Brasil : Expedição no Rio Negro baseada em trajetória realizada em 1850 busca peixe-elétrico misterioso
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Enviado por alexandre em 20/02/2024 00:18:39 |
Durante as duas semanas de viagem, a equipe vai percorrer a trajetória parecida com a de Alfred Russel Wallace, quando o naturalista documentou parte da fauna e da flora amazônica. Com informações da Agência Fapesp Os poraquês (Electrophorus spp.) são os mais conhecidos peixes-elétricos, em parte por conta do tamanho (até 2,5 metros de comprimento), mas principalmente pela capacidade de emitir descargas elétricas de até 860 volts. O choque é capaz de paralisar presas e mesmo afetar um ser humano por alguns segundos.
No entanto, a maior parte das cerca de 250 espécies da ordem a que pertencem, a dos Gymnotiformes, são peixinhos alongados e de olhos pequenos, que habitam rios, lagos e igarapés e emitem sinais elétricos fracos, suficientes para se comunicarem e navegarem. Uma espécie com essas características, por exemplo, é Iracema caiana, coletada uma única vez em 1968, e nunca mais encontrada.
Entre os dias 20 de fevereiro e 2 de março, um grupo de cientistas vai vasculhar o fundo do Rio Negro, no Estado do Amazonas, igarapés e outros ambientes na região em busca de Gymnotiformes pouco conhecidos, como Iracema caiana, além de exemplares que possam subsidiar estudos em andamento e mesmo dar origem à descrição de novas espécies.
A bordo da embarcação Comandante Gomes, cerca de 20 pessoas, incluindo tripulação, pesquisadores e uma equipe da Agência FAPESP vão subir o rio de Manaus até Santa Isabel do Rio Negro, passando por unidades de conservação e outros municípios amazonenses. Os detalhes do trabalho de campo serão descritos pela reportagem (da Agência FAPESP) em uma nova edição da série 'Diário de Bordo'.
Leia também: Choque maior que de uma tomada? Conheça características curiosas de 3 espécies de poraquês Pesquisadores vão passar duas semanas num barco semelhante ao usado em uma série de expedições. realizadas nos anos 1990, no âmbito do projeto Calhamazon. Foto: Divulgação/Acervo dos pesquisadores Durante as duas semanas de viagem, a equipe vai percorrer uma trajetória parecida com a de Alfred Russel Wallace (1823-1913) em 1850, quando o naturalista – coautor da teoria da evolução – documentou parte da fauna e da flora amazônica.
A expedição é parte do projeto 'Diversidade e Evolução de Gymnotiformes', apoiado pela FAPESP e coordenado por Naercio Menezes, professor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP).
"Nos quase sete anos em que o projeto está em andamento, fizemos uma série de descobertas e coletamos uma grande quantidade de exemplares para a nossa coleção que, em função das pesquisas em andamento e a serem realizadas, ainda vão gerar resultados inovadores por mais alguns anos. Passada a grande seca que afetou a região amazônica recentemente, esperamos encontrar os peixes concentrados em ambientes aquáticos menores, o que deve facilitar a coleta e os estudos", explica Menezes. Um dos resultados mais conhecidos do projeto foi a descoberta e descrição de duas novas espécies de poraquê, em 2019, que até então eram consideradas apenas uma. O achado causou repercussão internacional, pois foi constatada a maior descarga elétrica já registrada por um animal, 860 volts.
Os pesquisadores revelaram ainda os hábitos alimentares de uma das espécies do gênero e o comportamento de predação social de outra, que é raríssimo em peixes e outros vertebrados.
No decorrer do projeto, foi utilizada ainda uma técnica para identificar os peixes presentes em um determinado ambiente aquático utilizando apenas amostras de fragmentos do corpo (escamas, pele, fezes etc.) presentes na água, o chamado sequenciamento de DNA ambiental. O Museu de Zoologia da USP passou a ser a primeira instituição brasileira a ter esse tipo de amostra depositada em seu acervo.
Os peixes-elétricos mais conhecidos são os poraquês, que, a depender da espécie, podem emitir descargas elétricas de até 860 volts. Foto: Divulgação/Acervo dos pesquisadores Riqueza genética Mais do que conhecer e catalogar as ordens, famílias, gêneros e espécies de animais, os estudos em zoologia hoje estão se aprofundando nas diferenças genéticas dentro das populações distintas que compõem uma mesma espécie.
