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Mais Notícias : DENGUE: entenda por que a forma grave da doença não deve ser chamada de hemorrágica
Enviado por alexandre em 04/03/2024 09:23:15

Hemorragia não é o principal sintoma da dengue grave. OMS substituiu o termo dengue hemorrágica para dengue grave em 2009.

Por muitos anos, a forma mais severa da dengue foi classificada como "dengue hemorrágica", mas o termo não é mais usado pela comunidade médica. Em 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alterou para "dengue grave", movimento aderido pelo Ministério da Saúde em 2014.

 

Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que a alteração no termo ocorreu porque a hemorragia não é o principal sintoma da forma mais severa da doença. Em muitos casos, ela NÃO se manifesta:

 

"O termo dengue hemorrágico remete à hemorragia e o que mata na dengue não é a hemorragia, é a desidratação. Temos relatos de várias situações em que os próprios pacientes não identificam seus sintomas de agravamento por conta do nome errado dengue hemorrágica", afirma o epidemiologista André Ribas Freitas, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic.

 

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O infectologista Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Unesp, reforça que o termo "hemorrágica" causou confusões até mesmo nos atendimentos médicos. "A hemorragia é apenas um dos sintomas de gravidade. Quando o paciente não tinha sangramento, muitas vezes erroneamente, a infecção era interpretada como caso leve", afirma Naime.

 

"Quando a dengue agrava, você tem um consumo maior de plaquetas e isso tende ao sangramento, mas nem sempre isso acontece" - Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
 


Alexandre Naime explica que a dengue tem quatro tipos de classificação do ponto de vista clínico:

 

Tipo A (dengue clássica) - apresenta febre, dor no corpo, articulações, vermelhidão, mas sem sinais de alarme, sem condição especial, sem risco social e sem comorbidades. O paciente deve ser monitorado com hidratação oral.


Tipo B (dengue clássica) - o paciente que não apresenta sinais de alarme, mas tem condições especiais, risco social ou comorbidades, como hipertensão, ter mais de 65 anos, diabetes, asma, obesidade. Ele pode apresentar evolução desfavorável e deve ter acompanhamento diferenciado. Também é indicado o monitoramento com hidratação oral.


Tipo C (sinais de alarme) - o paciente apresenta sinais de alarme e a doença pode evoluir para a forma mais grave. Apresenta queda na pressão arterial, vômitos, dor abdominal, diarreia, queda nas plaquetas. Hidratação deve ser venosa.


Tipo D (dengue grave) - extravasamento grave de plasma, levando ao choque evidenciado por taquicardia, extremidades distais frias, pulso fraco, hipotensão arterial (pressão muito baixa), sangramento grave, comprometimento grave dos órgãos.

 

Naime ressalta que, no passado, os pacientes chegavam em choque, com pressão baixa e sem hemorragia e não eram diagnosticados com dengue grave, porque não tinham sangramento.

 

"O paciente deve procurar atendimento médico logo nos primeiros dias de sintomas. A dengue é uma doença completamente tratável, com baixo índice de óbito se o paciente procurar atendimento precocemente, quando ainda está no tipo A. Se eu faço uma intervenção adequada, classifico o paciente no grupo correto e manejo adequadamente, eu tenho baixo índice de óbito", pontua o infectologista da Unesp.

 

SINTOMAS

 

Nem sempre a infecção apresenta sintomas. O indivíduo pode ter uma dengue assintomática ou ter um quadro leve.


Mas é preciso ficar atento se a pessoa tiver febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino, acompanhada por pelo menos outros dois sintomas:

 

Dor de cabeça intensa


Dor atrás dos olhos


Dores musculares e articulares


Náusea e vômito


Manchas vermelhas no corpo


A forma grave é a que preocupa. Após o período febril, o indivíduo deve ficar atento aos sinais de alarme:

 

Dor abdominal intensa e contínua


Vômitos persistentes


Acúmulo de líquidos em cavidades corporais


Sangramento de mucosa


Hemorragias

 


 

O Ministério da Saúde alerta que é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados ao apresentar possíveis sintomas de dengue. 

