Com 204 novos nomes, incluindo o da Cervejaria Kaiser, empresa do grupo Heineken, o governo federal divulgou nesta quinta-feira (05) a atualização do cadastro de empregadores responsabilizados por mão de obra análoga à de escravo, a chamada “lista suja”. Em nota, a empresa afirma que respeita a legislação e mobilizou-se para apoiar os trabalhadores.
Esse é o maior número já registrado de entradas de pessoas físicas e jurídicas na base de dados criada em novembro de 2003, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Com a atualização, o cadastro totaliza 473 empregadores autuados nos últimos anos e incluídos após exercerem o direito de defesa em duas instâncias na esfera administrativa.
Lançada há 20 anos, no primeiro governo Lula, a lista é atualizada semestralmente com a entrada e a saída de nomes – a última atualização foi em abril. Ela seguiu em vigência durante a gestão Jair Bolsonaro e, segundo as Nações Unidas, representa um dos principais exemplos globais de combate à escravidão contemporânea.
Dentre as atividades econômicas mais comuns entre os empregadores incluídos na atual versão da lista suja, estão a produção de carvão vegetal (23), a criação de bovinos para corte (22), os serviços domésticos (19), o cultivo de café (12) e a extração e britamento de pedras (11). Minas Gerais é o estado que com maior número de empregadores incluídos, com 37, seguido por São Paulo (32), Bahia e Piauí (14), Maranhão (13) e Goiás (11).
Dos 204 novos empregadores, três são restaurantes de comida japonesa no município de São Paulo.
Na avaliação do auditor fiscal Matheus Viana, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo do MTE, o cadastro continua sendo “uma importante ferramenta de transparência” para a sociedade. Para ele, o número recorde de novas entradas reflete “o compromisso da Inspeção do Trabalho em erradicar o trabalho escravo”.
Motoristas a serviço do grupo Heineken em condições de escravidão
A ação fiscal que levou à inclusão da Kaiser na lista suja ocorreu em março de 2021. Na ocasião, auditores fiscais fizeram uma inspeção na Transportadora Sider, em Jacareí (SP) e Limeira (SP), e resgataram 23 trabalhadores.
Durante as investigações, constatou-se o vínculo entre a transportadora e a Kaiser. “Conclui-se que o contratante Cervejarias Kaiser Brasil é responsável direto pelas condições análogas às de escravo a que foram submetidos os 23 motoristas profissionais que lhe prestavam serviços de transporte da contratada Transportadora Sider”, diz o auto de infração.
Os resgatados eram todos migrantes estrangeiros – um haitiano, e os demais, venezuelanos. De acordo com os auditores, eles foram “arregimentados de forma fraudulenta e ilícita”, caracterizando “tráfico de pessoas para fim de exploração laboral”.
A jornada de trabalho foi considerada exaustiva, sem tempo para descanso semanal remunerado nem intervalo de jornada. Também foram identificadas condições degradantes, pois parte dos trabalhadores não tinha residência e dormia no próprio caminhão.
Em nota, o grupo Heineken afirmou que, na época da fiscalização, a empresa se mobilizou para “dar todo apoio aos trabalhadores envolvidos e para garantir que todos os seus direitos fundamentais fossem reestabelecidos prontamente”. O texto informa ainda que a transportadora não faz mais parte do quadro de fornecedores da companhia.
A nota informa que a Heineken reafirma o “respeito à legislação e aos direitos dos trabalhadores” e que segue “à disposição para continuar construindo, em parceria com o mercado, formas de trabalho e controle para que casos como esse não se repitam no futuro”. Clique aqui para ler a íntegra do posicionamento.
A Repórter Brasil tentou contato com a transportadora Sider, mas não obteve sucesso. A reportagem será atualizada assim que a resposta for enviada.
Sobre a ‘lista suja’ do trabalho escravo
Prevista em portaria interministerial, a “lista suja” inclui nomes de responsabilizados em fiscalização do trabalho escravo, após os empregadores se defenderem administrativamente em primeira e segunda instâncias.
Os empregadores – pessoas físicas e jurídicas – permanecem listados por dois anos.
