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Brasil : Ferrogrão: Governo pede desculpa a indígenas, mas retoma ferrovia da soja na Amazônia
Enviado por alexandre em 15/02/2024 09:29:13

Ferrovia está prevista para ligar norte do Mato Grosso ao sul do Pará, em prol do escoamento de grãos. Projeto passa por dentro de terras indígenas e áreas preservadas e tem oposição de lideranças kaiapós e mundurukus.


Com um pedido oficial de desculpas a povos indígenas, o governo federal voltou à carga para destravar a polêmica Ferrogrão – sonho antigo dos produtores de soja e milho do centro-oeste e um dos mais ambiciosos projetos de logística do país. Totalizando 933 km de extensão, a ferrovia teria início no município de Sinop (MT), base da produção nacional de grãos, e cruzaria a Amazônia até chegar ao porto de Itaituba (PA), no rio Tapajós.

A reportagem teve acesso a um "pedido de retratação" que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão federal responsável por gerenciar as concessões do setor logístico, apresentou em uma reunião realizada nesta quarta-feira (7 de fevereiro) em Brasília (DF), com lideranças indígenas do Instituto Kabu.

A organização do povo Kayapó Mekrãgnotí atua na defesa de indígenas das proximidades da rodovia BR-163, principal via de escoamento do agro no centro-oeste. A Ferrogrão seria construída paralelamente à estrada.

Segundo a ANTT, a agência quer garantir "o processo de consulta prévia, livre e informada, conforme previsto na Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a qual, infelizmente, não foi devidamente observada".

Com 933 km de extensão, Ferrogrão vai de Sinop (MT) a Itaituba (PA). Arte: Débora De Maio

Com o reposicionamento, o governo deixou claro que pretende levar adiante o projeto, ideia criada há mais de uma década, ainda no primeiro governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), pelas grandes tradings de grãos que atuam no país: Amaggi, ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus.


Não por acaso, o projeto há anos figura entre as prioridades da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), instituição já presidida, no Mato Grosso, pelo atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

"Esse projeto é de interesse nacional e deve ser realizado de maneira sustentável, considerando as melhores decisões socioambientais para a região e para todas as comunidades que a habitam", afirma a ANTT, em documento assinado em 26 de janeiro. "Uma vez concluída, a Ferrogrão terá uma capacidade de transporte significativa, proporcionando competitividade no escoamento da produção pelo Arco Norte".

Liderança da aldeia Baú e responsável pelas relações públicas do Instituto Kabu, Mydjere Kayapó afirmou à reportagem que a reunião e a retratação não significam a aceitação do projeto. "Não é por causa de uma carta de desculpas que diremos sim para a Ferrogrão. Isso não deve só a mim, mas a todos os indígenas que sempre foram desrespeitados nesse processo", disse.

A tentativa de aproximação do governo com os indígenas procura vencer uma etapa paralisada em 2021, quando o processo de licenciamento da obra – estimada hoje em aproximadamente R$ 30 bilhões – foi paralisado por ordem do STF.

Naquela ocasião, o ministro Alexandre de Moraes deu uma cautelar contra o projeto, ao atender uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pelo PSOL. A legenda questionava a redução dos limites do Parque Nacional Jamanxim, uma unidade de conservação ambiental no Pará, para a construção da Ferrogrão. Por decisão da própria corte, é proibido alterar limites de unidades para passagem de obras.
Lula e cacique Raoni Metuktire, do povo kaiapó, durante Acampamento Terra Livre em 2023. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Indígenas não ouvidos

O pedido de desculpas faz referência a uma sessão pública do empreendimento realizada em 12 de dezembro de 2017, em Brasília, na gestão do então presidente Michel Temer, para tratar do licenciamento da obra. Na ocasião, os indígenas não foram ouvidos. No encontro desta quarta-feira, representantes do Ministério dos Transportes e da ANTT se reuniram em Brasília com as lideranças indígenas, para oficializar a retratação.

Na prática, porém, o encontro, que teve participação da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), simboliza mais do que um mero pedido de perdão. Em defesa da ferrovia, a agência reguladora destaca, inclusive, o apelo ambiental do projeto, apesar das preocupações de ativistas com os impactos sobre o ecossistema local.

"Este empreendimento contribuirá para o desenvolvimento nacional, alinhando-se a projetos estratégicos de infraestrutura de transportes, ao mesmo tempo em que respeitará o meio ambiente, promovendo a redução das emissões de CO² na atmosfera, em conformidade com a agenda ESG (ambiental, social e governança) do governo federal e os padrões estabelecidos pela Climate Bond Initiative (CBI) para certificação de iniciativas sustentáveis."

