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Brasil : Fofos, sim. Selvagens, também! Conheça 5 animais amazônicos considerados simpáticos, mas que não deixam de ser selvagens
Enviado por alexandre em 01/11/2023 10:25:40


Olá, entusiastas da natureza! Bem-vindos à selva amazônica, onde a natureza brilha com uma incrível diversidade de vida. Muitas vezes, nos apaixonamos pelos animais peludos e simpáticos que aqui vivem, mas não devemos esquecer que eles são selvagens e precisam ser respeitados. Vamos conhecer cinco deles!

Preguiça-bentinho (Bradypus tridactylus) 

A preguiça-bentinho, também conhecida como preguiça-de-três-dedos, é um dos encantadores habitantes das florestas tropicais da América do Sul, incluindo a Amazônia. As preguiças-bentinho são relativamente pequenas, medindo cerca de 45 a 55 centímetros de comprimento e pesando de 2 a 4 kg. São animais herbívoros e se alimentam principalmente de folhas, brotos e frutos de árvores. 

No entanto, são extremamente seletivas na escolha de suas refeições, optando por folhas jovens e tenras, que são mais facilmente digeríveis. Elas são conhecidas por seus movimentos lentos, e possuem garras longas e curvas, que são adaptadas para se agarrar a galhos e ramos. Essas garras permitem que elas se movam com facilidade entre as árvores. 

As preguiças-bentinho são notáveis por sua capacidade de se camuflar nas copas das árvores devido ao seu pelo cheio de algas. Isso lhes proporciona uma camuflagem eficaz contra predadores e, ao mesmo tempo, pode ajudar a fornecer umidade e nutrientes extras. Esses animais são naturalmente agressivos quando se sentem ameaçados e podem morder ou arranhar, e as garras afiadas podem ser perigosas se sentirem ameaçadas.

Preguiça-bentinho (Bradypus tridactylus). Foto: Christian Mehlführer

Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)

O tamanduá-mirim é uma espécie com uma aparência única. Eles são de tamanho médio, medindo cerca de 35 a 50 centímetros de comprimento, com um corpo coberto de pelos curtos e olhos pequenos. Uma característica marcante é o padrão de cor distintivo em forma de colete em suas costas.

Tamanduás-mirins são insetívoros e se alimentam principalmente de formigas, cupins e outros insetos. Para se alimentarem utilizam a língua longa e pegajosa que lhes permite retirar os insetos dos ninhos e das árvores. São criaturas terrestres, embora também sejam capazes de subir em árvores.

Possuem garras longas e curvas que são usadas para cavar em busca de insetos e se agarrar a superfícies ásperas. Sua língua é extensível e pode medir até 40 centímetros de comprimento. Quando se sentem ameaçados, os tamanduás-mirins podem se defender de várias maneiras. Eles podem se erguer sobre as patas traseiras para parecerem maiores e usar suas garras dianteiras para atacar. Suas garras afiadas são eficazes na defesa e podem causar ferimentos doloridos.

Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). Foto: Bart Van Dorp

Ariranha (Pteronura brasiliensis)

A ariranha é considerada a maior lontra do mundo, podendo atingir até 1,8 metros de comprimento, excluindo a cauda. Elas têm uma pelagem densa e marrom escuro, com manchas brancas no peito. São animais carnívoros e se alimentam principalmente de peixes, mas também podem caçar aves, roedores, répteis e até mesmo jacarés. São excelentes nadadoras e caçadoras ágeis, bem adaptadas à vida aquática, com corpos hidrodinâmicos, membranas interdigitais nas patas e caudas longas e fortes que funcionam como lemes na água. 

Ariranhas são conhecidas por suas vocalizações altas e distintas que são usadas para comunicação dentro do grupo. Elas também constroem tocas subaquáticas para abrigo e descanso. Devido ao seu tamanho e comportamento em grupo, as ariranhas têm poucos predadores naturais. 

No entanto, quando ameaçadas, elas podem se defender de forma agressiva. Elas têm dentes afiados e garras poderosas que podem ser usados para morder e arranhar. Além disso, sua natureza social significa que o grupo pode se unir para enfrentar ameaças com mais eficácia.