Apesar de a portaria que prevê a lista não obrigar a um bloqueio comercial ou financeiro, ela tem sido usada por empresas brasileiras e estrangeiras para seu gerenciamento de risco. Isso tornou o instrumento um exemplo global no combate ao trabalho escravo, reconhecido pelas Nações Unidas.
Em setembro de 2020, o Supremo Tribunal Federal reafirmou a constitucionalidade da “lista suja”, por nove votos a zero, ao analisar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 509, ajuizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
A ação sustentava que o cadastro punia ilegalmente os empregadores flagrados por essa prática ao divulgar os nomes, o que só poderia ser feito por lei. A corte afastou essa hipótese, afirmando que o instrumento garante transparência à sociedade. E que a portaria interministerial que mantém a lista não representa sanção – que, se tomada, é por decisão da sociedade civil e do setor empresarial.
O relator destacou que um nome só vai para a relação após um processo administrativo com direito à ampla defesa.
Trabalho escravo hoje no Brasil
Desde a década de 1940, o Código Penal Brasileiro prevê a punição a esse crime. A essas formas dá-se o nome de trabalho escravo contemporâneo, escravidão contemporânea, condições análogas às de escravo.
De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).
Desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995, quase 62 mil trabalhadores foram resgatados e cerca de R$ 130 milhões pagos a eles em valores devidos. Participam desses grupos, além da Inspeção do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Defensoria Publica da União.
Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma sigilosa no Sistema Ipê, sistema lançado em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Dados oficiais sobre o combate ao trabalho escravo estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo da SIT.
A ativista iraniana Narges Mohammadi venceu o Prêmio Nobel da Paz 2023, anunciado nesta sexta-feira (6). Atualmente, Mohammadi se encontra presa e enfrenta uma sentença total de mais de 30 anos de prisão e 154 chibatadas.
A sua luta é destacada como uma defesa histórica dos direitos das mulheres no Irã, um país onde a opressão do regime atual é objeto de crítica, especialmente após o caso de Mahsa Amini, uma jovem detida por “uso incorreto” do véu islâmico obrigatório no país, cuja morte desencadeou uma onda de protestos.
Mohammadi, de 51 anos, não é uma defensora de agora. Há mais de uma década, ela é uma das principais vozes em prol dos direitos das mulheres e da abolição da pena de morte no Irã. Durante esse período, ela já foi presa seis vezes.
Mesmo atrás das grades, a ativista assumiu o papel de vice-diretora do Centro de Defensores dos Direitos Humanos do Irã, uma ONG liderada por Shirin Ebadi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2003.
O Prêmio Nobel da Paz concedido a Mohammadi este ano também é um reconhecimento à luta das mulheres em todo o mundo, conforme declarou a presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen.
Narges Mohammadi se torna a 19ª mulher a receber o Prêmio Nobel da Paz, que tem uma história de 122 anos. A última mulher a ser premiada foi a jornalista filipina Maria Ressa, em 2021.
Após o anúncio, o marido de Mohammadi afirmou que este prêmio fortalecerá ainda mais a luta de sua esposa pelos direitos humanos, destacando que se trata de um reconhecimento ao movimento em favor das mulheres, da vida e da liberdade.
Até o momento, o governo do Irã ainda não se pronunciou sobre a premiação de Narges. O Prêmio Nobel da Paz, no valor de 11 milhões de coroas suecas, será entregue em Oslo, em 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, fundador do prêmio.
Antes do anúncio, o nome de Narges Mohammadi estava entre os favoritos nas casas de apostas, juntamente com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o opositor russo Alexei Navalny.
No entanto, especialistas apontavam como improvável a seleção desses dois candidatos, devido aos laureados do ano anterior, que incluíram ativistas de Belarus e organizações de direitos humanos da Rússia e Ucrânia.
Especialistas explicam que aumento expressivo da população de ratos é um dos fatores que contribuem para a presença desses animais.
Com informações do g1 Rondônia
Entenda por que serpentes têm sido avistadas em zonas urbanas de RO. Foto: Reprodução/Prefeitura de Vilhena
Queimadas, elevação da temperatura, construções próximas à região de mata e a busca por uma presa, são fatores que ajudam a explicar as aparições frequentes de cobras em áreas urbanas das cidades de Rondônia, informam especialistas.
