Evento de arte em Veneza conta com 13 desenhos de Joseca Yanomami e 18 obras de André Taniki.
COM INFORMAÇÕES DO G1 RORAIMA
Foto: Daniel Tancredi/Platô Filmes/ISA/Divulgação
Os artistas Joseca Yanomami e André Taniki, ambos do povo Yanomami, irão participar da 60ª Bienal de Arte de Veneza - o maior e mais antigo evento de arte do mundo - com a exibição de 31 obras. A bienal ocorre de 20 de abril a 24 de novembro de 2024, em Veneza, na Itália.
Intitulada 'Foreigners everywhere' (Estrangeiros em todos os lugares), a edição dará visibilidade a artistas de grupos marginalizados como indígenas, imigrantes e refugiados. Ao todo, são 13 desenhos de Joseca Yanomami e 18 obras de André Taniki.
Joseca participa da pré-abertura do evento - entre 16 a 19 de abril - a convite da própria Bienal de Veneza e com apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Galeria Millan.
"Estou muito feliz nesta viagem para participar [da Bienal de Veneza]. É uma felicidade muito grande",
disse Joseca pouco antes de embarcar no aeroporto em São Paulo com destino a Veneza.
Taniki também foi convidado pela Bienal de Veneza, no entanto, tem mais de 80 anos e não pode viajar para conhecer a exposição.
Além de artista, Taniki também é um xamã que vive no Alto Rio Catrimani - região onde a arte dos desenhos foi apresentada pela fotógrafa Claudia Andujar - e que produziu a maior parte de suas obras nos anos 1980 e 1990.
Evento de arte na Itália conta com 13 desenhos de Joseca Yanomami e 18 obras de André Taniki. Foto: Daniel Jabra/Isa/Divulgação
A participação de Joseca na abertura do evento é considerada fundamental para reconhecimento da trajetória dele e para a divulgação da luta Yanomami no âmbito internacional. Os desenhos que farão parte da exposição foram cedidos pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), que há três anos adquiriu 92 obras de Joseca e em 2022 realizou a exposição "Joseca Yanomami: Nossa Terra-Floresta".
O repertório do artista Yanomami é composto pelas inspirações da cosmologia de seu povo, fazendo referência aos cantos, mitos xamânicos, a floresta, a defesa do território e os sonhos.
Sobre Joseca Yanomami
Daniel Tancredi/Platô Filmes/ISA/Divulgação
Joseca Yanomami ilustra cenas da vida cotidiana na floresta, lugares e eventos evocados pelos mitos e cantos xamânicos.
Nascido na década de 1970, na região do Demini, Terra Indígena Yanomami, e membro da comunidade Watorikɨ, Joseca é um notável artista de seu povo. Há mais de duas décadas, ele começou a desenhar e esculpir animais em madeira.
"Quando eu aprendi a desenhar, eu ouvia os pajés cantando e eu gravava na minha cabeça para desenhar depois, desenho os parentes, os animais, árvores, os passarinhos, araras, macacos, antas, peixes",
contou Joseca ao Instituto Socioambiental em 2021.
Joseca também é o primeiro estudioso de línguas de sua comunidade e foi professor em Watorikɨ no início dos anos 1990. Além disso, foi o primeiro Yanomami a trabalhar na área de saúde.
A proteção concedida por uma IG, além de preservar as tradições locais, pode diferenciar produtos e serviços, melhorar o acesso ao mercado e promover o desenvolvimento regional.
Relacionado à questões de sustentabilidade, cultura e geografia de uma região, o termo Indicação Geográfica (IG) tem ganhado visibilidade. Mas o que isso significa e qual sua importância?
De modo geral, a Indicação Geográfica é um selo que identifica a origem de um produto ou serviço que tem certas qualidades graças à sua origem geográfica ou que tem origem em um local específico, conhecido por aquele produto ou serviço.
O selo é exclusivamente registrado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e existem dois tipos: "indicação de produto" (IP) e "denominação de origem" (DO).