Ariranha (Pteronura brasiliensis). Foto: Divulgação ICMBio

Quati (Nasua nasua)

Os quatis têm uma aparência distinta, com um focinho longo e flexível, orelhas pontiagudas e uma cauda longa e peluda. São animais de tamanho médio, pesando entre 2,5 e 10 kg, medindo 40 a 65 cm de comprimento com uma cauda de cerca de 50 cm, sendo os machos maiores do que as fêmeas. São animais onívoros e têm uma dieta variada de frutas, insetos, pequenos vertebrados, ovos, e até mesmo carrapatos e escorpiões. 

No entanto, há descrições do consumo de mamíferos de maior porte, como o macaco-prego e as pacas, o que sugere um forte potencial de predação. Os quatis são altamente sociais e comunicativos, usando vocalizações para se comunicar com outros membros do grupo. 

Quando ameaçados, podem se defender de várias maneiras. Eles podem mostrar os dentes e rosnar, usar suas garras afiadas para arranhar e morder. Os quatis, quando se sentem ameaçados, podem causar ferimentos graves aos seres humanos com as suas garras longas, dentes afiados e músculos fortes da mandíbula.

Quati (Nasua nasua). Foto: Augusto Gomes

Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus)

O macaco-de-cheiro, também conhecido como sagui-de-cheiro, é uma pequena espécie de primata pequeno e esbelto, medindo cerca de 25 a 30 centímetros de comprimento, com uma cauda quase tão longa quanto o corpo. Esses macacos são onívoros e têm uma dieta variada, comendo frutas, insetos, folhas, flores e pequenos vertebrados. Sua dieta é adaptável e depende da disponibilidade de alimentos na região. 

São animais ágeis que passam a maior parte do tempo nas árvores. Os macacos-de-cheiro são altamente sociáveis e comunicativos. Eles emitem uma variedade de vocalizações, incluindo trinados, guinchos e chamados para manter a coesão do grupo. 

Quando se sentem ameaçados, eles podem vocalizar alto e adotar comportamentos de defesa coletiva, como atirar objetos ou até mesmo morder. Sua agilidade e rapidez também são meios de defesa eficazes. Os macacos-de-cheiro são animais notáveis que desempenham um papel importante na dispersão de sementes e no equilíbrio dos ecossistemas florestais.

Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus). Foto: Luc Viatour

Vale destacar que esses animais por serem considerados fofos, sofrem com o problema do turismo ilegal, atividade comum na Amazônia. Onde exploradores se aproveitam da busca dos likes nas redes sociais e da ignorância e do entusiasmo dos turistas para ter o contato mais próximo possível da natureza, e colocam bichos-preguiça, primatas, e outro animais, grande parte ainda filhote, no colo dos visitantes para fotografias. As consequências são animais sofrendo e sendo retirados da natureza, onde têm funções ecológicas para cumprir. Os que são resgatados podem nunca mais retornar à vida livre. Animais selvagens devem ser observados a distância e com respeito.

É isso pessoal! Lembre-se, a Amazônia é o lar desses adoráveis animais, mas eles são selvagens e devem ser observados com respeito e cautela. Aprecie sua beleza, mas mantenha uma distância segura para garantir a segurança de todos os habitantes da floresta e a sua própria. Viva a magia da selva, mas com responsabilidade! Abraços de sucuri para vocês e até ao próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!

Sobre a autora

Luciana Frazão é pesquisadora na Universidade de Coimbra (Portugal), onde atua em estudos relacionados as Reservas da Biosfera da UNESCO, doutora em Biodiversidade e Conservação (Universidade Federal do Amazonas) e mestre em zoologia (Universidade Federal do Pará).

*O conteúdo é de responsabilidade da colunista

Brasil : Qualidade de vida em meio a eventos climáticos extremos pode ser alcançada por meio da ciência
Enviado por alexandre em 01/11/2023 10:20:44

O pesquisador em hidrologia na Ufam, Naziano Filizola, aponta que investimentos em ciência e políticas públicas para monitoramento da bacia do Madeira e de outros rios da região amazônica poderiam diminuir os prejuízos da seca histórica.


O rio Madeira atingiu o nível mais baixo dos últimos 56 anos em Porto Velho (RO) no dia 4 de outubro. Ele é responsável pelo abastecimento de água de cerca de 500 mil pessoas em mil quilômetros, desde a capital do Estado de Rondônia até o município de Itacoatiara, no Amazonas, onde deságua no rio Amazonas, o que faz dele a hidrovia mais importante da Amazônia Ocidental, por onde são transportadas cargas e pessoas. 

