A Agência Nacional de Vigilância Sanitária retomará uma discussão sobre os cigarros eletrônicos, conhecidos como “vapes”. O tema entrou em pauta após o diretor-presidente da autarquia, Antonio Barra Torres, convocar uma audiência virtual sobre o tema.
A reunião com a diretoria colegiada está marcada para o primeiro dia de dezembro. A ideia é debater a regulamentação desses produtos.
De acordo com a Resolução nº 46, de 28 de agosto de 2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é proibida a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, entre eles o cigarro eletrônico.
O estudo hidrogeológico binacional detectou altas concentrações de nitratos e coliformes fecais no aquífero que constitui uma das principais fontes de abastecimento das cidades Tabatinga (BR) e Letícia (CO).
Com informações da OTCA
A aglomeração urbana mais dinâmica de todas as fronteiras amazônicas, formada pelas cidades gêmeas de Tabatinga e Letícia, está localizada na fronteira entre o Brasil e a Colômbia. A população local circula livremente entre as duas cidades e os dois países, compartilhando laços econômicos e de parentesco, bem como características comuns que formam uma identidade cultural e regional, apesar das diferenças de origem e idioma.
Os mais de 109.000 habitantes dessa aglomeração urbana transfronteiriça que liga Letícia, no lado colombiano da fronteira, e a cidade brasileira de Tabatinga, no Amazonas, também compartilham desafios comuns, como deficiências no sistema de saneamento e a ocupação de áreas não urbanizadas, entre outras questões ambientais e de desenvolvimento socioeconômico.
O estudo hidrogeológico binacional, apresentado em junho, detectou altas concentrações de nitratos e coliformes fecais no aquífero que constitui uma das principais fontes de abastecimento das duas cidades. A contaminação do aquífero se deve principalmente à infiltração de substâncias provenientes de fossas sépticas e efluentes domésticos.
Foto: Reprodução/OTCA
Programa de Ações Estratégicas (PAE)
O Brasil e a Colômbia realizaram em conjunto esse estudo de vulnerabilidade e risco hidrogeológico no aquífero de Letícia e Tabatinga com o objetivo de desenvolver políticas comuns para a proteção e o uso das águas subterrâneas na região. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico do Brasil e o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia acompanharam o estudo.
A iniciativa faz parte do projeto de implementação do Programa de Ações Estratégicas (SAP), executado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
Desde a aprovação conjunta do PAE em 2017, os países amazônicos vêm desenvolvendo projetos no âmbito da OTCA em níveis nacional, binacional e regional para fortalecer a GIRH e melhorar a adaptação às mudanças climáticas. A produção de dados regionais consolidados para melhorar a tomada de decisões é uma das estratégias estabelecidas no PAE.
O engenheiro Fabián Caicedo, Diretor de Gestão Integrada de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, disse:
"Esse estudo é um exemplo excepcional de cooperação transfronteiriça na gestão sustentável dos recursos hídricos subterrâneos. Ele demonstra a importância da cooperação internacional para enfrentar os desafios relacionados ao conhecimento das águas subterrâneas em bacias compartilhadas e que a articulação entre os países é essencial para garantir a disponibilidade e a qualidade das águas subterrâneas em uma região crítica".
Caicedo também enfatiza que o projeto não apenas avalia a situação atual, mas também fornece informações para a reformulação da Política Nacional de Gestão Integrada de Recursos Hídricos da Colômbia.
Mauricio Abijaodi, diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico do Brasil, ressalta como aspecto crítico a cobertura limitada dos serviços de saneamento na região. Ele afirma que "é essencial aumentar a cobertura dos serviços de abastecimento de água e saneamento nas duas cidades por meio de parcerias estratégicas e do desenvolvimento de um plano de expansão desses serviços". Esse tema foi incluído na pauta do Comitê de Vizinhança, para que sejam estudadas alternativas de gestão compartilhada entre os dois países.
A Comissão de Vizinhança e Integração Brasil-Colômbia é um mecanismo bilateral que vem se reunindo periodicamente desde 1994 para examinar questões de interesse para a cooperação fronteiriça entre os dois países.
Água e saúde pública
Foto: Reprodução/OTCA
O inventário atualizado dos 68 poços nas áreas urbanas de Letícia e Tabatinga, bem como nas áreas suburbanas da cidade colombiana, mostrou que a água subterrânea é usada predominantemente para fins domésticos e, em menor escala, para abastecimento público, usos industriais, recreativos e pecuários.
