Céu azul com poucas nuvens, natureza exuberante, areia branca e as deliciosas águas do rio Tapajós. Esses são apenas alguns atrativos de Alter do Chão, um dos distritos administrativos do município de Santarém, no Pará. A popular vila de Alter do Chão foi fundada em 6 de março de 1626 pelo português Pedro Teixeira.
Tornou-se um dos principais pontos turísticos do Estado e, além da "Ilha do Amor", localizada bem em frente à vila, existem muitos outros pontos que tiram o fôlego dos visitantes. Conheça 10 fatos curiosos sobre a 'Pérola do Tapajós':
Alter do Chão. Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém
1. Nome
A vila de Alter do Chão foi fundada em 6 de março de 1626 pelo português Pedro Teixeira, sendo elevada à categoria de vila por Francisco Xavier Furtado. A origem do nome provém da vila portuguesa de mesmo nome.
2. Encontro das águas
Sim, o encontro das águas não é algo exclusivo do Amazonas. Em Alter do Chão, os rios Tapajós e Amazonas se encontram. Densidade, número de sedimentos e diferentes temperaturas são os fatores responsáveis pela separação dos rios.
3. Reconhecimento internacional
Por causa das inúmeras ilhas e extensas faixas de areia branca, Alter do Chão ganhou reconhecimento internacional em 2009. Na época, o jornal britânico 'The Guardian' colocou o local na lista das 10 mais belas praias brasileiras.
Foto: Reprodução/Agência Pará
4. Menor camarão do mundo
Isso mesmo. O menor camarão do mundo se reproduz entre os rios Tapajós e Amazonas. Ele se chama aviú e possui cerca de um centímetro de comprimento. A reprodução desses animais acontece durante o período da cheia.
5. Proteção
Criada em parceria com a NASA, o município conta com torres climáticas que monitoram a Floresta Nacional do Tapajós. As torres foram construídas na década de 90 e verificam o vento, a temperatura, a umidade, o carbono, o nitrogênio, entre outros compostos que alteram o metabolismo da floresta.
6. Sairé
A vila de Alter do Chão não oferece apenas atrativos naturais, mas também a tradicional Festa do Sairé, conhecida por apresentar uma mistura de elementos religiosos e profanos, com grande participação popular.
Foto: Reprodução/Agência Pará
7. Patrimônio
Foi declarado, no Diário Oficial do Estado (DOE) do Pará, que o distrito de Alter do Chão é patrimônios culturais de caráter imaterial, por meio da lei nº 9.543. O reconhecimento foi anunciado dia 28 de abril de 2022.
8. Praias
Em Alter do Chão, existem belas praias de areias brancas, banhadas pelas águas transparentes do rio Tapajós. A beleza dessas praias se associa ao lendário Lago Verde ou Lago dos Muiraquitãs.
9. Para todos os gostos
Alter do Chão é encantadora o ano todo, mas a paisagem muda completamente dependendo do nível do rio. Quem procura sombra e água fresca pode ir de agosto e janeiro, quando os rios estão baixos e os bancos de areia branca e fininha surgem para formar as praias. Os outros meses podem ser aproveitados por quem gosta de trilhas e passeios de barco, por exemplo.
No silêncio das árvores ancestrais, uma alma incansável encontrou seu último refúgio. Elizabeth Aracy Rondon Amarante, conhecida como Irmã Beth Myky, partiu deste mundo nesta semana, aos 90 anos, deixando um legado de amor e dedicação aos povos indígenas. Sua jornada, marcada por coragem e solidariedade, agora se dissolve nas brumas do tempo.
Ela chegou ao Mato Grosso como missionária católica e o chamado da floresta ecoou mais forte. Abraçou a vida entre os Myky, uma etnia que lhe ensinou a linguagem das folhas, o ritmo das chuvas e a sabedoria ancestral. Desde 1979, ela caminhou ao lado desse povo, mostrando sua voz contra as injustiças e defendendo suas terras e tradições.