Devido a esse protagonismo regional, os prejuízos sociais e econômicos desta seca extrema são significativos. O pesquisador em hidrologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e uma das maiores autoridades em grandes rios da Amazônia, Naziano Filizola, aponta que investimentos em Ciência e políticas públicas para monitoramento da bacia do Madeira e de outros rios da região poderiam diminuir estes prejuízos.

"Precisamos revalorizar a Ciência no contexto da sociedade, para entender melhor o papel dela", defendeu. "Temos universidades públicas que produzem pesquisas e são financiadas pela sociedade, que também paga os salários dos pesquisadores. Não temos resposta para tudo, mas a Ciência é o único caminho que temos para prever e combater os efeitos e as causas da situação que estamos vivendo hoje. Boa parte das previsões feitas no passado estão batendo à nossa porta. Tivemos tempo de nos prevenir, mas a sociedade decidiu recuar naquilo que devia ser feito, agora estamos vivendo as consequências. Vimos isso na pandemia, quando decidiram acreditar em remédios mirabolantes e não nas respostas da Ciência", disse Filizola.

"Temos instituições monitorando a possibilidade de eventos extremos. A Ciência necessária para se trabalhar na Amazônia já existe, o que não existe é vontade política para colocá-la em prática, mas temos instrumentos para isso", 

destacou.
Seca muda paisagem da cidade flutuante na orla de Tapauá, no encontros dos rios Purus e Ipixuna. Foto: Thiago Franco/Idesam

A seca que atinge a Amazônia tem gerado imagens espantosas na região mais rica em água do planeta. Animais morrendo por causa do calor e falta de oxigênio na água, leitos dos maiores rios do mundo secos e comunidades ribeirinhas sem água potável. Cenários difíceis de se imaginar na Amazônia.

"Tivemos mais eventos extremos nos últimos 20 anos deste século do que no século passado. A intensificação desses eventos, vai gerar consequências econômicas, ambientais e até na segurança alimentar", destacou Naziano. 

A situação que afeta alguns Estados da Amazônia é provocada pelos efeitos o fenômeno natural El Niño, mas a comunidade científica aposta em uma confluência de fatores, que envolve as mudanças climáticas, provocadas pelos seres humanos, que levou ao aquecimento das águas do Atlântico Norte, que têm potencializado a vazante, como nos estados do Amazonas, do Pará e do Amapá, e até a concentração de fumaça das queimadas, como tem acontecido na Região Metropolitana de Manaus (RMM).

Desde o dia 2 de outubro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) decidiram pela suspensão das atividades da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio devido a baixa vazão do rio Madeira, 50% abaixo da média histórica. 

As 50 turbinas da usina têm potência instalada de 3.568 megawatts, o que faz dela uma das maiores geradoras de energia do Brasil, como em 2022, quando foi a quarta usina em geração de energia no país. No Amazonas, os 62 municípios do Estado estão em situação de emergência e a seca já afeta mais de 600 mil pessoas. 

Em 26 de outubro, o rio Amazonas atingiu 36 centímetros na estação de medição do Serviço Geológico do Brasil (SGB), em Itacoatiara, o menor nível registrado no local durante o monitoramento dos últimos 25 anos. No dia 27, o rio Negro registrou o menor nível em 121 anos na estação de medição do Porto de Manaus: 12,70 metros.

Naziano explica que "a recuperação dos rios virá", mas ainda é precoce afirmar quando.

"A natureza sempre dá um jeito de se reequilibrar e de se recuperar, mas pode ser que demore um pouco devido aos efeitos conjugados do El Niño e do aquecimento global, isso nos faz ter dúvidas sobre quando a situação vai arrefecer, se será em breve ou se vai demorar mais um tempo",

disse.
Ação realizada pelo Greenpeace Brasil no Porto de Manaus no dia 16/10, quando o rio Negro atingiu a marca histórica de 13,59 metros, a mais severa desde o início da medição hidrográfica, em 1902. O recorde anterior era de 2010, quando a cota chegou a 13,63 metros. Foto: Christian Braga/Greenpeace Brasil

Ciência para qualidade de vida 

Naziano defende que só o investimento em pesquisas e em pesquisadores da região poderia preparar a Amazônia para enfrentar o que o futuro reserva para a Amazônia. 

