Investigação feita pelo Greenpeace e pelo Iepa observou a corrente marítima para entender o potencial impacto de um acidente na exploração de petróleo
Com apoio do barco do Greenpeace, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) embarcaram em uma expedição científica de 21 dias na Foz do Amazonas, do Pará ao Amapá, para compreender melhor a dinâmica das águas costeiras e mapear possíveis impactos da exploração de petróleo na região. Após observar o movimento de sete equipamentos oceanográficos que emitem sinais de localização, o estudo indica que em caso de acidente de vazamento de petróleo no local, o óleo poderia se espalhar até a Guiana Francesa, o Suriname e a Guiana.
É nessa bacia, no Amapá, que está o chamado bloco FZA-M-59 (ou bloco 59), onde há interesse da estatal Petrobras. A empresa teve a licença negada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em maio de 2023 e aguarda nova decisão. De forma geral, a justificativa na época foi a ausência de estudos suficientes sobre a área, algo que Enrico Marone, porta-voz de oceanos do Greenpeace, concorda.
“Existem poucas modelagens com relação às características hidrodinâmicas dessa zona Costeira e marinha e é muito importante a gente ter um entendimento melhor sobre essa dinâmica para poder interpretar o que aconteceria em caso de vazamento de petróleo”, explica.
A viagem foi realizada durante o mês de março a bordo do veleiro Witness, que, por ser menor que outros tipos de embarcação (como um navio), permite chegar a trechos mais estreitos e rasos do rio. Em vários locais do percurso, foram lançados sete equipamentos rastreadores, chamados derivadores, que são boias de 20 centímetros que ficam na superfície e simulam a dispersão de poluentes.
Na página da expedição, é possível acompanhar as atualizações desses localizadores. O monitoramento continua e a previsão é que, em algumas semanas, o relatório oficial seja divulgado. Resultados preliminares já sinalizam alertas. Em pouco tempo, dois dos derivadores chegaram a zonas protegidas da Amazônia: a Área de Proteção Ambiental (APA) do Arquipélago do Marajó, no Pará, e a Reserva Ecológica do Lago Piratuba, no Amapá. “Dos outros cinco que a gente lançou em áreas mais profundas e também em cima do bloco 59, um cruzou a fronteira com a Guiana Francesa.
O outro tocou a costa do Suriname, mais um chegou à costa da Guiana e dois deles seguem viajando em direção ao Caribe”, descreve Marone, que também é oceanólogo. Se os derivadores chegaram até essas áreas, isso quer dizer que é provável que, em caso de vazamento de óleo, aconteça o mesmo. “Isso poderia criar um grande problema diplomático também”, adverte.
Outra preocupação é a ameaça que um acidente dessa atividade representaria para os manguezais da Amazônia, que compõem o maior cinturão do ecossistema no mundo. “São ambientes dominados pela macromaré, que podem chegar a 12 metros. Então, imagine só, se uma mancha de óleo vir numa maré e entrar num mangue, vai assentar nesse ambiente complexo, cheio de raízes, depois que a maré baixar. Seria um dano Irreversível”, complementa. Na Foz do Amazonas está ainda a ilha de Maracá, onde se tem uma das maiores concentrações de onça pintada do mundo.Um dos motivos da negativa à licença da Petrobras no ano passado foi a ausência de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS).
O instrumento é de responsabilidade conjunta do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e avalia o impacto de projetos de produção de gás natural e petróleo em toda a cadeia. No início desta semana, a Folha de S. Paulo divulgou um anúncio que teria sido feito pelo diretor do Ibama, Rodrigo Agostinho, de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve publicar um decreto sobre a necessidade de realizar o AAAS para obter a autorização de perfuração no país. Apesar de a avaliação ter sido instituída no Brasil em 2012, acabou não se tornando prática e Agostinho acredita que o decreto pode ajudar a todos terem “o mesmo entendimento”.
Fotos: Reprodução
“Globalmente, os combustíveis fósseis são o principal emissor de CO2 e agravam muito a crise climática. Não faz mais sentido apoiar a abertura de novas fronteiras de exploração de petróleo, principalmente aqui na bacia da Foz do Amazonas, uma região tão sensível do ponto de vista socioambiental”, declara Enrico Marone.