Como se trata de um problema ambiental com implicações para a saúde pública, a realização do estudo gerou expectativas na população. Claudia Silva, 34 anos, tem um poço de água potável em sua casa em Leticia. Quando foi contatada pela equipe que conduzia o estudo, ela ficou entusiasmada e garantiu que, quando fosse informada sobre a qualidade da água que usava, tomaria as medidas necessárias para melhorá-la.
Para o geólogo Fabrício Cardoso, especialista em Regulação de Recursos Hídricos e Saneamento Básico da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), quando o relatório final do estudo for divulgado, a participação social será fundamental para melhorar a situação do aquífero. Segundo ele, um ponto chave considerado no relatório é a participação de diferentes atores nas discussões sobre cenários futuros desejáveis para alcançar a sustentabilidade desse sistema hídrico e de seus serviços ecossistêmicos, aproveitando o conhecimento local para proteger essa fonte de abastecimento, bem como para reduzir sua contaminação, com base na forma como suas águas são utilizadas.
"Os governos devem tratar a questão da qualidade da água potável e do abastecimento de água como uma prioridade, trabalhando ativamente para construir espaços de debate, compartilhando responsabilidades e dividindo tarefas de acordo com suas competências",
diz Cardoso.
Monitoramento da água
O projeto binacional também resultou em uma proposta para a criação de uma rede de monitoramento da qualidade e do nível das águas subterrâneas para prevenir e reduzir os riscos identificados, bem como uma estratégia para manter sua operação ao longo do tempo.
Representantes e autoridades dos órgãos responsáveis pela gestão da água em nível nacional, estadual e municipal no Brasil e na Colômbia, que participaram do evento de divulgação do estudo, indicaram que a Secretaria de Meio Ambiente de Tabatinga será responsável por propor a inclusão de uma discussão sobre o tema na próxima agenda da Comissão de Vizinhança e Integração Brasil-Colômbia.
Da mesma forma, a Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Produtividade da Governadoria do Amazonas (Colômbia) manifestou interesse em participar de uma possível aliança estratégica para monitorar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas por meio de sua equipe técnica profissional e utilizando equipamentos multiparamétricos portáteis.
Estudo analisou universo de docentes em áreas das ciências exatas
Apesar de formarem mais da metade da população brasileira, é raro encontrar um negro que seja professor em curso de pós-graduação em áreas das ciências exatas. A constatação já percebida por quem frequenta universidades é explicitada em números por um estudo inédito, divulgado pelo Instituto Serrapilheira - instituição privada sem fins lucrativos - em parceria com o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Pretos, pardos e indígenas somam 7,4% do universo de professores em cursos de pós-graduação nas chamadas “ciências duras” – ou Stem, na sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
A desigualdade racial nessas áreas de ensino fica flagrante quando se comparam essas proporções com a população brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros – classificação que reúne pretos e pardos – representam 55,7% do total de brasileiros. Os indígenas são 0,83%. Dessa forma, os dois grupos ultrapassam 56% da população.
Já os docentes brancos são 90,1% dos professores, proporção 12 vezes maior que a de negros e indígenas. Os amarelos somam 2,5%.
Foram analisados dados das áreas de astronomia/física, biodiversidade, ciência da computação, ciências biológicas, ciências exatas e da terra, geociências, matemática/probabilidade e estatística e química.
De acordo com os pesquisadores, o foco da pesquisa nas ciências exatas e naturais se deu por serem áreas reconhecidamente mais desiguais quando já observados outros fatores, como gênero.
O estudo Diversidade Racial na Ciência foi coordenado pelos professores Luiz Augusto Campos e Marcia Rangel Candido, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj.
“O principal achado é o percentual de pretos, pardos e indígenas nesses programas de pós-graduação. Chegamos a uma estimativa de 7,4%. É muito pouco”, destaca Luiz Augusto Campos, também coordenador do Gemaa/Uerj.
O estudo foi feito por amostragem. Os pesquisadores selecionaram um grupo de 1.705 professores, respeitando um cálculo estatístico de representatividade da população. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Negros e indígenas são sub-representados em todas as áreas de conhecimento analisadas pela pesquisa.
As áreas com menor participação são geociências, com 3,5% de docentes deste grupo, seguida de ciência da computação (5,1%), biodiversidade (5,2%), ciências biológicas (6,5%), astronomia/física (7,1%) e ciências exatas e da terra (7,7%). Em matemática/probabilidade e estatística, a proporção é de 12,2%. Em química, 11,7%.