Irmã Beth: uma vida com bandeira . Foto: Renan Dantas/Diocese de Juína
No Rio de Janeiro, onde o asfalto se confunde com o mar, Irmã Beth travou sua última batalha. A pneumonia, implacável como o vento nas altas copas das árvores, a levou. Dez dias de luta silenciosa, e então o suspiro final. Seu corpo, frágil e marcado pelas intempéries da vida, foi cremado nesta terça-feira, 5 de março, em uma cerimônia para amigos e familiares, após uma missa de corpo-presente.
A Diocese de Juína (norte do Mato Grosso) lamentou a partida da Irmã Elizabeth. "Um vazio se abre na comunidade indigenista", declarou em nota. Mas não é um vazio qualquer. É o espaço deixado por uma mulher que dedicou sua existência à causa. Seu amor pelos povos indígenas transcendeu fronteiras e dogmas, tornando-se um farol para todos nós.
Na penumbra da injustiça, sua memória brilha como uma estrela distante. Seu compromisso inabalável ecoa nas vozes dos que ainda lutam. Ela nos ensina que a verdadeira grandeza reside na simplicidade, na entrega aos outros. Como o rio que serpenteia a floresta, seu legado fluirá pelas gerações, nutrindo a esperança e a justiça.
Neta do herói brasileiro Marechal Cândido Rondon, carregava em seu sangue a coragem dos pioneiros. Seu avô, o sertanista incansável, desbravou terras desconhecidas. Ela seguiu seus passos, mas não pelas estradas de pedra. Seu caminho era invisível, feito de empatia e compaixão.
Hoje, enquanto as árvores sussurram seu nome, Irmã Beth se funde à floresta que amou. Seu espírito, agora livre das amarras terrenas, dança com os ventos e se mistura ao aroma das folhas. Que sua luz continue a guiar os que buscam justiça, os que sonham com um mundo onde todas as vozes sejam ouvidas.
De avô para neta
Irmã Beth era filha de Clotilde Rondon, que era filha do Marechal Rondon, patrono do estado de Rondônia e fundador do SPI (Serviço de Proteção Indígena), precursor da atual Finai. Essa linhagem de compromisso com os povos originários moldou a trajetória de Irmã Beth.
Mostrando o diário com relatos históricos das vivências com os Myky. Foto: Renan Dantas/Diocese de Juína
Como parte do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), ligado à Igreja Católica, Irmã Beth dedicou metade de sua vida à causa dos ancestrais. Seus diários, repletos de histórias e questões antropológicas, podem se transformar em preciosos livros, preservando a memória e as lutas das comunidades indígenas.
Em dezembro de 2023, Irmã Beth fez sua última aparição pública. Ela assistiu ao filme "Rondon, o Sentimento da Terra", exibido na Cinemateca do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. O evento celebrava os 100 anos de nascimento do cineasta ítalo-brasileiro Mário Civelli (1923/1993), conhecido por seus documentários sobre Rondon. Civelli foi amigo e guardião do acervo do Major Rondon, e essa conexão especial entre Irmã Beth e seu avô perdurou ao longo de toda a vida. A despedida da Irmã Elizabeth é mais do que um adeus. É um convite para que cada um de nós, como ela, encontre nossa tribo, nossa causa, e siga adiante, mesmo quando a escuridão ameaça. Pois, como dizia o velho Rondon, "aos que ficam, cabe a missão de continuar". E assim, sob o dossel verde da floresta, a história se entrelaça com o eterno.
Sobre o autor
Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.
Fevereiro de 2024 entrou para a história como o nono mês consecutivo de temperaturas recordes na Terra, conforme anunciado por cientistas do observatório europeu Copernicus nesta quinta-feira (7). Esses registros não se limitam apenas ao ar; o calor também está batendo recordes nos oceanos, tornando-se uma preocupação global. “Vivemos uma emergência climática”, alertou António Guterres, secretário-geral da ONU.
Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), destacou que o aquecimento contínuo do sistema climático está conduzindo a novos extremos de temperatura. Fevereiro de 2024 marcou o fevereiro mais quente já registrado globalmente, com uma temperatura média do ar de superfície de 13,54°C, 0,81°C acima da média de fevereiro de 1991-2020 e 0,12°C acima do recorde anterior.