No Acre, pai e filho cultivam açaí. O açaí de Feijó possui o selo de Indicação Geográfica registrado pelo INPI. Foto: Pedro Devani/Secom Acre
No caso da IP, o Instituto explica que o selo é concedido a produtos ou serviços em que a região onde são produzidos se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração. Já para os produtos ou serviços que recebem a DO, é devido a qualidade ou características que se devam exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico.
Na região amazônica, cinco Estados possuem produtos com IG. São eles: Amazonas, Pará, Rondônia, Acre e Tocantins. Confira quais são esses produtos:
Amazonas
No Estado amazonense, sete produtos possuem o selo de Indicação Geográfica:
Peixes ornamentais do Rio Negro (2014);
Guaraná de Maués (2018);
Farinha de mandioca de Uarini (2019);
Abacaxi de Novo Remanso (2020);
Waraná e bastão de waraná (guaraná) da Terra Indígena Andirá-Marau (2020);
Pirarucu Manejado - Mamirauá (2021);
Açaí de Codajás (2024).
Pará
Ao todo, no Pará, existem quatro produtos com o selo, sendo que um deles é compartilhado com o vizinho Amazonas:
Amêndoa de cacau de Tomé-Açu;
Farinha de Bragança;
Queijo de Marajó;
Waraná e bastão de waraná (guaraná) da Terra Indígena Andirá-Marau (2020).
Rondônia
Em Rondônia, são três produtos com IG:
Café Robusta Amazônico da região "Matas de Rondônia";
Tambaqui do "Vale do Jamari";
Cacau.
No caso do café Robusta Amazônico, 15 municípios produzem o grão com essa qualidade exclusiva. Já o tambaqui é produzido com características únicas em 11 municípios e no caso do cacau, a exclusividade abrange os 52 municípios do estado.
O tambaqui e o cacau conquistaram a IG com Indicação de Procedência e o café conquistou a IG com Denominação de Origem.
Acre
No Acre, existem dois produtos com o selo:
Farinha de Mandioca de Cruzeiro do Sul;
Açaí de Feijó.
Tocantins
Por fim, no Tocantins, existe apenas uma IG, a Indicação de Procedência (IP) da Região do Jalapão do Estado de Tocantins, desde 2011. Além de garantir o uso do nome do Jalapão às comunidades locais, qualifica a produção, agrega valor ao produto final e incentiva ainda mais o turismo aliado ao artesanato da localidade.
Importância
A proteção concedida por uma IG, além de preservar as tradições locais, pode diferenciar produtos e serviços, melhorar o acesso ao mercado e promover o desenvolvimento regional, gerando efeitos para produtores, prestadores de serviço e consumidores.
Robusta amazônico, produzido pelo povo Paiter Suruí, é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial de Rondônia. Qualidade do grão cultivado pelos povos Paiter Suruí está diretamente ligado ao reflorestamento e sustentabilidade.
COM INFORMAÇÕES DE G1 RONDÔNIA.
Dentro da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, o povo Paiter Suruí produz um café premiado e reconhecido como patrimônio cultural e imaterial de Rondônia: o robusta amazônico. A qualidade do fruto é resultado dos conhecimentos sobre a floresta e práticas sustentáveis adotadas pelos indígenas.
"O cultivo e a qualidade do nosso café vem da floresta em pé. Para se ter uma ideia, cultivamos sem irrigação, porque o mais importante é a mata",
explica o presidente da Cooperativa Indígena Garah Itxa, Celso Suruí.
De acordo com Celso, 150 famílias estão envolvidas no cultivo do café em 25 aldeias que ficam dentro da TI Sete de Setembro, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso.
Cafezal dentro da Terra Indígena Sete de Setembro. Foto: Emily Costa/g1 Rondônia
Iniciativas como o reflorestamento feito pelos indígenas em seu território, que envolvem o plantio de frutos nativos (técnica conhecida como "agrofloresta") próximo às plantações, é fundamental para garantir o melhor cultivo do grão.
