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Brasil : Manejo sustentável de jacarés gera renda para comunidades ribeirinhas na Amazônia
Enviado por alexandre em 05/07/2024 00:29:53

Você já ouviu falar em manejo sustentável de jacarés? Aliando pesquisa e desenvolvimento, a atividade pode se tornar nos próximos anos uma estratégia inovadora de conservação da biodiversidade aliada à geração de renda para as populações ribeirinhas. O Instituto Mamirauá vem trabalhando desde 2000 junto às comunidades tradicionais para colocar o manejo de jacarés em prática, assunto que foi colocado em pauta durante Audiência Pública da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) no mês de junho.

Para quem ainda não conhece sobre o assunto, o manejo sustentável de recursos naturais é uma importante ferramenta de conservação. No caso dos jacarés da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o sistema é norteado pela elaboração de protocolos de manejo em uma parceria entre as comunidades tradicionais e o Instituto Mamirauá. A partir da metodologia é estabelecida a cota sustentável de retirada de indivíduos (jacarés) da natureza, no período permitido e na faixa de tamanho para abate e comercialização.

O processo é rigoroso e anualmente, são monitorados os ninhos, e contados os indivíduos observados nas áreas de manejo. A cota é determinada considerando uma fração sustentável (não superior a 15 % do total de indivíduos contados), e os jacarés não devem ser capturados em suas áreas de reprodução, a fim de garantir que a sua população se mantenha saudável ao longo dos anos.

Coordenador do Programa de Manejo da Fauna do Instituto, o zootecnista Diogo de Lima Franco destaca que o propósito é fazer com que o projeto gere mudanças no sistema tradicional de gerenciamento do recurso, garantindo renda alternativa aos manejadores e paralelamente promovendo a conservação das espécies. Todos ganham, natureza e comunidades.

O projeto possui algumas similaridades com o manejo do pirarucu, um programa também conduzido pelo Instituto Mamirauá em parceria com as comunidades ribeirinhas e que, em 2024, completa 25 anos de implementação. O manejo do pirarucu na Amazônia se transformou em um grande caso de sucesso em geração de renda e conservação, afastando o risco de extinção da espécie.

Diogo explica que existem três formas de manejo: intensivo (quando o animal é criado em cativeiro); semi-intensivo (quando os ovos ou filhotes são coletados na natureza, mas o animal cresce em cativeiro); ou extensivo (quando os animais são retirados diretamente da natureza, de forma sustentável).

    “Esse último é o que assessoramos junto às comunidades. Nosso papel é elaborar os planos de manejo e realizar ações que facilitem sua implementação. Atuamos principalmente no monitoramento dos jacarés e suas áreas de reprodução, em capacitações dos grupos manejadores quanto às boas práticas de vigilância, abate, beneficiamento e comercialização; nas análises sanitárias dos produtos gerados nos abates, nos estudos sobre processos de licenciamento e desenvolvimento de infraestrutura para abate e nas articulação e intermediação entre grupos manejadores e órgãos regulamentadores e fiscalizadores”, pontua.

De acordo com ele, o manejo extensivo – sistema que só pode ser realizado por comunidades tradicionais de Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reservas Extrativistas (RESEX) ou Florestas Nacionais (FLONA) – é uma possibilidade legal recente no Brasil, sendo apenas indiretamente permitido nos anos 2000, por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

As regras específicas surgiram somente em 2011, por meio da legislação estadual do Amazonas (Resolução CEMAAM nº 008/2011 e IN SEPROR/CODESAV nº 001/2011) e, no ano seguinte, por legislação federal (IN ICMBio nº 28/2012).

Para poder realizar essa atividade, é preciso seguir os requisitos legais para elaboração de um plano de manejo, documento utilizado para avaliar a sustentabilidade da atividade e permitir a autorização das capturas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, os animais precisam ser abatidos em estabelecimentos licenciados pelos órgãos responsáveis para que a carne chegue ao consumidor final com garantias de qualidade sanitária.

Em 2018, foi licenciado e autorizado o funcionamento do abatedouro flutuante de jacaré desenvolvido pelo Instituto Mamirauá na comunidade rural Jarauá, no município de Uarini (distante 565 quilômetros de Manaus), na RDS Mamirauá. Diogo salienta que abates experimentais autorizados pelo Ibama foram realizados em 2004, 2006, 2008 e 2010. Estes pilotos serviram como base para a criação de legislação específica para o manejo de jacarés. Finalmente, em 2020, foi realizado um abate com plano de manejo e abatedouro licenciado próprio para jacarés, atendendo a todos os pontos da legislação estadual.
Renda Sustentável

Um sistema de uso sustentável pode ser uma boa ferramenta de desenvolvimento, segundo Diogo, já que em áreas do Amazonas como a RDS Mamirauá, a população costuma ser dependente de poucas opções de renda e uma atividade extra pode minimizar esses riscos nos aspectos financeiros e de segurança alimentar.