Para ele, a COP 30, conferência mundial sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém no ano que vem, é uma oportunidade de levantar o debate sobre a importância da conservação dos ambientes costeiros e marinhos para o equilíbrio climático e a manutenção do modo de vida das comunidades.
Atenção, homens: o sexo oral vai além de uma lambidinha de 2 minutos. Confira dicas para arrasar na chupada e levar a parceira à loucura
A falta de interesse dos homens no sexo oral é uma das principais reclamações de mulheres heterossexuais quando o assunto é sexo. A queixa foi reforçada por Ingrid Guimarães durante participação no programa Surubaum, apresentado por Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso.
Contudo, vale lembrar que, para muitas delas, o sexo oral é mais importante e prazeroso do que a penetração. Segundo um levantamento feito pela Miess Sex Shop, 40,5% das mulheres afirmaram se sentem mais animadas nas brincadeiras realizadas antes da penetração do que no “entra e sai” em si.
Segundo o terapeuta sexual André Almeida, isso acontece por conta da diferença dos processos de excitação de homens e mulheres.
Esse comportamento tem reflexo até mesmo no consumo de pornografia. Afinal, uma vez que o pornô hétero é feito para atender às preferências masculinas, as mulheres, por vezes, consomem mais pornô lésbico, independentemente de suas orientações.
“Normalmente, o pornô lésbico traz comportamentos mais atrativos para mulheres, ou seja, mais pegada e menos penetração. E é importante entender que isso não tem nada a ver com orientação, mas sim com o que é mostrado como repertório de prazer naquelas cenas”, afirma.
CAIA DE BOCA
Para os homens que querem apostar na chupada fatal para deixar o sexo com a parceira mais gostoso, é possível ir além do sexo oral tradicional.
Existe uma técnica, batizada como Kivin, que promete levar o orgasmo feminino a outro nível. Trata-se de um sexo oral “lateral”. Nele, o (a) parceiro (a) fica entre as pernas da mulher de forma horizontal, e não vertical, o que facilita a estimulação do clitóris como um todo. Quem recebe fica deitada de costas e com a perna elevada para dar espaço à parceria.
Ao mesmo tempo, a técnica sugere que o dedo de quem está entre as pernas seja posicionado no períneo (espaço entre a vagina e o ânus, com grande enervação e sensibilidade) ou no esfíncter anal, fazendo uma leve pressão.
A terapeuta sexual Tâmara Dias explica que, além das vantagens anatômicas da técnica, só a proposta de tentar algo novo já é um diferencial. “Quando você se propõe a trazer novidade para seu relacionamento (e o sexo), quer dizer que você quer se permitir e proporcionar mais prazer ao outro. Isso é maravilhoso e gera uma série de benefícios”, diz.
O fato das mãos ficarem mais livres, segundo a sexóloga, abre um leque de possibilidades para estimulação. “Dá para fazer diversas variações. Por estar de lado, é possível explorar ainda mais o ponto G da parceira e fazer manobras dentro do canal vaginal”, aponta.
POSIÇÕES PARA O SEXO ORAL
Apesar do Kama Sutra ser mais requisitado para a penetração, o fato é que existem muitas posições que podem deixar o sexo oral ainda mais gostoso e divertido.
Jovem é herdeira de uma empresa de equipamentos elétricos
A brasileira Lívia Voigt, de 19 anos, é a bilionária mais jovem do mundo, com patrimônio estimado em US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões), segundo o ranking de 2024 da revista Forbes, divulgado nesta terça-feira (2). Ela é neta de Werner Ricardo Voigt, um dos fundadores da fabricante de equipamentos elétricos Weg, morto em 2016. A fortuna de Lívia vem de sua participação minoritária na companhia.
Lívia cursa faculdade de Psicologia e é apenas dois meses mais nova que o segundo colocado no ranking dos mais jovens, o italiano Clemente Del Vecchio, herdeiro da EssilorLuxottica, que detém marcas como a Ray-Ban.
Ela e sua irmã mais velha, Dora Voigt de Assis, 26 anos, estão entre os novos integrantes da lista deste ano dos 25 bilionários mais jovens do mundo. Todos da lista de 2024 têm 33 anos ou menos e, juntos, possuem um patrimônio combinado de US$ 110 bilhões.