Como surgiram os cafezais?
O presidente da cooperativa explica que o plantio de café não fazia parte da cultura Paiter Suruí: as lavouras foram deixadas por colonizadores que viviam na região antes da demarcação da terra indígena.
A TI Sete de Setembro, que é habitada por indígenas Paiter Suruí, está localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso, em uma área de 248.146 hectares. O modo de vida tradicional do povo Suruí está ligado ao uso da floresta e às atividades extrativistas.
O período de colonização da Terra Indígena ocorreu por volta de 1920 até 1980, quando houve a demarcação. A área era habitada por não indígenas que exploraram recursos naturais da região, incluindo a extração ilegal de madeira.
Após o contato com a sociedade não indígena, os Paiter perceberam que esse café que existia em seu território era uma cultura lucrativa que poderia contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade.
Foto: Emily Costa/g1 Rondônia
Adubação natural
Celso Suruí conta que com o início do projeto de reflorestamento dentro do território, a qualidade do café cultivado aumentou, devido à presença de floresta próximo das lavouras.
"Na nossa concepção como Paiter Suruí, não precisamos usar agrotóxico no nosso plantio. A terra onde fazemos o plantio do nosso café é muito rica de adubação orgânica por causa da agrofloresta",
explica Celso Suruí.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o plantio de café próximo à floresta cria um "microclima" (condições climáticas específicas de uma região) que oferece benefícios como: umidade, temperatura adequada e uma diversidade de polinizadores.
Agrofloresta - Terra Indígena Sete de Setembro. Foto: Emily Costa/g1 Rondônia
Separação manual
Celso Suruí explica que toda a colheita e separação dos grãos é feita de forma manual pelos indígenas dentro das aldeias. Após a colheita, os grãos são levados para o secador estático (equipamento utilizado no processo de secagem de grãos) e ficam na máquina por cerca de 36 horas (1 dia e meio).
O equipamento foi doado em 2023, pela Secretária de Estado da Agricultura (Seagri), antes os grãos ficavam secando por cerca de oito dias em uma área limpa.
Além disso, após o processo de secagem, os grãos são "beneficiados": cascas do café são removidas e os grãos ficam prontos para serem moídos e vendidos.
Máquina de beneficiamento. Foto: Emily Costa/g1 Rondônia
Qualidade reconhecida
Em 2019, a qualidade do café produzido nas aldeias do povo Paiter Suruí foi reconhecido pela primeira vez: a indígena Diná Suruí e o companheiro, Yami-xãrah Suruí, foram os campeões da primeira edição do concurso de qualidade dos Robustas Amazônicos, o Tribos.
Segundo especialistas do evento, o café especial que foi premiado, com 89,63 pontos, tem sabores amazônicos, notas de chocolate e castanhas. A qualidade da bebida foi o que garantiu o primeiro lugar.
No mesmo ano, os indígenas foram convidados para uma parceria com uma marca nacional de café: 90% dos grãos colhidos nas aldeias são vendidos para a empresa. O café é vendido em grãos beneficiados e embalados pela própria empresa. Os 10% restantes são divididos entre os indígenas das comunidades.
Atualmente, 150 famílias estão envolvidas no projeto e cultivam café em 25 aldeias que ficam dentro da TI Sete de Setembro, segundo o presidente da Cooperativa Indígena Garah Itxa.
Paiter Suruí recuperam áreas desmatadas com cultivo de frutos nativos dentro de aldeias em Rondônia. Foto: Emily Costa/g1 Rondônia
Na última colheita realizada pelos Paiter Suruí, cerca de 2.000 sacas de café robusta amazônica foram colhidas e vendidas por valores entre R$ 800,00 e R$ 1.200,00, cada.
Durante a Semana Internacional do Café, realizada em novembro de 2023, o pódio do 'Florada Premiada' foi ocupado exclusivamente por cafeicultoras de Rondônia. Entre elas, Celesty Suruí, da aldeia Lapetanha, em Cacoal (RO).