"Diante disso, a conservação não precisa estar atrelada necessariamente à espécie, pois, se há uma riqueza genética distribuída entre diferentes populações de uma delas, essa também deve ser reconhecida e protegida", explica Murilo Nogueira de Lima Pastana, curador da coleção de peixes e professor do MZ-USP.
Por isso, um dos objetivos da viagem é coletar pequenas amostras de músculo ou nadadeira que possam ter o genoma sequenciado, mesmo de espécies já presentes em coleções de zoologia. Uma vez que os espécimes são conservados em formol, seu DNA é degradado e dificilmente pode ser remontado integralmente com as técnicas disponíveis hoje.
Mesmo este desafio, porém, poderá ser superado em breve, graças à aquisição de um conjunto de equipamentos pelo MZ-USP, com apoio da FAPESP, que permite sequenciar o chamado DNA histórico. Peixe misterioso Uma grande expectativa do grupo é coletar novos exemplares, além de material genético, de Iracema caiana, o peixe-elétrico misterioso coletado pelo pesquisador Tyson Roberts em 1968 e descrito por Mauro Luís Triques em 1996, com apoio da FAPESP.
Atualmente, os únicos cinco indivíduos conhecidos da espécie estão depositados no MZ-USP. Nem mesmo grandes projetos envolvendo expedições na Amazônia, como o Calhamazon, que nos anos 1990 coletou mais de 20 mil exemplares, de 510 espécies, conseguiu encontrar novos espécimes de Iracema caiana.
"Havia pouca precisão na determinação geográfica do local de coleta na época que os exemplares foram capturados, haja vista a inexistência de aparelhos de georreferenciamento preciso, como o GPS, comumente empregados em expedições científicas modernas. Com ferramentas de geoprocessamento, estimamos uma área onde provavelmente houve a coleta de Iracema caiana por Tyson Roberts, baseados em sua descrição do local de amostragem, no que atualmente é a Reserva Extrativista Baixo Rio Branco-Jauaperi", conta Raimundo Nonato Mendes Gomes Júnior, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e doutorando no MZ-USP.
A expedição será ainda uma oportunidade para mestrandos e doutorandos se capacitarem em técnicas de coleta e armazenamento de peixes, além de terem contato com a Amazônia, região detentora da maior diversidade de peixes do mundo, muitos ainda carecendo de um nome e uma descrição formal.
O trabalho reforça ainda os laços com parceiros do projeto, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Brasil, e o Museu Nacional de História Natural (NMNH), da Smithsonian Institution, nos Estados Unidos. *O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por André Julião |
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Brasil : Vídeos antigos de desmatamento na Amazônia são divulgados como atuais
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Enviado por alexandre em 19/02/2024 15:59:59 |
Imagens mostrando extração de madeira ilegal no Pará são de 2019. Desmatamento na Amazônia caiu pela metade em 2023. COM INFORMAÇÕES DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PR Peças de desinformação estão repercutindo imagens antigas de caminhões extraindo madeira ilegalmente na Amazônia como se fossem atuais. A gravação que tem repercutido nas redes sociais é de 2019 e foi realizada na região da cachoeira do Aruã, cerca de 100 km de Santarém (PA). A área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 49,9% em 2023 na comparação com 2022, segundo dados do sistema Deter-B, do Inpe, divulgados em janeiro deste ano. O número é resultado da retomada da política ambiental e climática e das ações de fiscalização após quatro anos de retrocesso. A redução anual é a maior da série histórica do Deter, que desde 2015 emite alertas diários para apoiar a fiscalização em campo realizada por Ibama e ICMBio. A área sob alertas no bioma havia aumentado 25% em 2022 na comparação com 2021. A queda do desmatamento em 2023 evitou o lançamento na atmosfera de aproximadamente 250 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e). Isso corresponde a cerca de 14% das emissões do Brasil, tendo como base o ano de 2020, último dado oficial disponível. De janeiro a dezembro de 2023, o Ibama aumentou os autos de infração por crimes contra a flora em 106% na comparação com a média de 2019 a 2022. A destruição de bens e os embargos cresceram 161% e 64%, respectivamente, no mesmo período. Já as apreensões aumentaram 79%. Em janeiro deste ano, cerca de 119 km² de vegetação nativa