BR-319 é considerada vetor de desmatamento na região da AMACRO. Foto: Fábio Bispo/InfoAmazonia
A AMACRO, região que abrange 45 milhões de hectares na tríplice fronteira entre o Amazonas, Acre e Rondônia e ocupa 10% do bioma amazônico, avança rapidamente para ter mais área de agropecuária do que de floresta.
Uma análise exclusiva da InfoAmazonia, com base nos dados da rede MapBiomas, aponta que em 20 anos, de 2003 a 2022, a área destinada ao agronegócio na AMACRO mais que dobrou de tamanho e chegou a 7,2 milhões de hectares, um território maior do que o da Irlanda. Atualmente, em 13 dos 32 municípios que compõem a região, a agropecuária já ocupa uma área maior do que a floresta.
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O projeto começou a ser discutido em 2018 e foi lançado durante o governo de Jair Bolsonaro para incentivar o agronegócio na região. Na prática, se tornou um dos principais motores do desmatamento no bioma Amazônia.
Ao todo, a região reúne 32 municípios. Em 2022, representou, sozinha, mais de 34% de todo o desmatamento da Amazônia brasileira.
A abertura de áreas para a agropecuária cresceu em média 5,61% por ano de 2018 a 2022, mais que o dobro da média para o bioma no Brasil.
Por dia, foram 4,2 mil hectares para novas pastagens e lavouras, que atingiram 7,2 milhões de hectares em 2022 – uma área maior do que a Irlanda.
Em 13 dos 32 municípios que formam a AMACRO, a agropecuária já ocupa mais áreas do que as florestas. São eles: Buritis. Plácido de Castro, Senador Guiomard, Monte Negro, Acrelândia, Alto Paraíso, Ariquemes, Campo Novo de Rondônia, Cujubim, Capixaba, Epitaciolândia, Rio Crespo e Porto Acre.
Nos próximos anos, pelo menos outros nove municípios devem ter o mesmo destino, incluindo as capitais Porto Velho, de Rondônia, que deve atingir 1,7 milhões de hectares em 2037, e Rio Branco, no Acre, onde as áreas de agropecuária devem cobrir mais da metade do município em 2041, segundo análise da InfoAmazonia.
Além dessas duas capitais, os seguintes municípios são os que estão mais perto de ter mais pasto do que floresta nos próximos anos: Nova Mamoré, Bujari, Machadinho D’Oeste, Lábrea, Candeias do Jamari, Xapuri e Itapuã do Oeste.
Entre os 32 municípios que formam a AMACRO, há um corredor ecológico vital formado por 49 terras indígenas e 86 unidades de conservação, que representam a última linha de defesa para a biodiversidade e os povos tradicionais da floresta.
A agropecuária, especialmente sua expansão entre 2018 e 2022, cercou muitas das terras indígenas e unidades de conservação na AMACRO, que agora estão diretamente ameaçadas pelo ritmo crescente dessas áreas sobre os territórios.
A Terra Indígena Karipuna, localizada entre os municípios de Porto Velho e Nova Mamoré, é um exemplo emblemático dessa pressão da agropecuária. Cercada por fazendas de gado, a comunidade Karipuna tem visto suas áreas tradicionais de subsistência serem destruídas para dar lugar ao pasto.
A data-chave, segundo a análise da InfoAmazonia (leia mais sobre a metodologia aqui), é 2067: ano em que a AMACRO como um todo, terá mais área de agropecuária do que floresta. Essas previsões foram feitas a partir de um modelo estatístico que analisa a variação da área de floresta e agropecuária ao longo dos anos.
A expansão da pastagem e da agricultura cresce duas vezes mais rápido nessa região do que no restante da Amazônia brasileira: enquanto em outras partes do bioma a abertura de novas áreas de agropecuária cresceu, em média, 2,63% ao ano, na AMACRO, esse crescimento anual foi de 5,61% entre 2018 e 2022.
Assim, o projeto da AMACRO, lançado no governo de Jair Bolsonaro como um polo de produção agropecuária para promover o “desenvolvimento sustentável”, torna-se, segundo o climatologista Carlos Nobre, um dos motores que podem levar a Amazônia ao ponto de não retorno — limite crítico para a sobrevivência da Amazônia como a conhecemos. Ao atingir este ponto, os rios, as florestas e os animais não terão mais as mesmas funções e condições de adaptação, perdendo a capacidade de regeneração e de manutenção dos serviços ecossistêmicos essenciais para o clima global.
