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Brasil : Senado discute oferta de merenda escolar em férias e fins de semana a estudantes da rede pública
Enviado por alexandre em 30/10/2023 09:50:56

Ideia é que municípios decidam como distribuir alimentos; 13,7 milhões de crianças no Brasil vivem situação de insegurança alimentar

Correio do Povo
Projeto quer aumentar abrangência da merenda escolar

Projeto quer aumentar abrangência da merenda escolar

O Senado discute um projeto de lei que visa garantir aos estudantes da rede pública merenda escolar durante as férias e nos fins de semana, segundo informações do site R7. A proposta, que tramita na Comissão de Assuntos Econômicos, pretende combater a situação de insegurança alimentar vivida por 13,7 milhões de crianças no Brasil. Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) referentes a 2021, ano mais recente do levantamento.

O financiamento seria por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), recriado em julho pelo governo federal, e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Fica a cargo do município escolher a maneira de fazer a distribuição do alimento ao estudante, seja por meio do fornecimento de cestas básicas, seja na própria escola, com o incremento de atividades extracurriculares e esportivas.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) promove o acesso à alimentação e incentiva a agricultura familiar. Em outubro, o governo federal anunciou a destinação de mais R$ 200 milhões ao programa, o que totaliza R$ 900 milhões em 2023.

Os produtos comprados por meio da iniciativa são transportados até as centrais de abastecimento, que realizam a distribuição para creches, escolas, hospitais públicos, restaurantes comunitários e cozinhas solidárias.

Já o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) destina recursos para garantir refeições a estudantes de todas as etapas da educação básica pública durante o ano letivo.

O projeto é uma "tentativa de diminuir a desnutrição infantil no Brasil em curto prazo, fornecendo alimentação às crianças que estudam, considerando principalmente a realidade de vários estados brasileiros nos quais a merenda escolar constitui a principal refeição da criança", diz a justificativa da proposta.

Procurado pela reportagem, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome não respondeu se o governo possui verba suficiente para financiar o programa.

Doutor em educação e professor na Universidade de Brasília (UnB), Francisco Thiago Silva diz que resolver o problema de desnutrição infantil não é papel da escola. "Se mais essa tarefa for atribuída à escola, vai sobrecarregá-la. A função social dela é desenvolver a humanização e garantir que os conteúdos significativos científicos, artísticos, culturais e filosóficos que foram acumulados pela humanidade sejam democraticamente distribuídos e problematizados para todas as classes sociais".

O especialista reconhece a desnutrição enfrentada por diversos alunos do ensino básico, mas ressalta que o projeto de lei seria justificável caso as escolas oferecessem aulas nos fins de semana.

"Se houvesse um projeto articulado com outras instituições para justificar o funcionamento pedagógico aos sábados e aos domingos, a merenda escolar poderia ser prevista nesses calendários. Seria necessário também ofertar mobiliário adequado, rede de internet e salário digno aos professores da educação básica”, destacou.

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Catadora de material reciclável na Estrutural (DF) e líder comunitária, Ana Cristina Rodrigues Silva é mãe de quatro filhos, e o mais velho, de 11 anos, estuda na rede pública de ensino. Para ela, a alimentação na escola auxilia diversas famílias. "Ajudaria muito as crianças terem essa alimentação extra, porque muitas vão para o colégio apenas para merendar, por falta de alimento em casa", afirma.

O projeto de lei 3241/2023 é relatado na Comissão de Assuntos Econômicos pela senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO). O texto deve passar ainda pela Comissão de Educação do Senado.

Brasil : Novo ensino médio: governo envia ao Congresso projeto com mudanças; entenda
Enviado por alexandre em 30/10/2023 09:40:55

Foto: Reprodução

O projeto de lei ocorre após as mudanças no currículo dessa etapa de ensino terem sido criticadas por entidades, estudantes, professores e especialistas

O governo federal enviou nesta terça-feira, 24, ao Congresso Nacional projeto de lei com diretrizes para a Política Nacional de Ensino Médio, que propõe alterações no novo ensino médio, aprovado em 2017.

 

O projeto de lei ocorre após as mudanças no currículo dessa etapa de ensino terem sido criticadas por entidades, estudantes, professores e especialistas.


A proposta foi apresentada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e representantes de conselhos e entidades educacionais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião na tarde desta terça-feira, 24, no Palácio do Planalto.

