A CPI critica duramente o fato de as ONGs, muitas vezes, "entrarem na Justiça embargando obras de infraestrutura na Amazônia, como a construção de hidrelétricas, estradas, pontes, entre outros".
OSIRIS M. ARAÚJO DA SILVA #OSIRISSILVA
A CPI das ONGs na Amazônia tem investido pesado o que considera presença espúria de diversas Organizações mantidas com recursos de poderosas ONGs internacionais. Algumas destas entidades, como o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), já recebeu R$ 45 milhões do governo da Noruega, país que vive, de acordo com o relator, da exploração de petróleo e da consequente emissão de gás carbônico (CO2) em grande volume na atmosfera. Ele questiona: "Não é imoral receber esse dinheiro de um país que vive da queima de combustíveis fósseis? E a Noruega não dá nenhum sinal de que vai diminuir suas emissões, muito pelo contrário, continuam concedendo novas licenças de exploração. A Noruega sozinha polui muito mais que a Amazônia inteira, e as ONGs não falam nada! Claro, quem paga manda".
Bittar ainda afirmou que o valor doado por países como Noruega e Alemanha para ONGs brasileiras é "ridículo", perto do dano que causam à natureza, fruto da exploração de combustíveis fósseis. Bittar acrescentou que a Alemanha aumentou recentemente, e em grande dimensão, a exploração de carvão. A CPI critica duramente o fato de as ONGs, muitas vezes, "entrarem na Justiça embargando obras de infraestrutura na Amazônia, como a construção de hidrelétricas, estradas, pontes, entre outros. Para eles, o modelo do chamado "desenvolvimento sustentável" só tem aumentado a pobreza".
Bittar lembrou que hoje só Rondônia, entre os estados na região amazônica, tem menos famílias dependentes do Bolsa-Família do que de outras fontes de renda, enquanto são pífios os benefícios estendidos aos povos indígenas e ribeirinhos. Essas ONGs, salienta, "são sustentadas pelos maiores poluidores do planeta. E em nome da sustentação ambiental, criamos reservas e abrimos mão de explorarmos petróleo, ouro, minérios, nióbio, e damos em troca bolsas de R$ 200 para a população. Isso é uma vergonha! A Amazônia está engessada, e os indígenas se sentem enganados pelo Estado brasileiro. Eles hoje se sentem vigias, não donos das reservas, pois não podem explorar nada".
Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Meu artigo CPI DO SENADO INTENSIFICA INVESTIGAÇÃO SOBRE ATIVIDADES DAS ONGs NA AMAZÔNIA, de 20/11, teve grande repercussão junto a professores universitários, economistas, ambientalistas e cidadãos comuns. A professora Cleuciliz Santana, da Ufam, considera que tudo possa ser investigado e esclarecido, mas pondera: "Há instituições sérias, ONGs que atuam com o fim de melhorar as condições de vida das populações tradicionais, chegando em regiões esquecidas pelo poder público. Há que se separar o joio do trigo". Ponto central, penso eu, para legitimar a CPI e seus resultados.
A começar pela necessidade de metrificar o nível das externalidades positivas, ou seja, a internalização de benefícios socioambientais derivados das ações das ONGs versus a indiferença da União que há décadas negligencia a adoção de políticas públicas voltadas à viabilização de um plano de desenvolvimento que concilie exploração sustentável dos recursos da biodiversidade, preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico, integrando universidades, centros de pesquisa e promovendo a otimização de recursos públicos e privados, internos e externos.
Há de se recordar, a propósito, que na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, a Paris 2015, foi assinado Acordo que propôs a criação de um fundo de US$ 100 bilhões por ano para projetos de adaptação dos efeitos do aquecimento a partir de 2020, tido como o primeiro acordo universal da história para a luta contra as mudanças do clima - um marco desde o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997. Com essa configuração viria a tornar-se "legalmente vinculante", obrigando a todos os países signatários a organizar estratégias para limitar o aumento médio da temperatura da Terra a 1,5ºC. A intenção, todavia, continua no papel, sem que, até hoje, tenha sido liberado um "cent" de dólar sequer.
