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Brasil : Elon Musk domina internet por satélite na Amazônia com antenas em 90% das cidades
Enviado por alexandre em 25/10/2023 00:36:43

Foto: Reprodução

Exclusivo: levantamento da BBC News Brasil mostra alcance da empresa do bilionário na Amazônia, enquanto Ibama alerta para crimes facilitados pela tecnologia

A Amazônia se tornou o principal mercado no Brasil da Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário sul-africano Elon Musk.

 

Lançada na região em setembro de 2022, a Starlink já é líder isolada entre os provedores de banda larga fixa por satélite na Amazônia legal, com antenas instaladas em 90% municípios da região até julho deste ano, segundo um levantamento exclusivo da BBC News Brasil.

 

A maior parte destes clientes estão em regiões de difícil acesso na Amazônia, onde não há infraestrutura tradicional de internet de banda larga.

 

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Em maio de 2022, depois de apertar as mãos do então presidente Jair Bolsonaro em um resort de luxo no interior de São Paulo, o empresário disse estar "super animado para o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia".

 

A promessa não saiu do papel, segundo o ministério da Educação e secretarias estaduais informaram à reportagem.

 

Mas dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) analisados pela BBC News Brasil revelam que a empresa já tem clientes privados em 697 dos 772 municípios da Amazônia legal (formada por Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão).

 

Starlink chega a 90% das cidades da Amazônia Legal — Foto: Reprodução BBC - Fonte: Anatel

Starlink chega a 90% das cidades da Amazônia Legal

 

A Starlink possibilita avanços importantes, como a possibilidade de uso de cartões de crédito e débito e Pix em cidades que não tinham internet de alta velocidade. Mas a expansão da tecnologia de Musk também impulsiona atividades ilegais, apontam autoridades brasileiras à BBC News Brasil.

 

"O Ibama informa que se tornou recorrente encontrar antenas Starlink nos garimpos", afirmou o órgão à reportagem.

 

Imagens obtidas com exclusividade pela BBC mostram antenas da empresa de Musk junto a armas, munição e ouro recolhidos em operações da Polícia Federal e do Ibama.

 

O domínio da empresa na conexão de regiões isoladas levanta questões sobre segurança e soberania nacional, segundo especialistas brasileiros e estrangeiros ouvidos pela reportagem, especialmente depois da controvérsia recente sobre a dependência ucraniana de antenas da Starlink na guerra contra o Exército russo (veja mais abaixo).

 

Entre todos os 124 municípios que formam a faixa de fronteira da Amazônia legal com outros países, segundo o levantamento feito pela reportagem, apenas um não possuía antenas Starlink até o mês de julho.

 

Quase todas as cidades na faixa de fronteira na Amazônia usam Starlink — Foto: Reprodução BBC - Fonte: IBGE e Anatel

Quase todas as cidades na faixa de fronteira

na Amazônia usam Starlink

 

Procurada diversas vezes, a empresa liderada por Elon Musk não respondeu a pedidos de comentários da BBC News Brasil sobre sua rápida expansão no Brasil, a promessa de internet em escolas, e o uso de sua tecnologia para atividades criminosas na floresta.

 

SOBERANIA NACIONAL


A Starlink revolucionou o mercado ao lançar uma enorme constelação de satélites que orbita o planeta em baixa altitude, tornando a velocidade de conexão entre os satélites e o solo mais rápida.

 

Mais de 5 mil satélites Starlink já foram lançados no espaço, disse à BBC News Brasil a Celestrak, laboratório norte-americano que monitora satélites.

 

Este enorme conjunto permite à empresa de Elon Musk levar conexão de qualidade à internet a lugares remotos e distantes, onde não há infraestrutura local como cabos e postes — caso de boa parte da Amazônia.

 

Mas isso pode colocar decisões importantes sobre países e governos nas mãos do empresário.

 

Starlink opera em órbita baixa — Foto: Pesquisa BBC

 

A Starlink virou alvo de debates sobre segurança de dados no mundo todo no início de setembro, quando Elon Musk admitiu não ter permitido que o governo da Ucrânia tivesse acesso à rede Starlink para evitar relação com o que definiu como um “grande ato de guerra”.

 

"Se tivesse concordado com o pedido, a SpaceX (empresa que envia os satélites usados pela Starlink para o espaço) seria explicitamente cúmplice de um grande ato de guerra e escalada de conflitos", disse Musk, que foi criticado por autoridades ucranianas.

 

À BBC News Brasil, o professor T.S. Kelso, ex-chefe do Instituto de Tecnologia e da Divisão de Análise Espacial do Comando Espacial da Força Aérea dos Estados Unidos, disse que o debate sobre soberania nacional é "especialmente significativo".

 

"Sistemas de comunicação são frequentemente mantidos sob controle governamental por vários motivos, da prevenção de comportamentos ilícitos à supressão de dissidências", ele diz.

 

"É de vital importância para a segurança nacional, por exemplo, para a Defesa, ter sistemas de comunicação seguros e confiáveis. Permitir que qualquer empresa – ou indivíduo – decida unilateralmente estas questões parece ter sérias implicações para a segurança nacional", continua.