foram perdidos na Amazônia. Isso significa uma queda de 29% ante o total de 166,5 km² observado em dezembro de 2023. Já no Cerrado, o desmatamento chegou a 295,9 km² no primeiro mês deste ano, uma redução de 33% em relação a janeiro de 2023, quando atingiu 440,5 km². Ações na Terra Indígena Yanomami Em 2023 o Ibama realizou mais de 600 operações em Terras Indígenas (TIs). Na TI Yanomami houve redução de 77% da área desmatada para abertura de garimpos de janeiro a novembro na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados do programa Brasil MAIS, da Polícia Federal. Cerca de 33 aeronaves e mais de 360 acampamentos de garimpeiros foram destruídos por agentes da fiscalização na TI Yanomami, além de centenas de motores, balsas e barcos usados ilegalmente. Ibama e ICMBio apreenderam cerca de 5 mil cabeças de gado ilegais em Unidades de Conservação e Terras Indígenas na Amazônia desde janeiro. Após medidas emergenciais em 2023, uma nova fase de combate ao garimpo ilegal e garantia da proteção aos indígenas da região terá orçamento de R$ 1,2 bilhão para ações estruturais que fortaleçam a saúde pública, a fiscalização e o controle territorial, por exemplo. |
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Brasil : Biscoito de jambu? Empresa de Iranduba investe em doces e na valorização de produtores da região amazônica
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Enviado por alexandre em 19/02/2024 10:30:32 |
Em sua cadeia produtiva, a iniciativa valoriza produtores de Maués, Beruri, Boa Vista do Ramos e Iranduba, todos no Amazonas, além do Acre. jornalismo@portalamazonia.com">Redação - jornalismo@portalamazonia.com Uma empresa localizada em Iranduba, no Amazonas, fundada em 2016, tem mostrado uma verdadeira paixão por balas de goma e pela Amazônia, unindo os sabores tradicionais da região com a sustentabilidade. A Manawara, empresa que integra o portfólio da AMAZ - Aceleradora de impacto, atualmente já conta com 22 opções de produtos, entre balas de frutas de sabores variados, castanhas e biscoitos. Açaí, guaraná, taperebá, jambu e cupuaçu são exemplos de alimentos típicos da região usados nos produtos que são veganos, sem glúten nem lactose. E a primeira franquia foi inaugurada em Manaus (AM) no início de 2024. Em sua cadeia produtiva, a iniciativa valoriza os produtores da região amazônica. O guaraná utilizado é de Maués, a castanha é proveniente da Associação dos Agropecuários de Beruri (Assoab ), que atua na Resex Mamirauá. O polvilho dos biscoitos é de Iranduba, o mel de Boa Vista do Ramos, a farinha de coco de produtores do Acre. "Para nós, que estamos localizados no Amazonas, é muito significativo ter uma franquia aqui, em Manaus. Poder levar nossos parceiros - como o Senhor José Tomaz, de uma comunidade ribeirinha em Iranduba, que é nosso fornecedor de jambu - para conhecer nosso ponto de venda, mostrar, de forma concreta, como as matérias-primas que eles nos fornecem são usadas e onde são comercializados os produtos, não tem preço", define Mércio Sena, CEO da Manawara. O CEO da AMAZ aceleradora e diretor de novos negócios do Idesam, Mariano Cenamo, destaca: "É uma grande satisfação ver a inauguração da primeira unidade da Manawara em Manaus, no Shopping Manauara. É uma empresa que nós acreditamos que tem um potencial enorme de levar a cara da Amazônia para o Brasil e para o mundo, mas é super importante apresentar em primeira mão os produtos que vêm da biodiversidade amazônica para serem valorizados pelos próprios amazonenses. Esta é a primeira de várias franquias que serão inauguradas no Brasil durante esse ano de 2024". Os produtos da empresa já eram encontrados em alguns pontos de venda em Manaus, mas agora passam a ser comercializados em ponto próprio, onde é possível ter acesso à toda gama de produtos oferecidos.
Crescimento Segundo Mércio, no primeiro semestre, três novas franquias deverão ser abertas na cidade de São Paulo. Estão também previstas para esse ano duas unidades no Rio de Janeiro e uma em Belo Horizonte. E a Manawara já está em fase final de negociação de quatro outras unidades franqueadas.
"Nossa intenção é promover uma imersão no mundo de cores e sabores da Amazônia. Que cada um tenha a possibilidade de imaginar a sua Amazônia através dos produtos que oferecemos. Dentro de cada bala, de cada caixinha, tem muito zelo com a natureza e com as pessoas que vivem na floresta", destaca o CEO da Manawara.