"Uma das questões chaves fundamentais no monitoramento e prevenção de cenários extremos é o baixo nível de investimentos em pesquisas e em pesquisadores na região, o que dificulta a execução de trabalhos de forma mais detalhada e com presença mais intensa nos locais. Isso é um empecilho para a geração de conhecimentos mais profundos sobre as bacias hidrográficas",

explicou.

Ele recorda que no início dos anos 2000 existia uma proposta de criação de centros estaduais de hidrologia e de meteorologia, que dariam suporte aos governos estaduais e municipais. "Penso que esse tipo de ideia poderia virar política pública, para que os municípios, principalmente, pudessem formar melhor a defesa civil e criar protocolos para eventos extremos".

A colaboração entre a Ciência acadêmica e os conhecimentos tradicionais dos povos da floresta também podem ajudar na busca por soluções. "É necessário que haja uma convergência da opinião pública, do poder público, da sociedade civil organizada no sentido de fazer uma revisão do que a Ciência já produziu até aqui e buscar as saídas que já foram apontadas, pois, quase sempre, as saídas que a Ciência encontra já estão na própria sociedade, em ribeirinhos, indígenas, que já têm soluções importantes, mas elas precisam ganhar dimensão e modelos de aplicação que correspondam à escala que elas devem atender, e nisso a Ciência pode ajudar bastante. É isso que a gente precisa! Mas isso só será possível com pessoal capacitado", destacou.

"A qualidade de vida das pessoas é importante, o cidadão que mora no interior não é menos importante do que aquele que mora numa região mais abastada do Brasil. Ele é uma semente de vida que está florescendo dentro da maior bacia hidrográfica do mundo, e que precisa de apoio para que ela possa se manter bem na sua localidade, com qualidade de vida, para que possa colaborar com a manutenção deste ecossistema tão rico e poderoso em escala global", finalizou Naziano.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Observatório BR-319.

Brasil : BR-319 totalmente protegida contra danos ambientais aguarda recursos do governo federal para conclusão das obras de pavimentação da rodovia
Enviado por alexandre em 31/10/2023 10:35:50

Apenas áreas protegidas não resolvem nosso problema.


A BR-319, única ligação rodoviária entre Manaus e o resto do Brasil, é protegida por uma verdadeira "barreira verde" interposta pelos governos Federal e do Amazonas por meio de Unidades de Conservação (UCs) situadas ao longo de toda sua extensão de 875 km, o interflúvio Purus-Madeira, uma das regiões mais biodiversas e intocadas da Amazônia. De acordo com normas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), as UCs visam oferecer garantias segundo os princípios de ordenamento territorial e conservação ambiental em relação ao Sul do Amazonas, abrangendo os municípios de Canutama, Humaitá, Lábrea e Manicoré, e de Porto Velho, capital de Rondônia. No total, são 28 unidades, sendo 11 federais, 9 do Amazonas e 8 de Rondônia, suficientes para assegurar a proteção do bioma em toda sua extensão.

Por meio da Lei nº 9.985/2000, o governo brasileiro instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão dessas Unidades. Sob gestão do ICMBio, Ibama e órgãos estaduais e municipais de proteção ambiental, possuem características singulares relacionadas à fauna e à flora. São seus principais objetivos a) Proteger e conservar essas áreas, bem  como as espécies em risco de extinção, b) Preservar e restaurar os recursos e os ecossistemas naturais, c) Valorizar a diversidade biológica desses espaços, d) Promover o desenvolvimento sustentável e atividades de caráter científico.

As UCs já criadas pelo governo amazonense incluem: 1) Parque Estadual Matupiri, com 513.747,47 ha; 2) Reserva de Desenvolvimento Sustentável Matupiri, área de 179.083,45 ha; 3) Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó Açu, área de 397.557,32 ha; 4) Reserva Extrativista Canutama, com área de 197.986,50 ha; 5) Floresta Estadual Canutama, com área de 150.588,57 ha; e 6) Floresta Estadual Tapauá - área: 881.704,000 ha.
Foto: Reprodução/Observatório BR-319

O conjunto dessas áreas, plenamente protegidas, totaliza 2.320.667,31 ha. Portanto, não é por falta de medidas protetoras que a recuperação da BR-319 continue sendo considerada pelo governo Federal, à exemplo da ministra Marina da Silva, do MMA, como ameaça à degradação ambiental do bioma. O impensável é o Amazonas continuar dependente apenas do modal fluvial para o transporte de cargas e passageiros, ora gravemente afetado pela forte estiagem que se abate sobre a bacia, produzindo incalculáveis prejuízos e males à economia e ao povo amazonense por tal imprevidência.