O especialista em antropologia da tecnologia David Nemer, professor da Universidade da Virginia (EUA), concorda.

 

"Quando a gente fala de internet, não está falando só de Twitter ou Facebook. Falamos de serviços vitais para o funcionamento de uma cidade. Dar esse poder à Starlink é muito preocupante", avalia.

 

O Ministério da Defesa disse à reportagem que não se posicionaria sobre o tema.

 

GARIMPO


Ouro, armas, munição pesada e antenas Starlink viraram "o novo normal" em apreensões de forças de segurança brasileiras em áreas de garimpo ilegal, segundo um porta-voz do Ibama informou à BBC News Brasil.

 

De acordo com o órgão, do início do ano até o dia 4 de setembro, 32 termos de apreensão de antenas foram realizados em operações de combate ao garimpo ilegal.


Só na última grande operação contra garimpeiros em terras indígenas no rio Tapajós (PA), cinco antenas Starlink foram apreendidas ou destruídas.

 

"Em geral as antenas são colocadas nos acampamentos e nas dragas de garimpo", disse o órgão.

 

Promessa de Musk de internet grátis a milhares de escolas isoladas não saiu do papel, segundo o ministério da Educação e secretarias estaduais — Foto: CLAUBER CLEBER CAETANO/PR

Promessa de Musk de internet grátis a milhares de escolas isoladas

não saiu do papel, segundo o ministério da Educação e s ecretarias

estaduais (Foto: CLAUBER CLEBER CAETANO/PR)

 

O acesso à internet de alta velocidade facilitou o trabalho de garimpeiros e traficantes de madeira e drogas da região, afirmam especialistas.

 

Até a chegada da empresa, o principal meio que eles tinham em locais isolados para se comunicarem sobre a chegada de carregamentos ou operações de repressão da Polícia Federal era o rádio.

 

"Agora eles fazem tudo por WhatsApp", diz um funcionário da Polícia Federal que pediu anonimato.


Para o professor Nemer, da Universidade da Virginia, o uso das antenas em garimpos "não é uma surpresa".

 

"Um dos argumentos com os quais Elon Musk tenta promover a Starlink é o de levar a internet para onde a internet jamais chegou. Mas estes são lugares precarizados, onde as pessoas não têm meios para comprar e manter uma conexão de internet por satélite, que ainda é extremamente cara", diz.

 

"Essa propaganda sobre inclusão digital é uma falácia, um mito. Quem de fato pode bancar esses serviços são pessoas com algum poder financeiro (...) Então não me surpreende que essas essas antenas tenham caído nas mãos de garimpeiros, já que eles têm condição de pagar."

 

O valor inicial da mensalidade Starlink no Brasil é de R$ 185 reais. O kit de instalação custa a partir de R$ 1.400 — mas revendedores chegam a cobrar até R$ 5 mil pela antena em locais remotos da Amazônia em grupos de garimpeiros.

 

TRANSFORMAÇÃO EM COMUNIDADES ISOLADAS

 

Junior Yanomami segura kit Starlink instalado na Terra Indígena Yanomami — Foto: URIHI ASSOCIAÇÃO YANOMAMI

Junior Yanomami segura kit Starlink instalado na Terra Indígena

Yanomami (Foto: URIHI ASSOCIAÇÃO YANOMAMI)

 

A tecnologia, ao mesmo tempo, trouxe transformações positivas a cidades e comunidades distantes dos grandes centros.

 

Em janeiro, indígenas yanomami instalaram uma antena Starlink que agora permite a comunicação em alta velocidade entre profissionais de postos de saúde e familiares de doentes em comunidades isoladas da Terra Indígena.

 

"Nossa internet está funcionando perfeitamente", disse à BBC News Brasil Junior Yanomami, presidente da associação yanomami Urihi.

 

"Tem ajudado de forma excepcional, tanto para equipe de saúde, que diariamente repassa informações e solicitações de resgate, como para os yanomami, que nos comunicam sobre tudo que acontece na região em que está instalada a internet", completa o líder indígena.

 

Em cidades em Roraima e no Acre, moradores finalmente podem usar cartões de débito ou crédito — e até mesmo fazer pagamentos via Pix —, graças à estabilidade e velocidade da conexão à internet via Starlink.

 

"Eu passei dez dias com o pessoal yawanawá lá no Acre e foi uma experiência muito interessante. A internet (Starlink) é uma coisa nova no território deles (...) e facilitou muito essa comunicação entre as aldeias", afirma David Nemer.

 

"Eles fazem trocas e estão o tempo todo lidando com o 'homem branco' nas cidades. Eles têm conta bancária, e é mais fácil realizar transações bancárias. A internet facilita muito a venda de artesanatos. (...) É algo que eles ainda estão explorando e investigando, então é um pouquinho cedo pra ver o que, de fato, a longo prazo, isso pode trazer para o território."


