Brasil : Peixes de água doce tem grande concentração de Ômega 3, revela pesquisa
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Enviado por alexandre em 22/03/2024 00:34:08 |
O objetivo da pesquisa realizada pelo IFMT foi determinar a composição aproximada de proteínas e gorduras dos peixes de água doce. Com informações do IFMT Uma pesquisa desenvolvida no Campus Cuiabá - Bela Vista, do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) revelou que peixes das espécies pacu-pevas e outras espécies de água doce, possuem concentração relevante de Ômega 3 e outros nutrientes, importantes para a saúde humana. O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos por mestrandos e pesquisadores da instituição, sob a coordenação da Professora Sandra Mariotto e demais professores e colaboradores.
O objetivo da pesquisa, de acordo com a professora, foi determinar a composição aproximada de proteínas e gorduras. "Especialmente, buscamos verificar as gorduras em frações, como ácidos graxos e a concentração de colesterol em espécies consumidas com regularidade em Mato Grosso", comentou.
Os resultados, relatados em dois artigos, foram publicados em revistas científicas internacionais: o primeiro no Journal of Food Composition and Analysis com cinco espécies de pacu-pevas, e o segundo na revista científica Chemistry & Biodiversity com sete espécies nativas e três de cativeiro (peixes da piscicultura).
As pesquisas apontaram que todas as espécies apresentaram alta qualidade nutricional quanto a proteínas ou teor de ácidos graxos, a exemplo o Ômega 3, com baixos índices de trombogenicidade (gorduras que poderiam causar doenças) e altas relações de ácidos graxos hipocolesterolêmico (que beneficia o metabolismo). Em outras palavras, as espécies estudadas são boas fontes de proteínas dietéticas, e gorduras benéficas, entre eles o já conhecido Ômega 3, encontrado comumente em peixes de água salgada, como o salmão.
"A importância da pesquisa é salientar que mesmo peixes da piscicultura (de cativeiro) são benéficos para o organismo, com gorduras favoráveis e proteínas de fácil digestão, quando comparadas a outras proteínas de origem animal", afirmou Sandra. A pesquisa desenvolvida no Campus Cuiabá – Bela Vista aponta que estes peixes de água doce, mais especificamente encontrados em Mato Grosso, são alternativas importantes na composição de uma dieta mais saudável. O resultado indica que o consumo de peixes da região pode, inclusive, baratear os custos de uma dieta específica desenvolvida por nutricionistas.
É o que aponta a Ana Flávia Amorim. Nutricionista e pós-graduada em Comportamento Alimentar e Nutrição Clínica, que destaca a importância da pesquisa. "Para a área da saúde, transcende o aspecto da nutrição. O peixe estudado é mais acessível para a população, facilitando dessa forma, o acesso a nutrientes importantes como o ômega 3, que possui ação anti-inflamatória, auxilia no tratamento de colesterol alto e metabolismo da glicose, além de estudos recentes terem apontado um papel importante dessas gorduras na prevenção de Alzheimer", destacou.
Ana Flávia pontua que o peixe fornece proteína de alta biodisponibilidade e com uma digestibilidade mais fácil, sendo muito relevante dentro de um contexto de alimentação saudável, que busca prevenir ou tratar doenças crônicas como obesidade e diabetes.
O consumo de peixes regionais faz bem para a saúde e para o bolso. De acordo com o presidente da Associação Mato-grossense de Piscicultores (Aquamat), Darci Fornari, optar pelo Tambatinga por exemplo pode representar uma economia de até 60%. "O quilo do peixe inteiro eviscerado gira em torno dos R$ 22 por quilo, enquanto o filé da Tambatinga é vendido em média a R$ 55 o quilo", comentou. O valor do filé do salmão chega a R$ 135 o quilo.
Darci destaca que a expectativa é que o mercado de peixes de água doce aumente para este período da quaresma em Mato Grosso. "Apenas em Tambatinga a produção anual no estado chega a 30 mil toneladas. Para a quaresma a previsão é que sejam comercializados 30% deste valor, em torno de nove mil toneladas", comentou.
Ampliação Os resultados da primeira pesquisa, com as pacu-pevas, motivaram os pesquisadores do IFMT Campus Cuiabá – Bela Vista a ampliar as análises para outras espécies, na busca de concentrações relevantes destes nutrientes. A segunda pesquisa englobou dez espécies, sendo três delas usualmente criadas em cativeiro, como o Tambacu, o Bagre e a Tambatinga.