A temperatura média global nos últimos doze meses (março de 2023 – fevereiro de 2024) também atingiu o seu ponto mais alto, 0,68°C acima da média de 1991-2020 e 1,56°C acima da média pré-industrial. Nos oceanos, a situação não é diferente, com a temperatura média da superfície do mar global atingindo um recorde de 21,06°C em fevereiro, superando o recorde anterior de agosto de 2023.
Buontempo enfatizou que, a menos que as concentrações de gases de efeito estufa sejam estabilizadas, enfrentaremos mais recordes de temperatura global e suas consequências. Esses recordes de temperatura estão se tornando cada vez mais comuns, desde junho de 2023 até fevereiro de 2024, refletindo a urgência de ações para enfrentar as mudanças climáticas.
Lilian Gonçalves se destaca na proteção do pirarucu e na luta contra a pesca ilegal na região amazônica.
Com informações do Ministério da Pesca e Aquicultura
Na categoria 'Pesca Artesanal em Águas Continentais', o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade indicou a amazonense Lilian Gonçalves. A jovem de 22 anos é da cidade de Maraã, no Amazonas, em meio às águas do rio Japurá, Lilian acompanha seus familiares no manejo do pirarucu desde a infância, e trabalha na proteção da espécie na região de lagos, contra a pesca predatória do peixe que está ameaçado de extinção.
Ela participa das atividades de monitoramento, leciona na comunidade e faz parte da organização socioprodutiva que participa do Projeto Rural Sustentável (PRS) da Amazônia. Lilian conta que vê a evolução de quando começou na atividade para os dias atuais:
"No início a pesca não tinha a mesma participação de mulheres que vejo hoje, eram mais homens que trabalhavam e não tinham nenhum tipo de benefício ou trabalho coletivo, era muito individual. Hoje isso vem mudando, os pensamentos das pessoas, a organização no setor e a busca por mais reconhecimento, valorização e proteção dos nossos territórios e recursos naturais".
Foto: Reprodução/Ministério da Pesca e Aquicultura
Para a pescadora, a participação dos movimentos sociais na organização da atividade pesqueira colabora para a conservação de seu território.
Lilian entende que a pesca ilegal gera destruição das espécies e do meio ambiente: "Com a preservação dos recursos naturais, no futuro, nossa população não vai precisar deixar nosso território. O desejo é que deem mais atenção à nossa segurança".
A amazonense acredita que o Prêmio encoraja mais mulheres a irem à luta e participarem das tomadas de decisões, ocupando seus espaços e sendo valorizadas.
Em ligação com Lilian, para comunicá-la da premiação e convidá-la à cerimônia de homenagem do prêmio - que será realizada em Brasília - o Ministro André de Paula enfatizou o apreço e respeito à atuação da pescadora: "Como professora, pescadora, amazônida, jovem, muito combativa e o trabalho que você faz na luta pela preservação do pirarucu merece todo o nosso aplauso. Então, te homenagear é homenagear as mulheres que como você lutam todos os dias nas águas".
Embora ainda incipiente, exploração de garimpo próximo e dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, tem sido vetor do desmatamento na área protegida
À primeira vista, o desmatamento de 122 hectares no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque de 2022 para 2023 parece uma gota no verdadeiro oceano de 3.867.000,00 hectares de área do maior parque nacional brasileiro.
Os números da devastação, provocados pelo garimpo ilegal e tornados públicos na semana passada pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ), confirmam o que já havia sido verificado em outras unidades de conservação na Amazônia: a falta de coordenação das agências oficiais responsáveis pela fiscalização termina facilitando a permanência e a expansão agressiva da mineração ilegal no entorno e também dentro do Parque, o que contraria a legislação.
De acordo com a pesquisa do IEPÉ, uma organização não governamental fundada em 2002, o mesmo ano da criação do Parque do Tumucumaque, o desmatamento vem sendo provocado por um garimpo ilegal na região conhecida por Vila do Lourenço, localizada na zona rural do município amapaense de Calçoene, no entorno do parque. Mas, como observa Décio Yokota, economista e coordenador da pesquisa, a desintrusão dos garimpeiros que operavam ilegalmente nas Terras Yanomami no Pará, em 2023, pode ter levado à migração do garimpo instalado na Vila do Lourenço para dentro da área do Tumucumaque.“Não temos acesso ao monitoramento prévio.