 

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“A proposta é fruto de ampla consulta e debate público, como devem ser os processos democráticos. Na busca pelo consenso, o que nos une é a certeza de que nossa juventude merece mais oportunidades, com ensino médio atrativo e de qualidade”, disse Camilo Santana, nas redes sociais, após apresentar o projeto ao presidente da República.

 

Veja abaixo o que prevê o projeto de lei:


Retomada de 2,4 mil horas de Formação Básica para estudantes do ensino médio sem integração com curso técnico. Atualmente, são 1,8 mil horas de formação.


Volta de todas as disciplinas obrigatórias do ensino médio – como sociologia, filosofia e artes – incluindo língua espanhola em toda a rede no prazo de três anos.


Redes de ensino poderão oferecer de forma excepcional a Formação Básica de 2,1 mil horas desde que articulada com um curso técnico de, no mínimo, 800 horas.

 

Cada escola terá de oferecer dois dos quatro percursos.


Construção de parâmetros nacionais para a organização dos percursos e integração de estudos definindo quais componentes curriculares deverão ser priorizados em cada um deles.


Vedação da oferta dos componentes curriculares da formação geral básica na modalidade de educação à distância. A proposta é regulamentar a oferta dessa modalidade em contextos específicos para os percursos.


Revogação da inclusão de profissionais não licenciados, com reconhecimento notório saber, na categoria de magistério. Serão definidas as situações nas quais esses profissionais poderão atuar, excepcionalmente, na docência do ensino médio.

 

Em 2017, foi aprovado o novo ensino médio, com objetivo de tornar a etapa mais atrativa e evitar a evasão escolar.

 

Pelo modelo, parte das aulas é comum a todos os estudantes do país, a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios estudantes podem escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. As opções permitem ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico. A oferta de itinerários depende da capacidade das redes de ensino e das escolas brasileiras.

 

A implementação deverá ser feita de forma escalonada até 2024. Em 2022, teve início a ampliação da carga horária (para cinco horas diárias) para os alunos do 1º ano do ensino médio. Pela lei atual, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o equivalente a sete horas diárias. Isso deve ocorrer aos poucos.

 

 

No entanto, as mudanças foram alvo de diversas críticas, especialmente das entidades estudantis e de professores. O governo federal abriu, este ano, uma consulta em que foram ouvidos mais de 130 mil alunos, além de entidades de classe e governos estaduais, para reformular a política. 

 

Fonte: Exame

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Brasil : 4 histórias curiosas sobre a origem de bairros de Porto Velho
Enviado por alexandre em 30/10/2023 09:34:13

Um dos mais populares é Arigolândia, pois durante a 2ª Guerra Mundial, soldados da borracha foram para Porto Velho e entre eles muitos eram nordestinos, chamados de "arigós".


Alguns bairros de Porto Velho, em Rondônia, têm histórias curiosas sobre suas origens. Um deles é Pedacinho de Chão. Na década de 1970 foi preciso abrir uma avenida chamada Norte e Sul, que começava na avenida Pinheiro Machado e acabava no quartel do 5º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), que hoje é a Avenida Rogério Weber, no bairro Baixa da União. 

As pessoas foram retiradas e transferidas para um novo local, o Pedacinho de Chão, que recebeu esse nome em homenagem a uma novela da Rede Globo que passava na época. 

"Então falaram pra os moradores que os levariam para uma terra legalizada e documentada onde eles teriam o pedaço de chão de deles", explicou o economista e historiador Anísio Gorayeb.

Já o bairro mais antigo da história do município, Caiari, surgiu como o primeiro conjunto habitacional do Brasil, a partir do primeiro governador do Território Federal do Guaporé, Aluísio Ferreira, que nacionalizou a Ferrovia Madeira-Mamoré. 

"Aluísio era diretor da Estrada de Ferro e tinha a intenção de construir o conjunto com casas em alto padrão de luxo para que morassem os diretores, engenheiros e administradores da Madeira-Mamoré", contou Gorayeb.

Sobre o bairro Triângulo, localizado na beira do rio, o historiador explicou que com a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, o trem entrava em um triângulo para virar a locomotiva e conseguir retornar o trajeto, a ação deu origem ao nome do bairro.

Durante a 2ª Guerra Mundial, soldados da borracha foram para Porto Velho, muitos nordestinos chamados de "arigós" moravam na região próxima ao Rio Madeira que recebeu o nome de Arigolândia, pela grande concentração destes moradores. 