Apesar de o Brasil ser signatário da Convenção 169 da OIT, o processo de consulta prévia nunca foi efetivamente respeitado no país. O que está em jogo, porém, é saber se os indígenas teriam, ou não, poder de veto ao projeto, a partir do diagnóstico de seus impactos. 

Fila de caminhões carregados de soja na BR-163 com destino ao porto de Miritituba, em Itaituba (PA). Foto: João Laet/Repórter Brasil

Busca de diálogo 

Durante o encontro com as lideranças indígenas, o subsecretário de sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Eduardo Benevides, disse que não está definido se a obra será bancada por recursos públicos, se será uma concessão, ou uma Parceria Público-Privada (PPP). "Não há um desenho final, o que há é um debate público", comentou.

O plano ferroviário retomado por Lula contraria frontalmente seu maior aliado quando o assunto é a representação dos povos indígenas: o cacique Raoni Metuktire. O líder indígena de 93 anos, que subiu a rampa do Planalto ao lado do presidente na cerimônia de sua posse, em janeiro de 2023, vive na região a ser cortada pela Ferrogrão.

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já demonstraram que a criação de um terminal de cargas da Ferrogrão em Matupá, no norte do Mato Grosso, pode partir ao meio as terras indígenas do Xingu. É nesse ponto que a Ferrogrão afeta a Terra Indígenea Capoto Jarina, onde mora o cacique Raoni. A rodovia MT-232 atravessa trechos da Capoto Jarina e também do Parque Indígena do Xingu, que abriga 16 povos indígenas.

Mydjere Kayapó afirmou que seu povo tem um protocolo de consulta prévia. "Nós sabemos que, mesmo se dissermos não, eles estarão lá para construir. Então, queremos atuar para que não aconteça o que vimos em Belo Monte", comentou, referindo-se ao conturbado processo de licenciamento da hidrelétrica erguida no rio Xingu, no Pará. 

"Não somos contra o desenvolvimento do Brasil, mas não aceitaremos que nosso direito seja atropelado e ignorado. Eles precisam fazer novos estudos da ferrovia e, antes de tudo, nos ouvir",

defendeu a liderança.
Presidente da Associação Indígena Apiaká Iakunda'Y da comunidade Pimental, em Trairão (PA), Irleusa Robertino disse à reportagem que o povo indígena espera que as audiências sejam realizadas nas aldeias. "Não descansamos para fazer parte dessa discussão e queremos defender os direitos de nosso povo. Essas reuniões devem acontecer nos municípios diretamente afetados. Estamos solicitando isso", comentou. 

"Apresentamos os protocolos de consulta dos povos Kayapó, Munduruku e Apiaká. Queremos ser ouvidos".

Irleusa Robertino
Brent Millikan, membro da secretaria executiva da organização GT Infra e Justiça Ambiental, que acompanhou a reunião com os indígenas, diz que o saldo é positivo. "Ao menos, vemos agora um espírito democrático de abrir o tema para o debate, em vez da tentativa de atropelar e fingir que havia consulta", comentou.

Em sua avaliação, as polêmicas da Ferrogrão expõem o contexto emblemático de como é feito o planejamento de grandes obras em territórios sensíveis. "São problemas crônicos. É preciso aprimorar o tema da viabilidade econômica e socioambiental do projeto, incluindo temas como o impacto cumulativo com outros empreendimentos, como a BR-163, a hidrovia do Tapajós, até considerando a possibilidade de não fazer a ferrovia", disse.

Disputa bilionária 

Fora da arena ambiental, a Ferrogrão também divide interesses bilionários de empresas do setor ferroviário. Empresas como a VLI, braço logístico da mineradora Vale, querem que o projeto avance, para consolidar suas operações de transporte rumo ao "arco Norte" da Amazônia. Há, no entanto, fortes oponentes a essa ideia.

A Rumo, empresa do grupo Cosan que administra ferrovias nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, assumiu bilhões de reais em novos investimentos na malha que já controla e teme que a nova abertura logística impacte seus negócios. Por isso, atua nos bastidores com posição contrária ao empreendimento.

Representantes de caminhoneiros também atuam contra o projeto, por temerem que o transporte de carga que hoje fazem pela BR-163 migre para os trilhos da ferrovia e inviabilize o modal rodoviário.