De outra ótica, o especial momento da economia regional deve-se valer das obras de Samuel Benchimol, Bertha Becker e dos pesquisadores formuladores do pensamento amazônico, para os quais a região precisa de desenvolvimento econômico, não apenas, e tão somente, de proteção ambiental. Apenas áreas protegidas não resolvem nosso problema. Como afirma Becker, "primeiro porque a proteção já não protege mais e o
desflorestamento continua. E só proteger não gera renda e trabalho, fundamental para a população. O que precisamos é produzir para preservar". Ambos os pensadores deixam claro em suas obras que "o ambientalismo excessivamente preservacionista da década de 1990 esgotou-se como um modelo para a região por dupla razão: primeiro, porque não conseguiu barrar a expansão da agropecuária capitalizada; segundo, porque a conscientização crescente da população amazônica, que demanda melhores condições de vida, resultou na criação de mercado de trabalho e renda e, portanto, no uso do seu patrimônio natural".

O vice-presidente da FIEAM, economista Nelson Azevedo, considera muito importantes as ações negociais empreendidas pelo Amazonas e suas lideranças governamentais, políticas e empresariais junto a Brasília voltadas a desenrolar o nó ambientalista em relação à conclusão das obras da BR-319. Pragmaticamente, o dirigente observa que, ao que evidencia o assombroso nível da histórica seca de 2023, claramente nossa economia "precisa de alternativas viárias, tanto fluvial, como aérea e, neste momento, rodoviária, da BR 319 devidamente restaurada. Isso é uma obrigação da União Federal. Não se trata de uma rodovia nova que vai rasgar floresta; ela já existe e se encontra há 30 anos sem manutenção".

Para Azevedo, "temos obrigação de meditar e aproveitar as lições dos momentos difíceis. Poucas vezes na história do Amazonas constatei um nível tão satisfatório de união dos diversos setores. Setor público ligado aos transportes, pesquisadores da academia, todo o setor privado, tanto da indústria como dos serviços e comércio e agroindustrial. Cada um com sua contribuição, sua bagagem e sua disposição de colaborar para encontrar
saídas. Empresários, parlamentares, governo estadual e prefeituras, de forma unida e determinada, conquistaram ajudas e providências para atender a crise humanitária provocada pela vazante histórica". Afinal, ressalta, "é nas crises, na superação das adversidades, por mais complexas que sejam, que o ser humano cresce e se fortalece".

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Brasil : Efeito do El Niño manterá chuvas abaixo da média no Norte até janeiro
Enviado por alexandre em 31/10/2023 10:33:37

A perspectiva é que a atuação do fenômeno climático ganhe força até dezembro e intensifique o déficit de chuva sobre o leste e o norte da Amazônia.


Por influência do El Niño junto a anomalia de temperatura do Atlântico Tropical, os volumes de precipitação de chuva ficarão abaixo da média na região Norte nos próximos meses. De acordo com o coordenador-geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilvan Sampaio, o sudoeste da Amazônia voltará a receber chuvas a partir de novembro, mas a precipitação ficará abaixo da média e possivelmente a recuperação será lenta.

Foto: Reprodução/Defesa Civil AM

A perspectiva é que a atuação do El Niño ganhe força até dezembro e intensifique o déficit de chuva sobre o leste e o norte da Amazônia e no norte do Nordeste. Para o norte do Nordeste, a indicação é de que o Atlântico Norte continuará aquecido, o que contribui para a seca.

Sampaio observa que para Rondônia a perspectiva é de manter chuvas abaixo da média. "É nesta área que está a bacia do rio Madeira, que tem contribuição importante para rio Amazonas", explica. O Madeira é o principal afluente do Amazonas. As vazões naturais em Porto Velho (RO) apresentam valores 51% abaixo da média em outubro.

Os mapas do boletim conjunto do Inpe, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Funceme publicados no dia 26 de outubro foram apresentados durante sessão de debates sobre fenômenos climáticos realizada no Senado Federal.

O mapa da nota técnica indica faixas na cor amarelo e laranja com chuvas abaixo da média para grande parte da região Norte do país.

Durante a sessão no Senado, o diretor-geral do Inpe, Clézio De Nardin, afirmou que a anomalia de temperatura das águas do Atlântico Tropical Norte está entre as maiores mais registradas e estão impactando a formação de nuvens de chuva sobre a Amazônia. 