Da mesma forma, os critérios de sustentabilidade exigidos permitem que os jacarés possuam áreas de nidificação protegidas e continuem se reproduzindo e mantendo sua população estável. Atualmente, o Instituto Mamirauá assessora dois setores da RDS com maior potencial de manejo, Jarauá e Aranapu, que possuem seis comunidades beneficiadas com as atividades de desenvolvimento do manejo de jacarés.

O Instituto também é responsável pela primeira estrutura flutuante de abate de jacarés licenciada no Brasil, a Planta de Abate Remoto (Plantar). Segundo Diogo, a exemplo do manejo sustentável do pirarucu, o manejo de jacarés amazônicos – Melanosuchus niger (jacaré-açu) e Caiman crocodilus (jacaretinga) – pode se tornar uma alternativa viável de fonte de renda para as comunidades, promovendo a diversificação produtiva local associada à conservação dos jacarés e do ambiente onde vivem.

Diogo ressalta que, para isso, é fundamental a manutenção de um canal de comunicação eficiente entre entidades de assessoria técnica, grupos manejadores e órgãos públicos.

    “Isso porque pequenas falhas ou dificuldades de interpretação de normas, leis ou dados coletados podem gerar gargalos sérios no desenvolvimento da atividade. As partes interessadas estão empenhadas em fortalecer essas parcerias. O momento é bastante produtivo, do ponto de vista institucional. Momentos como o da Audiência Pública e de reuniões que participamos devem ser mais frequentes e contar com representantes engajados de cada uma das organizações envolvidas”.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. ... - Veja mais em https://portalamazonia.com/sustentabilidade/manejo-sustentavel-de-jacares-gera-renda-para-comunidades-ribeirinhas-na-amazonia/

Brasil : Efeitos do La Niña na Amazônia devem iniciar em setembro e permanecer até meados de 2025, segundo meteorologista
Enviado por alexandre em 05/07/2024 00:26:41

O La Niña é um fenômeno atmosférico caracterizado por uma alteração da temperatura das águas do Oceano Pacífico na sua porção equatorial e gera diversas consequências quando se fala de clima. A Amazônia é uma das regiões próximas da Linha do  Equador e pode ser afetada diretamente com esse fenômeno.

Leia também: Portal Amazônia responde: como El Niño e La Niña afetam a região amazônica?

Assim como o El Niño, esse evento perturba os padrões de circulação atmosférica, modificando a temperatura e a precipitação em várias regiões do mundo. O La Niña na Amazônia provoca o aumento na intensidade da estação chuvosa, ocasionando cheias (enchentes) expressivas de alguns rios da região.

A meteorologista do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), Andrea Mendes, explica para quais meses está previsto as primeiras manifestações do fenômeno, principalmente na região amazônica.

    “O El Niño nos próximos meses tende a cessar, vem a neutralidade, quando não há influência nenhum nem de outro e a partir de julho a setembro, já tem aí 70% da porcentagem da possibilidade do La Niña começar a sua influência, ou até antes. Ele vai aí evoluindo e aí nós teremos a condição de La Niña. Para a Região Norte ele difere do El Niño: enquanto ele diminui as chuvas, o La Niña aumenta, coloca as chuvas na Região Norte e Nordeste, e diminui as chuvas na região sul”, informou a meteorologista.

Andrea explica ainda que algumas partes da Amazônia terão previsão de chuvas mais abaixo da média do que em outros locais da região.

    “Então na região amazônica segue essa tendência de chuva lá na poção norte, enquanto que aqui no Acre, Rondônia, Tocantins e boa parte do Amazonas com chuvas abaixo da média. Não significa que não vai chover, mas as chuvas vão ficar abaixo da média quando se vê o trimestre”, explicou.

O Meteorologista do Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre da  Universidade do Estado do Amazonas (LABCLIM/UEA), Leonardo Vergasta, reforça as previsões climáticas, mas enfatiza que os efeitos do La Niña podem se fortalecer em 2025.   

    “Os prognósticos apontam para um La Niña inicialmente fraco, que pode alcançar uma intensidade moderada no início de 2025. As chuvas dos últimos meses não foram suficientes para a recuperação dos níveis dos rios. Diante desse cenário, deveremos presenciar uma seca significativa em 2024, principalmente na porção centro-sul da bacia (Rio Juruá, Rio Purus, Rio Acre, Rio Madeira e Rio Amazonas)”, alertou Vergasta.