No ano passado, a Ferrogrão foi incorporada ao PAC 3 e passou a ser alvo de uma "análise dedicada", conforme mencionou o chefe da Casa Civil, ministro Rui Costa. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já declarou, porém, que o projeto depende da comprovação de sua viabilidade ambiental.


*O conteúdo foi originalmente publicado pela Repórter Brasil, escrito por André Borges. 

Brasil : Isolada e cercada por cachoeiras, Ilha de Santo Antônio abrigou presídio em Porto Velho
Enviado por alexandre em 15/02/2024 09:26:51

Local surgiu com a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) e abrigava presidiários perigosos de vários Estados e países. Entenda a relação do presídio com a lenda do tesouro perdido.


Atualmente, o principal presídio de Porto Velho é a Penitenciária Ênio Pinheiro, localizado na zona urbana da capital de Rondônia. No entanto, cerca de 100 anos atrás o cenário era completamente diferente: os presos eram encaminhados para uma colônia penal localizada na Ilha de Santo Antônio, isolada e cercada por cachoeiras.

Por ser uma ilha cercada com cachoeiras, os prisioneiros dificilmente escapavam com vida se tentassem uma fuga pelo rio, devido à força da correnteza da água, conforme relatado pelo Centro de Documentação Histórica do Tribunal de Justiça de Rondônia.

O local que abrigava presidiários sanguinários e perigosos, é repleto de mistérios e histórias, como a lenda do "Curicão"

Foto: Reprodução/CDH TJRO

Quando surgiu?

Um dos trabalhos que relata histórias do presídio é 'Uma engrenagem morta na memória dos vivos: uma perspectiva arqueológica da prisão da Ilha de Santo Antônio', escrito por José Júnior de Souza Pinho como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Segundo relatos e documentos históricos, a história da prisão tem início com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), há mais de 100 anos.

A pesquisa aponta que a prisão foi erguida sem muros, pois não era possível fugir devido à forte correnteza. As fugas registradas, em sua maioria, aconteceram no verão, quando o rio Madeira secava o suficiente para que os presos pudessem andar pela pedras.

Presídio na Ilha de Santo Antônio. Foto: Reprodução/Acervo Centro de Documentação do Estado de Rondônia

De acordo com o historiador e professor Luís Henrique, o local era considerado o principal presídio desde a criação da cidade de Porto Velho em 1915.

"Durante seu funcionamento, o local abrigava os criminosos mais perigosos da cidade de Porto Velho e presos de várias cidades, Estados e países", 

explica o professor.

A Ilha do Santo Antônio fica localizada há 7 quilômetros do centro de Porto Velho e era cercada pela antiga cachoeira de Santo Antônio. O único acesso ao local era de barco ou por uma trilha a pé nos períodos de seca do rio.

O que aconteceu com o presídio?

Na década de 80, o presídio da ilha de Santo Antônio foi desativado e substituído pelo presídio Ênio Pinheiro. A nova penitenciária é localizada próxima à cidade e possui grandes muros e outras barreiras de proteção para evitar fugas.

Já a cachoeira de Santo Antônio "desapareceu" após construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no leito do rio Madeira.

De acordo com pesquisas do núcleo de arqueologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), o que restou do presídio foi suas ruínas. Atualmente o presídio da Ilha de Santo Antônio e é considerado como um sítio arqueológico da cidade de Porto Velho.

Indivíduo preso na cadeia de Santo Antônio em foto de Danna Merrill de 1910. Foto: Reprodução/Acervo Centro de Documentação do Estado de Rondônia

Lenda do Curicão

O historiador também conta uma lenda sobre a ilha, que se tornou conhecida no imaginário popular dos moradores da capital rondoniemse, sobre um prisioneiro que também era garimpeiro, chamado "Curicão".

Segundo a lenda popular, os presos de bom comportamento do presídio podiam ficar andando pela ilha e aproveitavam para garimpar ouro próximo no rio.

Curicão, no final de sua pena, ficava garimpando o ouro e guardava em um pote de vidro. Ele teria deixado o ouro enterrado na ilha e o chamado "Tesouro do Curicão" tem sido procurado há décadas, mas nunca foi encontrado.

