Segundo a denúncia, o grupo criminoso, do qual Pastor Júnior fazia parte, movimentou mais de R$ 23 milhões por meio da compra de imóveis
O pastor Geraldo dos Santos Filho, conhecido como Pastor Júnior, foi condenado a 84 anos de reclusão nesta sexta-feira (6/9) pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no Rio Grande do Norte. A sentença foi resultado de uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), que também levou à condenação de outras seis pessoas, com penas variando de 12 a 23 anos.
Segundo a denúncia, o grupo criminoso, do qual Pastor Júnior fazia parte, movimentou mais de R$ 23 milhões por meio da compra de imóveis, fazendas e rebanhos bovinos, além do uso de igrejas para a prática de lavagem de dinheiro. O MPRN apontou que o grupo realizava transações financeiras ilegais, como a aquisição e transmissão de bens e depósitos não identificáveis.
‘Pastor do PCC’ fez fortuna comprando igrejas para lavagem de dinheiro
Pastor Geraldo dos Santos Filho ficou milionário enquanto esteve foragido usando igrejas para lavar dinheiro do PCC, segundo denúncia
No interior de São Paulo, em um condomínio de luxo em Sorocaba, Geraldo dos Santos Filho, de 48 anos, conhecido como Pastor Júnior, foi preso há pouco mais de um ano, acusado de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizando igrejas evangélicas.
De acordo com investigações do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), o pastor teria acumulado um patrimônio de pelo menos R$ 6 milhões nesse esquema.
Pastor Júnior é irmão de Valdeci Alves dos Santos, apelidado de Colorido, um dos líderes da facção criminosa até sua prisão pela Polícia Rodoviária Federal no sertão de Pernambuco, em abril de 2022. Ambos são naturais de Jardim de Piranhas, Rio Grande do Norte, e migraram para São Paulo no início da vida adulta. Lá, se envolveram com atividades criminosas e se filiaram ao PCC, embora tenham seguido caminhos distintos dentro da organização.
“Valdeci ascendeu na hierarquia da facção e Geraldo acabou enveredando para o ramo das igrejas evangélicas, sem ocupar nenhum posto de liderança na organização criminosa”, afirma Augusto Lima, promotor do MPRN.
O MPRN identificou que Geraldo comprou cinco igrejas no Rio Grande do Norte e duas em São Paulo. Essas instituições teriam sido usadas para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas, a principal fonte de renda do PCC.
Geraldo foi preso pela primeira vez em fevereiro de 2002 com 12 quilos de cocaína em seu carro na Rodovia Castelo Branco. Condenado inicialmente a sete anos e seis meses em regime fechado, fugiu após a publicação da sentença em 2003. Recapturado em 2019, já havia aumentado seu patrimônio consideravelmente através do uso de “laranjas” para adquirir propriedades e igrejas, de acordo com os promotores. A estimativa é que ele tenha acumulado pelo menos R$ 6,1 milhões de 2002 a 2019.
Atualmente, Geraldo e seu irmão Valdeci estão detidos no sistema penitenciário federal, aguardando julgamento pelas acusações recentes. As investigações sobre o uso de instituições religiosas para atividades de lavagem de dinheiro continuam, visando desarticular o crime organizado no Brasil.
Fonte: Fuxico Gospel e Metrópoles
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A operação, que contou com o apoio de diversos órgãos, incluindo a Polícia Militar do Rio Grande do Norte e os Ministérios Públicos de sete estados, foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e teve início em 2019. O esquema era liderado por Valdeci Alves dos Santos, também conhecido como Colorido, apontado como uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Lula indicou que Bolsonaro e Michelle teriam levado 261 itens do Palácio do Planalto após deixarem a Presidência
O juiz Diego Câmara, da 17ª Vara Federal da Justiça do Distrito Federal, condenou a União a pagar R$ 15 mil em indenização ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no caso do “sumiço” dos móveis do Palácio da Alvorada. Para o magistrado, houve dano extrapatrimonial.
No início de 2023, o presidente Lula (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, acusaram o desaparecimento de objetos após a saída de Bolsonaro e Michelle do Alvorada. No entanto, todos os itens foram encontrados após um período de 10 meses.
“Dessa maneira, à luz da subsequente comprovação de que os itens em referência sempre estiveram sob guarda da União durante todo o período indicado, entendo configurado dano à honra objetiva e subjetiva da requerente. Isso porque, ainda que essa última se qualifique como pessoa pública, desborda do direito de crítica a externalização de comentário capaz de sugerir o seu envolvimento em desvio de móveis do palácio presidencial que, conforme apurado, sequer ocorreu”, relata a decisão.