"A seca gravíssima que está no sudeste da Amazônia passará para o leste da Amazônia", 

afirmou. 
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*Com informações do MCTI


"É a primeira vez no mundo que o calor, a crise climática, mata mamíferos aquáticos dessa maneira", alerta pesquisadora

Menos de 200 quilômetros separam os lagos Tefé e Coari, no interior do Estado do Amazonas. Esses dois corpos d'água que desembocam no Solimões, um dos rios que mais tem sofrido com a seca que se alastrou pela Amazônia nos últimos meses, são tão parecidos que é possível confundi-los. "A única diferença é que o Coari tem um canal muito mais curto até chegar ao Médio Solimões", destaca a oceanógrafa Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). 

As semelhanças são tantas que o drama vivido no primeiro se repetiu, porém em menor escala, no segundo.

"Desde 23 de setembro, registramos 155 carcaças de botos-cor-de-rosa e tucuxis no Lago Tefé e 23 no do município vizinho. Mas tenho certeza de que houve mortes em outros lugares porque existem mais de 50 lagos na região. É a primeira vez no mundo que o calor, a crise climática, mata mamíferos aquáticos dessa maneira. O que está acontecendo na Amazônia é equivalente ao que está ocorrendo no Ártico com morsas e ursos polares",

alerta a pesquisadora.
Foto: Divulgação/WWF-Brasil

Se no Ártico os animais estão morrendo por conta do derretimento de geleiras, na Amazônia uma das consequências mais sérias das mudanças climáticas para a fauna aquática é o aumento da temperatura dos corpos hídricos, que em 2023 foi agravado pelo Oceano Atlântico Tropical Norte muito aquecido e um fenômeno de El Niño, gerando uma estiagem sem precedentes no bioma. 

Dos 62 municípios do Amazonas, por exemplo, 60 estão em estado de emergência, segundo a Defesa Civil. Mais de 600 mil pessoas foram prejudicadas .

"Secas e cheias extremas vão acontecer com cada vez mais frequência e intensidade. E a tendência é que a situação na região amazônica piore, pois a expectativa é de que no ano que vem o El Niño seja ainda mais forte. Botos são perfeitamente adaptáveis ao movimento das águas na cheia, eles se deslocam com uma flexibilidade tremenda na floresta alagada para se alimentar. Mas para a seca eles não estão adaptados. Reverter esse cenário não depende de nós, pesquisadores, depende de toda a humanidade se mobilizar",

ressalta.

Cerca de 10% da população de botos do Lago Tefé foi perdida em apenas uma semana, enquanto a média de encontro de carcaças era de uma ou duas por mês, frisa Miriam, uma das maiores especialistas do país no assunto. Ela e outros pesquisadores ainda investigam a razão da discrepância entre as espécies mortas. Das 155 carcaças registradas no local, 84,5% são cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e 15,5% são tucuxis (Sotalia fluviatilis), em geral os mais vulneráveis.

Miriam pontua, no entanto, que o sistema respiratório dos botos-cor-de-rosa é mais frágil: "Venho fazendo este trabalho desde 1993 e nas atividades de campo presenciei muitos com ruídos ao respirar. Análises histológicas e ultrassonográficas também comprovaram muitos casos de pneumonia e parasitos nos pulmões", relata. "Então, outros fatores relacionados ao clima podem ter pesado no contexto atual. Em 28 de setembro, dia em que a temperatura da água chegou a quase 40°C na Enseada do Papucu e que documentamos 70 mortes, a qualidade do ar estava péssima devido às queimadas intensas e a umidade estava em 50%, quando neste período do ano costuma variar entre 80% e 90%". 

Estresse térmico 

Ayan Fleischmann, líder do Grupo de Pesquisa em Geociências e Dinâmicas Ambientais na Amazônia do IDSM, acrescenta que a hipótese mais provável é que, em decorrência do estresse térmico, os animais pararam de se alimentar e, por isso, perderam a capacidade de regular a temperatura corporal. "Em situações assim, a pressão sanguínea sobe e pode haver um colapso cerebral, como congestão ou derrame. Mas ainda estamos aguardando as análises de histopatologia para bater o martelo", diz.