O que é o café robusta?
Os robustas amazônicos são resultado do cruzamento dos cafés Conilon e Robusta especialmente selecionados. A qualidade da bebida extraída a partir dessa junção rendeu a ele a primeira Indicação Geográfica com Denominação de Origem (DO) para café canéfora sustentável.
De acordo com a Embrapa, foi na Amazônia, especialmente na região Matas de Rondônia, que estes materiais híbridos encontraram condições apropriadas para se desenvolver e tem se destacado na cafeicultura nacional pelo vigor, produtividade e, principalmente, qualidade.
Em janeiro deste ano, o robusta amazônico foi declarado patrimônio cultural e imaterial de Rondônia.
A capital de Rondônia, Porto Velho, é a pior da Amazônia Legal no ranking de saneamento básico divulgado pelo Instituto Trata Brasil no dia 20 de março. Entre as 100 maiores cidades do país, a capital rondoniense não está sozinha, pois o pódio do ranking é ocupado por mais duas cidades amazônidas: Macapá (AP) e Santarém (PA).
Em Porto Velho, por exemplo, o esgoto continua sendo um grande desafio: em relação ao levantamento realizado no ano passado pelo Trata Brasil, a coleta cresceu apenas 4,73% pontos percentuais no município em um ano, passando de 5,16% para 9,89%. Segundo o Instituto, há 10 anos Porto Velho sempre se apresenta nas piores colocações dentre as 100 maiores cidades do país.
O percentual de Macapá, também referente ao esgoto, é de apenas 8,05%. Veja o ranking abaixo:
Esgoto à céu aberto na região central de Porto Velho (RO). Foto: Taísa Arruda/g1 Rondônia
Ranking do saneamento 2024
O recorte abaixo é referente às capitais da Amazônia Legal que figuram no ranking de serviço de saneamento básico nas 100 maiores cidades do país divulgada pelo Instituto Trata Brasil. A ordem é dos piores indicadores para os melhores:
Posição
Município
UF
Atendimento de Água
Atendimento de Esgoto
Tratamento de Esgoto
Perdas na Distribuição
Investimento médio per capita (R$/hab.)
100°
Porto Velho
RO
41,79%
9,89%
1,71%
77,32%
37,47
99°
Macapá
AP
54,38%
8,05%
22,17%
71,43%
41,48
98°
Santarém**
PA
48,8%
3,81%
9,13%
40,23%
34,30
97°
Rio Branco
AC
53,5%
20,67%
0,72%
56,59%
30,02
93
Belém
PA
95,52%
19,88%
2,38%
35,1%
106,92
88
São Luís
MA
92,76%
54,28%
20,59%
55,93%
45,83
86
Manaus
AM
99,49%
26,09%
21,79%
55,44%
115,66
50
Cuiabá
MT
100%
75,33%
49,59%
58,99%
472,42
26
Palmas
TO
97,93%
89,96%
64,48%
31,74%
200,78
**Santarém não é capital, mas faz parte do recorte regional expressivo.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil, os índices mais aceitáveis estão nas regiões Sul e Sudeste.
Com informações do Brasil 61*
Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
Os municípios de Porto Velho (RO), Macapá (AP), Manaus (AM) e Belém (PA) estão há oito anos entre os 20 piores no ranking do sistema de saneamento básico brasileiro em um ranking de 100 cidades analisadas. Os dados foram produzidos pelo Instituto Trata Brasil, e analisaram as metas de universalização do sistema de saneamento básico do país. De acordo com a pesquisa, o Norte e o Nordeste do país não possuem sequer tratamento para 35% do esgoto gerado.
A presidente executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, não está surpresa ao ver o Norte e o Nordeste permanecendo em posições de precariedade nos serviços. Ela diz que o poder público não tem se comprometido com a pauta e não percebe que as consequências podem ser graves.
