O Air Force One não é apenas um avião. Ele representa um emblema do prestígio americano, um centro de comando móvel para o presidente dos EUA e, em muitos aspectos, é como uma Casa Branca voadora.
Ao ouvirem “Air Force One”, muitos imaginam aquele imenso jato azul e branco, transportando o presidente em missões diplomáticas globais ou retornando ao solo americano. No entanto, o que muitos não sabem é que essa maravilha dos ares tem uma história tão rica e diversa quanto a nação que representa.
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A VERDADEIRA IDENTIDADE DO AIR FORCE ONE
Comecemos esclarecendo um mito: o Air Force One não se refere a um avião específico. Na verdade, é um indicativo de chamada, um apelido de rádio usado por qualquer avião da Força Aérea dos EUA que transporte o presidente. Ao longo dos anos, esse indicativo se tornou sinônimo dos aviões especialmente reservados para viagens presidenciais. Se mergulharmos nos anais da história, encontraremos uma linhagem de aeronaves que transportaram os líderes da América, cada uma com suas próprias histórias e segredos.
A imagem moderna do Air Force One frequentemente se associa aos seus dois jatos jumbo Boeing 747-200B, com seus distintos números de cauda 28000 e 29000. Desde a sua estreia em 1991, esses jatos combinam luxo e tecnologia de ponta. A bordo, sistemas de segurança confidenciais protegem contra ameaças tão devastadoras quanto explosões nucleares, daí o termo “aviões do juízo final”. Ao mesmo tempo, um centro de telecomunicações de alta tecnologia garante que o presidente permaneça conectado, independentemente de onde esteja no mundo.
TECNOLOGIA E LUXO A BORDO DOS JATOS JUMBO
Internamente, três níveis de espaço meticulosamente projetado atendem a todas as necessidades. O nível superior é um fervilhar de atividades em seu centro de telecomunicações, enquanto o nível inferior possui um compartimento de carga com um sistema de manuseio de bagagens autônomo. O nível do meio é um exemplo de luxo e funcionalidade. Pode acomodar confortavelmente 70 passageiros, com espaços dedicados para a mídia, equipe de segurança e outros funcionários. Há até uma farmácia a bordo e equipamento médico de emergência, garantindo que a saúde do presidente seja sempre priorizada. E, no tranquilo setor frontal, a suíte presidencial oferece um escritório, um quarto aconchegante e um lavabo privado.
Mas, talvez, um dos aspectos mais impressionantes desses jatos jumbo seja sua autonomia. Com uma capacidade de quase 13.000 quilômetros, eles cruzam continentes com facilidade. E, com reabastecimento em voo, poderiam, teoricamente, circundar o globo indefinidamente. Quando não estão voando, estas maravilhas repousam na Base da Força Aérea de Andrews, em Maryland, sob o olhar atento do 89º Esquadrão de Transporte da Comando de Mobilidade Aérea.
AS ORIGENS AÉREAS PRESIDENCIAIS: ROOSEVELT E O BOEING 314 CLIPPER
Entretanto, a lenda do Air Force One começou muito antes desses jatos modernos. O título do primeiro presidente americano a voar durante o mandato foi de Franklin D. Roosevelt. Em 1943, no auge da Segunda Guerra Mundial, ele partiu para a Conferência de Casablanca, em Marrocos, a bordo de um Boeing 314 Clipper. Foi o início de um legado.
Logo, a Força Aérea do Exército dos EUA reconheceu a importância e presenteou Roosevelt com um Douglas C-54 Skymaster, carinhosamente chamado de “Sacred Cow”. Apesar de ter sido usado apenas uma vez por Roosevelt, suas características foram inovadoras para a época. Ele possuía uma sala de reuniões para discussões estratégicas, um quarto com uma janela à prova de balas e até um elevador que atendia às necessidades de mobilidade de Roosevelt. Hoje, restaurado, ele está em exposição no Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos, em Dayton, Ohio.
EVOLUÇÃO DO AIR FORCE ONE: DOS TEMPOS DE TRUMAN A EISENHOWER
A era de Truman trouxe uma atualização com o Douglas C-118 Liftmaster, que ele carinhosamente batizou de “Independence”. Este avião o levou ao confronto decisivo com o general Douglas MacArthur durante a Guerra da Coreia.