Migração
Um dos principais fatores que contribuem para o aparecimento de cobras em ambientes urbanos é a migração desses animais por causa da destruição do seu habitat natural durante o 'inverno amazônico'.
Por esse motivo, as cobras buscam lugares secos para se abrigar e se durante a busca, elas sentirem o cheiro de alguma presa, isso se torna mais um motivo para que elas aparecerem em zonas urbanas e busquem abrigo em residências.
"Uma jiboia é uma cobra que não tem veneno,mas ela vem pra área urbana atrás de alimento porque nesse caso pode ter roedores ou até mesmo pássaros, algumas aves que fazem parte da alimentação", explica o professor e biólogo Flávio Terassini.
Espécies
De acordo com Terassini, quase 450 espécies diferentes de serpentes vivem no Brasil e, dessas, 65 tem veneno. Já em Rondônia, 120 cobras diferentes vivem no Estado e, dessas, 12 tem veneno.
"Elas estão aí na natureza se alimentando de alguns animais e sendo alimento de outros animais. Alguns gaviões se alimentam de cobras, alguns mamíferos, como a mucura, há alguns sapos que comem filhotes de cobra, enfim. Então elas são a base da cadeia alimentar",
diz Terassini.
Jiboia foi capturada e entregue ao Exército em Guajará. Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
Resgate
Os resgates de animais peçonhentos estão cada vez mais comum em regiões urbanas. Na maioria dos casos, os resgates são feitos por profissionais e órgãos competentes. No entanto, há casos em que, por conta da distância, os moradores acabam matando os animais antes.
Foi a partir disso que o biólogo Marcos Fernandes viu a necessidade de criar uma iniciativa voluntária, não só para resgate, mas também para educar as pessoas diante do aparecimento de animais peçonhentos.
O projeto 'Biólogo em Ação' foi criado em 2018 para fazer o resgate e educar as pessoas para que não matem os animais. "[Cobras] é um bicho que, por falta de conhecimento, muita gente tem medo, tem pânico, se apavora. Alimentado de muitos mitos, histórias e crendices, esse é um grupo que as pessoas matam muito" explica.
Quando Marcos é solicitado para fazer o resgate, ele vai ao local fazer o manejo do animal, explica sobre educação ambiental e depois faz a soltura do animal em um local seguro. Durante os mais de cinco anos de projeto, Marcos revela que já fez resgate em torno de 750 de animais silvestres.
O que fazer em caso de picada?
Em 2023, o Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) registrou 110 casos de picadas por cobras. Em caso de picada é importante saber quais os primeiros socorros que devem ser realizados após o acidente. Veja a seguir:
Lavar o local da picada apenas com água e sabão;
Manter o paciente deitado e hidratado;
Procurar o serviço médico mais próximo; e
Se possível, levar o animal ou tirar foto do animal para identificação.
Casos de câncer de pulmão atingem mulheres de forma mais precoce e mais intensa do que em homens
Os casos de câncer de pulmão em mulheres estão aumentando em todo o mundo. Atualmente, cerca de 9% das pacientes oncológicas têm câncer de pulmão e ele pode estar próximo de ultrapassar o câncer de colo de útero e assumir o lugar de segundo câncer mais frequentes entre mulheres.
Os especialistas observam que não apenas a incidência está crescendo entre as mulheres, como os casos também parecem ser mais graves. Segundo a oncologista Rosario García Campelo, diretora de oncologia do Hospital Unviersitario de La Coruña, na Espanha, mulheres que têm comportamentos de risco tendem a ter casos mais graves de câncer.
“Mais de 90% dos casos de câncer de pulmão são relacionados aos comportamentos dos pacientes. Se eles fossem eliminados, o câncer de pulmão seria raríssimo. Mas observamos que os comportamentos não só levam ao câncer, mas, no caso das mulheres, também provocam casos mais graves e aparecem de forma mais precoce. Eles, em geral, só sentirão estes impactos na terceira idade e para mulheres eles aparecem antes dos 60″, explica a médica.
A oncologista ressalta que muitas mulheres não sabem quais são os fatores de risco de um câncer de pulmão, tampouco são conscientes de que podem ser atingidas pela doença. “Há uma preocupação, claro, muito justificada com o câncer de mama e os cânceres ginecológicos, mas muitas mulheres nem imaginam em incluir cuidados com o pulmão em seus check-ups”, conta.