Mas, uma vez descoberto o garimpo ilegal, as agências não conseguem se articular para coibir. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, responsável por Tumucumaque) não tem colaboradores armados. Eles precisam ir a campo ou com o batalhão ambiental, quando é algo de rotina, ou numa coisa como essa (garimpo ilegal), com a Polícia Federal, ou o Exército”, explica Décio Yokota, que comparou as imagens registradas pelo sistema de satélites Planet.
“Muitas dessas operações (de fiscalização) acabam não sendo feitas. Se (os órgãos públicos) conversassem com as pessoas do local, montariam uma estratégia mais efetiva. A mesma coisa (acontece) em outras regiões do Brasil. Na terra indígena Yanomami ou na região de fronteiras, em que existe a necessidade de articulação principalmente com as forças armadas, seja a Aeronáutica ou o Exército, esses órgãos são muito fechados e existe muito pouca possibilidade de articulação interinstitucional”, completa.
Como apontou a Folha de São Paulo em matéria publicada no dia 2 de março, “apesar do reconhecimento das ações das Forças Armadas na desintrusão do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, a insatisfação com a atuação dos militares no local que existia durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) persiste no primeiro ano da atual gestão Lula (PT). Documentos obtidos pela Folha e relatos de pessoas que atuam na região apontam para omissão e falta de empenho, além de desconfiança de boicote”.
Em faixas de até 150 km ao longo da fronteira, como é o caso de boa parte do Tumucumaque, a legislação manda que devem atuar de forma preventiva órgãos de controle como o Conselho de Defesa Nacional, a Agência Brasileira de Informações (Abin), a Polícia Federal (PF) e as Forças Armadas.
“É notório que a comunicação interinstitucional entre as diferentes agências responsáveis por essa pasta sempre foi um grande desafio. Mas, desculpe, não vou me posicionar em relação a isso”, disse engenheiro florestal Christoph Jaster, que foi chefe do Parque entre 2003 e o dia 4 de março de 2024 e falou a esta reportagem menos de uma semana antes de sua demissão da chefia do Tumucumaque ser publicada no Diário Oficial.
Ele estima que o desmatamento tenha alcançado 80 ha no interior da unidade de conservação. O Parque do Tumucumaque tem nove servidores permanentes e 33 agentes ambientais temporárias. Vinte e um deles permanecem nas quatro bases instaladas no interior do Parque. Uma quinta está sendo construída.
“Não posso me aprofundar muito porque existe restrição de acesso a informações pormenorizadas. As coisas (o garimpo e o desmatamento) acontecem em uma proporção bastante modesta, mas não deixam de nos preocupar para que evitemos que isso tome proporções incontroláveis”, ponderou.
Christoph Jaster informou ainda que a atenção da equipe incide na região do rio Tajauí, cuja cabeceira fica praticamente na periferia da Vila do Lourenço e onde existe um garimpo há mais de 130 anos. “Ele [rio Tajauí] corre para sudoeste e em torno de 5 km depois de sua nascente já adentra a área do Parque. Ali, sim, está se instalando uma frente garimpeira bastante agressiva. Há dois anos tivemos os primeiros alertas em áreas (no local do garimpo) que somam 20 hectares desmatados”.
É nessa área, segundo Christoph Jaster, que o garimpo ilegal está tomando uma taxa bastante intensa. “Acompanhamos mês a mês as imagens de satélite. Nesse momento, há 80 hectares de floresta natural suprimida ao longo do rio (Tajauí) e cavas de garimpo brutais sendo instaladas na cabeceira. O rio fica extremamente impactado e a lama (do garimpo) é carreada até praticamente a foz do rio Tajauí para dentro do rio Araguari”. Os efeitos dessa intervenção, continua Christoph, atingem o médio Araguari na região da Floresta Nacional do Amapá, a 300 km a jusante da fonte de contaminação.
