destacando que a extrema-direita não prioriza tanto esses aspectos.
Moura critica a longa polarização no Brasil, que ele acredita trazer problemas ao país. Ele expressa preocupação com a divisão permanente de ideias, onde cada lado se vê como o único correto. "Fica como se fosse uma briga permanente de ideias. 'Nós contra eles'. Nós somos os certos, eles são os errados", diz Moura, acrescentando que essa divisão não leva a lugar algum.
O senador lamenta a falta de novas lideranças políticas no Brasil, mencionando a polarização centrada em figuras como Lula e Bolsonaro. "Parece que não existe mais ninguém no Brasil que tenha capacidade de ser presidente, só é Lula ou Bolsonaro", comenta, questionando a capacidade de outros políticos em assumir a presidência.
Confúcio Moura conclui alertando para as consequências de uma polarização prolongada, que ele acredita prejudicar áreas essenciais como educação, saúde e segurança pública. "Eu acho que a polarização demorada vai afundar mais o Brasil, que fica polarizando e se esquecendo de cuidar da educação, da saúde", finaliza, apontando a necessidade de focar no desenvolvimento sustentável do país.
Uma disputa entre Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Jair Bolsonaro resultou em uma “lei do silêncio” para bolsonaristas e filiados do partido sobre apoio a candidatos de outras legendas.
O conflito é especialmente acirrado em São Paulo, onde Bolsonaro tem mostrado apoio a candidatos que não são alinhados à cúpula do PL, conforme informações do Globo.
Valdemar Costa Neto publicou uma resolução proibindo os membros do partido de apoiar candidatos de fora do PL em cidades onde a sigla tem candidatos nas eleições municipais. O documento também prevê a abertura de processos ético-disciplinares contra aqueles que desrespeitarem essa diretriz.
Guarulhos é um exemplo desse conflito, sendo o segundo maior colégio eleitoral de São Paulo. Valdemar apoia o vereador Lucas Sanches (PL) para a prefeitura. Bolsonaro, porém, gravou um vídeo de apoio ao deputado Jorge Xerife do Consumidor (Republicanos), líder do governo Tarcísio na Assembleia Legislativa.
Em Ilhabela, Valdemar defende a reeleição do prefeito Toninho Colucci (PL), enquanto Bolsonaro apoia a vereadora Diana Matarazzo (Podemos). Já em São Sebastião, no litoral norte, não há consenso sobre Reinaldinho Moreira, atual vice-prefeito apoiado por Valdemar a pedido de Tarcísio. O ex-chefe do Executivo segue apoiando Wagner Teixeira (União).
Vale destacar que as diretrizes impostas pelo ex-capitão já tiveram repercussões no PL do Rio de Janeiro. O presidente do partido em Angra dos Reis, Valmir Servolo, solicitou ao conselho de ética a expulsão da deputada federal Soraya Santos e da deputada estadual Célia Jordão.
Ambas participaram do lançamento da pré-candidatura de Claudio Ferretti (MDB), escolhido pelo prefeito Fernando Jordão (PL) para sua sucessão. Jordão é marido de Célia, e Soraya tem Angra como sua base eleitoral.
O pré-candidato do PL em Angra dos Reis é o empresário Renato Araújo, amigo de Bolsonaro, que auxiliou na reforma da casa de praia do ex-presidente na Vila Histórica de Mambucaba, em Angra.
Tarcísio
Em meio ao racha interno no PL, aumentou a pressão para que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se filie ao partido. No entanto, aliados do ex-ministro de Bolsonaro afirmam que isso não deve acontecer antes das eleições municipais.
Eles consideram a recente declaração de Valdemar Costa Neto sobre o assunto como uma “estratégia política”. Valdemar afirmou ao Estadão no ultimo domingo (19) que Tarcísio lhe comunicou sua decisão de deixar o Republicanos e se filiar ao PL até julho. Contudo, o entorno do governador diz que essa conversa é antiga e não reflete um plano imediato.
Aliados do ex-presidente consideram que a decisão de Valdemar de contrariar Bolsonaro e seguir com a ação contra Moro no TSE será vista como um “erro” se a corte absolver o senador, cenário que hoje parece o mais provável.