Pela primeira vez em 15 anos, todos com menos de 30 anos são herdeiros – incluindo Lívia e Dora. Poucos são considerados “self-made”, ou seja, pessoas que levantaram a própria fortuna.
A maioria é da Europa. Além das duas brasileiras, a lista também traz nomes da Coreia do Sul e de Hong Kong (todos herdeiros) e do Japão e dos Estados Unidos (todos “self-made”).
O selo reconhece as características do produto pelo seu local de origem, o que lhes atribui reputação e identidade própria.
COM INFORMAÇÕES DE AGÊNCIA ACRE.
"Isso aqui pra mim é tudo. Aprendi com meu pai e quero passar para frente, se Deus quiser". A frase é dita com firmeza pelo coletor de açaí José de Araújo, que, assim como o pai, aprendeu a ter renda do cultivo do fruto que dá a eles o "ouro vinho", como é chamada a polpa do açaí. Na Colônia Santo Antônio, zona rural de Feijó, a família se dedica há dez anos ao plantio da palmeira típica da Amazônia, que dá o fruto que movimenta a economia da cidade no interior do Acre.
Desde setembro do ano passado, quando o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu aos produtores de açaí do município de Feijó o primeiro registro de Indicação Geográfica (IG), quem trabalha com o cultivo, coleta e venda do produto, iniciou uma corrida para se adequar a todos os requisitos técnicos para resguardar a qualidade do produto, que também dá nome a um dos festivais mais tradicionais do estado, o Festival do Açaí.
Cultivo e produção do açaí são atividades passadas de pai para filho. Foto: Marcos Vicentti/Secom
O selo reconhece as características do produto pelo seu local de origem, o que lhes atribui reputação e identidade própria. Produtos com esse reconhecimento apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e a forma como é cultivado.
A terra de José de Araújo e de seu pai, Antônio do Nascimento, tem 32 hectares. Dois deles são destinados à plantação do açaí de cultivo, ou seja, que foi plantado. Uma técnica que ultrapassa gerações, sendo passada de pai para filho.
"Quando eu tinha sete anos, subia nos pés de açaí e olhava os cachos para meu pai. Indicava se dava pra tirar ou não e aí quando eu avisava, ele ia lá e colhia. Hoje, a gente planta e já processa o vinho aqui mesmo, em uma pequena indústria",
explica.
Produtores ainda retiram os cachos de açaí de forma totalmente artesanal. Foto: Marcos Vicentti/Secom
A safra do açaí tem uma peculiaridade. O ápice dela ocorre no período de chuvas no estado, o chamado inverno amazônico, o que acaba dificultando o escoamento da produção, o maior desafio apontado por esses produtores. Porém, segundo José, é que até 90% do que colhem na propriedade consegue ser vendido por eles.
"Este ano estamos tendo uma das melhores safras e, desses pés que a gente planta, vamos conseguir colher ainda até agosto", afirma.
Da continuidade dessa atividade na família ele não abre mão, diz que quer repassar para os filhos, assim como teve a oportunidade com o pai: "A gente vive isso e quer dar continuidade. Além da renda, é importante pelo reflorestamento, porque nós sempre estamos plantando árvores."
Feijó é uma das cidades que mais possui área de açaí no estado. Foto: Marcos Vicentti/Secom
Antônio do Nascimento completa relatando que a divulgação da IG já agregou valor ao produto. "Antes a gente vendia o litro por R$ 6 a R$ 8, e agora ficou uma base de R$ 10. Ele já sai daqui na polpa, pronto para colocar farinha e açúcar e tomar", explica.
Cadeia produtiva
A engrenagem dessa cadeia produtiva é movida por muitas mãos, entre produtores, coletores e batedores. É um sistema que precisa funcionar em sintonia, ainda mais agora, com o selo nacional que certifica o açaí da cidade acreana como um dos melhores do país.
O trabalho ainda é tradicional e artesanal. Alguns desses setores conseguiram mecanizar alguns processos, como a produção do vinho, mas ainda é uma atividade que requer técnica e conhecimento tradicional.