 

Fonte: G1

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Brasil : A Família Benchimol em Porto Velho: as agruras do início de uma vida
Enviado por alexandre em 04/03/2024 09:20:12

Fortaleza do Abunã, um pequeno povoado a 275 quilômetros de Porto Velho, a partir dos anos 70 tornou-se uma atração turística do verão amazônico.


A família Benchimol que, embora tivesse casa em Porto Velho, estava localizada na Fortaleza do Abunã e naturalmente sofrendo as agruras de um período difícil, como relata o autor Jacques Marcovitch na sua obra A Saga do Desenvolvimento do Brasil:


Na Amazônia da década de 1920, durante uma temporada de malária brava no rio Abunã, um dos formadores do Madeira Mamoré, todos os dias da semana um seringueiro chegava ao hospital da Candelária, pertencente à Estrada de Ferro Madeira Mamoré, carregava nos braços um menino judeu, enfraquecido demais para caminhar sozinho.

No hospital, o menino recebia as injeções de quinino que acabariam por salvá-lo. Chamava-se Samuel Benchimol e anos mais tarde dedicaria a sua primeira tese universitária aos seringueiros da Amazônia, em sua maioria nordestinos, recolhendo centenas de depoimentos sobre as razões que os levaram a migrar para a Amazônia. ¹5

15 MARCOVITCH, Jacques. A saga do desenvolvimento no Brasil. Volume 3. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, Saraiva, 2007. Pág.: 233.

Nina Siqueira Benchimol - Porto Velho, 1920, acervo da família. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A história nos revela que as primeiras famílias judias aportaram na Amazônia em meados de 1820. Depois de testemunharem tanto sofrimento no Marrocos, optaram pelo Brasil tão somente pela facilidade da língua. De fato, como já foi dito, falavam hakitia, um dialeto ibero-judaico-marroquino e, naturalmente pela sua permanência na Espanha e Portugal, conheciam os dois idiomas. Falavam também o hebraico e francês, pois frequentaram a Escola Aliança Israelita Universal, que existiam nas principais cidades marroquinas.

Esse núcleo populacional tinha sido criado desde o final do século 17. De fato, não surgiu por conta da construção da Madeira Mamoré ou também pelas Estações Telegráficas da Comissão Rondon. Mas serviu principalmente como ponto de apoio para ambos os projetos. Vale ressaltar que sua transformação em município teve parte principal a construção da ferrovia e a estação da linha telegráfica. Segundo o autor Francisco Matias na sua obra Pioneiros – Ocupação Humana e Trajetória Política de Rondônia, sua transformação em município teve como fator principal as duas referidas obras em razão de sua importância como um dos dois pontos extremos da linha telegráfica. Ainda segundo o mesmo autor, era uma povoação antiga pertencente ao Mato Grosso, que foi transformada em município pelo Governador mato-grossense Generoso Paes Leme de Souza Ponce, pela Lei n.º 494, de 3 de junho de 1908. O povoado sede do município foi elevado à categoria de Vila, em 27 de setembro de 1911, pelo Decreto-Lei n.º 576, promulgado pelo governador da época, Joaquim Augusto da Costa Marques, de Mato Grosso.¹

¹ MATIAS, Francisco. Porto Velho. Pinheiro Editora Maia Ltda, 1997. Pág.: 67

Alice e Saul Benchimol, em Fortaleza do Abunã. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Fortaleza do Abunã 

O Jamari e o Machado, cujos afluentes e serras se interligam, foram na época ótimos produtores de látex. Levas de nordestinos, desiludidos das secas do sertão nordestinos, venceram as cachoeiras do Madeira e foram erguer suas taperas nos grandes seringais do alto Madeira, nos quais entravam no começo das safras, de inverno a inverno.

Curtindo febres e procurando dominar o isolamento, desbravaram seringais em terras inóspitas. Nesse processo, desenrolaram-se dramas em rincões exuberantes, onde não faltavam a fome e as enfermidades. Na época, não havia um plano sistemático e de estímulo para a agricultura, os gêneros alimentícios eram transportados de outras localidades, oscilando na base dos produtos extrativos ou das dificuldades de importação.