CONTROVÉRSIA SOBRE ESCOLAS

 

Em maio de 2022, Musk se disse "super animado para o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia" — Foto: TWITTER/X

Em maio de 2022, Musk se disse "super animado para o lançamento

da Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e

monitoramento ambiental da Amazônia" (Foto: TWITTER/X)

 

Elon Musk usou sua conta pessoal no Twitter para anunciar "o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas" na Amazônia em maio de 2022, meses antes do início das atividades da empresa na região Norte do país.

 

Mais de um ano depois, a BBC News Brasil consultou o ministério da Educação, e secretarias de educação de todos os Estados que formam a Amazônia legal sobre o andamento do programa.

 

"Verificamos junto à área de Tecnologia e Inovação da Educação Básica que não existe parceria formal, no âmbito do Ministério da Educação (MEC), com a Starlink", informou o órgão federal.


A secretaria de Educação e Desporto de Roraima informou que "até a presente data, nenhuma escola da rede estadual de ensino possui internet via Starlink".

 

O governo do Pará disse que "o referido anúncio de parceria entre o governo passado e a Starlink não beneficiou as escolas paraenses" e que está preparando uma licitação própria para expandir a digitalização escolar.

 

O governo do Tocantins afirmou que "escolas públicas do Estado não receberam nenhum sinal de internet via Starlink."

 

A secretaria do Maranhão informou "que não tem parceria com a empresa".

 

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Os governos de Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Acre não responderam à reportagem. 

 

Fonte: G1

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Rocha coletada por astronautas da Apollo 17 revela a idade da Lua

Foto: Reprodução

Na última vez que seres humanos pisaram na Lua, durante a missão Apollo 17, em 1972, os astronautas norte-americanos Harrison Schmitt e Eugene Cernan coletaram cerca de 110,4 kg de amostras de solo e rochas que foram trazidos à Terra para estudos posteriores.

 

Meio século depois, cristais do mineral zircão dentro de um fragmento de rocha ígnea de granulação grossa coletado por Schmitt estão fornecendo aos cientistas uma compreensão mais profunda sobre a formação da Lua e a idade exata do parceiro celestial da Terra.

 

A Lua é cerca de 40 milhões de anos mais velha do que se pensava anteriormente, tendo se formado há mais de 4,46 bilhões de anos —110 milhões de anos após o nascimento do sistema solar—, disseram cientistas nesta segunda-feira, com base em análises dos cristais.

 

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A principal hipótese para a formação lunar é que, durante o início caótico da história do sistema solar, um objeto do tamanho de Marte chamado Theia colidiu com a Terra primordial. Isso lançou magma —rocha derretida— no espaço, formando um disco de detritos que orbitou a Terra e se aglutinou na Lua. Mas o momento exato da formação da Lua tem sido difícil de determinar.

 

Os cristais minerais foram capazes de se formar depois que o magma esfriou e se solidificou. Os pesquisadores usaram um método chamado tomografia por sonda atômica para confirmar a idade dos sólidos mais antigos conhecidos que se formaram após o impacto gigante, os cristais de zircão dentro do fragmento de um tipo de rocha chamado norito coletado por Schmitt.

 

"Adoro o fato de esse estudo ter sido feito em uma amostra que foi coletada e trazida para a Terra há 51 anos. Naquela época, a tomografia por sonda de átomo ainda não havia sido desenvolvida e os cientistas não teriam imaginado os tipos de análises que fazemos hoje", disse o cosmoquímico Philipp Heck, diretor sênior de pesquisa do Field Museum de Chicago, professor da Universidade de Chicago e autor sênior do estudo publicado na revista Geochemical Perspectives Letters.


"É interessante notar que todos os minerais mais antigos encontrados na Terra, em Marte e na Lua são cristais de zircão. O zircão, e não o diamante, dura para sempre", acrescentou Bidong Zhang, cientista planetário da UCLA e coautor do estudo.

 

A rocha que contém o zircão foi coletada no vale Taurus-Littrow, na borda sudeste do Mare Serenitatis (Mar da Serenidade) lunar, e armazenada no Centro Espacial Johnson, da Nasa, em Houston (EUA).

 

Um estudo liderado por Zhang, publicado em 2021, usou uma técnica chamada análise de microssonda iônica para medir quantos átomos de urânio e chumbo havia nos cristais, calculando a idade do zircão com base no decaimento do urânio radioativo em chumbo ao longo do tempo. Essa idade precisava ser confirmada por outro método devido a uma possível complicação envolvendo átomos de chumbo se houvesse defeitos na estrutura do cristal de zircônio.

 

O novo estudo usou a tomografia por sonda atômica para determinar que não havia complicações envolvendo os átomos de chumbo, confirmando a idade dos cristais.

 

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"O impacto gigante que formou a Lua foi um evento cataclísmico para a Terra e mudou a velocidade de rotação da Terra. Depois disso, a Lua teve um efeito na estabilização do eixo de rotação da Terra e na diminuição da velocidade de rotação", disse Heck. "A data de formação da Lua é importante, pois somente depois disso a Terra se tornou um planeta habitável."