Segundo ele, o ponto de venda inaugurado em São Paulo em maio do ano passado, que funciona também como showroom para atração de futuros franqueados, ampliou suas vendas em cerca de 10% desde o início de sua operação.
Além disso, a empresa tem investido no desenvolvimento de produtos e embalagens ao longo dos últimos anos. E o esforço tem sido premiado com reconhecimentos importantes, como a participação nas maiores feiras de alimentos e bebidas do mundo e da Europa – a Anuga e a Sial. Pela Sial, ganhou o Selo de Inovação em 2020. E foi também premiada pelo Brazil Design Awards com as embalagens desenvolvidas para as balas de fruta, também em 2020.
A Manawara também já está em tratativas para entrar no mercado norte-americano. Seus produtos têm despertado interesse também do mercado chinês: JD, gigante do e-commerce, o Departamento de Comércio da China e uma rede de supermercados em Beijing com clientela de estrangeiros demonstraram interesse em abrir negociação. |
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Brasil : Reflorestamento é combinado com agricultura familiar na região amazônica
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Enviado por alexandre em 19/02/2024 10:26:31 |
Ação agloflorestal ocupa área equivalente à utilizada na construção de torres de telecomunicações. JORNALISMO@PORTALAMAZONIA.COM">REDAÇÃO - JORNALISMO@PORTALAMAZONIA.COM Foram plantadas 17 mil mudas de espécies nativas e agrícolas. Foto: Fernando Sant'Ana Cobrindo uma área de nove hectares no município de Apuí, Amazonas, foram plantadas 17 mil mudas de espécies nativas e agrícolas, incluindo pés de café, em uma ação agroflorestal, que associa o reflorestamento com a agricultura familiar. A área de plantio equivale à área aproximada do programa de construção de torres de telecomunicações da IHS Brasil, em 2021. A IHS é um dos maiores proprietários, operadores e desenvolvedores independentes de infraestrutura compartilhada de comunicações do mundo em número de torres. |
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O município de Apuí possui altas taxas de desmatamento. Foto: Fernando Sant'Ana A iniciativa foi realizada em parceria com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), uma ONG ambiental que se dedica a encontrar soluções para os desafios sociais e ambientais da região amazônica, apoiando produtores rurais, comunidades tradicionais e povos indígenas. Segundo o Idesam, o potencial estimado de captura de carbono da área reflorestada é de 2.286 tCO2. Com altas taxas de desmatamento, o município de Apuí, com uma população de mais de 20 mil habitantes, é uma área estratégica para o desenvolvimento da produção cafeeira em pequena escala. Esta iniciativa, combinada com novas técnicas de produção, ajuda a proporcionar um rendimento alternativo e sustentável às comunidades locais. Em 2024, está previsto o plantio de mais cerca de 7,9 mil mudas por meio dessa parceria, recuperando mais quatro hectares de áreas degradadas. Em 2024, está previsto o plantio de mais cerca de 7,9 mil mudas. Foto: Fernando Sant'Ana Paola Bleicker, diretora Executiva do Idesam, afirma: "Nosso objetivo é promover uma economia nova, inclusiva e sustentável na região amazônica, criando conexões e soluções para as comunidades locais, proporcionando caminhos inovadores para a mitigação das mudanças climáticas e geração de renda sustentável". Michel Levy, CEO da IHS Brasil, comenta: "Estamos comprometidos em apoiar as comunidades próximas de nossas torres e continuar a trabalhar com parceiros externos para ajudar a melhorar a qualidade de vida e salvaguardar a preservação ambiental. A colaboração com o Idesam nos permitiu oferecer uma iniciativa focada na comunidade que ajuda a limitar os danos ambientais juntamente com nossas atividades de construção de torres." |
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Brasil : Janeiro mais quente da História: Brasil e mundo não estão preparados para a crise climática
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Enviado por alexandre em 16/02/2024 11:11:06 |
Mais elevada a temperatura, maior a frequência de incêndios florestais, chuvas torrenciais e secas. Tudo isso contribuiu para seca histórica que atingiu os rios da Amazônia no final de 2023. Com informações do Greenpeace Do ano mais quente já registrado – 2023 – para o Janeiro mais quente de todos os tempos, segundo o observatório europeu Copernicus (a marca anterior era Janeiro de 2020), 2024 começou como o ano passado terminou: com temperaturas recordes e muitos eventos extremos no Brasil e em várias partes do planeta. E o problema fica pior ainda segundo um alerta do órgão meteorológico norte americano (NOAA) de que 2024 poderá bater um novo recorde de temperatura global. Quanto mais elevada for a temperatura, maior será a frequência e intensidade de incêndios florestais, chuvas torrenciais, secas e, com elas, tragédias humanas como as que temos visto nos incêndios do Chile em fevereiro, nos alagamentos na Califórnia em janeiro, nas enchentes no Rio de Janeiro e no sul do Brasil em janeiro, e na seca histórica que atingiu os rios da Amazônia no final de 2023. Queimada em desmatamento recente na Gleba Abelhas, uma floresta pública não destinada federal localizada no município de Canutama, Amazonas. Foto: Divulgação/Greenpeace Colocando o problema em outra perspectiva, uma conta rápida mostra enquanto o mundo vem quebrando recordes de temperaturas desde 2020, na prática, os últimos cinco anos registraram os três incêndios florestais mais mortais do século:
- Na Austrália, no final de 2019, quando incêndios queimaram 115 mil km² de matas e florestas, mataram 30 pessoas morreram e mataram ou desalojaram quase 3 bilhões de animais;
- No Havaí, em agosto de 2023, onde pelo menos 100 pessoas morreram e milhares perderam suas casas;
- No Chile, em fevereiro, onde, até onde se sabe, 131 pessoas morreram e 300 seguem desaparecidas.