José Nilton trabalha há mais de 30 anos com açaí e sustenta sua família com a produção do fruto. Foto: Marcos Vicentti/Secom
José Nilton de Oliveira conseguiu ver essas mudanças de perto. Trabalhando com a produção do açaí há mais de três décadas, ele conta que, quando começou, o açaí era batido com pilão e o vinho era vendido em bacias nas ruas da cidade.
"Eu morava no seringal e, quando vim pra cidade, fui trabalhar com diária, mas o negócio era ruim. Um dia fui pra mata e vi muito açaí e, como no seringal a gente fazia para beber, chamei meu cunhado e começamos a tirar os cachos e a bater com pilão. A gente tirava, batia e aí saía com uma bacia para vender. E hoje estamos aqui, ganhando o nosso pão",
relembra.
Atualmente, ele trabalha ao lado do seu sobrinho, Mateus Alves, que seguiu a profissão do pai ao lado de José Nilton. Hoje ele tem uma das mais conhecidas empresas da cidade, República do Açaí. Um negócio de família.
Costurando a linha do tempo nas palavras, José Nilton reconhece que tudo que tem hoje foi dado pelo açaí. "Aí foi reunindo a família. O açaí fez eu construir três casas, não é casa de rico, é casa de pobre. Mas são minhas casas e comprei também minhas coisinhas, meus móveis. Tenho que agradecer, primeiro a Deus e depois ao açaí", completa.
Mateus, proprietário da empresa, diz que aprendeu sobre açaí com o pai e o tio, que segue com ele na jornada. O pai morreu em um acidente de carro, mas deixou o legado para que o filho pudesse dar continuidade.
"Em toda minha vida estive presente nesse ramo e, depois do acidente do meu pai, comecei a tocar essa cultura que vem de família", diz ao revelar que, em média, por mês, chega a vender de 10 a 20 toneladas do vinho do açaí.
Açaí de Feijó ganhou Indicação Geográfica em setembro do ano passado. Foto: Marcos Vicentti/Secom
Os principais destinos do produto são Sena Madureira, Rio Branco, Brasília, Goiás e Minas Gerais. Para identificar e certificar que o produto foi feito na sua agroindústria, Mateus criou uma embalagem que confirma que o açaí é de Feijó.
"Usamos essa embalagem há três anos e foi ideia minha, para divulgar nosso nome. Com a Indicação Geográfica já dá pra sentir uma certa diferença, mas pouca ainda; falta organizar mais essa estrutura da cadeia produtiva",
pontua.
Já Manoel da Silva Nascimento e Carlos Manoel Nascimento, seu filho, só trabalham com encomendas. A colônia Areal, onde residem, tem cerca de 85 hectares, sendo 43 de açaí nativo e também plantado. "Os meus filhos desde pequenos iam comigo e observavam a gente tirar o açaí; e hoje os dois me ajudam com isso", narra.
Carlos Manoel conta que, dependendo da demanda, pode chegar a 15 subidas por dia para a retirada do fruto. "Comecei a colher junto com meu pai e, se um dia eu tiver um filho, quero que ele aprenda comigo também", destaca.
Antes de chegar à mesa dos acreanos, açaí passa por muitas mãos. Foto: Marcos Vicentti/Secom
Da mesa ao negócio
Antes mesmo do selo nacional, o açaí já movimentava a economia da cidade, conforme comprovou o dossiê histórico feito pela Fundação Elias Mansour (FEM), que mostrou que o açaí não estava somente na mesa dos feijoenses, mas também na identidade visual da cidade e ainda mais no modo de viver da comunidade.
Josileide da Silva foi uma dessas visionárias. Ao perceber que o mercado do açaí estava se ampliando, criou um negócio junto com o marido, Adelcimar da Silva, que antes era coletor de açaí.
Para ela, antes de virar renda, o açaí é uma memória afetiva de quando sua mãe preparava a polpa para os filhos tomarem quando crianças. "O açaí faz parte da infância de muitas pessoas em Feijó, porque tem muito na região. Por essas épocas de safra, as pessoas não passam fome, tiram e usam como alimento. Tenho muitas memórias da minha mãe fazendo açaí pra gente", detalha.
Assim que conheceu o marido, ao saber que ele coletava o açaí, teve a ideia de tentar apostar no ramo. "Resolvemos criar nosso próprio negócio e hoje as pessoas dizem que o nosso açaí é o melhor da cidade, porque sempre prezamos em manter a qualidade."