Vista aérea do Bairro Arigolândia. Foto: Anisio Gorayeb Filho

Ruas e avenidas 

De acordo com o historiador, as grandes obras de Porto Velho foram realizadas pela Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e definiu o traçado da cidade, herdado dos americanos que implantaram o formato de ruas retas, que levavam aos pontos extremos, facilitando a locomoção pela cidade.

A avenida Sete de Setembro chamava-se rua do Comércio e a avenida Presidente Dutra, de Rua Divisória, e surgiram no início da criação da cidade. Surgiram outros bairros com nomes curiosos, como o bairro da Lagoa, que fica localizado em uma região que alagava muito e todas as ruas têm nomes de peixes, e o bairro Marechal Rondon, que as ruas receberam nomes de minérios.

*Acervo g1 Rondônia

Brasil : Saiba quem é a goiana que ganhou torneio após roer quase 90 pequis em 10 minutos
Enviado por alexandre em 27/10/2023 11:09:42

Foto: Reprodução/Redes sociais

Vídeos mostram momento em que Amanda participa do torneio

De um lado existem os amantes de pequi, do outro aqueles que não conseguem sentir nem o cheiro do fruto e ainda existe a Amanda Elias Souza, de 24 anos, que conseguiu comer 88 pequis em apenas 10 minutos. A jovem foi a vencedora do Torneio de Roedor de Pequi, da Universidade Federal do Tocantins (UFT).

 

“Foram 88 pequis em 10 minutos. É pequi demais, mas não foi difícil. Foram 9 pequis por minuto e eu nem passei mal”, comemora.

 

Amanda nasceu em Goiânia e viveu na capital até os 5 anos. Como a maior parte da família da jovem é do Tocantins, ela se mudou para o estado e, atualmente, mora em Gurupi, onde aconteceu o 3º Festival do Pequi da UFT, no último dia 20 de outubro. Além disso, ela também é estudante do quarto período de fisioterapia.

 

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Nas redes sociais, Amanda se descreve como tocantinense, goiana raiz e apaixonada por pequi. Em entrevista ao g1, a jovem contou que esse amor pelo fruto a acompanha desde criança, revela que comeu quase 60 pequis quando tinha apenas 11 anos e sempre acreditou que poderia vencer o torneio.

 

“Eu amo pequi e, na época dele, eu como todos os dias”, afirma.

 

HISTÓRICO ROEDOR

 

Amanda conta que aos 11 anos conseguiu comer 60 pequis “na brincadeira”, como ela mesmo descreve. Segundo a jovem, ela morava em uma fazenda e que um dia a mãe dela foi à cidade fazer compras. Ela e os irmãos ficaram sozinhos em casa e, como estava na época do fruto, havia um balde de pequi guardado.

 

“Eu estava na maior vontade de comer pequi e decidi cozinhar uma ‘panelona’ para eu comer”, detalha.
Amanda cozinhou todos os pequis do balde para ela e os irmãos jantarem em casa. “Cozinhei a panela de pequi e meus irmão serviram o deles, mas, como eles não são muito fãs, colocaram só um pouco”, disse. Ela pegou o restante e logo os irmãos disseram que ela iria passar mal e que iriam contar para mãe deles.

 

Porém, apesar de criança, Amanda não teve medo dos alertas e comeu todos os pequis que tinha colocado no prato. “Eu falei para eles que iriam comer todos os pequis brincando. Comi todos, eles ficaram assustados, me chamaram de doida, depois nós contamos os caroços e foram 60 pequis”, lembra.

 

FAMA ATÉ O TORNEIO

 

Desde esse episódio na infância Amanda ganhou a fama de roedora de pequi. Quando a primeira edição do torneio foi divulgada, a jovem não se inscreveu. Na segunda, ela afirma que tentou, mas perdeu o prazo para inscrição. Este ano, Amanda se inscreveu, mas, inicialmente, não foi selecionada para participar.

 

“Eles fazem um sorteio para escolher os 10 competidores. Meu nome não saiu e eu fiquei muito chateada”, lamenta.
Para a alegria de Amanda, alguns sorteados desistiram e ela foi chamada um dia antes do sorteio acontecer. “Todos da minha família me incentivaram e diziam que eu iria ganhar”, afirma. A jovem revela que, com o apoio da família e desejo de participar do torneio, ela acreditou no potencial dela e esperava ganhar.