A médica aponta 6 fatores de risco para a incidência do câncer de pulmão em mulheres:
1 – FUMAR CIGARROS
O tabagismo é o maior fator de risco de câncer de pulmão, em todas as faixas etárias e em ambos os gêneros.
“O cigarro é uma emergência sanitária há muitos anos e estávamos mais perto de nos livrarmos deste problema, mas o cenário se complicou na última década, há cerca de 10% de fumantes que não parece interessado em abandonar este hábito e, na verdade, em países desenvolvidos o que estamos observando é um aumento do número de fumantes”, aponta a médica.
2 – USAR VAPE
“Os vapes estão por todas as partes e tem um apelo muito grande junto aos jovens. Não sabemos ainda quais são os efeitos dele a longo na saúde do pulmão, mas certamente eles são prejudiciais e inflamatórios”, afirma Rosario.
3 – TER CONTRAÍDO COVID
As infecções respiratórias aumentam as chances de inflamações no órgão que, futuramente, podem contribuir para a formação de cânceres. Devido à poluição das grandes metrópoles, as infecções respiratórias são mais frequentes. Também há uma tendência de que sejam mais comuns em pandemias virais, como foi o caso da Covid.
4 – EXCESSO DE ÁLCOOL
O abuso de álcool está vinculado a um aumento nas chances de desenvolver o câncer de pulmão. A bebida inflama o organismo e facilita a replicação irregular de células, que é a origem dos cânceres.
5 – ESTAR OBESO
A obesidade é fator de risco para o aparecimento de vários tipos de câncer, não sendo diferente com o de pulmão.
A médica aponta que a forma que essa relação se dá no câncer de pulmão é complexa e ainda não foi completamente entendida pela medicina. Segundo ela, porém, os estudos mais recentes chegaram a apontar que, em mulheres, a obesidade é um fator de risco ainda mais determinante que para os homens.
A pior seca desde 1980 devido à escassez de chuvas, pode ser sentida em oito estados das regiões Norte e Nordeste. Os estados afetados são Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe, de acordo com dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao governo federal.
Essa falta severa de chuvas tem agravado a situação dos rios na região, causando seca persistente e impactos na vida das comunidades locais, incluindo a escassez de alimentos e água, assim como prejuízos à navegação, principal meio transporte em as cidades que ficam na floresta amazônica. Segundo as entidades especializadas em meteorologia, o cenário é atribuído ao El Niño atípico e ao aquecimento global.
No infográfico abaixo, produzido pelo G1 com informações Cemadem, as áreas em marrom nos estados mencionados indicam regiões que já enfrentam a pior seca da sua história. As partes em vermelho estão na segunda maior estiagem, enquanto as áreas em amarelo enfrentam a terceira pior estiagem.
A falta de chuvas tem afetado rios estratégicos na região, incluindo o Negro e o Solimões, que são formadores do rio Amazonas. Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram a diminuição acelerada do nível desses rios, o que preocupa especialistas.
Especialistas destacam que a velocidade com que os rios estão diminuindo de nível é alarmante e pode ter impactos que vão desde problemas na agricultura até o desabastecimento da região e impactos na geração de energia.
“O que chama a atenção é a velocidade com que os rios estão diminuindo de nível. Nos períodos secos, eles diminuem de forma lenta. Essa redução brusca nos deixa preocupados com os impactos, que vão de problemas na agricultura a até o desabastecimento da região e impacto na geração de energia”, explicou Márcio Moraes, especialista do Cemadem. Ele também integra a sala de crise da Região Norte.
A combinação de dois fatores, o El Niño (aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte, tem inibido a formação de nuvens e chuvas, contribuindo para a seca recorde. O período de seca, que normalmente terminaria em novembro, deve se estender até janeiro, aumentando os impactos da estiagem.
Os impactos dessa seca histórica têm sido significativos, incluindo deslizamentos de terra e desligamento de linhas de transmissão de energia elétrica. A situação é motivo de preocupação e requer medidas urgentes para mitigar seus efeitos nas comunidades afetadas. Trechos de rios importantes, como o Negro e o Solimões, formadores do rio Amazonas, também estão sendo afetados.