 

Fonte:Folha de São Paulo

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Brasil : O Brasil tem sua(s) Gaza(s) e seu(s) Hama(es): a segurança pública e sua guerra, nada santa, contra a corrupção
Enviado por alexandre em 25/10/2023 00:29:04

Há muito tempo que não vivemos uma guerra contra outros países, mas, lamentavelmente, vivemos, constantemente, em uma "guerra" contra à criminalidade, principalmente entre polícias e facções criminosas.


Quem disse que o Brasil é um país pacífico, sem guerras e atos terroristas?

Podemos dizer que um lugar pacífico é um lugar calmo, pacato, sossegado, manso, ordeiro e tranquilo. As grandes cidades brasileiras já não sabem o que é tranquilidade, as pessoas não se sentem seguras onde moram, não conseguem sair às ruas sem medo de serem vítimas de algum tipo de violência.

Há muito tempo que não vivemos uma guerra contra outros países, mas, lamentavelmente, vivemos, constantemente, em uma "guerra" contra à criminalidade, principalmente entre polícias e facções criminosas.

No estado do Rio de Janeiro a situação ficou caótica. Alguns bairros se tornaram verdadeiras "Faixas de Gaza", áreas dominadas pelas facções criminosas, onde as forças policiais não podem entrar sem que haja confronto armado, tipo "guerrilha".

Desde os anos 80 temos acompanhado pela mídia o avanço das facções criminosas no Rio de Janeiro (Comando Vermelho) e em São Paulo (PCC). Passados quatro décadas, a situação só piorou. Essas facções criminosas tornaram-se cada vez mais organizadas e expandiram seus tentáculos para outras regiões do Brasil. Hoje elas tem filiais em praticamente todos os Estados. Até fizeram escola, pois na região norte, espelhadas nessas facções, foram criadas as suas próprias, como a "Família do Norte", que disputa território com as mais famosas.

Em 09 de junho de 2021 escrevemos, nesta coluna, o artigo intitulado 'Crime organizado versus Estado desorganizado, resultado: caos e violência'. Abordamos o avanço das organizações criminosas no Brasil, mas principalmente na região Norte. Na ocasião, narramos os ataques das facções criminosas contra a morte de um traficante no dia 05 de junho daquele ano, quando criminosos atacaram ônibus do transporte urbano, prédios públicos e viaturas. Os ataques ocorreram na madrugada do domingo, dia 06, em Manaus. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os ataques se estenderam às cidades do interior do estado (Parintins, Careiro Castanho, Iranduba e Manacapuru. As ordens para esses ataques saíram dos presídios, ordenado pela facção criminosa a qual pertence o traficante morto.

Um clima de terror se instalou no Estado, principalmente em Manaus, fazendo com que as pessoas tivessem medo de sair as ruas à noite.

Os estados da região Norte estão sob influência de facções criminosas. Rondônia e Amapá, na ocasião que publicamos o artigo, apareciam como "média influência" do PCC. Isto porque, no caso de Rondônia, existem outras facções de maior expressividade. À título de exemplo, cita-se o Comando Vermelho.

O Acre e Roraima já estão sob "alta" influência do PCC, sofrendo com a disputa entre as duas facções, o que leva esses Estados à altas taxas de criminalidade, sobretudo homicídios.

Os demais estados do Norte demonstram baixa influência do PCC. No caso do Amazonas, a baixa influência do PCC deve-se ao fato do estado já ser dominado por outras facções, tais como Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN). 

Foto: Tarcísio Heden/SSP-AM

A Bahia recentemente foi alvo de ações policiais de combate às facções criminosas, que havia matado policiais em confronto. Em setembro, pelo menos 56 pessoas foram mortas pelas forças de segurança da Bahia – média de quase duas por dia. Três policiais morreram em confrontos.

A violência tem tomado conta do país, que parece anestesiado, fazendo pouco caso dos altos números de mortes, roubo, feminicídio, estupros e outros crimes.

Antes o Brasil assistia nas telas das tvs, nos noticiários dos jornais, a absurda onda de violência que dominava o Rio de Janeiro. Infelizmente, as organizações criminosas expandiram seus territórios, alcançando nossos estados, nossas cidades, nossas ruas, deixando claro que o Estado está perdendo essa "guerra".

A força das facções criminosas não está, necessariamente, em sua organização – são reconhecidamente organizadas --, mas sim na falta de organização do Estado, que tem se mostrado ineficiente no combate à criminalidade. A falta de uma política pública de segurança eficiente, acrescido da incompetência de muitos e da corrupção de alguns servidores públicos, fazem com que as organizações criminosas ganhem força e conquistem mais terrenos. Isto, no entanto, não pode acontecer, pois onde reinam as organizações criminosas imperam a violência, o medo e o terror.

Devemos enfrentar as facções criminosas e combater a corrupção que assola este país. A corrupção é um câncer que se alastra pela máquina administrativa, impedindo que ela funcione adequadamente no combate ao crime. Não podemos tapar os olhos para o avanço da criminalidade.