*Por Emily Costa, do g1 Rondônia

Veja o mapa dao Presídio Ilha de Santo Antônio:  

Imagem: Reprodução/CHD TJRO

Brasil : MACETANDO: VEJA 5 POSIÇÕES PARA FAZER SEXO COM PENETRAÇÃO PROFUNDA
Enviado por alexandre em 14/02/2024 11:21:47

Quer entrar no clima do hit do Carnaval e macetar no sexo com penetração profunda? Confira dicas para colocar em prática

“Macetando, macetando” é o verso que está na cabeça de nove entre 10 brasileiros durante o Carnaval de 2024 (talvez mais). Mas, antes mesmo do hit de Ivete Sangalo e Ludmilla estourar, “macetar” já fazia parte do imaginário erótico dos transões que são fãs de penetração profunda.

 

De acordo com o urologista e sexólogo Danilo Galante, um dos motivos de muitas pessoas serem tão adeptas da penetração profunda é a sensação de proximidade que ela traz, além do próprio prazer proporcionado.

 

“Na penetração profunda, as pessoas ficam mais grudadas e costumam ter mais prazer, porque o órgão genital tem sensibilidade por área de contato. Logo, quanto mais dentro o órgão estiver, maior pode ser o prazer para ambas as partes”, explica.

 

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Fotos: Reprodução

 

Fonte: Metrópoles

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Brasil : Com R$ 1,3 bi, Fundo Amazônia tem recorde histórico de aprovações em 2023
Enviado por alexandre em 14/02/2024 11:15:47

Novas diretrizes viabilizaram apoio a projetos e chamadas públicas com ganho de escala e ampliação do impacto das ações


Maior iniciativa de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (REDD+) do mundo, o Fundo Amazônia atingiu R$ 1,3 bilhão em aprovações para projetos e chamadas públicas em 2023. Após quatro anos sem aprovar novas iniciativas ou receber doações, o volume de recursos aprovados representa um recorde histórico em valores nominais em 15 anos de existência do Fundo. As doações recebidas e contratadas somam R$ 726 milhões.

Os números fazem parte do balanço sobre as ações do Fundo Amazônia em 2023, apresentado no dia 1º de fevereiro, no auditório do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em Brasília, com a presença do secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, e da diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello. Participaram também o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima, e o superintendente de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia do BNDES, Nabil Kadri.

O Fundo Amazônia é administrado pelo Banco em coordenação com o MMA e apoia projetos alinhados ao Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), lançado em junho de 2023.

"O Fundo ficou paralisado na gestão anterior em função de alterações em seu Comitê Orientador (Cofa)", afirmou Capobianco. "A aprovação de novos projetos só foi retomada em 2023, a partir da iniciativa do presidente Lula de assinar no primeiro dia de mandato decreto recompondo o Cofa e permitindo a retomada das atividades".

Apresentação do balanço do Fundo Amazônia em 2023. Foto: Divulgação/MMA

Do total de recursos aprovados, R$ 786 milhões correspondem a duas chamadas públicas e R$ 553 milhões são referentes a nove projetos, dos quais cinco já contratados. O impacto esperado deste conjunto de ações envolve a gestão territorial e ambiental; o apoio a povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares para a geração de renda a partir da floresta em pé; e o fortalecimento da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e forças locais dos nove estados da Amazônia Legal.

Ao longo do ano, o Fundo também recebeu propostas que estão em análise, como projetos apresentados pelo Ibama, pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e por corpos de bombeiros dos estados da Amazônia Legal.

A atualização das regras pelo Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa), em julho, refletiu a nova fase do PPCDAm, elaborado sob a coordenação do MMA. A definição de novos focos de atuação para o biênio 2023-2025 envolve desde o apoio do Fundo Amazônia à prevenção, monitoramento e controle do desmatamento e da degradação da vegetação nativa até a promoção da conservação e do uso sustentável da região amazônica.

"Passamos boa parte de 2023 recompondo o que tinha sido destruído. No caso do Fundo Amazônia, não só havia sido interrompido o processo de aporte de recursos e doações, todas as contratações, mas as equipes tinham sido desorganizadas, o PPCDAm estava suspenso", afirmou Campello. "Conseguimos em um ano curto, com extremas dificuldades de recomposição, executar praticamente todos os indicadores acima do que já tínhamos feito",

A retomada foi acompanhada de novas doações por meio do fortalecimento da relação com os apoiadores Alemanha e Noruega, além da chegada dos novos doadores Estados Unidos, Suíça e Reino Unido. O Fundo encerrou 2023 com R$ 3,5 bilhões em doações, considerando o montante acumulado desde a sua criação e o ingresso de parte dos recursos contratados.