Leia também: Pesquisador afirma que “a seca de 2023 ainda não acabou”
Tefé (AM) 21/10/2023 – Um indigena obserna o leito do rio Amazonas em Tefé (AM) praticamnete seco. Foto: Alex Pazuello/Secom
Foto: Alex Pazuello
Flora amazônica: o que pode mudar?

“A flora sofre alterações na composição de espécies, com algumas árvores mais resistentes substituindo aquelas que não suportam condições extremas. Isso pode reduzir a capacidade de armazenamento de carbono da floresta e diminuir a produtividade primária, afetando toda a cadeia alimentar. Secas também aumentam o risco de incêndios, devastando grandes áreas e causando perdas de biodiversidade”, comentou Leonardo Vergasta.
Fauna amazônica: quais os impactos?

“A fauna, por sua vez, pode ser forçada a se deslocar em busca de novos habitats e alimentos, aumentando a competição por recursos. A disponibilidade de alimentos diminui com as secas e inundações, afetando herbívoros e predadores. Os ciclos reprodutivos de várias espécies podem ser interrompidos, e o estresse causado por condições extremas aumenta a suscetibilidade a doenças e parasitas. As interações entre espécies também são afetadas, com alterações nas dinâmicas predador-presa e impactos na polinização e dispersão de sementes, essenciais para a regeneração da floresta. A capacidade de resiliência da Amazônia está sendo desafiada pela crescente frequência e intensidade dos eventos extremos, ameaçando a biodiversidade e alterando permanentemente os ecossistemas”, concluiu Vergasta.

*Por Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar ... - Veja mais em https://portalamazonia.com/meio-ambiente/efeitos-do-la-nina-na-amazonia-devem-iniciar-em-setembro-e-permanecer-ate-meados-de-2025-segundo-meteorologista/

Brasil : BB financiou ex-juiz de Rondônia investigado por grilagem com fazenda 96% desmatada
Enviado por alexandre em 04/07/2024 15:46:58

Financiados por BB e Banco da Amazônia, pecuaristas apontados como invasores de parque estadual em RO forneceram gado a JBS e Marfrig, como revelou a Repórter Brasil
Por Ana Carolina Amaral | Edição Bruna Borges
 

PRESOS APÓS INVESTIGAÇÃO do Ministério Público de Rondônia, dois invasores do parque estadual Guajará-Mirim obtiveram crédito rural do Banco do Brasil (BB) e do Banco da Amazônia (Basa), de acordo com dados do Banco Central obtidos pelo Greenpeace e acessados pela Repórter Brasil.

Um dos beneficiados foi o ex-juiz Hedy Carlos Soares. Em menos de dois meses, entre junho e agosto de 2021, ele conseguiu quatro concessões de crédito rural do Basa para bovinocultura e aquisição de animais em sua fazenda Prosperidade, no município de Buritis (RO).

Com uma área total de 946 hectares, a fazenda Prosperidade teve 130 hectares desmatados entre 2012 e 2021, de acordo análise do Greenpeace baseada nos dados de satélite do Prodes, programa de monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Um ano depois, o ex-juiz conseguiu mais uma emissão de crédito rural para a mesma propriedade, somando um total de mais de R$ 2,4 milhões.

O último crédito foi emitido em 1º de agosto de 2022. Quinze dias depois, Soares seria preso por determinação do Tribunal de Justiça de Rondônia por ter dado sentenças que o favoreciam. Uma delas legitimou a posse da fazenda Cantão, inserida no parque Guajará-Mirim e da qual o juiz era arrendatário.

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O juiz movimentou pelo menos 300 cabeças de gado entre as fazendas Cantão e Prosperidade, de acordo com Guias de Trânsito Animal (GTAs) citadas nas investigações do Ministério Público.

Em maio, a Repórter Brasil já havia revelado que pessoas apontadas como laranjas do juiz forneceram por anos gado à JBS e Marfrig, que admitiram a relação com os fornecedores e informaram que eles foram bloqueados.

:: Leia mais: Caso de grilagem liga frigoríficos a rede de corrupção e lavagem de dinheiro ::

Outra fazenda a apenas 400 metros da propriedade Cantão, a Recanto, em Nova Mamoré (RO), recebeu do Banco do Brasil R$ 251 mil, em janeiro de 2020, para aquisição e manutenção de animais. Seu proprietário, Walvernags Cotrin Gonçalves, foi preso no último novembro por invasão ao parque estadual Guajará-Mirim. Segundo as investigações do Ministério Público, ele le atuava no mesmo grupo do ex-juiz.