Na semana passada, até armas do Exército foram furtadas dentro do Quarte, provavelmente por militares envolvidos com as facções criminosas. Ainda tivemos o caso de policiais que apreenderam drogas e fizeram a escolta até o RJ, e depois negociavam sua liberação com uma facção. Mais de 20 câmeras mostraram policiais civis escoltando um carregamento de maconha para depois negociar com a maior facção carioca. Uma outra operação da PF apura o envolvimento de policiais civis no desvio de 280 kg de cocaína. Onde vamos parar?

Na data de ontem fomos surpreendidos com a notícia de mais uma ação violenta das facções criminosas no Rio de Janeiro:

A morte de um miliciano provocou um dia de terror na Zona Oeste do Rio na tarde desta segunda-feira (23). Ao menos 35 ônibus e 1 trem foram queimados a mando de criminosos na região, no dia com mais coletivos incendiados na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.

Inadmissível! Não podemos tolerar que facções criminosas ajam como grupos terroristas, semelhantes ao HAMAS, ou que nossas cidades se tornem "Faixas de Gaza". O Estado precisa cumprir o seu papel de promover a segurança, a ordem e a tranquilidade pública.

Não adianta ignorarmos a realidade, acreditando nas propagandas governamentais que transmitem uma falsa realidade de mundo perfeito, sem violência, sem crimes - um verdadeiro comercial de margarina –, onde os programas de combate à criminalidade estão dando certo. É necessário enfrentar o mundo real, onde todos os dias morrem cidadãos trabalhadores, vítimas de homicídios, latrocínios e feminicídios, entre outros inúmeros crimes violentos.

Os Estados precisam rever suas políticas de segurança pública, e formular políticas públicas de segurança envolvendo todos os segmentos do poder público e da sociedade.

Imperioso se faz investir no combate à corrupção, em inteligência, melhores salários e condições de trabalho para os profissionais de segurança pública, e na melhoria do sistema carcerário, além, obviamente, em políticas de inclusão social.

Levem a sério a segurança pública.

 Sobre o autor

Sávio A. B. Lessa é Doutor em Ciência Política; pós graduado em Ciências Penais, Segurança Pública, Direitos Humanos e Direito Militar; Advogado Criminalista; Professor de Direito Penal e Processual Penal da FCR; Pesquisador do PROCAD/MIN. DEFESA; e Coronel da Reserva da PMRO.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Brasil : Seca no Amazonas: os impactos ambientais, sociais e econômicos de um desafio global
Enviado por alexandre em 24/10/2023 10:12:48

Além dos impactos ambientais a seca também pode desencadear uma série de consequências econômicas, afetando diversos setores e a estabilidade financeira do Estado e dos municípios.


A seca é uma ocorrência climática cada vez mais frequente e impactante em todo o mundo, com implicações que transcendem fronteiras geográficas e setores econômicos. Essa crise hídrica prolongada não apenas desafia a disponibilidade de água, mas também gera uma série de efeitos adversos em três áreas interligadas: ambiental, social e econômica. 

A seca que atinge o estado do Amazonas em 2023 tem sido uma das mais severas já registradas na região. Estados da região Norte do país veem rios baixarem a níveis históricos, e focos de queimada no Amazonas se multiplicam. A situação é tão grave que o governador Wilson Lima decretou estado de emergência em 55 municípios do Estado. 

Imagem da seca no município de Benjamin Constant, no Alto Solimões¹. Foto: Reprodução/Defesa Civil do Amazonas

A seca que afeta o Amazonas em 2023 que pode ser um dos efeitos das mudanças climáticas na região. Diante desse cenário, é importante entender as causas da seca no Amazonas e entre as principais causas destacam-se:


  • O fenômeno climático "El Niño" ocorre no Oceano Pacífico, caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do mar. Esse aquecimento pode afetar o clima em várias regiões do mundo, incluindo a região amazônica e constitui uma das possíveis causas de seca que afetaram o estado do Amazonas em 2023.
  • O desmatamento na região amazônica é outro fator que tem contribuído para a redução da umidade do ar e para a intensificação dos eventos climáticos extremos, como a seca. A desflorestação e a manipulação ambiental são fatores que prejudicam a seca na região.
  • Por causa desses eventos o Estado do Amazonas está enfrentando uma seca histórica este ano, o que tem causado impactos ambientais e socioeconômicos significativos. A seca tem afetado não apenas a população, mas também a biodiversidade da região, com a redução do nível do rio Amazonas e o aumento dos incêndios florestais. Além disso, a seca tem impactos significativos na economia da região, afetando a produção agrícola e o transporte de mercadorias pelo rio Amazonas.


Considerando as causas acima mencionadas, torna-se essencial destacar os impactos ambientais, sociais e econômicos da seca para fornecer uma visão abrangente dos desafios que a sociedade enfrenta diante dessas características climáticas. Por exemplo, a seca além de seus efeitos diretos sobre a disponibilidade de água, também desencadeia uma série de impactos ambientais adversos, afetando ecossistemas, recursos naturais e a biodiversidade. Esses impactos ambientais têm consequências graves para o equilíbrio ecológico e podem desencadear efeitos em cascata em toda a cadeia alimentar.