Nessa ocupação da terra em Fortaleza do Abunã, convém notar que no extraordinário os limites do território não são dados pela terra em agricultura, mas, sim pela sua extensão. O que mais importa no extrativismo é que a terra possa conter quantidades mais ricas e abundantes de bens naturais, ou seja, a seringueira. Esse princípio pode ser observado tanto com relação as drogas do sertão no período colonial, como relação à borracha em épocas mais recentes.

Fortaleza do Abunã em 1930. Fonte: BENCHIMOL, Alice. Memória fotográfica da família Benchimol.

Na varanda, Lily Benchimol com Israel. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

De fato, deve ser notado que a existência de reservas ricas e bens naturais foram por assim dizer, um fator importante no alargamento desse território e naturalmente na formação de núcleos populacionais, em especial de estrangeiros e que o látex foi muito importante.

Vale salientar que o seringueiro sempre esteve em busca de estratégias e meios que tornassem viáveis a exploração econômica da floresta. Outro fato importante é que a riqueza existente no interior da densa floresta apresentava-se de forma natural, irregular e literalmente dispersa, o que determinava o acesso à floresta com enormes dificuldades.

Fortaleza do Abunã, um pequeno povoado a 275 quilômetros de Porto Velho, a partir dos anos 70 tornou-se uma atração turística do verão amazônico. Houve um tempo em que os únicos meios de transportes na Amazônia eram os aviões, que atendiam pouquíssimas cidades, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que ligava Porto Velho a Guajará-Mirim, em Rondônia e os barcos que serpenteavam pelos caminhos tortuosos de nossos rios. Tempo dos seringais e dos castanhais. Imensas áreas de terras que foram, na época, dominadas pelos seringalistas.

Naquela época, as dificuldades eram grandes, as mercadorias eram levadas de Porto Velho para a Vila de Abunã pela Estrada de Ferro Madeira Mamoré. De Abunã, as mercadorias eram transportadas em batelões pelo rio Abunã até a cidade de Plácido de Castro e, dali para Rio Branco ou para os seringais bolivianos e brasileiros mais acima.

Entre as curvas do Rio Abunã, entrelaçada entre pedras a natureza formou uma barreira natural, uma fortaleza que impedia a navegação naquele trecho do rio. Ali parada obrigatória de todos os navegantes, surgiu então, um povoado que se transformou numa importante vila comercial. Assim, fora a época Fortaleza do Abunã, berço de tradicionais famílias de seringalistas e importantes personalidades da região.

Após o final do ciclo do látex e com o desaparecimento dos seringalistas e a chegada da rodovia que passa muito próxima da sede, Fortaleza do Abunã perdeu sua importância, tendo sua população reduzida, entretanto naturalmente a região não perdeu seu encanto. A vocação turística de Fortaleza do Abunã e sua história está impregnada na admiração dos rondonienses e outros visitantes que se encantam pela sua variada topografia. O autor José de Anchieta Santos Correia da Universidade de Rondônia assim destaca Fortaleza do Abunã.


Fortaleza do Abunã é um vilarejo localizado no Distrito de mesmo nome, no município de Porto Velho, Estado de Rondônia. Como cenário encontra-se um vilarejo de 12 km², que tem uma paisagem campestre no seu entorno, seguida de áreas destinadas à agropecuária, intercaladas por trechos remanescentes da floresta Amazônica. Insere-se nesse ambiente uma comunidade com aproximadamente 380 habitantes, integrada por migrantes do próprio estado e outras regiões do país. A população, na sua maioria convive com suporte econômico insipiente e traços culturais heterogêneos. Esse quadro é enriquecido pela presença do Rio Abunã, onde se forma uma praia de areia branca no período da estiagem, tanto do lado brasileiro, tanto do lado boliviano.

O problema ocorre quando a população recebe um vetor social-econômico e ele estranho, nesse caso, o turismo. Os problemas e as soluções propostas foram apreciados numa oficina de sensibilização comunitária realizada no próprio vilarejo, visto que a opção metodológica foi o da pesquisa. No final, são apresentadas sugestões para adoção de um modelo de convívio capaz de privilegiar a comunidade e os recursos naturais, se o turismo for explorado de forma sustentável.²

² CORREIA, José de Anchieta Santos. Fortaleza do Abunã, a comunidade e o turismo: perspectivas de um vilarejo diante da atividade turística com desenvolvimento sustentável, 2006. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, UNIR, Porto Velho, 2006. Orientador: Carlos Santos.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Meio Ambiente : Lavoura indígena: a surpresa da Exposição de Milho de 1918, organizada pela Comissão Rondon
Enviado por alexandre em 04/03/2024 09:18:23


A Comissão Rondon tinha como missão principal ampliar as linhas telegráficas do Brasil, que chegaram à margem do Rio Madeira em 1915, conectando Santo Antônio do Rio Madeira (atual Porto Velho) a Cuiabá. Além disso, Rondon promoveu relevantes estudos científicos e propôs a criação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), instituído em 1910 pelo presidente Nilo Peçanha.