Além de criar o próprio negócio, a pequena agroindústria de Josileide emprega cerca de 12 pessoas, entre coletores e batedores. Quando a demanda aumenta, o efetivo também precisa ser maior.
Venda do açaí movimenta a economia na cidade de Feijó, que tem pouco mais de 35 mil habitantes. Foto: Marcos Vicentti/Secom
De coletor a dono do próprio negócio, Adelcimar da Silva disse que aprendeu a prática com amigos ainda jovem. O açaí para ele, além de ser sua renda, foi um divisor de águas da sua história: "Ele mudou minha vida, porque foi um dos produtos que me deu renda, é meu ganha-pão."
Com a IG, ele pretende adequar o negócio e se estruturar melhor, para ampliar as vendas e usar o selo de qualidade do produto. Enquanto dá entrevista, as vendas no comércio do bairro não param.
Semanalmente, Dani Bastos compra dez litros de açaí. Ela conta que o filho é apaixonado pelo vinho. "Meu filho tem 7 anos, é autista e só gosta do açaí daqui. É único, com qualidade, e já compro há alguns anos", revela.
Já Angra Linhares consome 20 litros por semana. "Divido em duas casas, então levo dez para cada. Todo dia, depois do almoço, tem que ter o açaí", afirma.
Há dois anos, o Idaf tem intensificado as ações em áreas com incidência do açaí. Foto: Marcos Vicentti/Secom
Idaf acompanha áreas
Por ser um produto de origem vegetal, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) é um elo importante no fortalecimento dessa corrente, estando presente nas áreas de plantio e orientando os produtores sobre a qualidade da área e alertando sobre pragas.
Engenheiro agrônomo do Idaf de Feijó, Igor Figueiredo explica que a maior área de plantação de açaí nativo é na região do Jurupari. E que há também grandes áreas de açaí de plantio comercial.
"Temos a questão do clima, que favorece muito o plantio. Quando tem a falta aqui do açaí na região de Feijó, o pessoal faz os abastecimentos com o vindo do Envira. Na região, a gente trabalha na questão de monitoramento de pragas, ajudando os produtores. Temos também uma grande quantidade de ataques da broca-do-coqueiro que tem esse nome porque ela ataca também os coqueiros aqui na região, causando perdas significativas. Essa mesma praga ataca o açaí, então, a gente faz os monitoramentos",
explica.
No começo de 2022, coube ao Idaf também fazer o levantamento das agroindústrias de açaí que atuavam na região e a equipe chegou ao total de 30 negócios nesse modelo de produção.
O médico veterinário Vinícius Braga, chefe da unidade do Idaf do município, destaca que as plantações em Feijó não são extensas, mas sim de subsistência, e que o instituto tem fortalecido as ações para manter a qualidade das produções.
"Graças à convocação de um engenheiro agrônomo, temos agora essa pessoa capacitada para levar ao produtor as informações necessárias e esse trabalho se intensificou. Então, faz dois anos que a gente está levando essa parte de defesa vegetal junto com a defesa animal e incorporando sempre os trabalhos, para que todos sejam atendidos da melhor forma", diz.
Retirada de açaí é feita com escalada e faca para o corte dos cachos. Foto: Pedro Devani/Secom
Organizar para impulsionar
A cidade já tem grandes produtores que reconhecem e apostam na bioeconomia. É o caso de José Célio dos Santos, proprietário de uma área em que planta açaí consorciado ao café. Ao todo, são mais de 20 mil palmeiras. Com seu negócio, ele emprega mais de 40 pessoas.
O açaí ele vende em Feijó, mas diz que pretende ainda ver sua produção com um bom escoamento. "O que nos ajudaria mais ainda seria um meio de transporte para escoar o açaí destas terras e também o açaí ser incluído na merenda escolar", pontua.
Para uma estruturação como a sonhada por José Célio, foi iniciado um processo do governo do Acre, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O primeiro passo foi conseguir o selo; agora é fazer com que essa cadeia se organize, sob os parâmetros técnicos, e possa fortalecer a bioeconomia.