A catltle herd seized in November remains in a conservation unit under constant armed surveillance to prevent offenders from taking the animals and selling them to slaughterhouses. (Photo: Alessandro Falco/Repórter Brasil)
Militares patrulham gado aprendido em operaçoes de desintruçao de fazendeiros no Parque Estadual Guajará-Mirim (Foto: Alessandro Falco/Repórter Brasil)

Na época em que recebeu o crédito, a propriedade tinha menos de 4% da sua área com vegetação nativa. Dos 419,05 hectares da fazenda Recanto, 402 hectares foram desmatados entre 2013 e 2015, de acordo com os dados de satélite do Prodes/Inpe analisados pelo Greenpeace. O montante equivale a 95,9% da propriedade.

Isso significa que, ainda que tenha obtido autorização para a derrubada da vegetação, a propriedade está irregular em relação às áreas mínimas de conservação em propriedades rurais previstas pelo Código Florestal. A lei federal prevê que, além de manter conservadas as Áreas de Preservação Permanente em margens de rios e topos e encostos de morros, as propriedades rurais devem manter uma parcela de vegetação nativa denominada Reserva Legal. Na Amazônia, a Reserva Legal deve corresponder a 80% da propriedade em áreas de florestas.

Questionada pela reportagem, a Sedam, secretaria estadual de desenvolvimento ambiental de Rondônia, não respondeu se as fazendas Prosperidade e Recanto contavam com autorização do órgão para o desmate – as chamadas autorização para supressão de vegetação (ASV).

Como bancos restringem crédito a infratores

A responsabilidade das instituições financeiras vem sendo regulamentada por normas do Banco Central desde 2008 para restringir o crédito rural a infratores ambientais. Já a responsabilização da cadeia da pecuária na Amazônia por fornecedores ligados a crimes ambientais contam apenas com diretrizes do protocolo Boi na Linha, uma iniciativa do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) em parceria com o  Ministério Público Federal. 

As resoluções do Banco Central foram atualizadas em 2023 com normas mais rígidas, que vetam o crédito a propriedades com áreas embargadas, com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) suspenso ou com sobreposição a unidades de conservação, terras indígenas e florestas públicas em todo o país.

Ainda assim, segundo análise do Greenpeace, as normas atuais são insuficientes para evitar a concessão de créditos a desmatadores. No relatório Bancando a Extinção, publicado no último abril, a ONG revelou que 10.074 propriedades inseridas total ou parcialmente em unidades de conservação na Amazônia foram beneficiadas por recursos do crédito rural entre 2018 e 2022.

Também receberam o financiamento 24 propriedades sobrepostas a 7 terras indígenas, 21.692 imóveis sobrepostos a florestas públicas não destinadas; 798 imóveis financiados com embargo do Ibama e 29.502 propriedades com desmatamento.

A pesquisa foi realizada a partir do cruzamento de bancos de dados públicos, como o Sicor (Sistema de Operações do Crédito Rural) do Banco Central, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e os dados de desmatamento do Prodes/Inpe. As propriedades de Hedy Carlos Soares e Walvernags Cotrin Gonçalves estão entre os casos apurados pelo Greenpeace.  

“Os bancos alegam que concederam os créditos antes da norma mais recente do Banco Central, de 2023, entrar em vigor. Mas nós temos leis, como a de crimes ambientais, e elas são soberanas. Como os bancos ignoram a legislação?“, questiona Thais Bannwart, porta-voz do Greenpeace Brasil.

Normas aprimoradas para concessão de crédito

A partir da denúncia do Greenpeace, o Ministério Público Federal publicou uma recomendação no início de junho para que os bancos cancelem crédito rural para propriedades em áreas de conservação na Amazônia. As instituições têm 30 dias para responder.

Em seu relatório, o Greenpeace sugere novos critérios de concessão de crédito para evitar as brechas encontradas pela pesquisa. Elas seriam sanadas, segundo a ONG, com medidas como a exigência de autorização para supressão de vegetação (ASV) e a rastreabilidade do gado – que evitaria o uso do crédito rural para adquirir animais ligados a desmatamento.  

Outra sugestão da ONG muda o alvo do escrutínio: o veto de recursos passaria a mirar o  proprietário que tenha embargos ou autuações em quaisquer de suas propriedades – e não só a propriedade inscrita para a operação de crédito, como manda o critério atual.

As mudanças fechariam as brechas que permitiram a concessão de créditos a Hedy Carlos Soares e Walvernags Cotrin Gonçalves. Os advogados de ambos foram procurados pela reportagem por e-mail, mas não retornaram aos contatos.