Isso explicaria o fato de indivíduos principalmente da espécie cor-de-rosa terem sido vistos desorientados no Lago Tefé, fazendo movimentos circulares, como se não soubessem para onde ir momentos antes de perderem a vida. "Se o aumento da pressão sanguínea for confirmado nos exames, teremos descoberto da pior forma possível o limite de temperatura que os botos suportam. Por isso, os próximos anos nos apavoram", completa o pesquisador. 

Após seguidas aferições de temperatura em diferentes horários, profundidades e locais, o IDSM concluiu que a Enseada do Papucu, um dos pontos preferidos dos botos da região pela abundância de peixes, drena água de uma área bem rasa do Lago Tefé, uma vasta lâmina que está medindo apenas entre 20 e 30 centímetros de altura e que tem potencial para esquentar muito sob o sol escaldante.

Um verdadeiro caldeirão que ultrapassou os 40°C em 28 de setembro, o dia mais mortal para os animais, quando a temperatura da água bateu 39,1°C na Enseada. 

"Acima do Papucu medimos quase 41°C, mas a temperatura foi baixando em seu curso até chegar a 33°C ou 32°C no Rio Solimões. Vimos que o fluxo da água foi dissipando o calor",

diz Fleischmann.

A partir do drama que se iniciou em Tefé, o IDSM criou uma rede de parceiros para monitorar outros lagos na Amazônia e já conta com pesquisadores em municípios como Manaus e Iranduba, no Amazonas, e Santarém, no Pará. Em Coari, por exemplo, a equipe da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), liderada pela professora Waleska Gravena, tem monitorado o lago três vezes por semana. Além disso, estão sendo instalados sensores automáticos para aferir a temperatura da água e amostras foram coletadas para análise físico-química em laboratório.  

"Assim como a temperatura do ar bate recordes, a hipótese é que agora a temperatura da água também tenha batido. Das medições que temos disponíveis, nunca havíamos chegado ao patamar atual na Amazônia",

comenta  Fleischmann.

Sem agentes infecciosos 

Dentre os resultados documentados até o momento estão 124 animais necropsiados e amostras de tecidos e órgãos enviadas para laboratórios especializados distribuídos pelo Brasil. Dezessete foram avaliados com análises histológicas e não há indícios de agentes infecciosos relacionados como causa primária da mortalidade. Os diagnósticos moleculares de 18 indivíduos também deram negativo para os agentes infecciosos Morbillivirus, Toxoplasma, Clostridium, Mycobacterium e Pan-fúngico, associados a mortes em massa de cetáceos.

Foto: Divulgação/WWF-Brasil.

Diversas instituições têm atuado na operação envolvendo os botos, entre elas: Aiuká Consultoria em Soluções Ambientais; Aqua Viridi; Aquasis; Corpo de Bombeiros de Tefé; Conselho Regional de Medicina Veterinária do Amazonas; European Association for Aquatic Mammals; Exército Brasileiro; Friends of Nuremberg Zoo Association; Fundação Mamíferos Aquáticos; Fundación Mundo Marino; Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD); Greenpeace; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Instituto Aqualie; Instituto Baleia Jubarte; Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); International Fund for Animal Welfare; Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM); Lapcom-USP; Loro Parque Fundación; Marinha do Brasil; National Marine Mammal Foundation; Nuremberg Zoo; Oceanogràfic València; Planète Sauvage; Polícia Militar do Amazonas; Prefeitura de Tefé; R3 Animal; Rancho Texas; Sea Shepherd Brasil; Sea Shepherd France; SeaWorld & Busch Gardens Conservation Fund; Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Conservação de Tefé (SEMMAC); Universidad de Las Palmas de Gran Canaria; WWF-Alemanha; WWF-Brasil; YAQU PACHA e Zoomarine Portugal.

Brasil : Enem 2023: Saiba a melhor estratégia para fazer a prova e garantir uma boa nota
Enviado por alexandre em 31/10/2023 10:24:25

Foto: Reprodução

Resolver – e acertar – todas as questões fáceis é unanimidade entre os professores, mas há outras recomendações para se adequar à Teoria de Resposta ao Item (TRI)

Além de muito estudo, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) exige que os estudantes conheçam o tipo de prova e tracem estratégias para responder às questões. Isso porque o exame utiliza uma metodologia para calcular a nota que considera a coerência dos acertos obtidos, e não apenas a quantidade.