Em outubro, a Alemanha desembolsou uma parcela do valor contratado, o que correspondeu a R$ 107 milhões. No fim do ano, as doações de R$ 15 milhões dos EUA e R$ 28 milhões da Suíça ingressaram no Fundo.

A Noruega é hoje o doador que mais contribuiu para a iniciativa, o que representa 89,9% dos recursos já recebidos, seguido por Alemanha (8,4%), Suíça (0,8%), Petrobras (0,5%) e Estados Unidos (0,4%). As doações de R$ 497 milhões do Reino Unido e de R$ 80 milhões da Alemanha estão contratadas e irão ingressar no Fundo nos próximos meses.

As doações recebidas em 2023 bem como os contratos assinados com Suíça, EUA, Alemanha e Reino Unido somam R$ 726 milhões.

Doações recebidas em 2023

Suíça 28.000.000
Reino Unido 497.000.000
Estados Unidos15.000.000
Alemanha (Contrato assinado em dezembro de 2022, durante o governo de transição, e anunciado em janeiro de 2023)186.471.250
Total726.471.250

Há ainda recursos adicionais já anunciados pelos parceiros e em fase de negociação: R$ 107 milhões da União Europeia, R$ 245 milhões da Noruega, R$ 2.435 milhões dos Estados Unidos, R$ 218 milhões do Reino Unido e R$ 107 milhões da Dinamarca.

Criado em 2008, o Fundo já apoiou 107 projetos, em um investimento total de R$ 1,8 bilhão. As ações apoiadas já beneficiaram aproximadamente 241 mil pessoas com atividades produtivas sustentáveis, além de 101 terras indígenas na Amazônia e 196 unidades de conservação (dados apurados até dezembro de 2022).

Chamadas públicas

Os dois editais lançados estão em fase de seleção de projetos. São eles:

Arco da Restauração: Como primeira ação desta iniciativa, o edital Restaura Amazônia destina R$ 450 milhões a projetos de restauração ecológica de grandes áreas desmatadas ou degradadas.

Amazônia na Escola: O edital abrange todos os nove estados da Amazônia Legal e prevê até R$ 336 milhões para promover a agricultura de base sustentável e a alimentação escolar saudável.

Projetos contratados

Após a etapa de aprovação, a formalização do apoio do Fundo acontece por meio da contratação das iniciativas. Os cinco já contratados somam R$ 131 milhões. São eles:

Babaçu Livre: Localizada no Maranhão, a iniciativa prevê a aplicação de R$ 13 milhões na consolidação da cadeia de valor do babaçu, abrangendo ações de fortalecimento institucional e investimentos em unidades de produção, recomposição de áreas degradadas e investimentos para a implantação de planos de manejo sustentável.

Arapyaú MapBiomas: No projeto, R$ 11,2 milhões irão contribuir para sistemas de detecção, validação e refinamento de alertas de desmatamento (MapBiomas Alerta); e de monitoramento da regeneração florestal. A iniciativa se soma ao monitoramento do uso e cobertura da terra realizado pela rede MapBiomas em todos os biomas brasileiros.

Dabucury: Compartilhando Experiências e Fortalecendo a Gestão Etnoambiental nas Terras Indígenas da Amazônia: Serão usados R$ 53,8 milhões no apoio a projetos de gestão territorial e ambiental indígena por meio de editais, serviços de apoio e capacitações, contribuindo para a consolidação das Terras Indígenas da Amazônia Legal e para a promoção de capacidades técnicas de organizações locais.

Agroecologia em Rede: O projeto prevê R$ 20 milhões para fortalecer a agroecologia e a produção orgânica no estado do Amazonas. O objetivo é promover a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares e de comunidades tradicionais, além de conservar a biodiversidade.

Gestão Territorial OPIRJ: Com R$ 33,6 milhões para apoiar populações indígenas no Acre, o projeto irá combater o desmatamento na fronteira com o Peru por meio da atuação em rede e de forma coordenada em 13 Terras Indígenas da região.

Apoio a estados e municípios da Amazônia Legal

Também para ampliar a escala de atuação, o Fundo adotou um novo padrão de apoio na forma de duas iniciativas:

União com Municípios: O programa destinará recursos até 2025 para apoiar municípios no controle do desmatamento e de incêndios florestais. A condição para repasse será a redução da taxa de desmatamento e das queimadas.

Corpo de Bombeiros Militares: Cada estado da Amazônia Legal poderá pleitear até R$ 45 milhões para prevenção e combate a incêndios florestais e queimadas não autorizadas.