MULHERES
O levantamento identifica um aprofundamento das desigualdades quando se observam os dados por gênero. As mulheres pretas, pardas e indígenas são 2,5% do universo de professores.
“Há uma hierarquia que posiciona as mulheres pretas, pardas ou indígenas na pior colocação”, aponta Campos.
A divisão por gênero é desigual também entre o grupo majoritário. Os homens brancos são 60,9% dos professores; enquanto as mulheres brancas somam 29,2%.
Fotos:Reprodução
PLURALIDADE
Os responsáveis pela pesquisa defendem mais inclusão e diversidade no corpo docente das pós-graduações, tanto para melhor representação da população brasileira, quanto para obter uma produção acadêmica com mais qualidade.
“Assumir um compromisso com a redução dessas desigualdades é importante não somente por uma demanda social, mas também para melhorar o funcionamento da própria ciência, pluralizando suas hipóteses, metodologias e práticas, fortalecendo suas contribuições para o conhecimento como um todo”, escrevem os pesquisadores no relatório.
Uma pesquisa realizada por um site de sexo e swing revelou que 30% das mulheres sentem atração por homens usando lingeries femininas
Uma pesquisa realizada pela plataforma de sexo e swing Sexlog revelou que 30% das mulheres sentem atração por homens usando calcinhas. O site fez uma enquete entre os usuários e descobriu que, entre os perfis femininos, 15% realizam a prática regularmente.
De acordo com o levantamento, 30% das mulheres têm o desejo de fazer sexo com homens usando lingeries femininas, embora ainda não conseguiram realizá-lo. Em contrapartida, 1% já tentou, mas não gostou, e outras 55% das entrevistadas nunca pensaram sobre o assunto ou não sentiram vontade.
Já em relação aos homens, 17% disseram já ter experimentado e gostado de usar lingerie feminina para transar, enquanto 10% têm vontade, mas não encontraram oportunidade. A minoria, 1%, usou, mas não gostou e a maioria, 71%, nunca experimentou nem tem curiosidade.
Jhony*, de 64 anos, descobriu o tesão pelas calcinhas aos 18 anos. Segundo ele, a vontade por sentir e descobrir coisas novas o acompanha desde cedo. “Comecei com a minha primeira esposa, ela achou estranho e depois adorou, chegava até a comprar pra mim. Ficamos casados por 36 anos, até ela falecer. Mas, casei de novo e minha atual esposa também curte”, contou ao Sexlog.
Assim como Jhony*, Fernando*, de 56 anos, descobriu cedo que usar peças íntimas femininas podia ser prazeroso. “Ela ficou surpresa, mas logo na primeira vez já rolou super bem, ela gostou. Ela sente tesão no visual. Temos um relacionamento muito bom e respeitoso. Ela é hétero e eu sou bissexual, nos damos muito bem assim”.
O LADO DAS MULHERES
Sheila*, de 49 anos, tinha 37 anos quando seu ex-marido, à epoca com 33, contou que tinha vontade de usar calcinha durante o sexo. Na ocasião, ela não se sentiu confortável, chegou a rir da situação, mas decidiu ouvir o que o parceiro tinha para falar. Depois de uma conversa franca, ela topou a experiência e gostou.
Apesar de parecer um fetiche raro, Sheila não está sozinha. Para Alice*, de 35 anos, ver o marido de calcinha foi um divisor de águas. “Parece um pouco estranho de início, a gente cresce com essa coisa estabelecida que calcinha é coisa de mulher e ponto. Mas por que não? Eu gostei. Fiquei e fico com tesão”.
TANGA, CALÇOLA….
Para completar a pesquisa, o site ainda descobriu que não pode ser qualquer calcinha na hora do sexo. Isso porque nenhum dos entrevistados pensou em calcinha bege. A Samira*, por exemplo, prefere lingerie de renda. “Gosto de detalhes, fitas, brilhos, coisas que provoquem. Não ligo muito para a cor”, contou.
Fotos: Reprodução
A Alice*, por sua vez, é do time que dá preferência para cores mais fortes. “Eu acho que preto e vermelho são sempre as cores mais provocantes. Isso funciona para tudo, se funciona para nós, funciona para eles também”. Já para quem usa, outros fatores além da estética são essenciais.