Por falar em incêndios florestais, o Monitor Global de Fogo, do serviço de meteorologia da União Europeia Copernicus, mostra os focos de calor ativos nas últimas 24 horas no mundo e a imagem é clara: cerca da metade do planeta têm focos de calor neste momento. Focos de calor ativos no mundo em 7 de fevereiro de 2024, segundo o serviço Monitor Global do Fogo, do serviço europeu Copernicus. Os cientistas explicam que todo esse calor seguido por eventos extremos foi potencializado pelo fenômeno do El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e eleva as temperaturas, mas também são muito claros ao afirmar que o calor extremo é resultado da atividade humana, como a queima de petróleo, gás e carvão e o desmatamento de florestas. Ou seja, nunca foi tão urgente zerar o desmatamento em florestas tropicais como a Amazônia e colocar um fim na era dos combustíveis fósseis. Sem essas mudanças, o mundo ficará cada vez mais quente. Alerta para queimadas na Amazônia em 2024 Por aqui, no Brasil, vemos a Amazônia arder em chamas devido a uma combinação de tempo seco e quente (intensificado pelo El Niño, fenômeno que deve durar até a primavera) com crimes ambientais (que vão de desmatamento a abertura ou "limpeza" de áreas de pastagens). Em janeiro de 2024, os focos de calor registrados na Amazônia tiveram um aumento de 85% em relação ao mesmo período do ano passado. Recentemente, uma análise do World Weather Attribution (WWA), feita por pequisadores do Brasil, Reino Unido, Holanda e Estados Unidos, apontou que a mudança climática está reduzindo a precipitação e aumentando o calor na Amazônia. Sabendo do problemão que temos pela frente, não há desculpa para que o poder público, tanto federal como estadual, não se prepare adequadamente para prevenir e mitigar os seus efeitos. Basta de tragédias! Em um país enorme territorialmente como o Brasil, não são "apenas" fogo e seca motivos de preocupação, mas também as chuvas extremas. Cerca de 9,5 milhões de brasileiros moram em áreas de risco sujeitas a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres climáticos, segundo o Cemaden, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. Mesmo com esse dado alarmante e a previsão de que a crise climática se intensificará este ano, o Brasil não está preparado para eventos extremos cada vez mais frequentes. Precisamos de medidas que saiam do papel e se antecipem às tragédias, com políticas públicas que coloquem a população que mais sofre com os efeitos das mudanças no clima como prioridade. É inaceitável que as pessoas sigam perdendo suas casas e suas vidas. "Eventos climáticos extremos estão acontecendo no Brasil inteiro. Além das fortes chuvas, há regiões em que as pessoas estão sofrendo com estiagem, seca, altas e baixas temperaturas com características para além do normal. Isso precisa ser enfrentado com políticas públicas por meio de medidas de prevenção, adaptação e respostas aos eventos extremos. Essas ações precisam ser direcionadas principalmente para as pessoas que têm sido mais impactadas, que são majoritariamente as populações negras, indígenas, as mulheres, as crianças e os idosos", disse Igor Travassos, porta-voz da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil.
*Por Laís Modelli para o Greenpeace
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