A era de Eisenhower marcou uma transição significativa para o Air Force One. O avião Lockheed Constellation, designado VC-121E e batizado de Columbine II, tornou-se seu transporte pessoal. Conta a lenda que, durante um voo para a Flórida, o piloto do Columbine II usou o indicativo “Air Force One” para evitar confusão com um avião comercial. Esse pequeno momento na história definiu para sempre a viagem aérea presidencial.
A ERA DO JATO: DO “QUEENIE” AO ICÔNICO DESIGN DE KENNEDY.
A transição para a era do jato foi um momento decisivo para o Air Force One. No final da década de 1950, o robusto Boeing 707 Stratoliner, carinhosamente chamado de “Queenie”, entrou em cena. Esse jato não era apenas um meio de transporte; era uma declaração. Equipado com uma seção especializada em telecomunicações, compartimentos espaçosos para passageiros, uma área de conferência e uma suíte luxuosa, ele refletia o prestígio da nação a que servia. A capacidade da Queenie foi demonstrada quando Eisenhower realizou uma inovadora turnê de boa vontade de três semanas, passando por 11 países da Europa, Ásia e Norte da África.
Ao amanhecer da década de 1960, sob a liderança do Presidente John F. Kennedy, começou um novo capítulo. O mundo conheceu o primeiro jato construído especificamente para o comandante-chefe, um reluzente Boeing 707. Com o número de cauda 26000, esse jato representava não apenas a dominação da América nos céus, mas também se tornou um símbolo poderoso da presidência dos EUA. Durante esse período, graças à criatividade do designer industrial Raymond Loewy, nasceu o icônico design azul e branco que associamos ao Air Force One hoje. Ele presenteou o avião com um design atemporal, com o título “Estados Unidos da América” orgulhosamente destacado na fuselagem, ladeado pela bandeira dos EUA e pelo selo presidencial. Esse design era mais do que estética; era a manifestação do orgulho nacional.
No entanto, a década de 1960 não foi apenas sobre evolução no design. O Air Force One teve um papel central em vários eventos históricos. Levou Kennedy a Berlim, onde ele expressou sua solidariedade aos alemães com as palavras famosas: “Ich bin ein Berliner”. Em um momento triste, o mesmo jato trouxe o presidente assassinado de volta de Dallas. Dentro do avião, Lyndon B. Johnson foi empossado como o próximo presidente.
AIR FORCE ONE NO SÉCULO 21: TRADIÇÃO ENCONTRA MODERNIDADE
Nas décadas seguintes, o Air Force One testemunhou inúmeros momentos históricos, desde a renúncia de Nixon e seu voo de volta para a Califórnia, até várias missões diplomáticas sob diversos presidentes. Cada versão da aeronave, dos Boeing 707 aos 747 atuais, serviu como um testemunho da engenharia, inovação e visão americanas.
Na década de 1990, os Boeing 747-200Bs se tornaram os principais meios de transporte aéreo presidencial. Seu alcance impressionante, juntamente com sistemas de defesa de última geração, os torna incomparáveis em segurança e eficiência. Cada viagem que realizam lembra o legado de seus predecessores, desde os voos pioneiros de Roosevelt até as incursões de Eisenhower na era do jato.
Conforme o século 21 avança, estão em andamento planos para introduzir novas aeronaves na frota presidencial, garantindo que o Air Force One continue sendo uma combinação perfeita de tradição e modernidade. Não se trata apenas de transportar o presidente; é sobre perpetuar um legado, uma peça viva da história que narra contos de diplomacia, poder e o espírito inabalável americano.
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Em conclusão, enquanto o exterior reluzente do Air Force One pode chamar nossa atenção, sua verdadeira essência está nas histórias que carrega e na história que testemunhou. É um testemunho da trajetória dos EUA ao longo dos anos, um farol de sua proeza tecnológica e, acima de tudo, um símbolo de uma nação sempre em movimento.
Fonte: Mistérios do Mundo