"No caso da Tambatinga, especificamente, já tínhamos o conhecimento junto a piscicultores de que a espécie possuía um rápido crescimento de massa muscular, o que representa uma boa lucratividade na criação do peixe em cativeiro. Nesta pesquisa em andamento já identificamos, por conta desta qualidade da Tambatinga, uma alta concentração proteína", afirmou Sandra Mariotto.
A Tambatinga, por exemplo, possui uma concentração de 28,66% de proteínas, conforme apontou a pesquisa. Já o Pintado, possui uma concentração de 22% de proteínas. "Carnes vermelhas podem ultrapassar os 30% de concentração, mas, se levarmos em conta a digestibilidade e a concentração de gorduras, é mais indicado o consumo de peixe", comentou.
Isso significa, de acordo com a pesquisadora, que os resultados preliminares apontam para a Tambatinga como uma boa alternativa nutricional inclusive para a carne vermelha. "Se imaginarmos a indústria da pecuária e os impactos no meio ambiente, apresentar uma alternativa como a Tambatinga na dieta regular implicaria não somente na mudança da dieta familiar, mas em toda uma cadeia de produção em prol da preservação ambiental", destacou Sandra. |
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Brasil : Estudo mostra que uso do celular na refeição afeta a saúde
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Enviado por alexandre em 18/03/2024 01:02:47 |
Você usa o celular ao comer? Pois saiba que essa prática é mais arriscada do que parece Usar o celular durante as refeições pode parecer inofensivo, mas pode ter vários efeitos negativos na saúde física, mental e relações sociais. É sempre melhor reservar esse tempo para desfrutar da comida e da companhia daqueles com quem você está compartilhando a refeição. Um estudo conduzido pelo departamento de psicologia da Universidade da Campânia Luigi Vanvitelli, na Itália, revelou que o uso do celular durante as refeições está associado a um aumento na ingestão calórica. Veja também Overdose de vitaminas: entenda quando suplementos ameaçam a saúde Quais os riscos de mandar o filho para a escola sem tomar vacina Os pesquisadores italianos Marco La Marra, Giorgio Caviglia e Raffaella Perrella sugeriram que, embora a distração possa interferir nos sinais fisiológicos de fome e saciedade, há uma suposta influência do efeito de facilitação social. Eles ressaltaram que a cognição desempenha um papel fundamental na regulação da ingestão alimentar e atividades que exigem alta demanda perceptiva devem ser desencorajadas durante as refeições. Dados globais indicam que o uso de tecnologias digitais, conhecidas como "tempo de tela", é um fator de risco para a obesidade, especialmente entre os jovens. Além disso, há preocupações com o potencial viciante do uso excessivo de dispositivos móveis, os pesquisadores concluíram que o uso destes dispositivos durante as refeições interfere no comportamento alimentar, destacando a importância de prestar atenção durante a ingestão alimentar. Qualquer distração durante as refeições pode desviar a atenção dos alimentos, prejudicar o processo de mastigação e reduzir a sensação de saciedade. Isso pode levar a um aumento do desejo de comer mais, resultando, consequentemente, em uma maior ingestão calórica. Fonte: Diário Online LEIA MAIS |
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Brasil : Proposta de criação de zona de desenvolvimento sustentável incentivou desmatamento na Amazônia
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Enviado por alexandre em 18/03/2024 00:55:46 |
Atraídos pelo anúncio do projeto da Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira, que pretende criar um polo agrícola inspirado no Matopiba, posseiros e grileiros fizeram disparar o desmatamento e degradação florestal na fronteira entre Amazonas, Acre e Rondônia. Com informações do Jornal da Unesp Desmatamento ilegal no Acre flagrado pela Operação Tayassu, da PF, em 2021. Foto: Reprodução/PF-AC O conceito de desenvolvimento sustentável busca articular a demanda humana por desenvolver suas atividades econômicas e ganhar qualidade de vida com a necessidade imperiosa de preservar os recursos naturais que tornam possível a vida no planeta. Porém, na Amazônia, o projeto da criação de uma zona de desenvolvimento econômico sustentável está obtendo o resultado oposto, fazendo avançar a fronteira do desmatamento, pincipalmente de 2018 para cá. É o que mostra uma pesquisa que contou com a colaboração de docentes da Unesp e que foi publicada na revista Perspectives in Ecology and Conservation.
O projeto em questão é a Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS) Abunã-Madeira. Sua área de pouco mais de 454 mil km² engloba 32 municípios localizados na fronteira entre o sul do Amazonas, o leste do Acre e o noroeste de Rondônia, e abriga cerca de 1,7 milhão de pessoas.