“Casos como o de Walvernags Cotrin Gonçalves, que recebeu financiamento do Banco do Brasil para uma fazenda com 96% da área desmatada, ilustram que nem mesmo a primeira norma do Conselho Monetário Nacional que fez exigências ambientais para o crédito rural para o bioma Amazônia – a resolução CMN 3545/2008 – está sendo cumprida”, avalia a especialista em finanças sustentáveis Luciane Moessa, diretora da Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis e ex-procuradora do Banco Central.

O Banco do Brasil é o maior operador do crédito rural na Amazônia Legal, segundo o Greenpeace. Somente em 2022, a instituição concedeu 44,10% do valor dos contratos de crédito rural na região. O BB ficou em 8º lugar entre dez grandes bancos avaliados no Rasa (Ranking da Atuação Socioambiental de instituições financeiras), desenvolvido pela Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis.

Já o Banco da Amazônia foi avaliado pelo Rasa no ranking dos bancos de desenvolvimento e agências de fomento e ficou em 2º lugar, atrás somente do BNDES.

Questionados sobre a concessão de crédito a invasores do parque Guajará-Mirim, os dois bancos reafirmaram suas políticas através de nota, mas não mencionaram os casos apresentados pela reportagem.

“O BB não comenta casos específicos em respeito ao sigilo bancário”, afirma a nota do Banco do Brasil, acrescentando que o banco “está seguro sobre a conformidade em seus processos de concessão de crédito”. A íntegra da nota pode ser lida aqui.

Já o Banco da Amazônia afirmou que está em constante aprimoramento dos critérios de avaliação de riscos socioambientais e climáticos. “Atualmente, esses critérios incluem a verificação automática de sobreposição com áreas indígenas, quilombolas, reservas públicas, unidades de conservação e embargos”, diz a nota do banco.

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Brasil : Gelatina da pele do tambaqui é desenvolvida por pesquisadores da Embrapa
Enviado por alexandre em 04/07/2024 00:29:34


Pesquisadores obtêm gelatina da pele do tambaqui

  • Produção usa pele, que era descartada ou enviada para indústrias de ração.
  • Avanço agrega valor e reduz resíduos do processamento..
  • A gelatina de pele de tambaqui pode servir para produzir filmes, microcápsulas para remédios e espessantes de alimentos.
  • Gelatina à base do peixe nativo é alternativa para similares feitas de suínos e bovinos.

 

Pesquisadores da Embrapa encontraram uma alternativa para substituir a gelatina convencional que é desenvolvida a partir do couro bovino e suíno. Eles obtiveram sucesso ao obter gelatina da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica

A pele, as escamas e a cabeça, geralmente, são utilizadas para fabricação de ração para peixes. No entanto, a gelatina produzida tem aplicações alimentícias e farmacêuticas, ou seja, transforma-se em um coproduto com maior valor agregado. As propriedades observadas indicam que a gelatina de pele de tambaqui pode servir para diversas aplicações, incluindo filmes, microcápsulas para remédios, espessantes etc. A iniciativa ainda pode contribuir para a redução de resíduos.

 

Piscicultura em crescimento

A produção de peixes no Brasil tem crescido substancialmente, além de ter aperfeiçoado seu processamento. Pesquisas estão sendo realizadas pela Embrapa, no projeto BRS Aqua, para melhorar e ampliar a cadeia. De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR 2022), a produção nacional de pescado aumentou 45% desde 2014. A tilápia responde por 65% da produção. Em relação a espécies nativas, o tambaqui lidera, com mais de 30% da produção total.

O projeto Ações estruturantes e inovação para o fortalecimento das cadeias produtivas da aquicultura no Brasil (BRS Aqua) tem apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Trata-se de uma rede coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e dela fazem parte mais de 240 empregados de 23 unidades da empresa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

 

De acordo com o pesquisador Manuel Antônio Jacintho (foto à direita), da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), dependendo da espécie e do tipo de produto, até 50% das matérias-primas iniciais são descartadas, incluindo cabeças, carcaças, pele e escamas. "A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável", destaca Jacintho.

O pesquisador lembra que a diversidade de espécies de peixes nativos brasileiros para consumo humano é grande. Assim, há um potencial para maior exploração das propriedades tecnológicas dos resíduos da cadeia pesqueira.

O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil. “É importante mostrar seu diferencial em relação a outros peixes. Mostrar que a gelatina da pele de tambaqui possui características tecnológicas capazes de substituir as gelatinas bovinas e suínas. A composição de aminoácidos é mais rica do que a de peixes de água fria. A força de gel (consistência) pode ser comparada a de bovinos e suínos”, explica Fernanda Ramalho Procópio, bolsista CNPq de pós-doutorado na época do estudo.