O pedido do casal Bolsonaro, que incluía R$ 20 mil em indenização, foi acolhido parcialmente. O juiz também negou a solicitação de retratação nos canais oficiais da Presidência da República e a emissão de uma nota à imprensa.
“Como bem se vê, portanto, a narrativa fática ventilada denota que os esclarecimentos alcançados na seara administrativa acerca do paradeiro dos bens patrimoniais foram oportunamente divulgados no sítio eletrônico do Governo Federal e também receberam cobertura jornalística nos principais canais de comunicação”, diz a sentença.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu declarações à imprensa dizendo que 261 móveis do Palácio da Alvorada haviam sumido na gestão anterior. Segundo o processo, porém, o casal Bolsonaro alegou que preferiu mobiliar a propriedade com mobiliário pessoal e guardar os demais itens em depósito.
Procuradas pela coluna, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e a Advocacia-Geral da União (AGU) não se manifestaram. O espaço segue aberto.
A unidade de Operação de Fiscalização e Remoção (ERO) de Boston, nos Estados Unidos, prendeu um homem de 50 anos procurado pela Justiça brasileira por ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O caso, que ganhou atenção de Brasília, revela uma tendência preocupante: membros do baixo escalão da facção criminosa, conhecidos como “soldados”, estão cruzando ilegalmente as fronteiras dos EUA para tentar se estabelecer no país.
Desde 2022, diversas pessoas ligadas direta ou indiretamente ao PCC foram flagradas em solo estadunidense. O homem preso em Boston havia entrado ilegalmente nos EUA dois meses antes de sua captura. As autoridades dos dois países estão em cooperação para identificar outros membros da facção, especialmente em estados como Massachusetts e Pensilvânia, onde há grande concentração de brasileiros.
A Border Patrol, responsável pela vigilância na fronteira com o México, recebeu informações detalhadas sobre o PCC, incluindo características como tatuagens para identificar seus integrantes.
Liderado por Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, o PCC tem uma base estimada de 40 mil membros. Nos Estados Unidos, embora não haja indícios de tráfico de drogas envolvendo o grupo, membros e familiares de traficantes ligados à facção estão investindo em propriedades de luxo, especialmente em Miami.
Recentemente, em 8 de agosto, Adinan de Souza Fontoura, de 42 anos, outro membro procurado por roubo, foi preso em Boston e deportado ao Brasil, reforçando a atuação conjunta entre as autoridades dos dois países no combate ao crime organizado.
“Ele demonstrou propensão a cometer ações violentas e representou uma ameaça aos moradores de Massachusetts. Agora, ele retornará ao seu país de origem para enfrentar a justiça lá”, disse Todd M. Lyons, diretor do escritório de campo do ERO em Boston, em um comunicado oficial.
O ERO divulgou que, em 2022, 46.396 pessoas com antecedentes criminais foram presas após entrarem ilegalmente nos Estados Unidos. Em 2023, a quantidade pulou para 73.822. Ainda de acordo com a entidade, os principais crimes cometidos por esses “invasores” são homicídio, sequestro e violência sexual.
A seca extrema e as queimadas na Amazônia, Cerrado e Pantanal estão causando uma crise ambiental grave, afetando a qualidade do ar em várias regiões do Brasil. De acordo com a empresa suíça de monitoramento de oxigênio IQAir, Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e São Paulo (SP) registraram os maiores níveis de poluição no mundo no domingo (8).
A fumaça das queimadas, intensificada por um corredor de vento que transporta as partículas poluentes do Norte ao Sul do país, tem colocado a saúde de milhões de brasileiros em risco.
Dados sobre queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, no último fim de semana, foram detectados 7.028 focos de calor no Brasil. Esses incêndios, somados à seca prolongada, estão tornando a vegetação das regiões mais suscetíveis ao fogo. Na Amazônia, o número de queimadas em julho e agosto atingiu níveis recordes.
Em Porto Velho, o índice de qualidade do ar chegou a 210, considerado “muito insalubre” pela métrica da IQAir, que utiliza parâmetros padronizados pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). O índice vai de 0 a 500, sendo que valores acima de 201 representam um risco significativo à saúde pública. Rio Branco também entrou na zona de “muito insalubre” e São Paulo atingiu níveis considerados “insalubres”.
“Os valores estão mais de 10 vezes acima do limite seguro recomendado pela OMS. Ou seja, toda a população dessas cidades pode apresentar riscos de manifestação de doenças respiratórias e cardiovasculares, além de aumentar a possibilidade de mortes prematuras em grupos de risco”, disse ao jornal O Globo a coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio, Adriana Gioda.
O meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), enfatizou que a principal causa da poluição atual são as queimadas. “Quando se fala em poluição, basicamente é em função das queimadas. Mas muito mais grave que isso é a degradação. Quanto mais degradada a área, maior a chance de as queimadas aumentarem e de ter mais poluição”, afirmou.
A fumaça tem impactado cidades mais próximas dos incêndios, como Manaus, Porto Velho e Rio Branco, onde moradores já adotaram o uso de máscaras ao sair de casa para se proteger da poluição.
“Já estamos muito perto da faixa que a ciência calculou para o ponto a partir do qual a floresta amazônica não consegue mais se sustentar e se transforma em um ecossistema mais pobre, seco e degradado. Isso representa um altíssimo risco para nosso país, para o continente e para o planeta”, afirmou Mariana Napolitano, diretora de estratégia do WWF-Brasil.
A fumaça já chegou ao Centro-Sul do Brasil, trazida por um fenômeno conhecido como “rios voadores”, um corredor de ar que normalmente transporta a umidade da Amazônia para favorecer chuvas nessas regiões.
Com a seca intensa e os incêndios, porém, esse corredor está carregando fumaça e calor para áreas distantes, como o Sudeste e até o Sul do Brasil, piorando a qualidade do ar em locais que já enfrentam seus próprios desafios ambientais.
*Por Dra. Jacqueline Valadares - O assédio sexual nas relações de trabalho ganhou visibilidade na Imprensa e nas redes sociais, nos últimos dias, por força de denúncias, feitas à Organização Não-Governamental (ONG) Me Too Brasil, que sinalizam, supostamente, que o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teria praticado condutas assediadoras em ambiente profissional. O caso traz a necessidade de se jogar luzes sobre os assédios sexual e moral e em outras formas de violência laboral ocorridas no País.
Com a inserção cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho, percebe-se, na prática policial, o consequente aumento de ocorrência envolvendo crimes cometidos no ambiente profissional. Em especial, destaca-se o assédio sexual, que, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, teve aumento de 28,5% em registros em relação ao período anterior.
Na prática jurídica, o termo “assédio sexual” encontra previsão legal no artigo 216-A do Código Penal e somente ocorre quando o assediador constrange alguém “com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua condição de superior hierárquico, ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.
Portanto, para a configuração deste delito, é indispensável a existência de uma superioridade em regra de competência, ou ascendência do assediador em relação à vítima. Logo, se ambos estiverem, por exemplo, na mesma posição laboral, não se pode falar, tecnicamente, em assédio sexual. Entretanto, nada obsta a prática de outros crimes, a depender dos fatos, como, por exemplo, a importunação sexual.
Apesar de denúncias desta natureza aumentarem todos os anos, ainda há uma grande subnotificação, haja vista que, muitas das vítimas temem denunciar seus assediadores, que, na grande parte das vezes, ostentam cargos de alto comando e gozam de prestígio e de boa reputação social. As vítimas, temerosas por perderem seus empregos, por terem sua palavra e honra questionadas e, muitas vezes, por desacreditarem na Justiça, optam pelo silêncio.
Os assédios sexual e moral, além de terem o condão de trazer reflexos para a saúde física e mental das vítimas, são aptos a macular a imagem de instituições - geralmente, de forma irreversível, ao passo em que podem oferecer prejuízos - inclusive, financeiros - seja em razão do absenteísmo de funcionários, seja por força do rompimento de contratos com quem não deseja se vincular a um escândalo midiático de assédio.
É preciso que órgãos públicos e a rede privada fomentem ambientes de trabalho mais seguros para as mulheres. A criação de canais de denúncia, a implementação de regras de conduta, e o investimento contínuo em treinamentos, capacitação, orientação e em sensibilização de funcionários de todos os níveis visam o rompimento dessa engrenagem violenta.
É preciso que esse pacto de tolerância e de silêncio que protege assediadores e culpabiliza e recrimina vítimas seja rompido. Para tanto, padrões culturais que normalizam comportamentos discriminatórios e violentos disfarçados de elogios, de brincadeiras, de piadas ou de gentilezas devem ser igualmente rechaçados e rigorosamente punidos.
*Dra. Jacqueline Valadares é presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp); especialista em Direito Penal, em Processo Penal, e em Inteligência Policial; palestrante de temas e docente de disciplinas relacionadas à Defesa da Mulher; co-fundadora do movimento Mulheres na Segurança Pública; e autora de artigos, de estudos e de livros sobre Defesa da Mulher.