O projeto começou a ser discutido em 2018 com o nome de "Zona de Desenvolvimento Sustentável entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia (AMACRO)". Formalmente, o objetivo do projeto de zoneamento é fomentar a sustentabilidade ambiental por meio do desenvolvimento socioeconômico da região. A inspiração, porém, vem da explosão de produção agrícola que foi verificada, nos últimos 20 anos, no chamado MATOPIBA, sigla que identifica uma área que se espalha pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e que estava originalmente coberta pelo Cerrado. Em 2021, o projeto de zoneamento foi apresentado formalmente pelos três estados e o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro com o nome de ZDS Abunã-Madeira.
Fonte: "AMACRO: the newer Amazonia deforestation hotspot and a potential setback for Brazilian agriculture" Há anos, a região tem registrado um aumento expressivo das taxas de desmatamento, de conversão de florestas em pastagens e áreas agrícolas, e de especulação fundiária. Por isso, a proposta do estudo foi analisar, em detalhes, as mudanças que ali decorreram ao longo de uma década, para comparar os efeitos da discussão e da movimentação para a criação da ZDS sobre o território. Para isso, os pesquisadores combinaram o uso de imagens de satélite, dados sobre desmatamento, degradação florestal e queimadas, e informações geográficas de áreas com vegetação suprimida, além de informações colhidas no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), obtidos no período entre 2012 e 2022.
As análises mostraram o crescente surgimento de clareiras, formadas pelo avanço do desmatamento e das queimadas sobre áreas de vegetação natural para a criação de pastagens nos municípios da região.
"Posseiros e grileiros estão invadindo, desmatando e subdividindo terras públicas na expectativa de uma lei de regularização fundiária que autentique as áreas invadidas", diz o geógrafo Michel Chaves, pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Tupã, um dos autores do estudo publicado. Segundo ele, a situação chegou a tal ponto que, atualmente, é possível encontrar áreas de terras públicas situadas na região ofertadas pela internet. "A dinâmica de conversão do uso da terra é diferente nos municípios que o projeto da ZDS Abunã-Madeira pretende abranger", comenta Chaves. "Em alguns deles, o número de cabeças de gado cresceu mais de 3.000% nos últimos anos". Vocação regional Ao debaterem, e posteriormente se movimentarem pela criação da AMACRO, os políticos e governadores dos três estados amazônicos sustentavam a tese de que a vocação econômica natural da região seria o agronegócio. O projeto de zoneamento criaria facilidades para a atração de investimentos do agronegócio. O efeito, diziam, seria o de gerar empregos e solucionar demandas das populações locais — 43% dos municípios da AMACRO apresentam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Mais especificamente, o estado do Amazonas quer obter financiamento para potencializar municípios com aptidão para o desenvolvimento agrícola na região sul. O do Acre pretende explorar corredores de transporte de exportação nos eixos das rodovias BR-317, que liga o Brasil ao oceano Pacífico através do Peru, e BR-364, que conecta o estado ao resto do país. Já Rondônia espera fortalecer suas cadeias produtivas. Em comum, os três querem explorar os mercados asiáticos por meio de rotas oceânicas e portos no Pacífico.
O problema, de acordo com Chaves, é que o projeto foi lançado sem que nenhum estudo tenha sido feito para avaliar seus impactos ambientais e sobre o capital humano incorporado nas comunidades tradicionais. Ele lembra que a região abriga 86 unidades de conservação, 49 áreas de terras indígenas e quase 95 mil km² de florestas públicas não destinadas — isto é, terras sob domínio do governo federal ou estadual que ainda não receberam destinação para se consolidar como terra indígena, unidade de conservação ou outro tipo de área protegida, como reservas extrativistas, assentamentos, áreas quilombolas. "Algumas áreas de terras públicas podem ser alteradas mais facilmente se pertencerem a iniciativas como as de zonas de desenvolvimento sustentável", ele explica. Terra de ninguém Análises de dados de sensoriamento remoto feitas pela equipe de Chaves indicam que os municípios que integram a ZDS Abunã-Madeira responderam por 76,5% da taxa total de desmatamento registrada nos estados do Amazonas, Acre e Rondônia entre os anos de 2018 e 2022. Somente em 2021, 64% do desmatamento nessa área se deu em terras públicas. "Os conflitos fundiários e a violência contra povos indígenas também aumentaram muito naquela região, reforçados pela falta de fiscalização e pelo incentivo ao modelo de desenvolvimento baseado na expansão de áreas para a atividade agropecuária", diz.