Vários fatores interferem na composição da pele do peixe, como espécie, idade, sexo e tipo de alimento. O teor de proteína pode influenciar no rendimento da extração da gelatina e na composição de aminoácidos. Além disso, o alto teor de gordura dificulta a obtenção de um produto inodoro e translúcido, importante na percepção dos consumidores.

Nesse aspecto, o tambaqui apresentou vantagem; sua pele possui maior teor de proteína (27,10 ± 0,02) e menor teor de gordura (1,17 ± 0,08) do que outras espécies. Com isso, o rendimento de extração da gelatina da pele foi de quase 60%. Os principais aminoácidos encontrados foram glicina, prolina e hidroxiprolina, responsáveis pela sua firmeza.

 

Gelatina de boa qualidade

A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional. O rendimento de extração foi de aproximadamente 53% (com base na pele inicial seca), poder de gelificação adequado (força de Bloom média), baixa turbidez e níveis significativos de aminoácidos, que influenciam na resistência do gel.

Segundo o supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, a temperatura de gelificação observada (16 °C) apresentou-se compatível com a da gelatina bovina comercial (17 °C). O comportamento térmico da gelatina da pele do tambaqui foi investigado por meio de calorimetria exploratória diferencial. Ele complementa que a temperatura de início de degradação, em torno de 105 °C, favorece sua aplicação potencial no desenvolvimento de novos materiais na indústria alimentícia e farmacêutica.

A força de gel (consistência) foi de 123 ± 20 gramas, o que a classifica como Bloom médio. As gelatinas comerciais são normalmente classificadas com base nos valores de Bloom alto (200-300 gramas), médio (100-200 gramas) e baixo (50-100 gramas). A cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez está dentro dos requisitos comerciais da gelatina.

 

 

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

 

Potencial

Com Bloom médio, a gelatina da pele de tambaqui pode ser adequada para determinados produtos, para clarificar bebidas e para produção de cápsulas moles.

O maior teor de aminoácidos, em comparação com outras espécies de peixes, sugere que a pele do tambaqui também poderia servir como uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno. Segundo Fernanda Procópio, embora esse aspecto não tenha sido o foco principal do trabalho, várias investigações demonstraram o potencial da utilização de resíduos de pesca como fonte de peptídeos bioativos.

“Explorar aplicações e estratégias para a utilização de resíduos do processamento de tambaqui contribui para o desenvolvimento de uma economia circular na indústria de processamento de pescado, aumentando potencialmente a renda do produtor e reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos”, explica Manuel Jacintho.

As características da gelatina a tornam um material promissor para a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis. A sequência desse trabalho já está em andamento, investigando a potencial aplicação deste material na produção de filmes como componentes de embalagens de alimentos.

 

Artigo

O estudo foi publicado na revista internacional Journal of aquatic food product technology (2024, vol. 33), com o título An Enhancement to Development, Characterization and Potential Application of Gelatin Extracted from Native Brazilian Fish Skin (Uma melhoria no desenvolvimento, caracterização e potencial de Aplicação de Gelatina Extraída de Pele de Peixe Nativo Brasileiro).

 

Gisele Rosso (MTb 3.091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

Contatos para a imprensa

Telefone: (16) 98190-9090


Pesquisadores da Embrapa encontraram uma alternativa para substituir a gelatina convencional que é desenvolvida a partir do couro bovino e suíno. Eles obtiveram sucesso ao obter gelatina da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica.

A pele, as escamas e a cabeça, geralmente, são utilizadas para fabricação de ração para peixes. No entanto, a gelatina produzida tem aplicações alimentícias e farmacêuticas, ou seja, transforma-se em um coproduto com maior valor agregado.

Leia também: Hormônio de crescimento do tambaqui é produzida em laboratório pela primeira vez

As propriedades observadas indicam que a gelatina de pele de tambaqui pode servir para diversas aplicações, incluindo filmes, microcápsulas para remédios, espessantes etc. A iniciativa ainda pode contribuir para a redução de resíduos.
Piscicultura em crescimento
Foto: Fernanda Ramalho Procópio

A produção de peixes no Brasil tem crescido substancialmente, além de ter aperfeiçoado seu processamento. Pesquisas estão sendo realizadas pela Embrapa, no projeto BRS Aqua, para melhorar e ampliar a cadeia. De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR 2022), a produção nacional de pescado aumentou 45% desde 2014. A tilápia responde por 65% da produção. Em relação a espécies nativas, o tambaqui lidera, com mais de 30% da produção total.

O projeto Ações estruturantes e inovação para o fortalecimento das cadeias produtivas da aquicultura no Brasil (BRS Aqua) tem apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Trata-se de uma rede coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e dela fazem parte mais de 240 empregados de 23 unidades da empresa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

De acordo com o pesquisador Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), dependendo da espécie e do tipo de produto, até 50% das matérias-primas iniciais são descartadas, incluindo cabeças, carcaças, pele e escamas.