Uma das pioneiras nesse processo é Julia Graciela de Souza, dona da empresa Nosso Açaí e única a obter o Serviço de Inspeção Federal (SIF), selo dado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que avalia a qualidade na produção de alimentos de origem animal comestíveis ou não comestíveis. Com essa credencial, ela pode exportar seu produto para qualquer lugar.
Júlia conta que morou algum tempo em outro estado e, ao voltar para o Acre, comprou uma terra onde havia alguns pés de açaí nativo. Após comprar a área e ver como a economia do açaí podia gerar renda na cidade, passou a lutar para que houvesse mais incentivo nessa produção.
"Com a minha agroindústria, consegui em 2019 o SIF, depois de seis anos. E aí, depois desse meu movimento, outras instituições abraçaram a causa, como Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], Sebrae e Idaf, e montamos um dossiê para levar até o Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que deu toda essa notoriedade ao nosso modo de fazer o açaí",
conta.
Após conseguir o SIF, Júlia enfrentou a pandemia e também problemas estruturais de erosão onde funcionava sua agroindústria, mas agora, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seitc), conseguiu um espaço no Polo Moveleiro de Feijó, onde vai ser montada a nova agroindústria, que será modelo para todas as outras que devem se enquadrar.
"Toda a economia de Feijó gira em torno do açaí. Muita gente vive do cultivo e produção do açaí e o Estado ganha com isso porque, automaticamente, muitas pessoas revendem. Nosso objetivo é fazer com que vejam que é possível e venham também entrar no ramo do açaí para, cada dia mais, ir criando espaço para um mercado bem-sucedido", destaca.
Feijó já tem grandes áreas de plantio comercial, aposta feita por produtores locais. Foto: Pedro Devani/Secom
Parceria entre Sebrae e governo
Um dos braços para que esse processo evolua e abrace o máximo de pessoas possíveis é o Sebrae. Laís Mapes, analista e gestora do projeto Agronegócio Juruá, Tarauacá e Envira, explica que, no processo de Indicação Geográfica, há um caderno técnico que lista todos os procedimentos que a empresa deve seguir para usar o selo.
Atualmente, a cooperativa AçaíCoop Feijó detém o selo. "O primeiro processo foi há três anos, com a criação da cooperativa e a necessidade de um levantamento do histórico para provar que tinha como implantar a certificação de procedência do açaí, pela história de mais de cem anos, além de ser a principal atividade econômica na cidade", relembra.
Este ano, o Sebrae pretende formar um comitê, reunindo diversas instituições, e deve levar a capacitação para que essas agroindústrias se enquadrem e possam usar o selo da IG.
"Uma consultora vai fazer diagnóstico de como está a situação de cada agroindústria e não vamos trabalhar apenas com batedores, mas também com os coletores, porque a cadeia toda tem que estar de acordo pela qualidade do produto. Então vamos fazer esse diagnóstico, saber como está a situação de cada um, dentro do processo na cooperativa, e vamos começar a fazer a adequação", explica.
Todas as empresas devem se adequar de acordo com o Programa Alimento Seguro. "Outra coisa que é muito importante é uma consulta pública com os moradores de Feijó. A população tem que saber que o açaí de Feijó tem esse selo. Depois de conseguirmos a IG, essa é a parte mais difícil, de organizar toda essa cadeia", avalia.
Governo diz que pretende fomentar bioeconomia nos municípios. Foto: Pedro Devani/Secom
Fomentar indústrias
O titular da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre (Seict), Assurbanípal Mesquita, diz que o governo do Acre tem trabalhado na criação de novos negócios como pilar da economia do estado.
"A indústria é um setor que fixa mais recursos, gera mais retorno para a economia local e estadual. Nós disponibilizamos um espaço em parceria com a empresária Júlia [de Souza], para poder montar a sua indústria, e assim está acontecendo. O açaí é um importante produto de referência do nosso estado e, agora, com essa indicação geográfica, no caso do açaí de Feijó, vai gerar uma agregação de valor muito forte. Então, o nosso papel de governo é realmente apoiar, estimular e fazer de tudo para poder fomentar a geração de novas indústrias, especialmente no caso do açaí, que é um produto mundialmente conhecido", reforça.