"A gente tem cinco capitais na Região Norte, três na região Nordeste que tem menos de 35% de tratamento de esgoto. Então a gente está falando aí de uma região amazônica, por exemplo, e região Nordeste que é muito focada em turismo, com um prejuízo grande à natureza por conta de todo esse esgoto bruto sendo lançado nos rios e mares",
lembra Luana Pretto.
Confira o ranking das 100 cidades:
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De acordo com a pesquisa, os índices mais aceitáveis estão nas regiões Sul e Sudeste. Piracicaba (SP) e Bauru (SP) são exemplos de cidades com 100% de coleta de esgoto.
Mas o cenário nem sempre é favorável. O levantamento revela que nas regiões Norte e Nordeste apenas 31,78% da população têm acesso ao serviço de esgoto.
Na opinião da advogada especialista em direito ambiental Paula Fernandes, é importante reconhecer os avanços para que também sirvam de modelo e espelho para localidades ainda atrasadas com relação às metas estabelecidas. Mas ela também destaca a importância de criar metas que possam ser alcançadas num contexto de uma política de atraso no atendimento à população.
"A gente espera que todos contribuam, todos os atores envolvidos contribuam por cumprimento, mas de modo geral acredito que às vezes a gente coloca ali uma meta muito audaciosa e as formas de cumprimento, as estratégias, os processos, as etapas, eles acabam não acompanhando o desafio de maneira proporcional",
avalia.
Marco legal do saneamento
Com as metas definidas pelo Marco Legal do Saneamento (Lei Federal 14.026/2020), o país tem como propósito fornecer água para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90%, até 2033.
Desta forma, a diretora executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, acredita que o Ranking do Saneamento 2024 liga um alerta, seja para as capitais brasileiras, como também para os municípios nas últimas posições, para que possam atuar pela melhoria dos serviços e priorizar o básico.
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Brasil 61, escrito por Lívia Azevedo
O Ministério da Defesa brasileiro está promovendo estudos para possibilitar que mulheres desempenhem papéis de combate dentro das Forças Armadas. Essa iniciativa surge após três meses de um processo no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual o Exército indicou que a “fisiologia feminina” era um obstáculo para o ingresso nas fileiras militares.
De acordo com os planos em análise, ao contrário dos homens, as mulheres poderão se alistar voluntariamente aos 18 anos. O ministro José Múcio Monteiro assinou uma portaria que estabelece a previsão inicial de que o primeiro grupo feminino se aliste em 2025, ingressando nas Forças Armadas no ano seguinte.
Atualmente, das 360 mil pessoas que compõem as Forças Armadas, apenas 34 mil são mulheres. O ingresso feminino teve início em 1980, pela Marinha, seguido pela Força Aérea em 1982, e pelo Exército em 1992. No entanto, em todas essas ocasiões, as mulheres foram admitidas em carreiras específicas, como saúde, intendência e manutenção de armamentos e veículos militares.
No ano passado, a Procuradoria-Geral da República contestou essa prática e apresentou ações no STF. A procuradora-geral interina Elizeta Ramos afirmou que não há justificativa constitucional razoável para restringir a participação feminina nas Forças Armadas, argumentando que se o legislador e as próprias corporações reconhecem a aptidão das mulheres para tais cargos, não deve haver impedimentos.
“Não há fundamento razoável e constitucional apto a justificar a restrição da participação feminina em corporações militares. Se o legislador e as próprias corporações consideram que as mulheres são aptas a exercerem os referidos cargos, não é plausível estabelecer impedimentos ou restrições ao exercício desse direito fundamental, sob pena da configuração de manifesto tratamento discriminatório e preconceituoso”, argumentou.
Enquanto o Brasil debate a inclusão de mulheres em funções de combate nas Forças Armadas, há aproximadamente quatro décadas que diversos países ao redor do mundo já contam com a presença feminina na linha de frente de conflitos e guerras. Essa presença não se limita a nações em regime autoritário ou em guerra, incluindo países ocidentais e aliados como França, Alemanha, Canadá, entre outros.