Para proteger os povos originários, Rondon defendia que eles deveriam se tornar autossuficientes na agropecuária. Foi assim que o militar trouxe para Rondônia as primeiras cabeças de gado, que foram colocadas nas pastagens da Fazenda Três Coqueiros, por ele criada, e tentou ensinar os indígenas a manejar a pecuária.

Mas Rondon não apenas ensinou os indígenas, como também aprendeu com eles. Ele ficou admirado com as variedades de milho, amendoim e frutos que existiam no Planalto dos Parecis e em outras áreas da "da Rondônia". Esse era o nome que o cientista Edgard Roquette-Pinto havia dado, em 1917, à região demarcada por ele em homenagem a Rondon, embora o território ainda pertencesse ao estado do Mato Grosso.

Anúncio de jornal publicado no "Correio da Manhã". Foto: Reprodução

As produções nativas foram investigadas pelo botânico da Comissão Rondon Francisco Carlos Hoehne, que participou de várias campanhas, inclusive a famosa Expedição Científica ao Rio da Dúvida ou Rondon-Roosevelt, em 1913/14. Ele se tornou um nome notável e contribuiu para a Seção de Botânica do Instituto Butantã, de São Paulo, onde foi diretor do Instituto de Botânica.

A Comissão Rondon apresentou o milho indígena ao Brasil na Exposição de Milho de 1918, no Rio de Janeiro. A mostra, organizada pela Sociedade Nacional de Agricultura, exibiu modelos de milho, fava e amendoim cultivados pelos povos nativos de Rondônia. Esses produtos eram essenciais para a sobrevivência dos indígenas e tinham variedades únicas no país.

O catarinense João Geraldo Kulhmann, que integrava a Comissão Rondon e se tornaria um renomado botânico, com mais de 80 publicações científicas, foi o responsável pelo estande na então capital do Brasil. Ele explicou que o milho indígena era de sementes exclusivamente brasileiras e tinha cores diferentes dos milhos comuns.

Espigas coletadas em lavouras dos Nambiquaras, Parecis e Arikemes. Foto: Comissão Rondon

O milho dos Nambiquaras, da região de Vilhena, por exemplo, era cinzento, vermelho ou amarelo, mas macio e branco por dentro. Kulhmann disse que ele seria ótimo para fazer maisena. Os indígenas gostavam de comer o milho assado com amendoim, depois de maduro. As espigas eram grandes, cerca de dois centímetros a mais do que as das plantações civis.

Amostras e sementes do milho indígena foram distribuídas pela Comissão Rondon para várias instituições de agricultura do Brasil, para estimular o cultivo dessas variedades. Havia pontos comerciais que defendiam os produtos, com sucesso.

Rondon defendia que os nativos deveriam ser independentes e fazer de seus territórios "celeiros para o Brasil". No entanto, isso nunca se concretizou, devido às dificuldades estruturais, a interrupção da Comissão Rondon e à subjugação dos indígenas, que acabaram tutelados pelo Estado Brasileiro e tiveram suas terras repassadas aos colonos e exploradores, principalmente a partir de 1960, com a abertura da BR-364.  

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista  

Coluna Agricultura : Técnicas para potencializar produção de forragem e silagem são estudadas por pesquisadores da Amazônia
Enviado por alexandre em 04/03/2024 09:16:14


Pesquisadores de Rondônia e Mato Grosso publicaram estudos em revistas nacionais e internacionais que revelam avanços na produção agropecuária, como técnicas que potencializam a produção de forragem e silagem.