“Ali [na AMACRO], se nada for feito, até 2050 a Amazônia passa do ponto de não retorno e perde sua capacidade de regeneração natural. Não existe mais nenhuma justificativa para mais desmatamento. Essa é a região mais crítica para a floresta, junto com o norte do Mato Grosso e o centro-sul do Pará, onde mais de 90% do desmatamento ocorre para abertura de pastagens e lavouras”, observou Nobre.
O climatologista explica que a Amazônia já perdeu 13% de sua cobertura florestal ao longo de mais de 50 anos de intensa exploração. Nas últimas décadas, segundo ele, a destruição atingiu níveis industriais. “Quando a perda de floresta chegar entre 20% e 25%, a Amazônia vai atingir o ponto de não retorno. Com o avanço do desmatamento nesta região [AMACRO], este risco é altíssimo”.
“Se nada for feito, até 2050 a Amazônia passa do ponto de não retorno e perde sua capacidade de regeneração natural. Não existe mais nenhuma justificativa para mais desmatamento”. – Carlos Nobre, climatologista
As mudanças climáticas estão intensificando fenômenos naturais e impactando não apenas as populações urbanas, mas também as comunidades rurais, com especial ênfase nas populações indígenas, quilombolas e agricultores familiares. É crucial reconhecer a vulnerabilidade desses grupos diante das alterações climáticas extremas.
Eventos como furacões, secas prolongadas e incêndios florestais, que fazem parte do que chamamos de emergência climática, estão se tornando uma realidade crescente em vários países. Esses eventos afetam de forma desproporcional as comunidades mais vulneráveis, frequentemente, as que menos contribuíram para a crise climática.
Em 2023, a seca prolongada trouxe uma série de dificuldades para as comunidades na Amazônia, afetando o manejo de recursos naturais como a coleta de castanhas e a produção de frutas, além de comprometer a pesca, causar perdas na produção agrícola e dificultar a locomoção.
Para 2024, espera-se uma estiagem ainda mais severa do que a do ano anterior, o que intensifica as preocupações com os impactos futuros. Esses impactos prometem ser significativos tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico, impondo desafios adicionais às cadeias produtivas em diversos biomas.
Para Andreia Bavaresco, indigenista com mais de 20 anos de atuação com populações tradicionais e coordenadora executiva do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), o papel das comunidades tradicionais é fundamental para enfrentar os desafios dos desequilíbrios ambientais que impactam a rotina e a vida das comunidades, bem como a produção de alimentos, a mudança no calendário de rituais dos povos indígenas e a educação de novas gerações na transmissão dos conhecimentos ancestrais.
Com informações sobre os impactos, é possível traçar as estratégias de enfrentamento e sugerir formas de mobilizar recursos financeiros adequados. Algumas iniciativas já estão se formalizando, como é o caso da plataforma Povos e Comunidades Tradicionais para as Américas. Por meio dela, as comunidades indígenas conquistaram um espaço nas negociações de grandes chefes de estado, sendo este um mecanismo de voz para aqueles que vivem na pele os impactos negativos dessa nova realidade climática.
A antropóloga e indigenista da OPAN/projeto Raízes do Purus, Cristabell Lopez, conta que o povo indígena Paumari, localizado em Lábrea (AM), sofreu diferentes impactos em seu cotidiano em 2023. Por conta da longa estiagem e do calor extremo, o fogo tomou conta da região, afastando suas caças e impactando seus horários de trabalho na agricultura.
“Antes dava para trabalhar no roçado até meio dia, mas com o calor e a seca extremos, só era possível permanecer até as 10 da manhã, aumentando os dias de trabalho. Houve também, impacto na saúde dos indígenas, que tiveram mais casos de gripes e alergias”, conta Cristabell.
No manejo do pirarucu do povo indígena Paumari, a seca extrema ocasionou aumento em 20% no custo operacional da pesca, a seca nos rios afastou os peixes e prejudicou o escoamento, forçando a comunidade a traçar novas rotas, mais longas. Como consequência, houve o aumento dos custos e a queda no alcance da meta inicial, que passou de 600 para 495 peixes.