    “A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável”, destaca Jacintho.

O pesquisador lembra que a diversidade de espécies de peixes nativos brasileiros para consumo humano é grande. Assim, há um potencial para maior exploração das propriedades tecnológicas dos resíduos da cadeia pesqueira. O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil.

    “É importante mostrar seu diferencial em relação a outros peixes. Mostrar que a gelatina da pele de tambaqui possui características tecnológicas capazes de substituir as gelatinas bovinas e suínas. A composição de aminoácidos é mais rica do que a de peixes de água fria. A força de gel (consistência) pode ser comparada a de bovinos e suínos”, explica Fernanda Ramalho Procópio, bolsista CNPq de pós-doutorado na época do estudo.

Vários fatores interferem na composição da pele do peixe, como espécie, idade, sexo e tipo de alimento. O teor de proteína pode influenciar no rendimento da extração da gelatina e na composição de aminoácidos. Além disso, o alto teor de gordura dificulta a obtenção de um produto inodoro e translúcido, importante na percepção dos consumidores.

Nesse aspecto, o tambaqui apresentou vantagem; sua pele possui maior teor de proteína (27,10 ± 0,02) e menor teor de gordura (1,17 ± 0,08) do que outras espécies. Com isso, o rendimento de extração da gelatina da pele foi de quase 60%. Os principais aminoácidos encontrados foram glicina, prolina e hidroxiprolina, responsáveis pela sua firmeza.
Gelatina de boa qualidade
Foto: Fernanda Ramalho Procópio

A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional. O rendimento de extração foi de aproximadamente 53% (com base na pele inicial seca), poder de gelificação adequado (força de Bloom média), baixa turbidez e níveis significativos de aminoácidos, que influenciam na resistência do gel.

Segundo o supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, a temperatura de gelificação observada (16 °C) apresentou-se compatível com a da gelatina bovina comercial (17 °C). O comportamento térmico da gelatina da pele do tambaqui foi investigado por meio de calorimetria exploratória diferencial. Ele complementa que a temperatura de início de degradação, em torno de 105 °C, favorece sua aplicação potencial no desenvolvimento de novos materiais na indústria alimentícia e farmacêutica.

A força de gel (consistência) foi de 123 ± 20 gramas, o que a classifica como Bloom médio. As gelatinas comerciais são normalmente classificadas com base nos valores de Bloom alto (200-300 gramas), médio (100-200 gramas) e baixo (50-100 gramas). A cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez está dentro dos requisitos comerciais da gelatina.
Potencial

Com Bloom médio, a gelatina da pele de tambaqui pode ser adequada para determinados produtos, para clarificar bebidas e para produção de cápsulas moles.

O maior teor de aminoácidos, em comparação com outras espécies de peixes, sugere que a pele do tambaqui também poderia servir como uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno. Segundo Fernanda Procópio, embora esse aspecto não tenha sido o foco principal do trabalho, várias investigações demonstraram o potencial da utilização de resíduos de pesca como fonte de peptídeos bioativos.

    “Explorar aplicações e estratégias para a utilização de resíduos do processamento de tambaqui contribui para o desenvolvimento de uma economia circular na indústria de processamento de pescado, aumentando potencialmente a renda do produtor e reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos”, explica Manuel Jacintho.

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

As características da gelatina a tornam um material promissor para a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis. A sequência desse trabalho já está em andamento, investigando a potencial aplicação deste material na produção de filmes como componentes de embalagens de alimentos.
Artigo

O estudo foi publicado na revista internacional Journal of aquatic food product technology (2024, vol. 33), com o título An Enhancement to Development, Characterization and Potential Application of Gelatin Extracted from Native Brazilian Fish Skin (Uma melhoria no desenvolvimento, caracterização e potencial de Aplicação de Gelatina Extraída de Pele de Peixe Nativo Brasileiro).

*Com informações da Embrapa ... - Veja mais em https://portalamazonia.com/inovacao-e-tecnologia/gelatina-da-pele-do-tambaqui-e-desenvolvida-por-pesquisadores-da-embrapa/

Brasil : Pesquisa sobre melhoramento genético do açaí-do-Amazonas visa maior produtividade e qualidade
Enviado por alexandre em 04/07/2024 00:25:56

Em Manaus (AM), um estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), busca estabelecer uma população base para o melhoramento genético do açaí do Amazonas (E. precatoria). A pesquisa, realizada por cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Ocidental), pretende obter cultivares do açaí-do-Amazonas para contribuir no aumento de produtividade e qualidade do fruto dos plantios do açaizeiro no estado.