Forragem é um termo que se refere a plantas ou partes de plantas utilizadas como alimento para animais. Já a silagem é uma forma de conservar alimentos para o gado e garantir sua nutrição ao longo do ano.

Sorgo foi um dos produtos pesquisados em RO e MT. Foto: Divulgação/IFRO

Os três estudos foram liderados por pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Colorado do Oeste, e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Cuiabá.

De acordo com os pesquisadores, os estudos, além de serem uma opção mais sustentável para produtores, também são um novo modelo para entender a agropecuária mais eficiente, sustentável e resiliente.

Os avanços científicos do capim, milho e sorgo 

A primeira pesquisa foi publicada no Journal of Experimental Agriculture International em 2023 e explicou sobre a fertilização do capim Marandu, um dos principais capins forrageiros utilizados na agropecuária do Brasil.

Segundo os pesquisadores, existe um método para potencializar o rendimento e a qualidade do capim, apontando para uma produção mais eficiente e sustentável: combinar fosfatos acidulados com microrganismos solubilizadores de fosfato.

A segunda pesquisa, publicada na revista Animals em 2023, focou na integração entre o milho e capim em diferentes modos de semeadura para produção de silagem.

Foto: Reprodução/IFRO

Os pesquisadores descobriram que apesar de não afetarem diretamente a qualidade da silagem, algumas práticas de cultivo podem influenciar o resultado das forragens e das silagens.

O terceiro estudo, publicado na Agronomy, em 2024, os pesquisadores se concentraram em descobrir os efeitos dos espaçamentos e da densidade das plantas no cultivo de sorgo para produção de silagem.

De acordo com a pesquisa, o cultivo do sorgo em condições mais adensadas não apenas aumentou a produtividade, mas também melhorou a qualidade da silagem, possibilitando a oferta de um alimento mais nutritivo para o gado.

Brasil : Da seca extrema à cheia histórica em pouco tempo: entenda os fatores climáticos que fazem o Acre viver nova emergência
Enviado por alexandre em 04/03/2024 09:14:53

O El Niño, o atraso do inverno amazônico e o aquecimento do Oceano Atlântico fizeram o Rio Acre mudar completamente de panorama em um intervalo curto no mês de fevereiro.


Prédio público de Brasiléia foi praticamente coberto pelas águas do Rio Acre. Foto: Raylanderson Frota/Arquivo pessoal

Poucos meses separam o ápice de uma seca severa e a chegada de enchentes devastadoras no Acre. Para entender as crises sucessivas que levaram emergência para o Estado é preciso considerar ao menos três fatores: a influência do El Niño; o atraso do "inverno amazônico", como é conhecida a estação chuvosa na região; e o impacto do aquecimento do Oceano Atlântico.

Juntos, os fenômenos climáticos fizeram o Rio Acre mudar completamente de panorama em um intervalo curto no mês de fevereiro. No dia 15, seu nível era de 7,06 metros. Já no dia 22, subiu 5,97 m metros no período de 24 horas em Assis Brasil, cidade por onde entra no país. Atualmente, já chegou aos 17,52 metros na capital, Rio Branco. Esse rio inundou sete cidades.

Contexto: o Acre enfrenta cheias que atingem 100 mil pessoas, com 19 das 22 cidades do estado (86%) em situação de emergência, áreas sem energia elétrica, aulas suspensas, plantações perdidas e o registro de quatro mortes. Apenas nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco são mais de 4,3 mil pessoas alojadas, segundo a Defesa Civil Municipal.

Cheia do Rio Acre em Rio Branco. Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica

Os três fatores dos meses de caos

1. O El Niño: impacto no padrão das chuvas

Em outubro de 2023, o nível das águas do Rio Acre estava tão baixo que era possível ver destroços de naufrágios no leito do curso d'água. A seca extrema que assolou o estado é coerente com uma das ocorrências recentes mais severas do El Niño declarada desde 8 de junho de 2024.

O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento maior ou igual a 0,5°C das águas do Oceano Pacífico e ocorre a cada dois a sete anos. A duração média é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.

Tradicionalmente, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais; e provoca chuvas excessivas no Sul do país e no sudeste do país.

Atualmente em declínio, ele teve impacto mais direto na diminuição da precipitação em diversos estados amazônicos.