Apesar do aumento expressivo registrado a partir de 2018, o desmatamento nessa região vem crescendo desde 2012, o que coincide com um período de crise econômica, mudanças nas forças políticas e enfraquecimento da regulamentação ambiental no Brasil. De 2012 a 2020, 5,23% da área da ZDS Abunã-Madeira passaram de florestas para áreas de uso antrópico, principalmente como áreas de pastagem, de acordo com dados do MapBiomas, uma iniciativa da ONG Observatório do Clima que reúne universidades, empresas de tecnologia e entidades da sociedade civil brasileira.
Fonte: "AMACRO: the newer Amazonia deforestation hotspot and a potential setback for Brazilian agriculture" Estudos recentes indicam ainda que a conversão do uso da terra na região está ligada principalmente à grilagem de terras, à exploração madeireira e às queimadas, fatores que levam à degradação florestal, ao desmatamento e à expansão do arco de desmatamento para áreas florestais preservadas.
Ao cruzar dados de desmatamento do Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica por Satélite (Prodes), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com informações do Sigef sobre posse de terra entre 2012 e 2022, os autores do estudo observaram que, em valores absolutos, o desmatamento aumentou em todos os tipos de classes fundiárias, mas de forma alarmante nas unidades de conservação — sobretudo desde 2018, quando a ideia de projeto da ZDS Abunã-Madeira se popularizou.
Nos assentamentos rurais, a maior taxa registrada foi 83,3% acima da média entre 2012 e 2020. Nas fazendas privadas, áreas militares e terras não designadas, as quatro taxas mais altas foram registradas no período de 2018 a 2022. Esse padrão, segundo Chaves, também foi encontrado nas unidades de conservação. Nas áreas de terras indígenas, o padrão de desmatamento mudou a partir de 2018, quando todas as taxas ultrapassaram os 20 km2. "O desmatamento tem sido mais frequente e crescente em terras privadas, mas também avança de forma preocupante nas unidades de conservação", ele afirma.
A conversão descontrolada de florestas em pastagens ou terras agrícolas na Amazônia contribui para o aumento das temperaturas, além de alterar os padrões de chuvas e intensificar a frequência de eventos climáticos extremos. Segundo Marcos Adami, pesquisador do Inpe, em São José dos Campos, interior de São Paulo, e um dos autores do artigo, "essas condições perturbam a regulação climática e o ciclo da água útil para a produção agrícola em estados produtores relevantes, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, entre outros, gerando perdas bilionárias". O ponto de não retorno pode chegar em 25 anos A Amazônia já perdeu cerca de 18% de sua cobertura florestal. Se essa tendência não for revertida nos próximos 25 anos, o bioma pode atingir o ponto de não retorno, o que indicaria o colapso parcial ou total da floresta e a aceleração do aquecimento global. O alerta foi feito em estudo publicado no dia 14 de fevereiro na revista Nature por grupo internacional de 24 pesquisadores, 14 deles brasileiros, entre eles o climatologista José Marengo, professor do Programa de Pós-graduação em Desastres Naturais da Unesp e do CEMADEN.
No caso da região da AMACRO, só no ano de 2022 o desmatamento chegou a quase 430 mil hectares, e estima-se que, até aquele ano aproximadamente 30% da área original de floresta haviam sido destruídos. Segundo Adami, a quantidade de terras já abertas pode atender os fins de produção agropecuária, o que tornaria desnecessário expandir o desmatamento. "Na verdade, o que acontece lá não tem tanto a ver com aumentar a área para produção agrícola, mas sim com a especulação fundiária", diz. Ele explica que essa prática é antiga no Brasil, mas ganhou força nos últimos anos, "estimulada por um modelo de desenvolvimento que utiliza o desmatamento para especulação imobiliária e o aumento de áreas para a agricultura e a pecuária extensiva em vez de maximizar a produção em áreas já desmatadas".
Para Chaves, o caminho para reverter o avanço do desmatamento na região passa por fomentar ações subnacionais, nacionais e internacionais que coíbam ilegalidades e priorizem sustentabilidade. "O país dispõe de tecnologia e sistemas para mensurar impactos ambientais e fomentar políticas públicas de planejamento territorial, como os programas satélites CBERS e Amazônia-1. Também existem iniciativas, inclusive locais, capazes de gerar ganhos econômicos a partir da diversificação da produção e agregação de valor às culturas de origem nativa, valorizando a floresta em pé", diz. A principal dificuldade, acredita, é mudar o entendimento dos políticos e da população local, pois grande parte já incorporou a ideia de que a junção entre criação de gado e cultivo de soja é a melhor opção para promover desenvolvimento econômico na região.