Este foi um dos principais impactos para os Paumari. Por conta das previsões para 2024, a comunidade está pensando em não realizar a pesca este ano.
“Não sabemos como serão as adaptações aos impactos das mudanças com relação à geração de renda e abastecimento dessas comunidades. Os desafios são grandes e percebemos que hoje nada é previsível”, destacou Cristabell.
Os impactos mexem no dia a dia, na renda e nas tradições das comunidades indígenas e como solução há a importância das parcerias, do diálogo e da troca de conhecimento por meio de intercâmbios, para que encontrem soluções conjuntas de acordo com suas realidades.
A especialista do IEB apontou estratégias e mecanismos que podem contribuir para esses desafios climáticos, como o de ocupar espaços políticos, apresentar sugestões de promoção da justiça climática, de mobilização e uso adequado dos recursos financeiros, a valorização do conhecimento e as experiências das comunidades tradicionais na construção de soluções climáticas, sustentáveis e inclusivas.
Por fim, ressaltou a importância de uma atuação de base comunitária e o protagonismo da mulher como um fato a se destacar para o enfrentamento à crise climática.
Bebê recém-nascido: cientista relaciona nomes mais bonitos para meninos (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – Para muitos pais e mães de primeira viagem, a escolha do nome é um problema recorrente, afinal, o nome “bonito” varia em pontos culturais, de época e, principalmente, nas preferências pessoais. Entretanto, para a ciência, o assunto é menos complexo: estudos em áreas como psicologia e linguística ajudam a encontrar os nomes com melhores sonoridades e que são considerados “mais bonitos”.
Bodo Winter, professor de Linguística Cognitiva da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, analisou, em uma pesquisa encomendada pela revista especializada My 1st Years, a fonética, o simbolismo e os aspectos sensoriais de diferentes nomes.
O estudioso levou em consideração os 100 nomes mais populares para meninos no Reino Unido e os 100 mais usados para garotos dos Estados Unidos. Confira abaixo os elencados pelo acadêmico como os “melhores” nomes para meninos, com a versão do nome para português em seguida:
Nomes mais bonitos para meninos
Matthew (Matheus)
Julian (Julio)
William (Guilherme)
Isaiah (Isaías)
Leo (Leo ou Leonardo)
Levi
Joseph (José)
Theo (Teodoro)
Isaac (Isaque)
Samuel
Miles
James (Tiago)
Elijah (Elias)
Luke (Lucas)
Noah
Além da escolha dos nomes, o acadêmico ressalta a importância de aliar um nome adequado ao sobrenome da família. “Se o sobrenome da família começa com ‘S’ [por exemplo], é aconselhável optar por nomes que não terminem em ‘S’, para que os nomes não se misturem”, afirma.
Ele acrescenta que pensar no apelido também é uma parte crítica, e que a preferência pelo nome deve sempre ser aliada com a sonoridade das variações pelas quais a criança pode ser chamada.
O Império Inca, a civilização que se desenvolveu no antigo Peru, entre aproximadamente 1.400 e 1.534 d.C, deixou sua marca em várias regiões do país, muito além do famoso vilarejo de Machu Picchu.
O Vale Sagrado, com seus impressionantes sítios arqueológicos, é um testemunho desse legado, e certamente merece ser explorado.
Situado a poucos quilômetros de Cusco, próximo do destino turístico mais famoso do Peru - Machu Picchu - o Vale oferece uma experiência incrível para os viajantes.
Para visitar o Vale Sagrado é preciso chegar em Cusco, já que o aeroporto mais próximo está localizado lá.
No entanto, tenha em mente que não existem, nem através da decolar, voos diretos entre o Brasil e o Aeroporto de Cusco, o que torna necessário fazer uma parada em Lima para chegar ao destino final.
Aqui estão dez motivos para se apaixonar pelo Vale Sagrado do Peru.
1. Riqueza Histórica e Arqueológica
O Vale Sagrado é um dos lugares mais importantes do Império Inca. Com impressionantes sítios arqueológicos como Pisac, Ollantaytambo e Moray, a região ostenta mistérios e guarda muito da rica história dos povos inca e pré-inca.
Essa riqueza arqueológica atrai turistas do mundo todo, ansiosos por explorar as ruínas e entender melhor as habilidades de engenharia e arquitetura da civilização Inca.