Coordenado pelo doutor em Agronomia, Ricardo Lopes, da Embrapa Amazônia Ocidental, o projeto “Formação de população base para o melhoramento genético do açaí-do-Amazonas”, amparado pelo Programa Estratégico de Desenvolvimento do Setor Primário Amazonense (Prospam/Fapeam), Edital Nº 008/2021, avalia progênies (descendência de um indivíduo) de meios-irmãos, provenientes de coletas realizadas em diferentes municípios do estado e que representam a variabilidade genética da espécie.

O projeto já conta com aproximadamente 60 progênies em campo, provenientes de coletas em dez diferentes municípios do Amazonas. Segundo o pesquisador, a espécie E. precatória, conhecida popularmente pelos nomes de açaí-do-Amazonas, açaí-solteiro ou açaí-da-mata, tem ocorrência natural nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e em parte do Pará.

O método de melhoramento genético que o projeto propõe é a seleção recorrente, cujo objetivo é obter ganhos genéticos aumentando a frequência de genes favoráveis em uma população através de sucessivos ciclos de seleção a partir de uma população inicial de plantas.
Foto: Ricardo Lopes/Acervo pessoal

A seleção é baseada em procedimentos genéticos-estatísticos usando dados da avaliação fenotípicas das plantas, ou seja, da avaliação das características de interesse agronômico e ou agroindustrial.

    “Esses ganhos genéticos são representados por aumento de produção e qualidade de frutos, precocidade de produção, redução do crescimento das plantas em altura, resistência a pragas e doenças, entre outras características que forem favoráveis para o cultivo, a agroindústria ou para o mercado”, explicou Ricardo Lopes.

O coordenador da pesquisa destaca que entre os fatores que motivaram o desenvolvimento da pesquisa está o potencial produtivo e a qualidade diferenciada dos frutos da espécie E. precatória, que é nativa, portanto adaptada às condições locais, e principal fonte do açaí produzido no Amazonas.

    “Acreditamos que com o desenvolvimento de tecnologias para cultivo do açaí-do-Amazonas haverá maior interesse no plantio da espécie, e os produtores terão uma excelente oportunidade para melhor uso de áreas já antropizadas (cujas características originais foram alteradas) e subaproveitadas ou utilizadas com culturas exóticas com menor rentabilidade do que o açaí”, enfatizou.

Além dos ganhos econômicos para os produtores, que serão obtidos com aumento de produtividade e qualidade dos frutos, por apresentar ciclo de produção diferenciado das cultivares do açaizeiro E. oleracea (Açaí-do-Pará), o pesquisador destaca que as agroindústrias poderão fazer melhor aproveitamento das instalações de processamento e armazenamento, que ficam ociosas no período de entressafra dessa espécie.
Processo

O primeiro plantio foi realizado em 2019. Atualmente, as plantas mais velhas estão saindo da fase vegetativa e entrando na etapa produtiva, emitindo as primeiras inflorescências (conjunto de flores), que vão produzir os cachos que serão avaliados para determinar o potencial produtivo e a qualidade dos frutos.

Ricardo Lopes enfatiza que a atividade é recente e pioneira, uma vez que ainda não existem cultivares melhoradas da espécie. Para a maioria das culturas agrícolas de expressão econômica, o melhoramento genético foi responsável pela maior parte dos ganhos em produtividade e qualidade já obtidos, mas ele reforça que o melhoramento genético é um processo longo e que exige recursos constantes para manutenção das populações em campo.

O grupo de pesquisa tem registrado informações relacionadas acerca do crescimento das plantas, ocorrência de deficiências nutricionais, pragas e doenças, além de entender como a espécie se comporta em condições de cultivo.

Além disso, o projeto também contribuiu para despertar o interesse de pesquisadores de outras áreas para realizar estudos com a espécie. No momento, o projeto conta com a parceria de cientistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) de Manaus e de Itacoatiara, e também do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), que tem auxiliado na identificação e coleta de sementes nos municípios do interior do estado.

    “O apoio financeiro recebido pela Fapeam foi imprescindível para conseguirmos realizar as coletas de sementes em municípios do interior do estado, formação das mudas, plantio e manutenção das plantas no campo”, finalizou.

Prospam

O Programa apoia pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação, ou de transferência tecnológica, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento do setor primário do estado do Amazonas, visando à produção sustentável e adequada à realidade regional.

*Com informações da Agência Amazonas  ... - Veja mais em https://portalamazonia.com/inovacao-e-tecnologia/pesquisa-sobre-melhoramento-genetico-do-acai-do-amazonas-visa-maior-produtividade-e-qualidade/

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