Enquanto isso, no primeiro dia da 28ª Cúpula das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), que se realiza em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro, um grupo de nações ricas anunciou a destinação de mais de US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões) para colocar em operação o fundo climático de perdas e danos. O anúncio foi feito em Dubai nesta quinta-feira, 30. A direção maior da Cúpula fez questão de enfatizar que todos os países em desenvolvimento poderão ser beneficiados com recursos do fundo, incluindo o Brasil, mas haverá um piso para aqueles que forem menos desenvolvidos e para pequenas ilhas, que podem até desaparecer diante das aceleradas mudanças do clima. Embora os países em desenvolvimento afirmem que seriam necessários ao menos US$ 400 bilhões, foi acordado que o fundo deverá ter aporte mínimo de US$ 100 bilhões por ano até 2030.
Para o fundo de perdas e danos, os Emirados Árabes Unidos, país-sede da COP28, deverão destinar US$ 100 milhões. O Reino Unido anunciou 60 milhões de libras, sendo 40 milhões para o fundo e os outros 20 milhões para mecanismos de financiamento. A União Europeia comprometeu-se a destinar 225 milhões de euros (aproximadamente R$ 1,2 bilhões). Os Estados Unidos anunciaram aporte de US$ 17 milhões para o fundo, US$ 4,5 milhões para a iniciativa Pacific Resilience, e US$ 2,5 milhões para a Santiago Network. O Japão deverá destinar US$ 10 milhões para o fundo de perdas e danos.
O fundo é destinado a financiar as medidas de adaptação em regiões mais vulneráveis do planeta, como sistemas de alertas de enchentes, contenção de encostas e drenagem urbana. Há o entendimento de que os países ricos devem destinar esses recursos, uma vez que concentraram o maior número de emissões de gases de efeito estufa ao longo do desenvolvimento de suas nações.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
Para manter o equilíbrio do corpo e da mente, é fundamental saber como diminuir o estresse no seu cotidiano
O desgaste natural causado por uma rotina de trabalho corrida, somada a compromissos e problemas da vida pessoal, podem desencadear situações estressantes. Quando fogem do controle, essas situações acabam afetando a nossa saúde mental e física. Assim, para manter o equilíbrio do corpo e da mente, é fundamental saber como diminuir o estresse no seu cotidiano.
CAUSAS DO ESTRESSE
São diversas as circunstâncias que podem gerar estresse, estando relacionadas ao contexto em que o indivíduo está inserido, bem como aos eventos com os quais se depara. Veja as principais causas de cansaço físico e mental:
- cobrança exagerada de si próprio ou de outros sobre o cumprimento de tarefas e prazos no trabalho;
- dificuldade para conciliar as questões da vida pessoal e profissional;
- brigas conjugais que se repetem;
- falecimento de entes queridos;
- choque emocional decorrente de traumatismo psicológico ou físico ocasionado por acidentes;
- problemas financeiros;
- insegurança no emprego ou causada por desemprego;
- acontecimentos pessoais ou familiares, como mudança de empresa, casamento ou gravidez;
- doença que exija cirurgia ou tratamento prolongado;
- barulhos e ruídos ambientais continuados;
- mau desempenho em projetos e estudos.
PROBLEMAS CAUSADOS PELO ESTRESSE
O estresse é definido como uma resposta física do organismo humano a determinado estímulo. Ao ficar estressado, o nosso corpo pensa que está sofrendo um ataque, o que o faz entrar no modo ‘’lutar ou fugir’.
Essa condição contribui para a liberação de hormônios e substâncias químicas, como cortisol, adrenalina, noradrenalina e norepinefrina, que preparam o indivíduo para uma ação física — processo que causa problemas físicos e psicológicos. Saiba quais são:
ANSIEDADE
A ansiedade deixa o organismo em estado de alerta diante de situações que causam ameaça ou desafios. Com o estresse, ela é intensificada, podendo acarretar tremores, cansaço excessivo, sensação de falta de ar e asfixia, mãos frias e suadas, náuseas, boca seca, tontura, coração acelerado, dor no peito e suor excessivo.
AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL
Como foi dito, o estresse libera hormônios, como a adrenalina e noradrenalina, que diminuem o calibre dos vasos sanguíneos e causam espasmos das artérias coronárias, de modo que a pressão arterial e a frequência cardíaca se elevam. Aqueles que já sofrem de hipertensão, em picos recorrentes de estafa, estão sujeitos a infartar.
INSÔNIA
Sob o efeito do estresse, o cérebro identifica um evento adverso, o que resulta na queda da captação de triptofano — que dá origem à serotonina. A falta desse hormônio também provoca a desregulação da melatonina — hormônio do sono —, resultando na insônia.
Além disso, o esgotamento também pode causar transtornos alimentares, problemas de pele, depressão, prisão de ventre e envelhecimento precoce.
COMO DIMINUIR O ESTRESE
Viver totalmente livre do estresse é impossível. Porém, com algumas mudanças de hábitos, você pode reduzi-lo, preparando o seu corpo e sua mente para lidar melhor com as situações de adversidade. Acompanhe abaixo boas práticas para diminuir o estresse:
1. PRATIQUE EXERCÍCIOS FÍSICOS
O primeiro passo para desestressar é sair do sedentarismo. Isso porque a prática de exercícios físicos ajuda a reduzir a quantidade de cortisol liberada em situações estressantes, além de estimular a produção de endorfina na corrente sanguínea — hormônio do bem-estar.
É recomendado se exercitar diariamente, pelo menos 30 minutos, dando preferência para atividades aeróbicas, como caminhar, correr e andar de bicicleta. Para criar uma rotina de exercício, você também pode se matricular em uma academia.
2. MEDITE
A meditação faz uma espécie de higiene mental, o que possibilita que a pessoa foque em si mesma e fique menos agitada. Entre os tipos de meditação mais indicados está a mindfulness, que estimula a consciência sobre os pensamentos, sentimentos e sensações.
Para meditar, é muito fácil: é só escolher um lugar calmo em que você não seja interrompido e se sentar de forma confortável, fechar os olhos e respirar profundamente. Eleve a sua atenção para as sensações do corpo e movimentos de respiração entre cinco e dez minutos por dia.
3. ALIMENTE-SE CORRETAMENTE
A adoção de uma dieta equilibrada melhora a resposta do seu organismo ao estresse. Os alimentos com Ômega 3, como sementes de chia, salmão e truta, beneficiam o funcionamento do sistema nervoso, combatendo o esgotamento mental. Nozes, amendoim e banana também promovem o bem-estar.
No seu dia a dia, opte por alimentos saudáveis, como frutas, verduras, legumes e proteínas. Procure fazer suas refeições nos horários certos para evitar a irritabilidade provocada pela fome.
4. COMEMORE AS PEQUENAS CONQUISTAS
Quebrar o ciclo de preocupações e pensamentos negativos é essencial para controlar o estresse. Para tanto, comece a valorizar mais as coisas positivas que acontecem em sua vida, o que inclui comemorar as pequenas conquistas. Esses movimentos de felicidade são importantes para renovar suas energias.
5. PROCURE AJUDA DE PROFISSIUONAL ESPECIALIZADO
Se você atingiu um nível muito alto de estresse e não consegue administrá-lo sozinho, procure ajuda especializada, como a de um médico psiquiatra ou um psicólogo. Eles podem recomendar a medicação e a terapia ideais para as suas necessidades.
Para controlar o estresse e os seus sintomas, não se automedique. Tenha em mente que tratamentos avançados só podem ser realizados por um médico; do contrário, você poderá piorar o seu quadro, já que o uso inadequado de remédios pode trazer reações indesejadas.
Pondo em prática dicas simples para diminuir o estresse, você tem menos chances de sofrer os danos causados por esse mal tão comum na sociedade contemporânea. Os cuidados com seu corpo e sua mente trazem mais saúde, tranquilidade, felicidade e qualidade de vida.
O holandês Jan-Frits Obers, 60, chama a atenção dos apreciadores de artes plásticas que têm a oportunidade de conhecer seu trabalho em Rondônia. Vivendo no município de Colorado do Oeste (sul do Estado) há apenas um ano, o artista trouxe na bagagem um olhar e um currículo que vêm de longe, literalmente.