Fiscalização e Combate a Crimes Ambientais: Na Amazônia Legal, cada estado poderá pleitear até R$ 30 milhões para o fortalecimento e expansão da fiscalização e combate a crimes ambientais.

Brasil : ICMBio desapropria imóveis em unidades de conservação; duas são em Estados da Amazônia Legal
Enviado por alexandre em 14/02/2024 11:13:38

Foram regularizadas áreas no Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), Lençóis Maranhenses (MA), Saint-Hilaire-Lange (PR), Rebio Jaru (RO) e Rebio da Pedra Talhada (PE/AL).


O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA) desapropriou 10,6 mil hectares para dar continuidade aos processos de regularização fundiária de unidades de conservação (UC). Os proprietários foram indenizados entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 com recursos de compensação ambiental, totalizando R$ 59,5 milhões.

O coordenador de regularização fundiária do ICMBio, Fernando Villela, explica que essas desapropriações são parte do processo de criação das unidades de conservação. Ele destaca que, antes de decidir pela criação da unidade, sempre é realizada uma pesquisa para identificar quantos e quais são os imóveis públicos e privados localizados dentro da área. "Se a titularidade do imóvel for privada, o ICMBio iniciará o processo de desapropriação", explica Villela. 

"Essas desapropriações foram feitas de forma amigável, o que poupou tempo e recursos", avalia. "Se fossem judicializadas, poderiam perdurar por vários anos, podendo até comprometer a aquisição do imóvel". 

Rebio Jaru. Foto: João Paulo de Oliveira Gomes/ICMBio

Os processos podem ser bem longos, a depender da disponibilidade financeira e da regularidade documental do imóvel, fatores alheios à governabilidade do ICMBio.

Estados da Amazônia Legal

O processo da Reserva Biológica Jaru, com área de 9,7 mil hectares, adquirido por R$ 56 milhões, por exemplo, iniciou-se em 2011 e só foi concluído em janeiro de 2024. Trata-se de área estratégica para a conservação daquela unidade.

No Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foram desapropriados 253,1 hectares, no valor de R$ 586 mil. Segundo a chefe do parque, Cristiane Ramscheid, a área foi escolhida por estar próxima aos campos de dunas na região do atrativo Lagoa Azul.

"Planejamos usar as infraestruturas que existem no imóvel para estruturar a Casa do Pesquisador do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, que servirá de apoio às ações de proteção, ao uso público e à pesquisa científica".

Outras reservas

Na Reserva Biológica Pedra Talhada (PE/AL) houve a aquisição de uma área de 5,1 hectares por R$ 61 mil. Segundo a chefe, Anita da Silva, "é muito importante divulgarmos essa conquista, pois o processo envolveu o trabalho de muitos servidores ao longo desse período". A área deverá ser utilizada para replantar floresta nativa, beneficiando diretamente a fauna local.

Sergio Leal, pesquisador de aves que frequenta a unidade há mais de 10 anos, comemora a aquisição. "Quanto mais expandirmos a área da unidade, mais essas aves se sentirão confortáveis para a reprodução". Leal já registrou na unidade a presença de várias espécies ameaçadas, como o tovaca-campainha, papa-taoca-de-pernambuco, formigueiro-de-cauda-ruiva, saíra-pintor, chupa-dente-do-nordeste, entre outras.

Outra unidade beneficiada foi o Parque Nacional da Serra da Canastra, onde a aquisição de um imóvel com 24,2 hectares ao custo de R$ 379 mil foi estratégica, uma vez que está localizado em uma área de grande especulação imobiliária, no município de Capitólio-MG.

Informações apuradas pela equipe do ICMBio avaliaram que havia indícios de que o imóvel seria utilizado para abrigar um loteamento de chácaras. "A indenização desse imóvel pelo ICMBio contribui para a redução dos danos ambientais que poderiam ser causados caso houvesse o parcelamento e venda para terceiros" diz a analista ambiental Paola Vieira Ribeiro.

A área somada ao Parque Nacional de Saint-Hilaire-Lange tem 245,4 hectares e foi desapropriada de forma amigável por R$ 929 mil. Está coberta por vegetação secundária em estágio médio e avançado de regeneração, em formações pertencentes à floresta ombrófila densa submontana.

Próximos passos

Esse ano a Coordenação de Consolidação Territorial do ICMBio planeja ampliar as ações de regularização fundiária em relação aos anos anteriores, uma vez que no período de 2019 a 2022 houve um grande acúmulo de processos cujas tramitações ficaram paralisadas.

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