De acordo com o levantamento do IEPÉ, “no garimpo do Lourenço, a contaminação por mercúrio afeta a bacia dos rios Araguari e Cassiporé, contaminando diretamente a população próxima do curso de rios e igarapés. A exposição a grandes quantidades de mercúrio pode causar tremores, insônia, perda de memória, convulsões, surtos psicóticos e em, casos extremos, a morte. Para obter 1 kg de ouro, são necessários 2,6 kg de mercúrio. O uso do mercúrio na atividade garimpeira interfere diretamente na segurança alimentar na região amazônica, pois o peixe é uma das principais fontes de proteínas consumida, principalmente nas regiões ribeirinhas”.
O Tumucumaque fica entre os estados do Amapá e do Pará, na fronteira com a Guiana Francesa e o Suriname. A sua área se espalha pelos municípios de Calçoene, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio, no Amapá, além da cidade de Almeirim, no Pará. Ele se inclui entre as Áreas Protegidas da Amazônia por ser considerado prioritário para a manutenção da biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente.
Após intensa mobilização de organizações da sociedade civil, que viam naquela região uma espécie de oásis de conservação ambiental, a criação do Parque do Tumucumaque foi anunciada pelo governo brasileiro durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, um fórum de discussão das Nações Unidas realizado entre agosto e setembro de 2002 na África do Sul. Uma das referências do movimento ambientalista brasileiro, o jornalista Washington Novaes (1934-2020) sempre repetia que seu sonho era morar no Tumucumaque.
Um comunicado da PF informa que em outubro de 2023 o órgão e o ICMBio iniciaram a Operação Divertere, na região de Vila do Lourenço, para reprimir o garimpo ilegal. A PF disse que as máquinas utilizadas pelos garimpeiros foram destruídas. “Além das áreas diretamente desmatadas, os danos ambientais causados pelo garimpo ilegal impactam a cadeia ambiental em até 300 km do curso dos rios da região, com danos que podem ser considerados irreversíveis para a população, uma vez que o mercúrio (metal utilizado pelos garimpeiros na prospecção do ouro) contamina diretamente os organismos vivos da água, acarretando em contaminação”.
Christoph Jaster também revelou que, na região de Vila do Lourenço, já foram identificadas pessoas vindas de outras regiões e que atuam na expansão da frente garimpeira. “Já temos frentes garimpeiras muito amplas nas regiões dos rios Rejiná e Cassiporé, fora da área do Tumucumape, que acabam impactando outras áreas protegidas, inclusive terras indígenas e o Parque Nacional Cabo Orange, que fica na bacia hidrográfica do rio Cassiporé. É igualmente impactante e preocupante pela dinâmica agressiva que esses sistemas garimpeiros demonstram. Isso exigirá uma atenção de um aparato muito forte por parte das instituições de segurança”.Esta reportagem solicitou a posição do ICMBio, da Polícia Federal e do Ministério da Defesa (responsável pelas Forças Armadas).
Fotos: Reprodução
O ICMBio informou que “com o apoio da Polícia Federal, está intensificando as ações de combate ao garimpo ilegal no interior do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. Em 2023, foram realizadas duas operações na unidade, que resultaram na aplicação de R$ 960 mil em multas, embargo de 111 hectares, além da apreensão de mercúrio, ouro e inutilização de equipamentos utilizados no garimpo”.
A Assessoria de Comunicação Social da PF inicialmente orientou a reportagem a procurar o delegado Lucas Marcolini, que seria responsável pela área ambiental do órgão no Amapá. “Tive ciência disso, mas não estou autorizado a conceder entrevista”, respondeu Marcolini, quando contactado através do seu número de Whatsapp.
O Ministério da Defesa retornou com um telefonema o primeiro pedido de informações, mas para dizer que nada havia para informar. Ao ser questionado por e-mail pela segunda vez – com solicitações sobre sobre as operações de fiscalização, quantidade de operativos empregados etc – não retornou a mensagem. O espaço segue aberto.