Dentre os principais impactos ambientais da seca estão:


  • Redução do nível do rio Amazonas: Com a seca, o nível do rio Amazonas está baixando de forma significativa atingindo um recorde histórico. Essa redução do nível do rio tem impactos significativos na biodiversidade da região, afetando a vida de peixes, botos e outros animais aquáticos.
  • Morte de animais e plantas: A falta de água durante uma seca pode levar à morte de animais e plantas, incluindo a perda de espécies nativas. Isso pode afetar a biodiversidade e a cadeia alimentar local.
  • Perda de habitat: Com a diminuição da água disponível, os habitats aquáticos e úmidos podem encolher ou desaparecer, impactando a vida selvagem que depende deles. Isso pode levar à migração forçada ou à extinção de espécies.
  • Aumento dos incêndios florestais: A seca também aumenta o risco de incêndios florestais na região. Uma das ações do governo federal para combater a seca é intensificar o combate aos incêndios florestais.
  • Esgoto de água potável: Com a redução do nível do rio Amazonas, muitas comunidades ribeirinhas estão enfrentando escassez de água potável. Algumas cidades estão sem água na torneira e sem trânsito-pipa para abastecimento.
Fonte: Victória Louzada – Dia a Dia Notícia2. Fotos: Reprodução/Instagram-chicobatatafotos²

Além dos impactos ambientais a seca também pode desencadear uma série de consequências econômicas, afetando diversos setores e a estabilidade financeira do Estado e dos municípios. Quando a escassez de água persiste, os impactos econômicos podem se intensificar. Alguns dos principais impactos econômicos são:


  • Aumento do preço dos alimentos: Com a escassez de água e a redução da produção agrícola, o preço dos alimentos está aumentando. Algumas famílias enfrentam dificuldades para comprar alimentos básicos afetando a nutrição das comunidades o que impacta na pobreza e a qualidade de vida da população.
  • Isolamento de comunidades: A seca também está isolando algumas comunidades ribeirinhas, que dependem do transporte fluvial para se deslocarem. Algumas cidades estão ficando isoladas e além da escassez de alimentos existe falta de outros suprimentos outros suprimentos necessários não só para a população senão para o desenvolvimento da atividade econômica.
  • Agricultura: A agricultura é um dos setores mais vulneráveis à seca. A falta de água adequada leva à diminuição da produção ao aumento dos custos de produção, afetando os agricultores e o fornecimento de alimentos. A perda de colheitas pode resultar em preços mais altos dos alimentos para os consumidores.
  • Impactos na pesca: A redução do nível do rio Amazonas também está afetando a pesca na região. A pesca está sendo afetada pela redução da quantidade de peixes e pela dificuldade de acesso aos locais de pesca.
  • Geração de energia: Usinas hidrelétricas dependentes de reservatórios de água para gerar eletricidade. A escassez de água reduz a produção de energia, aumentando os custos de eletricidade e afetando a indústria e os consumidores. A manipulação ambiental e a redução do nível do rio Amazonas podem intensificar os riscos para a segurança energética.
  • Setor industrial: Muitas indústrias carecem de água para processos de fabricação e resfriamento. A falta de água pode interromper a produção e aumentar os custos de operação.
  • Turismo: Destinos turísticos que dependem de corpos d'água, como praias, rios e lagos, podem sofrer com a diminuição do turismo devido à manipulação desses recursos naturais durante uma seca. Isso impacta a economia local.
  •  Desemprego: Com a diminuição da produção agrícola e industrial, muitos empregos podem ser perdidos durante uma seca, levando ao desemprego  à diminuição da renda das famílias.
  • Custos de combate à seca: O governo e as autoridades locais frequentemente precisam alocar recursos financeiros para combater os efeitos da seca, como a distribuição de água potável, a assistência aos agricultores e a gestão de recursos hídricos. Isso pode sobrecarregar o orçamento público.
  • Impacto nas finanças públicas: A diminuição da receita tributária devido à diminuição da atividade econômica e ao aumento dos gastos relacionados à segurança podem criar desafios fiscais para os governos.
  • Seguros e indenizações: Durante uma seca, as seguradoras podem enfrentar um aumento nas reivindicações de seguro agrícola e de propriedades. Isso pode aumentar os custos dos prêmios de seguro para agricultores e proprietários.

Finalmente, a seca também tem impactos na sociedade, afetando a vida das pessoas de várias maneiras. Alguns dos impactos sociais da seca incluem:


  • Esgotamento de água potável: A falta de água devido à seca pode levar à escassez de água potável para o consumo humano, ou que afeta diretamente a saúde das pessoas. A falta de acesso a água limpa pode resultar em doenças relacionadas à água, como diarreia e desnutrição.
  • Saúde mental: A seca prolongada e seus impactos sociais e econômicos podem ter efeitos negativos na saúde mental das pessoas. O estresse, a ansiedade e a depressão podem aumentar, especialmente entre aqueles que enfrentam dificuldades devido à seca.
  • Acesso à educação: A seca pode afetar o acesso à educação, pois as crianças podem ser forçadas a abandonar a escola devido ao deslocamento, à busca de água ou à ajuda nas tarefas domésticas relacionadas à seca.
  • Aumento da vulnerabilidade: A seca muitas vezes afeta desproporcionalmente grupos vulneráveis, como comunidades rurais pobres, populações indígenas e idosos. Esses grupos podem ter menos recursos para enfrentar os impactos da seca.
  • Conflitos e prejuízos sociais: A competição por recursos hídricos e alimentos durante uma seca pode levar a conflitos locais e prejuízos sociais. Isso pode resultar em instabilidade e desordem em algumas áreas.
  • Deslocamento populacional (migração): Em algumas áreas, a escassez de água devido à seca pode levar a conflitos por recursos naturais, deslocamento de populações e migração forçada de pessoas que não têm acesso a água potável e alimentos; isso pode aumentar a pressão sobre áreas urbanas e contribuir para conflitos por recursos escassos.