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da Unesp, escrito por Rodrigo de Oliveira Andrade |
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Brasil : Metade das mulheres diz que já sofreu violência doméstica no Brasil
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Enviado por alexandre em 15/03/2024 00:32:49 |
18% só se identificam como vítimas após serem apresentadas a situações específicas, aponta Mapa Nacional da Violência de Gênero divulgado na ONU Praticamente metade das mulheres afirma que já sofreu violência doméstica e familiar no Brasil, de acordo com os dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero divulgados nesta quinta-feira (14). Segundo o levantamento, 30% das entrevistadas dizem já terem sido alvos do crime; outras 18% se identificam como vítimas, mas só após serem apresentadas a situações específicas descritas como de violência. O projeto, lançado em novembro do ano passado, é uma parceria entre o Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV), o DataSenado, o Instituto Avon e a organização Gênero e Número. A atualização foi divulgada durante evento da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, durante a 68ª Sessão da Comissão da Situação da Mulher das Nações Unidas, em Nova York. se ela teve seus recursos financeiros retidos, por exemplo—, parte daquelas que haviam afirmado não terem sofrido violência se identificam como vítimas. Esse é o caso de 18% das respondentes, evidenciando o problema da subnotificação. Veja também Março Lilás: mês do combate ao câncer do colo uterino. Saiba como se prevenir. VEJA REPORTAGEM DO 'PORTAL DO ZACARIAS' AO VIVO Prefeitura de Manaus realiza 'Dia D' do Março Lilás em unidades de saúde da Zona Norte neste sábado A pesquisa entrevistou por telefone mais de 21 mil brasileiras entre os dias 21 de agosto e 25 de setembro do ano passado. O levantamento aponta que um número maior de mulheres responde ter sido vítima de violência doméstica nos estados da região Norte. Enquanto nacionalmente esse percentual é de 48%, no Amazonas ele sobe para 57%, no Amapá, para 56%, em Rondônia, para 55%, e, no Acre, para 54%. No Sudeste, Rio de Janeiro e Minas Gerais também têm níveis superiores à média nacional, ambos com 53%. "Esse recorte por estado é inédito e muito importante, porque a violência doméstica tem contornos regionais, ela é experimentada no território", afirma Grelin à Folha. A pesquisa também questionou mulheres sobre seu nível de conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, a principal lei federal brasileira contra a violência doméstica. Segundo o levantamento, apenas 20% das entrevistadas se consideram bem informadas sobre a legislação. "O conhecimento da lei é menor em estados onde a incidência é maior", resume Grelin. "Estamos falando principalmente de estados da Amazônia Legal, onde mulheres que ficam no interior são pouco assistidas por equipamentos públicos que entregam uma rede de proteção à mulher vítima de violência, onde elas são pouco alcançadas por campanhas de prevenção, onde impera o desamparo e a banalização da violência." Quase 3 em cada 10 entrevistadas afirmam já terem solicitado medidas protetivas, um dos instrumentos previstos na lei. O percentual é maior no Rio Grande do Sul, onde 41% das vítimas de violência afirmam ter requisitado uma medida protetiva para sua segurança. Foto: Reprodução No caso do Rio de Janeiro, a presidente do Instituto Avon diz que há meses tenta fechar um acordo técnico com o estado para disponibilizar um programa que oferece acolhimento temporário a mulheres vítimas de violência que aguardam uma decisão da Justiça. Segundo ela, o programa, em parceria com a rede de hotéis Accor, existe em 20 estados. A hipótese dela é que o Rio é um estado marcado de tal forma pela violência urbana e pela truculência da polícia que a segurança pública acaba vista com desconfiança. Falando sobre o cenário brasileiro, ela aponta que a subnotificação da violência é consequência também do que chama de "desamparo aprendido". "A mulher vai no SUS e tem dificuldade de acessar seus direitos, vê seu filho sendo desrespeitado pela polícia na rua... Essa mulher tentou tantas vezes acessar seus direitos e foi negligenciada, revitimizada, que ela deixa de acreditar." Nesse sentido, ela critica o fato de o Governo de São Paulo ter congelado a verba para combate a violência contra a mulher e aponta falta de recursos com esse objetivo em outros estados e nos investimentos filantrópicos do setor privado. "Há um subfinanciamento. A mulher é preterida nas políticas públicas, principalmente estaduais", diz. Fonte: Folha de São Paulo LEIA MAIS |
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