Desde adolescente, Jan desenha e pinta. Frequentou ateliês de arte em seu país de origem, aprimorando técnicas e conhecimentos acadêmicos. Mas acabou se formando em economia para contribuir com os negócios da família, sem nunca ter abandonado as tintas e os pincéis.
O artista plástico Jan-Frits. Foto: Divulgação
Desde que chegou a Rondônia, participou de mostras individuais em Colorado, Vilhena e Porto Velho, além de eventos na Ecodecor e Galeria Mirage, em Vilhena. A Amazônia tem sido fonte de inspiração para vários experimentos de Jan. A criação de telas utiliza fibras naturais e pigmentos específicos encontrados em abundância nesta região. As cores vibrantes e a intensidade da luz amazônicas também impactam na elaboração das obras.
A inserção do pintor no circuito artístico da região está acontecendo de uma forma orgânica através de indicações de pessoas que desejam maior divulgação para gerar um movimento de relevância cultural. "Como eu e a minha família somos recém-chegados, o meu objetivo é conhecer os amantes das artes e ser conhecido como alguém que cria algo que emociona e incentiva as demais pessoas a se expressarem artisticamente", conta.
“Good time”: a obra-prima. Foto: Divulgação
A arte de Jan é um tanto provocadora e inquietante. Nenhuma tela passa batida aos sentidos de quem descobre as expressões de cada trabalho. Ele considera como sua obra-prima a pintura que mais lhe gerou emoção pessoal, até hoje. Trata-se da pintura intitulada "Good Time" (tamanho 2.00x1.50m, técnica mista). "Retrata um velhinho em um parque de diversão curtindo bastante o brinquedo enquanto um jovem aparece sentado com celular e fone de ouvido, participando da mesma experiência, sem curtir nada", narra.
Sobre a arte plástica que se pratica em Rondônia, Jan afirma que por estar há pouco tempo na região não consegue classificá-la. Observa, porém, que "os artistas que encontrei aqui são bastante resilientes. O ambiente de moradores aqui na região, que podem ser considerados desbravadores, é de quem não recebeu, ainda, muita leitura para expressões culturais muito sofisticadas. Em outras palavras, quem cria arte aqui é artista-raiz e ganha todo o meu respeito".
Galeria: algumas das telas da coleção do pintor. Foto: Divulgação
Qual é o compromisso da arte plástica para além de estética? Jan responde que "cada período na história da humanidade tem suas expressões que, em geral, são notadas e registradas para a posteridade quando contêm elementos de transformação, mudança, contestação de paradigmas. Portanto, existe um retrato da vida em sociedade através das artes contemporâneos".
Segundo ele, a arte pode ser exatamente o gatilho que desperta fortes emoções de forma muito profunda ao ponto que uma experiência com uma manifestação artística fica gravada na memória por muito tempo.
O trabalho de Jan é tipificado como realismo espontâneo, uma técnica que une um estilo de realismo com traços e cores que não são intencionados de serem fiéis ao objeto. O objetivo é gerar uma emoção especial pela textura, utilização da paleta de cores e materiais distintos, formando uma linguagem do artista que reflete a sua personalidade. Para os interessados em sabe mais, há muitos registros no Instagram @janfritsobers.
Pintura de Jan-Frits. Foto: Divulgação
Contribuições
Jan-Frits Obers tem a disposição de oferecer cursos rápidos. Neste ano, ministrou oficinas no Instituto Federal em Colorado, na Galeria Miragem, na Fundação Cultural em Vilhena e no projeto Anastásis em Cerejeiras. A próxima oficina será dia 9 de dezembro no projeto social da comunidade Italiana Cicol, em Colorado.
Pintura de Jan-Frits. Foto: Divulgação
Sobre Jan-Frits
Formado em economia na Universidade de Eindhoven, na Holanda, em 1987, Jan se especializou em desenvolvimento de sistemas de gestão integrados para o agronegócio. Veio para o Brasil jovem, aos 26 anos, vivendo em Minas Gerais, atuando em sua empresa de desenvolvimento de softwares.