 

Amanda Elias Sousa de 24 anos foi a campeã do festival na categoria feminina (Arquivo pessoal / Amanda Elias Sousa)

Foto: Reprodção

 


 

Com a vitória, Amanda consolidou a fama de roedora de pequi e ainda levou R$ 1,2 mil para casa. Questionada se ela vai usar o valor para comprar mais pequi, a jovem brinca que não sabe o que fazer ainda, pois queria mesmo era a fama. “Eu fui pela alegrua de comer algo que gosto e na intenção de ganhar”, finaliza.

 

Fonte: G1

 

VEJA VÍDEO:https://portaldozacarias.com.br/site/noticia/saiba-quem-e-a-goiana-que-ganhou-torneio-apos-roer-quase-90-pequis-em-10-minutos/

Brasil : Impactos da seca extrema na Amazônia devem se estender por meses
Enviado por alexandre em 27/10/2023 00:38:56


Foto: Reprodução

A vida parou nas comunidades às margens do médio rio Solimões. Nessa parte do estado do Amazonas onde as vias são aquáticas, a seca extrema impede que crianças cheguem à escola e que pescadores e agricultores familiares trabalhem.

 

“Tudo parou. Não dá para sair de barco, há famílias isoladas. A gente tem medo de a água potável acabar, essa é nossa principal preocupação”, narra à DW Maria de Fátima Celestino, 33 anos, mãe de uma recém-nascida de três meses e de outros três filhos.

 

Ela e outras 31 famílias moram na comunidade Tauary, a oito horas de barco da cidade mais próxima, Tefé. Por conta da dificuldade da navegação e do transporte de mercadores pelo Solimões, os ribeirinhos estão pagando mais caro pelo arroz, feijão, óleo e café.

 

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“Nem a minha sogra, que tem 98 anos, viu uma seca dessa”, conta Celestino sobre a situação que presencia de sua casa no médio Solimões que, quilômetros à frente, se transforma no rio Amazonas.

 

Algumas estações hidrometeorológicas que medem o nível na bacia amazônica registraram mínimos recordes nas últimas semanas. A seca dramátia também afeta comunidades no curso dos rios Negro, Purus, Madeira e Amazonas.

 

O cenário para os próximos meses não é otimista. A temporada de chuvas na região, que vai de novembro a março, começa atrasada com volumes abaixo da média, o que compromete o retorno dos rios a níveis saudáveis.

 

“A previsão para o próximo trimestre é semelhante ao quadro dos últimos meses: a seca continua na Amazônia, e as chuvas persistem no Sul. Começam também os primeiros sinais de seca na região Nordeste”, afirma à DW Gilvan Sampaio, coordenador geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

 

APAGÃO DE DADOS

 

A bacia amazônica é o maior sistema fluvial do mundo, com 6,4 milhões de quilômetros quadrados de extensão compartilhada entre nove países. A maior parte dela está no Brasil, nos estados do Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, parte do Mato Grosso, Pará e Amapá.

 

No país, o desafio de monitorar a situação em tempo real é proporcional à extensão do território. Uma dificuldade extra surgiu durante a crise atual: o acesso público aos dados está mais difícil desde que a Agência Nacional de Águas (ANA) sofreu um ataque hacker, no início de outubro.

 

“Os servidores saíram do ar e não há previsão para retorno. Justamente numa época em que se tem cotas muito baixas na Amazônia e muito elevadas no Sul, com processos de enchentes extremas”, comenta André Martinelli, pesquisador do Serviço Geológico do Brasil (SGB), à DW.

 

Em parceria com a ANA, o SGB opera mais de 75% das estações que formam a rede hidrometeorológica nacional. Os aparelhos – entre automáticos e manuais – coletam dados de chuva, nível dos rios, vazão, sedimentos e qualidade da água.

 

No Amazonas, onde o quadro é mais crítico, a maior parte do monitoramento (54%) é feita por empresas privadas terceirizadas contratadas pela ANA.

 

“A gente perde um pouco das facilidades de pegar os dados e trazer informação correta. A gente cobra das empresas, mas as respostas são evasivas. Eles não têm que correr, pois o prazo para entregar os dados para a ANA é de cinco meses”, comenta Martinelli, que chefia a regional do SGB em Manaus.

 

Diante da emergência, o SGB disponibilizou um link com informações de algumas estações telemétricas, solução tecnológica que permite o acompanhamento remoto.