"O que a gente está verificando é que as condições meteorológicas e as massas de ar estão cada vez mais instáveis. Principalmente, quando associadas a grandes eventos. Estamos em ano de El Niño. Toda a faixa oeste da América do Sul está tendo eventos meteorológicos extremos", 

explica o meteorologista e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Rafael Coll Delgado.
Ponte Metálica José Augusto foi invadida pelas águas do Rio Acre no dia 27 de fevereiro. Foto: Raylanderson Frota/Arquivo pessoal

A desconfiguração da estação chuvosa por conta do El Niño é, justamente, o segundo fator que influencia nas enchentes observadas nas últimas semanas.

2. Atraso do 'Inverno Amazônico': o ápice da precipitação

Outro fator importante para entender as atuais enchentes no Acre é o fenômeno conhecido como 'Inverno Amazônico', que nada mais é que o período de chuvas na Amazônia.

Localizado em uma zona próxima à linha do Equador, o Acre tem clima equatorial caracterizado por altas temperaturas e umidade. O verão geralmente dura entre os meses de junho a agosto. Já o inverno vai de outubro até março.

Em abril e maio, há um período de transição das chuvas para a seca e em setembro a transição de volta ao período chuvoso. O ápice da estação pluvial ocorre geralmente entre janeiro e março. Com isso, sobem os níveis dos rios em toda a região amazônica, já que chove muito, principalmente nas nascentes destes mananciais.

Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica (INPA), explica que as características da estação chuvosa são céu encoberto e chuvas contínuas, diferentemente do que se tem observado nas últimas semanas.

Medição em Epitaciolândia, que é a mesma de Brasiléia, aponta medição de 15,55 metros na manhã de quarta-feira (28). Foto: Eldson Júnior/Arquivo pessoal

De acordo com o meteorologista, com o prolongamento das secas, houve uma espécie de atraso na estação chuvosa.

"A situação de chuvas que estamos vivendo agora na região era para ser observada em novembro. Essas pancadas muito rápidas e volumosas são características de transição de estação, e não da estação chuvosa", analisa Senna.
Ele também pontua que as chuvas volumosas na região de nascentes no estado contribuíram para a subida rápida do nível dos rios. "Quando as pancadas acontecem muito próximas à cabeceira dos rios, o nível sobe muito rápido. Mas, a tendência é também descerem rapidamente se a chuva não for contínua", avalia.

Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) lembra que, anteriormente, bacias dos rios Madeira, Acre, Tapajós e a parte Sul da Região Amazônica estavam com chuvas muito abaixo da média.

Com a configuração desta conjuntura atual com chuvas volumosas não somente no Brasil, mas na parte da selva peruana e no Norte da Bolívia, houve uma rápida elevação no nível dos rios.

3. Aquecimento do Atlântico: mais nuvens carregadas ao norte

O último fator indicado pelos especialistas como responsável pelo caos observado na região é o aquecimento do Oceano Atlântico – ainda que de maneira mais indireta.

De acordo com Seluchi, a águas do Oceano Atlântico que estão um pouco mais quentes ao norte do Equador do que ao sul, o que contribui para a desconfiguração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Contextualização: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é um encontro de ventos na região do Equador. É dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuva em parte das regiões Norte e Nordeste do Brasil, segundo o Inmet.

Como é bastante sensível à temperatura do Oceano Atlântico, esse sistema acaba não conseguindo se estabilizar na região amazônica, como seria esperado para esta época do ano.

Renato Senna observa que o sistema deve ficar mais ao norte do que o esperado, não trazendo as chuvas características de março. Com a dificuldade da formação de nuvens pela ausência da ZCIT, há uma tendência de continuidade das pancadas isoladas.

Sozinho, o Rio Acre alagou sete cidades, mas rios como o Abunã, Iaco, Purus, Juruá e Tarauacá também transbordaram e inundaram, respectivamente, as cidades de Plácido de Castro, Sena Madureira; Santa Rosa do Purus; Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Mâncio Lima e Jordão (na porção ocidental do estado); Tarauacá e Feijó. Todas essas cidades estão em situação de emergência, além de Manoel Urbano e Rodrigues Alves.


Por Yuri Marcel, Renato Menezes, Júlia Carvalho, do g1 Acre


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