2. As paisagens
O Vale Sagrado é abençoado no que diz respeito às vistas. As paisagens mais famosas são as montanhas imponentes como o Huayna Picchu, os complexos arqueológicos, os vilarejos, os mercados, os vales verdejantes, os rios e, é claro, Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas. Todas essas paisagens criam cenários perfeitos para tirar fotos para as redes sociais e momentos de contemplação e relax.
3. Cultura Viva
A cultura Inca ainda está muito viva no Vale Sagrado. Nas aldeias e vilarejos, muitos moradores ainda mantêm vivas as tradições ancestrais, falando a língua quechua e vestindo roupas tradicionais feitas com métodos artesanais de tintura e tecelagem.
Visitar o Vale Sagrado é uma oportunidade de mergulhar na cultura do Perú e aprender sobre os costumes e modos de vida que perduram há séculos.
4. Gastronomia Local
O Peru é um dos países mais famosos do mundo em termos de culinária. Sua gastronomia é considerada uma das melhores e mais exclusivas do mundo devido à sua riqueza, originalidade e diversidade.
Além de ser um ponto de partida para visitar a famosa cidade inca de Machu Picchu, o Vale Sagrado é um dos destinos mais variados do país sul-americano por sua oferta gastronômica. Sem dúvidas, a comida é uma parte essencial da experiência cultural do vale.
Os ingredientes frescos e os pratos tradicionais refletem a herança andina. Não deixe de experimentar o famoso "cuy lamay" (porquinho-da-índia) e o “aji de tarwi”, além de pratos à base de milho, batata e quinoa, além de sopas e guisados saborosos, que harmonizam com muitas bebidas (principalmente sucos!).
Como se não bastasse, existem em toda a região vários cafés e barraquinhas para experimentar chocolate artesanal, feito com diferentes grãos de cacau, e ainda levar para casa alguma barrinha, definitivamente uma ótima lembrança do Vale.
5. Mercados Tradicionais
Os mercados do Vale Sagrado são um espetáculo à parte. Em lugares como Pisac e Chinchero (a uns 40km de Cusco), é possível encontrar uma variedade de artesanatos, tecidos coloridos, alimentos típicos da região e produtos de lã e alpaca.
Os mercados, principalmente nos finais de semana, são coloridos e cheios de energia, oferecendo uma ótima oportunidade para comprar lembranças e interagir com os artesãos locais.
6. Trilhas e Atividades ao Ar Livre
Para os fãs da natureza e de atividades ao ar livre, o Vale Sagrado é um paraíso. Trekking, passeios de bicicleta, cavalgadas e até rafting estão entre as opções para explorar a região.
As trilhas e rotas oferecem vistas espetaculares e uma conexão íntima com a natureza. As mais conhecidas são certamente as que vão para Machu Picchu, mas Huchuy Qosqo e Choquequirao não ficam atrás. Só é preciso bastante preparo físico e mental, já que a região é montanhosa e de alta altitude.
7. Hospedagem Charmosa
O Vale Sagrado possui um grande número de opções de hospedagem para todos os orçamentos, que vão desde pousadas aconchegantes e acomodações para mochileiros até resorts de luxo.
Alguns estabelecimentos, como o Palacio del Inka Luxury Collection de Cusco, oferecem vistas panorâmicas, serviços de spa, restaurantes chiques e experiências culturais, proporcionando uma estadia confortável e inesquecível.
8. Clima Agradável
O clima do Vale Sagrado dos Incas é geralmente ameno durante todo o ano. As temperaturas raramente ultrapassam 25 ºC durante o dia e as noites são frequinhas, com temperaturas que podem chegar a cerca de 5 ºC.
Durante o ano, há duas estações bem definidas: a estação seca começa em maio e termina aproximadamente em outubro, enquanto a estação chuvosa começa em novembro e termina em abril.
O Vale Sagrado dos Incas está em uma altitude considerável, o que significa que a pressão atmosférica é mais baixa. Isso pode afetar a capacidade de respirar e seu nível de energia, portanto, é importante que reservar um tempo para se aclimatar antes de atividades intensas.