Jhony* conta que gosta sempre de prestar atenção na qualidade do tecido e opta por aqueles mais macios. “Os meus modelos preferidos são asa-delta, fio dental e com cores vivas”, finalizou.
Psicóloga explica como funciona a hipersexualização e os efeitos negativos que ela traz para a vida de pessoas negras
No Dia da Consciência Negra, a Pouca Vergonha traz luz para um tema que ainda gera muita dúvida no que diz respeito aos movimentos raciais: a hipersexualização dos corpos negros. Um dos muitos vieses do racismo, trata-se de um olhar que desumaniza as pessoas negras, as vendo como uma espécie de “entretenimento”, meros objetos de servidão aos desejos.
De acordo com a psicóloga com abordagem afrocentrada Dheneffer Santana, a hiperssexualização é uma herança dos tempos de escravidão, em que mulheres e homens negros, principalmente os que serviam dentro da casa grande, eram usados para saciar os desejos de seus senhores. Nos dias de hoje, muitos estereótipos ainda são reproduzidos sobre pessoas negras.
“Os homens ainda são vistos como muito viris, com uma performance sexual muito forte e até mesmo como homens que sempre têm um pau grande. Com as mulheres existe todo o estereótipo de mulher gostosa, com muitas curvas, sedutora. Um exemplo é o carnaval, que pe o momento em que o corpo negro ganha destaque, sempre com muita sexualidade, e depois que o período acaba ele volta para o local de servidão. As referências de negros que víamos na TV eram mulheres e homens sexualizados”, explica.
Muitas vezes confundido com o simples “sentir atração” por uma pessoa negra, o processo de hipersexualização tem a ver com não enxergar a pessoa para além do viés de satisfação de desejo. “A atração traz também o afeto, o lugar de abrir caminhos para se aprofundar no outro, já a hipersexualização não. Você não enxerga ou mesmo se interessa por essa pessoa para além do viés de servidão”, afirma Dheneffer.
Essa hipersexualização tem consequências nocivas para as pessoas negras, que de tão reduzidas a apenas um corpo pela sociedade, chegam a não conseguir se perceber enquanto seres humanos com profundidade, questões e com um lugar no mundo que não diz respeito a satisfazer os desejos de outra pessoa.
“Pessoas negras constantemente se vêem nesse lugar e sentem dificuldade em dizer não, impor limites, acessar suas vulnerabilidades. E uma vez que o racismo também passa pela idealização do que seria uma pessoa negra “bonita”, muitas delas acabam se negando, têm sua autoestima afetada. A autoestima negra ainda é muito fragilizada, e muitas vezes acaba sendo moldada nesse lugar de despertar desejo. Logo, as pessoas se colocam nesse lugar de obter aprovação e têm dificuldade em perceber suas próprias vontades e ambições”, elucida.
No que diz respeito a se “blindar” da hipersexualização, a psicóloga, infelizmente, afirma: não há como se blindar. Em uma sociedade racista, em que o racismo é constantemente reproduzido e ensinado desde que nascemos, a hipersexualização vai atravessar as pessoas negras, e fatalmente interferir de alguma forma em suas vidas. O que se pode fazer é se cuidar para aprender a lidar com a situação.
“Desde a mulher negra que achou que alguém tinha interesse por ela, mas só queria sexo, até o homem que não assume uma mulher negra, são várias as narrativas que vemos todos os dias. É difícil, essas coisas não estão sob nosso controle, não há como agir ou se blindar. A gente só pode se fortalecer nesse processo de autoconhecimento, fazer terapia, separar o que o racismo injetou em nós do que de fato somos nós e entender que o racismo não nos determina”, indica.
Para os brancos que querem deixar de reproduzir a hipersexualização, a primeira e mais importante dica que Dheneffer dá é: admita que você é racista. Para além disso, buscar letramento e informação sobre o assunto é obrigatório. Não basta não ser racista, é preciso ser anti-racista.
“O racismo está dentro da branquitude, pessoas brancas reproduzem a branquitude. Racismo não é só xingar ou agredir uma pessoa negra, também está na forma com a qual você as enxerga. Revise: quais lugares as pessoas negras ocupam em sua vida? Quais símbolos pessoas negras te remetem, quantas pessoas negras ocupam lugares de afeto para você? Trate seu racismo na terapia, se olhe a partir desse lugar, questione. reconhecer é um passo importante para a desconstrução”, finaliza.