Aportou em Rondônia neste ano devido ao fato de a sua esposa, Cláudia, ter sido designada para ser pastora em uma igreja em Colorado do Oeste; "acabou sendo o nosso chamado: cuidar de pessoas juntos com o nosso filho de 13 anos, o Cauan", encerra.
Sobre o autor
Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.
O Reino Unido anunciou hoje (2) a doação de 35 milhões de libras (cerca de R$ 215 milhões) adicionais para o Fundo Amazônia. O anúncio foi feito pela ministra de Segurança Energética do Reino Unido, Claire Coutinho, em meio à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Em maio, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, já havia anunciado o aporte de 80 milhões de libras (cerca de R$ 500 milhões) no Fundo Amazônia. O contrato para a transferência desse primeiro montante foi assinado neste sábado (2), durante a COP23.
O contrato foi assinado com o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. O banco público de fomento é o responsável pela gestão do Fundo Amazônia. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também estava presente.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia, considerado a principal iniciativa internacional para redução das emissões de gases do aquecimento global e de preservação da floresta. São doadores do fundo países como Noruega, Alemanha, EUA, Suíça e, agora, Reino Unido.
Desde que foi instituído, o Fundo Amazônia recebeu R$ 3,4 bilhões e financiou mais de 102 projetos de preservação da floresta e promoção de atividades sustentáveis na Amazônia, em um investimento total de R$ 1,75 bilhão.
Retomada
Em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, extinguiu os dois comitês responsáveis pela gestão dos recursos do Fundo Amazônia, inviabilizando o financiamento de projetos e a continuidade das doações.
A existência desses comitês é uma condição contratual dos doadores, para impedir que o dinheiro seja utilizado para outros fins. Segundo dados do BNDES, o Brasil deixou de investir cerca de R$ 3 bilhões em ações ambientais entre 2019 de 2022, valor que permaneceu retido no fundo após a dissolução dos comitês orientadores.
Em outubro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a União tomasse as providências necessárias para reativar o Fundo Amazônia. Na ocasião, a maioria dos ministros concluiu pela inconstitucionalidade da extinção dos comitês, pois configuraria omissão do governo em seu dever de preservar a Amazônia.
Reinstituídos por decreto em 1º de janeiro de 2023 pelo presidente Lula, os comitês retomaram suas atividades, o que permitiu os novos aportes de recursos.
Moradores de Maceió e cidades próximas seguem com temor por conta dos novos tremores sentidos na região, em uma área que vem causando preocupação há pelo menos cinco anos. Nesta sexta-feira (1), a Defesa Civil afirmou que “o desastre está em evolução”. Segundo o órgão, a região passa por um risco iminente de colapso.
Desde 2018, a população da capital vem vivendo momento de “terror”, segundo relatos de moradores, por conta das consequências da atividade de mineração da Braskem em bairros da capital alagoana, a cada ano, aumenta o número de bairros e famílias diretamente impactadas – cerca de 60 mil pessoas tiveram de deixar suas casas.
Enquanto famílias realizam protestos na cidade, representantes da Braskem estão no Dubai participando da COP28, a Conferência Internacional da ONU sobre as Mudanças Climáticas. A empresa foi ao encontro para divulgar ações ambientais realizadas pelo grupo. petroquímica está no pavilhão brasileiro ao lado de Vale, Petrobras e Syngenta.
Em conversa com o Brasil de Fato, o professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Aderson Nascimento, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geofísica, afirmou que pode ocorrer um “colapso catastrófico na região”, com a abertura de uma cratera de “vários metros de profundidade”.
“Em alguns casos pode ter o colapso catastrófico, que é cair tudo de uma vez, colapsar algumas dezenas de metros. Não podemos saber se é o caso de lá, mas os avisos da Defesa Civil dão conta disso; e a literatura diz o mesmo”, afirmou Nascimento, especialista em sismicidade antropogênica, que estuda, justamente, evento geológicos não naturais. De acordo com ele, mais de 1200 colapsos já foram causados por ação humana na história do planeta.
O problema começou em 2018, quando começaram a ser sentidos os efeitos da extração de sal-gema (que pode ser usado em cozinha e para produção de produtos como plástico do tipo PVC e soda cáustica). Cinco bairros da capital alagoana tiveram afundamento de solo devido à extração do mineral, que é formado no subsolo, a cerca de mil metros da superfície.