A meta para este ano, segundo o secretário, é estimular empreendimentos de bioeconomia no estado. "Queremos fomentar 50 negócios desse tipo, desses segmentos, agroindústria e indústria da bioeconomia. Estamos realizando modelos de pequena, micro e média indústria, para poder apresentar para o setor empresarial, buscar, investir, fazer planos de negócios para ampliar o número de indústrias do açaí, especialmente da região de Feijó, que é uma região que tanto precisa de fomento, de geração de negócios e oportunidade de trabalho e renda para as pessoas das famílias daquela região do Envira."
Açaí de Feijó tem ganhado ainda mais notoriedade após selo de indicação geográfica. Foto: Marcos Vicentti/Secom
José Jevanis Nascimento, presidente da Açaí Coop, enfatiza que o desafio está sendo estruturar a cadeia produtiva para que os resultados consigam chegar na ponta de quem vive da produção do açaí.
"O desafio nosso agora é essa junção para estruturar, organizar e padronizar essa cadeia, que depende de muita coisa, desde o visual, a comunicação, até chegar ao consumidor. Com essa estruturação, o que a gente almeja é a valorização do produto, para que ele possa chegar até os mercados internacionais", almeja.
Outra luta da cooperativa, segundo ele, é que todo esse produto tenha um rastreio – uma identificação que mostre onde o açaí foi colhido e batido.
"A Indicação Geográfica tem um conselho regulador e um dos parâmetros é a gente ter o controle desse produto. A gente precisa saber a origem dele, de onde ele está vindo, qual é seu o produtor, pra gente ter principalmente o controle sanitário, mas pra isso tem que ter o rastreamento. Estamos estruturando agora, com a parceira do Sebrae, para efetivar o conselho regulador e atender produtores rurais, que são os protagonistas dessa cadeia", explica.
Bioeconomia
Atualmente, o fruto do açaí é o produto extrativo mais importante para a bioeconomia da Amazônia. Em 2021, ele gerou mais de R$ 2 bilhões pela sua comercialização, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2023.
A produção do extrativismo de açaí na Amazônia se sustenta em uma base econômica, ecológica e social, pois ajuda a manter a floresta em pé, gera postos de emprego e ainda contribui para a redução do desmatamento, uma vez que contribui para reduzir efeitos da mudança climática.
Em 2022, o IBGE registrou que o estado teve uma extração de 4.428 toneladas do fruto, sendo a maior parte de origem do Vale do Juruá, onde está inserido Feijó.
"Como alimento principal da dieta do povo amazônico, além da importância social, em termos econômicos, o fruto do açaí é um dos principais produtos florestais não madeireiros na geração de renda e postos de trabalho e emprego da Amazônia. As perspectivas são de que, até 2050, seja aumentado ainda mais o volume extraído das florestas", aponta o boletim de conjuntura econômica, divulgado pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre em outubro do ano passado.
Masking: o que é a camuflagem do autismo e como atrapalha diagnóstico
Foto: Reprodução
Psicólogo e psiquiatra falam das dificuldades que pessoas com autismo leve têm para disfarçar socialmente os sinais do transtorno
Pessoas com neurodivergências de grau leve muitas vezes vivem desconfortos e condições incômodas sem nem perceber para tentar disfarçar socialmente os sinais de suas condições. Pessoas com autismo leve são algumas das atingidas por este mecanismo de defesa conhecido como masking ou mascaramento.
Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2/4), especialistas alertam para o sacrifício pessoal e silencioso feito por pessoas neurodivergentes para se passarem por típicas e como pode ser um processo inconsciente e acabar levando a sofrimentos evitáveis.
O processo de mascaramento é um disfarce para compensar e camuflar sinais do espectro autista para que isso não fique tão evidente e a pessoa seja mais aceita socialmente. Como começa muito cedo, é difícil que a pessoa não-típica perceba a batalha interior que a leva a se sentir tão solitária e deslocada dos demais. Interpretar outra personalidade é algo que cansa.
Uma das vozes contra a camuflagem é o psicólogo e influencer americano Devon Price, autor de Autismo Sem Máscara, livro que acaba de ser lançado no Brasil pelo nVersos. Ele também é autista. A obra mostra como a máscara é socialmente construída desde que as pessoas com o transtorno nascem e que é difícil nadar contra a corrente para aceitar a própria neurodivergência.