Em resumo, a seca tem uma série de impactos ambientais que afetam a saúde dos ecossistemas, a biodiversidade e a qualidade dos recursos naturais. A mitigação desses impactos exige medidas de conservação, gestão sustentável dos recursos hídricos e promoção da resiliência dos ecossistemas às condições de seca.

Os impactos econômicos da seca também são multifacetados e podem ter consequências de longo prazo para as economias locais. Portanto, a gestão eficaz da água, a diversificação econômica e a implementação de estratégias de adaptação são essenciais para minimizar esses impactos e aumentar a resiliência às secas.

Por último e não menos importante, para mitigar os impactos sociais da seca, é fundamental implementar medidas de adaptação, como a construção de infraestrutura de armazenamento de água, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis, o fortalecimento da segurança alimentar, o apoio às comunidades afetadas e a educação sobre a gestão sustentável dos recursos hídricos. Além disso, é importante integrar a adaptação à seca nas estratégias de desenvolvimento sustentável e na resposta a emergências.

Diante desses impactos, é importante que as autoridades tomem medidas para minimizar os efeitos da seca na região. O governo federal está enviando água e cestas básicas para as comunidades afetadas, além de intensificar o combate aos incêndios florestais e arrastar os rios mais secos.

No entanto, é preciso que essas medidas sejam acompanhadas de políticas de longo prazo para garantir a sustentabilidade da região e a adaptação às mudanças climáticas. Por esse motivo propõe-se discutir no futuro imediato sobre a importância da adoção de medidas preventivas e de adaptação para enfrentar esses desafios crescentes em um mundo em constante mudança climática.

Fontes

¹ Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/09/29/seca-severa-faz-amazonas-decretarestado-de-emergencia-em-55-municipios

² Disponível em: https://diaadianoticia.com.br/fotografo-mostra-impactos-da-vazante-e-queimadas-no-amazonas/

Sobre o autor

Prof. Dr, José Barbosa Filho possui graduação em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará (1989), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1992) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Atualmente é professor Titular da Universidade Federal do Amazonas. Desenvolve pesquisas na área de Contabilidade Ambiental, Matemática Financeira e Econometria, com ênfase em Gestão Ambiental, atuando principalmente nas seguintes áreas: valoração ambiental, desenvolvimento sustentável, avaliação de impactos ambientais e gerenciamento de processos.

Contato: jbarbosa@ufam.edu.br

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Brasil : Enfermeira amazonense desenvolve cartilha educativa sobre a importância da vacinação contra o HPV
Enviado por alexandre em 24/10/2023 10:11:11

A cartilha é voltada para meninas e meninos, de 9 a 14 anos, o público-alvo da vacina contra o HPV.


O artigo da servidora amazonense da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), enfermeira oncologista Marília Muniz, sobre a importância da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) no combate ao câncer de colo uterino, foi publicado na Revista Baiana de Enfermagem‏, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), neste mês de outubro.

A enfermeira desenvolveu a cartilha educativa 'O guia: diga sim à vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) – para meninos e meninas', fruto da dissertação de mestrado profissional em Enfermagem em Saúde Pública, pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e conta com as versões impressa e digital, em português e espanhol. 

O folheto contém informações sobre o contágio do HPV e a relação do vírus com o câncer de colo uterino, além de outras neoplasias, como de pênis.

De acordo com Marília Muniz, a prevenção e o combate à doença se iniciam principalmente nas escolas, por isso a criação do guia.

"O objetivo de produzir e validar um guia ilustrado como recurso tecnológico de informação para meninos e meninas sobre a vacina contra o Papilomavírus Humano foi atingido satisfatoriamente ao longo da pesquisa. Foi possível chegar a um guia produzido com base em evidências e estou muito feliz pela publicação do artigo científico", 

disse Muniz.

Prevenção 

A cartilha é voltada para meninas e meninos, de 9 a 14 anos, o público-alvo da vacina contra o HPV. Segundo a enfermeira, o guia esclarece algumas dúvidas que os pais têm em relação ao vírus, que é sexualmente transmissível.

A indicação da vacina contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS) é para esta mesma faixa etária, com duas doses, e é uma das formas de prevenção ao câncer de colo uterino, além de prevenir também o câncer de boca, pênis e ânus. O Amazonas foi o primeiro estado brasileiro a oferecer, pela rede pública, a vacinação contra o HPV, em 2013.