Apesar de não ter havido mortes diretas, cerca de 60 mil pessoas tiveram de ser removidas de suas casas devido aos riscos de desabamentos. Muitas construções foram demolidas. Estudos apontam que o caso é a maior tragédia socioambiental em zona urbana no mundo.
Nesta sexta-feira (1), o coordenador da Defesa Civil de Alagoas, coronel Moisés, afirmou que não há risco de um possível colapso na mina 18, afetar os municípios de Pilar, Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte, vizinhos do local atingido.
O professor Nascimento explica que está acontecendo uma expansão de cavernas de sal formadas quilômetros abaixo da terra, tudo efeito da atividade da Braskem na região.
A empresa realizou o processo de dissolução do sal. “Você insere água quente para diluir o sal e embaixo fica uma caverna cheia de sal hipersalino, ou seja, muito concentrada. Como o sal tem uma solubilidade máxima na água, esta caverna para de crescer. Mas, se tiver entrada de água na terra por algum problema, alguma falha, aí acontece um crescimento não controlado dessas minas.
“Quando isso acontece, lá embaixo, é como se você tivesse um queijo suiço e ele começa a ceder debaixo para cima”, explica o professor.
A escavação para exploração das jazidas de sal-gema pela Braskem na capital alagoana durou cerca de 40 anos. O afundamento aconteceu pois a região tem uma falha tectônica. A consequência foi o afundamento do solo nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro, além da localidade de Flexal.
Em nota, enviada à Agência Brasil, a Braskem disse que monitora a situação da mina e, desde a última terça-feira (28), isolou a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços. “Os dados atuais de monitoramento demonstram que o movimento do solo permanece concentrado na área dessa mina”, informou.
Maceió (AL) continua em “alerta máximo” por risco de colapso em mina da Braskem, diz Defesa Civil
Nesta segunda-feira (4), completa-se uma semana desde o aviso sobre o risco iminente de colapso em uma mina, capaz de gerar uma cratera com dimensões equiparadas ao estádio do Maracanã, localizada em Maceió.
A Defesa Civil persiste no estado de “alerta máximo” devido à aceleração notável no colapso da região da mina da Braskem, situada no bairro do Mutange. Antes medido em milímetros por ano, o declínio agora atinge centímetros por hora, intensificando consideravelmente a ameaça.
Riscos persistentes
Apesar da ausência recente de registros sísmicos, a taxa atual de 0,3 cm/h permanece elevada – para contextualizar, a normalização exigiria o retorno aos milímetros por ano.
Embora tenham sido observados picos de 5 cm/h, ainda é uma velocidade considerável. Aberlado Nobre, coordenador da Defesa Civil de Maceió, alerta sobre a imprevisibilidade da energia concentrada no local, justificando a manutenção do alerta máximo.
Nobre informa que o solo continua cedendo lentamente, já afundando 1,70 m desde 28 de novembro. A população é instada a permanecer informada e evitar a área afetada. Nobre enfatiza a necessidade de atenção, especialmente para os pescadores, que devem evitar a zona delimitada de segurança.
Mineração e evacuação em massa
A instabilidade do solo, agravada por décadas de mineração pela Braskem, resultou na evacuação de mais de 14 mil imóveis em cinco bairros, afetando cerca de 60 mil pessoas. A empresa encerrou a extração de sal-gema um ano após o primeiro tremor em 2018.
Outras minas e deslocamento recente
A região abriga 34 minas da Braskem, sendo a mina 18 uma preocupação central, com o solo cedendo a 0,3 cm/h. Nas últimas 24 horas, o deslocamento foi de 7,4 cm.
O Ministério de Minas e Energia afirmou que o afundamento em Mutange está estabilizado, e qualquer desabamento seria “localizado”. A Defesa Civil assegura que o colapso iminente não representa mais risco, pois as áreas ocupadas estão a uma distância segura.
O que diz a Braskem
A Braskem alega estar adotando medidas para o fechamento dos poços de sal, conforme plano aprovado pela ANM, com 70% de avanço nas ações e conclusão prevista para meados de 2025.