9. Espiritualidade e Bem-Estar
O Vale Sagrado é famoso por sua energia espiritual. Provavelmente por causa de sua luz dourada e suas altas montanhas. Muitos visitantes vêm ao vale para retiros de yoga, meditação e práticas espirituais.
A tranquilidade e a beleza natural do lugar criam um ambiente ideal para a introspecção e o bem-estar, tornando-o um destino perfeito para se reconectar consigo mesmo e com a natureza.
10. Proximidade com Machu Picchu
O que também coloca o Vale Sagrado e Cusco na lista de desejos de todo viajante é a proximidade com, Machu Picchu, uma das sete maravilhas do mundo. Muitas rotas para Machu Picchu passam pelo Vale, permitindo explorar as atrações locais antes de seguir para a cidade perdida dos Incas.
Se estiver planejando fazer a trilha original para Machu Picchu, a chamada Trilha Inca, ou se quiser apreciar as vistas espetaculares ao longo da igualmente bela Salkantay Trek, Cusco e o Vale Sagrado são os melhores lugares para se hospedar antes e depois das caminhadas. Só não esqueça de levar calçados e roupas confortáveis.
MANAUS – A Amazônia é gigante. Isso faz com que, com alguma facilidade, fiquemos distraídos com a sua imensidão e potencialidade, com isso ficamos pulando de ideia em ideia, de projeto em projeto, sem nada concluir. Há potencial de fármacos? Certamente. Mas até hoje não temos um remédio da copaíba, andiroba ou capeba. Por mais que existam fitoterápicos ou a sabedoria popular fazendo uso recorrente destas dádivas.
Há uma novidade que é chamar de “estação da fumaça”, como se fosse natural ter que ficar respirando fumaça numa época do ano. Isso é inaceitável, mas ao colocarmos desta forma, acontece uma normalização da fumaça, como se ela não pudesse ser combatida, tanto pelo Governo Federal quanto pelo Governo Estadual ou as diversas Prefeituras que compõem a região. Onde há fumaça, há fogo, já diz o velho ditado. Falamos muito da fumaça e nada ou quase nada do fogo por trás de tanta fumaça.
Há oportunidade de conexões do Amazonas com a Panamazônia? Certamente. Há como ligar o Pacífico ao Atlântico, passando pelo Amazonas? Certamente. Isso pode ser feito? Certamente. Vale a pena fazer? Com certeza. É uma prioridade? Claro que não. Enquanto falamos de ligações com o Pacífico, seja pelo IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), desde Manta, Lima, Paita ou Chankay, nos esquecemos do que é a nossa prioridade e nos distraímos.
Pode ser feita uma ferrovia entre Manaus e Porto Velho? Ou entre Manaus e Boa Vista? Evidente que sim. Vale a pena fazer, no curto ou médio prazo, do ponto de vista de investimentos de infraestrutura? Não. Mas, vez por outra, voltamos ao debate público, como se nada tivesse sido aprendido do debate anterior sobre o mesmo tópico.
A presença humana traz risco para a floresta Amazônica? Claro que sim. Por isso vamos ficar imóveis e nada fazer na região? Claro que não. Ter esta expectativa é a pior das distrações. Precisamos romper esta expectativa, temperando com os interesses nacionais. É uma distração olhar todo o projeto na região apenas sob o prisma ambiental, com um longo prazo que nunca chega, tal qual será equivocado analisar os projetos apenas pela percepção econômica, maximizando ganhos de curto prazo, ignorando o longo prazo que chegará.
O maior dos desafios que temos é o de rompermos a distração todas as vezes em que caminhamos para um lugar equilibrado. Assim tem sido com a BR-319: quando caminhamos para a sua reconstrução, alguém reapresenta um projeto descartado, seja da ferrovia, seja da rota para o Pacífico. Como se isso fosse solucionar a questão de não termos conexão com o Sudeste do Brasil.
Da mesma forma com as hidrovias: superimportantes, mas são apenas “hidrovias”. Toda seca, fala-se da dragagem, como se isso fosse resolver. Nunca resolveu, mas seguimos a deliberar como se fosse resolver. Tal qual o sobrepreço dos armadores. Não será pela regulagem que resolveremos problemas de desequilíbrios de oferta x demanda.
A chave está na abundância de alternativas: com a rodovia conectando Manaus ao Brasil, os armadores serão compelidos a cobrar um preço justo.
Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.
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