 

“Tem dados que a gente só consegue indo a campo, como vazão, qualidade de água e coleta de sedimentos. Em algumas estações, a gente só consegue chegar de avião ou depois de muitos dias de navegação”, detalha Martinelli.

 

As empresas que prestam serviço para a ANA recolhem os registros feitos nesses locais apenas duas vezes por ano. “O compromisso do SGB é fazer pelo menos quatro visitas por ano”, adiciona.


O gargalo, afirma o pesquisador, reflete os problemas estruturais que empresas públicas enfrentam na Amazônia de contratar e fixar pessoas em seus postos de trabalho. Diante da crise, a expectativa é que um novo concurso público do SGB seja anunciado ainda neste ano.

 

EFEITO CASCATA

 

A coleta de dados sobre os rios amazônicos é bastante deficiente, analisa José Genivaldo do Vale Moreira, pesquisador da Universidade Federal do Acre (Ufac). Há falhas nos registros e perda de informações, o que compromete a formação de séries históricas.

 

“Apesar de hoje a maioria das estações já serem automáticas, a internet na Amazônia não é tão boa. Se no momento da transmissão dos dados a conexão falha, o dado é perdido”, exemplifica o pesquisador.

 

Sem informações exatas, a previsão de cenários futuros fica em xeque. Os dados coletados no mundo real abastecem modelos matemáticos rodados no computador que dão pistas do que pode vir pela frente e que ajudam o poder público a se preparar.

 

“Eu trabalho na área de modelagem dos fenômenos, como seca e enchentes. O modelo consegue prever com grau confiável de certeza cenários futuros quando temos séries históricas longas e confiáveis”, afirma.

 

No Acre, por exemplo, os pesquisadores podem contar com apenas três estações que coletam dados de chuvas desde 1970 – o que seria muito pouco, pontua Moreira sobre a dificuldade das análises científicas.

 

Assim como no Amazonas, parte do estado do Acre também registrou momentos de seca extrema. A aguardada volta do ciclo de chuvas não deve ser suficiente para devolver o pulso satisfatório dos rios, estima Moreira.

 

“A americana NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) acena já para possível recorrência do El Niño no ano que vem. Se isso acontecer, a seca será devastadora”, diz.

 

“PIOR DO QUE O ESPERADO”

 

Um período mais seco que o normal já era aguardado na região. Sempre que as águas do Oceano Pacífico ao longo da linha do Equador ficam mais quentes – fenômeno conhecido como El Niño –, o transporte de umidade pelo ar para a Amazônia e o Nordeste é prejudicado. O que não estava no radar era sua intensidade sobre toda a bacia.

 

“Está pior do que o previsto, está mais intenso. Sabíamos que o El Niño seria moderado, podendo chegar a forte, mas chegou muito rapidamente a forte”, comenta Sampaio, do Inpe.


Outro fenômeno concomitante inibiu ainda mais a formação de nuvens e de chuvas na região: o aquecimento das águas do Atlântico tropical, que afeta principalmente as partes sul e sudoeste da Amazônia.

 

“De forma generalizada, os dois eventos causam esses impactos da pior seca já registrada nos últimos 102 anos. O El Niño vai atingir seu auge ainda em dezembro. Tudo indica que haverá maior impacto no norte e leste da Amazônia nessa época”, detalha Sampaio.

 

EFEITOS PROLONGADOS

 

Em Tefé, Amazonas, pesquisadores do Instituto Mamirauá fazem medições em caráter emergencial para dar uma resposta direta à tragédia que provocou a morte de mais de 150 botos nas últimas semanas.

 

“Ainda não sabemos qual será a extensão da tragédia humanitária e ambiental, que é muito grande já”, diz à DW Ayan Fleischmann, pesquisador do Instituto Mamirauá.

 

Uma das soluções para fazer frente aos gargalos de monitoramento hidrometeorológico da região seria descentralizar o serviço. “O próprio Instituto Mamirauá está desenvolvendo uma rede de monitoramento no local onde atua. Não há estações pluviométricas suficientes no curso dos rios”, diz Fleischmann.

 

Flávia Capelotto Costa, cientista no Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa), também se assusta com a intensidade da seca. A tragédia será ainda mais devastadora caso o nível da água dos rios demore muito para se normalizar.

 


 

“A resposta da seca na floresta terá que ser muito bem acompanhada. Ela foi feita para se adaptar às cheias. Na seca, o impacto é muito mais profundo na floresta e nas comunidades também”, alerta Costa. 

 

Fonte:Isto É

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