Para a ala bolsonarista do partido, Valdemar entrou em rota de colisão com parte da base do PL que apoia Moro, ao se unir com o PT para tentar cassar o senador.
O ex-mandatário chegou a pedir a Valdemar que não recorresse da decisão de primeira instância que absolveu Moro, mas Valdemar alegou que o contrato com os advogados o obrigava a continuar com o processo. Aliados de Bolsonaro avaliam que Valdemar tentou fazer um gesto à ala do Judiciário que é desafeta de Moro.
De "rasteira" em "rasteira" os políticos de Rondônia acabarão sem pernas
Por Rondoniadinamica
Porto Velho, RO – No complexo xadrez político de Rondônia, Jaime Bagattoli, senador pelo Partido Liberal (PL), parece desafiar não apenas as expectativas mas também as diretrizes explícitas de sua própria legenda. Em um movimento surpreendente, Bagattoli manifestou apoio público a Valdir Vargas, pré-candidato do Progressistas (PP) à prefeitura de Porto Velho, distanciando-se assim das orientações partidárias e de figuras de liderança como o ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso ganhou destaque quando Bagattoli declarou no Instagram: "Hoje (18) tive a satisfação de prestigiar o lançamento oficial do nosso pré-candidato Valdir Vargas à Prefeitura de Porto Velho (RO)."
Bagattoli ignorou completmaente a pré-candidatura do colega Coronel Chrisóstomo (PL) / Reprodução
Essa ação contradiz diretamente um comunicado do PL, assinado por Valdemar Costa Neto, que estabelece claramente: "Conforme prevê o Estatuto do Partido Liberal, em seu artigo 48, § 10, inciso III, estará sujeito à instauração de processo ético disciplinar, detentor de mandato eletivo que apoiar, clara ou veladamente, candidato de outro partido, em eleição que o Partido Liberal tenha candidatos." Neste caso, o PL já havia posicionado o Coronel Chrisóstomo como seu pré-candidato à mesma prefeitura.
Valdemar Costa Neto avisou: quem apoiar candidato que não seja do PL pode ser dar mal / Reprodução
Esta não é a primeira vez que Bagattoli encontra-se em rota de colisão com a liderança de sua legenda. Anteriormente, Marcos Rogério, com o apoio de Costa Neto, assumiu o controle do PL em Rondônia, uma posição que Bagattoli alegou não ter tido força para disputar. Paralelamente, Ivo Cassol, figura central no PP e ex-governador de Rondônia, também é conhecido por suas manobras audaciosas, como quando suplantou sua própria irmã e o cunhado da Secretaria de Agricultura de Rondônia (Seagri/RO), consolidando seu poder no PP com o apoio de Ciro Nogueira.
A trajetória de Bagattoli reflete uma série de disputas internas e reconfigurações de poder que são emblemáticas da política regional.
Por tratar-se de período ainda de pré-campanha, não é possível afirmar que Bagattoli esteja incorrendo em qualquer irregularidade dentro dos ditames da própria legenda. Entretanto, pelo "carinho" e "amor" demonstrados pelo potencial postulante do PP em suas redes sociais, além do afeto demonstrado por Cassol, é possível dizer, sem sombra de dúvidas, que a intenção é, sim, trair. Assim, Bagattoli parece estar dando de "volta" a "rasteira" que o PL de Bolsonaro, com Valdemar Costa Neto e Marcos Rogério, lhe aplicaram ao tirar as rédeas estaduais da legenda de suas mãos.
Em suma, as "rasteiras" políticas não são incomuns e servem como lembretes amargos das dinâmicas voláteis que caracterizam a política brasileira. Neste jogo, alianças são frequentemente descartadas em favor de novas oportunidades e estratégias que prometem maior controle e influência.
De rasteira em rasteira, a política de Rondônia mostra que os atores que se deixam enganar ou que subestimam seus adversários podem, inevitavelmente, encontrar-se cambaleantes e sem suporte. Na arena política, como na vida, aqueles que não aprendem a manter o equilíbrio podem acabar sem “pernas” para se sustentar.