Esta estratégia de camuflagem, porém, é tão presente que faz com que muitas pessoas só descubram suas neurodivergências na idade adulta. É o caso de celebridades como a atriz Letícia Sabatella e da cantora Sia. O psiquiatra André Valverde também passou por esse processo de aceitação ao se perceber como um homem autista aos 42 anos.Assim como Valverde, Price foi diagnosticado com autismo apenas na idade adulta. Ao relatar a própria experiência, ele faz um paralelo entre o masking e os anos em que se manteve “no armário” sem revelar ser um homem trans e gay.
( Fotos: Reprodução)
Sua aceitação como membro da comunidade LGBTQIAPN+ foi internamente construída à base de reflexão e resistência, o que também acontece com o autismo. “Eu sustentei uma série de personalidades falsas e escudos protetores que mantinham as pessoas à distância. Eu só conseguia deixar o escudo de lado quando estava sozinho, mas, mesmo na minha solidão, me sentia infeliz e confuso”, conta.
Para Valverde, interromper o processo de masking é parar uma demanda muito alta de energia psíquica que pode levar ao sofrimento. “Não precisar fazer masking poupa a pessoa também de ter que se recarregar depois de encontros sociais. Às vezes um happy hour na sexta-feira significa um final de semana recompondo as baterias. Economizar isso é algo profundamente libertador”, afirma.
Fonte: R7
Foto: Reprodução
Segundo OMS, uma em 100 crianças tem Transtorno do Espectro Autista
O autismo afeta uma em cada 100 crianças em todo o mundo, informa a Organização Mundial de Saúde (OMS) no Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, comemorado nesta terça-feira, 2. A data foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano e reduzir o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O TEA é caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, podendo envolver outras questões como comportamentos repetitivos, interesses restritos, problemas em lidar com estímulos sensoriais excessivos (som alto, cheiro forte, multidões), dificuldade de aprendizagem e adoção de rotinas muito específicas.
“O autismo hoje é compreendido como espectro de manifestação fenotípica bastante heterogênea, ou seja, existem várias manifestações diferentes do autismo. E essas manifestações ocorrem também com sinais mais ou menos evidentes em algumas pessoas”, afirma o neuropsicólogo Mayck Hartwig
O TEA pode se manifestar em três níveis, que são definidos pelo grau de suporte que a pessoa necessita: nível 1 (suporte leve), nível 2 (suporte moderado) e nível 3 (suporte elevado).Coautora do livro Mentes Únicas e especialista em Distúrbios do Desenvolvimento, Luciana Brites afirma que o 2 de abril é importante para informar a população sobre o autismo.
“É um transtorno que tem impacto muito grande porque afeta principalmente a cognição social, os pilares da linguagem. Esse espectro tem diversas nuances que compõem o quadro. E é um quadro heterogêneo. De um lado você tem autistas com altas habilidades e outros com deficiência intelectual. Alguns com hiperatividade e outros mais calmos”, afirma Luciana.
Segundo ela, é importante ter um diagnóstico precoce, já que os primeiros sinais do TEA podem aparecer no segundo ano de vida. “Quando conseguimos fazer a detecção antes dos três anos, a gente consegue, muitas vezes, mudar a realidade dessa criança, desse adolescente, desse adulto. As políticas públicas de educação e saúde precisam ser muito bem sustentadas para que se possa consiga avançar no desenvolvimento dessas crianças, que vão virar adolescentes e adultos”.
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No Brasil, existe uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, conhecida como Lei Berenice Piana, criada em 2012, que garante aos autistas o diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do acesso à educação, proteção social e trabalho.Além disso, a política nacional considera o autista pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Em 2020, outra legislação, a Lei Romeo Mion, cria a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que pode ser emitida gratuitamente por estados e municípios.
A Ciptea é uma resposta à impossibilidade de identificar o autismo visualmente, facilitando a ele o acesso a atendimentos prioritários e a serviços a que tem direito, como estacionar em uma vaga para pessoas com deficiência.A pessoa com TEA tem direito a receber um salário mínimo (R$ 1.412) por mês, por meio do Benefício de Prestação Continuada (BPC), caso seja incapaz de se manter sozinha e a renda per capita da família for inferior a um quarto do salário mínimo, ou seja, R$ 353.