Ou seja, de acordo com a Teoria de Resposta ao Item (TRI), não basta acertar muitas questões. É preciso haver um equilíbrio entre os acertos dos itens fáceis, médios e difíceis. Se o aluno, por exemplo, errar uma questão fácil sobre um determinado assunto e acertar a difícil, o sistema entenderá que o acerto foi ao acaso, o famoso “chute” – e a questão valerá menos para o cálculo da nota final.

 

– O ideal é acertar as duas; o coerente, é acertar a fácil e errar a difícil. E o incoerente é acertar uma questão difícil e errar a fácil, já que muitas vezes você precisa do mesmo conhecimento para resolver as duas. Então o Enem penaliza esses acertos considerados “ao acaso” – explica Rodrigo Magalhães, professor da Plataforma AZ.

 

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Enem 2023: inscritos que têm locais de prova a mais de 30 km de casa poderão fazer a prova em outra data

 

Diante disso, o que fazer no dia da prova? Professores consultados pelo GLOBO indicam quais são as melhores estratégias a seguir ao responder as questões.

 

Este conteúdo faz parte do canal digital especialmente voltado para estudantes do Enem, e criado em parceria com a Plataforma AZ de Aprendizagem. Até a data da prova, que acontecerá nos dias 5 e 12 de novembro, reportagens exclusivas serão publicadas no site do jornal. Os alunos também podem acessar gratuitamente um almanaque especial com dicas preciosas para os candidatos.

 

Primeiro, dizem os especialistas, é preciso garantir que todas as questões fáceis sejam respondidas, preferencialmente sem erros, claro. Uma boa estratégia pode ser percorrer a prova por completo, resolvendo os itens mais simples e deixando aqueles que parecem mais complexos para um segundo momento. Mas é importante ler todos os enunciados, até o fim de cada caderno, para depois voltar às questões não respondidas.

 

– Dessa forma, diminuímos o risco de ter que chutar as questões fáceis do final do caderno de prova por falta de tempo, por exemplo – observa Vinícius Proto, professor de Matemática da Escola SEB Rio Preto, de São Paulo.

 

Por ser um exame com muitas questões (45 por área do conhecimento, além da redação), o Enem exige que o participante resolva as questões rapidamente, com média de poucos minutos para cada uma. Assim, responder corretamente às questões mais fáceis também colabora na gestão do tempo e ajuda a acalmar o nervosismo.

 

Para o professor Mozartt Zeni, coordenador pedagógico do Colégio Leonardo da Vinci, no Rio Grande do Sul, a regra de ouro para a prova é: fazer rápido, certo e sem se cansar. – Para isso, o aluno tem que ir muito rápido no enunciado e, a partir dali, tentar acertar a questão. Fazer as mais fáceis primeiro, sempre, e depois gerenciar o tempo para ver o quanto ele demora para resolver as difíceis – recomenda.

 

Para alguns estudantes, intercalar as provas para evitar o cansaço excessivo também é uma estratégia válida.

 

– Isso pode ajudar a manter a concentração e a energia durante a prova, e permite que o estudante não fique sobrecarregado com uma única matéria por um longo período – acredita o professor Sérgio Scheffel Flores, do Colégio Unificado, do Rio Grande do Sul.


Aqueles que optarem por alternar as disciplinas podem seguir a sugestão do professor Naum Faul, do Pré-Vestibular Social Dona Zica, do Rio de Janeiro. No primeiro dia (5 de novembro), começar pela redação e depois responder as questões na seguinte ordem: fáceis e médias de Humanas; fáceis e médias de Linguagens; difíceis de Humanas e difíceis de Linguagens. No segundo dia (12 de novembro), a ordem sugerida é: fáceis e médias de Matemática; fáceis e médias de Ciências da Natureza; difíceis de Matemática; difíceis de Ciências da Natureza.

 

– Tradicionalmente, no primeiro dia a nota ponderada de Humanas é maior do que a de Linguagens. No segundo dia, isso acontece com a nota ponderada de Matemática, em comparação com Natureza. Por isso, damos essa dica para nossos alunos – explica Naum.

 

Por último, mas não menos importante, o participante do Enem deve separar em sua rotina de prova um tempo para o preenchimento do cartão de respostas.

 

– A atenção no momento de registrar as respostas evita uma possível marcação incorreta, que pode comprometer a nota do candidato por contribuir com uma incoerência ou desencadear uma sequência de marcações equivocadas – alerta Thiago Alexandre, coordenador de 3º ano e pré-vestibular do colégio Qi. 

 

Fonte: O Globo

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