O artigo pode ser acessado pelo link: https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/49470/30228

Brasil : Mulheres concentram 60% de casos de racismo pela internet no Brasil
Enviado por alexandre em 24/10/2023 00:19:32

Foto: Reprodução

Pesquisa mapeou decisões judiciais de segunda instância de 2010 a 2022

O racismo dói e tem viés de gênero. As mulheres concentram 60% dos casos de racismo e de injúria racial em redes sociais julgados no Brasil nos últimos 12 anos.

 

A conclusão é de pesquisa inédita da Faculdade Baiana de Direito, do portal jurídico Jus Brasil e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

 

O levantamento analisou 107 acórdãos judiciais (decisões colegiadas) de segunda instância entre julho de 2010 e outubro de 2022, em ações penais, cíveis e trabalhistas que envolveram os dois tipos de crime.

 

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De acordo com a pesquisa, os casos com homens como vítima corresponderam apenas a 18,29%. Em 23,17% das ações, não houve gênero identificado. Isso porque esses casos se referiam a episódios de racismo, em que todo um grupo é ofendido, sem que se possa determinar o gênero. O levantamento analisou ofensas contras pessoas negras em redes sociais.

 

Enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém por meio de referências à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade de indivíduos, discriminando toda uma raça. Até o início deste ano, a injúria racial tinha penas mais brandas, mas a Lei 14.532, de 12 de janeiro de 2023, equiparou a injúria ao racismo. Agora, os dois crimes são inafiançáveis e imprescritíveis.

 

Divulgado no seminário Desafios do Racismo nas Redes, promovido pelo Ministério da Igualdade Racial e pelo PNUD, o relatório pretende contribuir para o debate sobre o combate ao racismo praticado nas redes sociais no Brasil.

 

A pesquisa, informaram o ministério e o programa das Nações Unidas, pretende fornecer informações relevantes para que as instituições e a sociedade civil atuem de maneira mais efetiva no enfrentamento ao fenômeno.

 

O principal tipo de agressão aos negros na internet, apontou o levantamento, ocorre por meio de xingamentos, nomes pejorativos e animalização, tanto contra homens quanto contra mulheres.

 

Em relação aos autores dos crimes, 55,56% eram do gênero masculino, 40,74% do gênero feminino e 3,7% de gênero não identificado. O relatório destaca que a presença de mulheres entre os agressores é muito superior ao que se costuma encontrar em pesquisas sobre outros tipos de criminalidade.

 

CONDENAÇÕES 

 

Condenação de 6 pessoas em caso de mulher acorrentada que chocou a China -  IDPB

 

A pesquisa identificou 82 apelações (recursos à segunda instância) nos tribunais de Justiça e nos tribunais regionais federais. A maior parte, 61 apelações, são de natureza penal. Entre as apelações penais, 51 resultaram em condenação dos agressores. Isso equivale a 83,6% de condenações, seja confirmando decisão anterior ou revertendo decisão de primeira instância que havia considerado o agressor inocente.

 

Em relação aos tipos de pena aplicada, houve maior frequência de aplicação de penas privativas de liberdade para os condenados por injúria (25%) do que por discriminação (11,11%). Nas demais condenações, os acórdãos judiciais optaram pela restrição de direitos.

 

Segundo o estudo, a maior proporção de condenações a prisão, nos casos de injúria racial, se deve basicamente à reincidência específica dos agressores, fenômeno observado na leitura dos casos em que a prisão não foi substituída por outro tipo de punição.

 

O levantamento catalogou três principais tipos de provas presentes em casos de condenação por racismo e injuria racial nas redes. Os prints, capturas de tela com natureza de prova documental, foram as provas mais frequentemente mencionadas nos acórdãos (44), seguidas pelos boletins de ocorrência (26) e pelos depoimentos de testemunhas (17).

 

Nenhum réu foi condenado a pena em regime fechado. De 54 condenações analisadas, 49 têm regime aberto, três, regime semiaberto, e duas não têm informações. A duração média da pena pelo crime de injúria racial ficou em 16,4 meses (pouco mais de um terço além da pena mínima). Segundo os autores da pesquisa, isso revela que cultura judicial de aplicação da pena mínima no Brasil se repete nos crimes raciais.

 

AVANÇOS E PREOCUPAÇÕES

 

Avanço feminino: mulheres lutam por valorização no mercado de SST

Fotos:Reprodução

 

Apesar das penas baixas na comparação com a pena mínima, o relatório considera ter havido progresso nos últimos anos em relação às ações judiciais de casos de racismo e de injúria racial na internet. Os autores do estudo, no entanto, ainda consideram que há necessidade de avanços em outras questões.

 

 

“A maioria dos casos analisados resultou em condenações, o que indica avanço no tratamento dessas questões no âmbito jurídico. Todavia, é preocupante observar que há significativa quantidade de casos em que as vítimas não tiveram os direitos garantidos, seja pela ausência de sanções ou pela falta de clareza na definição das condutas discriminatórias”, advertiu o relatório.

 

Fonte:Terra
 

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