Porto Velho, RO –  O deputado federal de Rondônia, Lúcio Mosquini, do MDB, expressou sua insatisfação com as questões abordadas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2023. O parlamentar acusou o exame de promover um "ataque ideológico" ao agronegócio, afirmando que as questões atribuem exclusivamente ao setor o desmatamento na Amazônia. 

Em uma manifestação publicada em sua conta no Instagram, Mosquini destacou sua preocupação com a representação dos produtores rurais na prova, sugerindo que as questões do ENEM estigmatizam injustamente aqueles que desempenham um papel fundamental na produção de alimentos e no desenvolvimento econômico do país. 

"O ENEM deste ano trouxe um ataque ideológico contra o agronegócio, numa tentativa de propagar uma imagem marginalizada dos produtores rurais que plantam e produzem alimentos para o mundo", declarou o deputado. Ele também expressou seu repúdio às perguntas do exame e anunciou que irá buscar a anulação das mesmas, enfatizando que a conduta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) é desrespeitosa em relação aos profissionais do campo. 

A polêmica em torno das questões do ENEM 2023 está ligada à abordagem do desmatamento na Amazônia, que tem sido uma preocupação crescente em âmbito nacional e internacional. A relação entre o agronegócio e o desmatamento na região é um tema debatido e controverso, com diferentes perspectivas sobre sua complexidade.

 A declaração de Mosquini trouxe à tona as tensões em torno de questões ambientais, econômicas e ideológicas no Brasil. O pedido do deputado pela anulação das questões do ENEM 2023 levanta questionamentos sobre o papel do exame na formação de opiniões e na avaliação dos estudantes em relação a questões sociais e ambientais.

No vídeo, ele diz:

“Quero falar com você sobre a prova do Enem. A prova do ensino médio, que aconteceu no último domingo, nesta prova, 3 questões atacam o agronegócio brasileiro, nós aqui de Rondônia, da região norte, também fomos atacados nesta pergunta. Nesta prova eles colocam nós, produtores rurais, como devastadores da Amazônia e não é. Nós somos produtores.

Nós produzimos comida para o mundo aqui na região norte.

Nós estamos adotando todas as providências necessárias, junto à FPA, à frente parlamentar de agricultura, que eu sou diretor, pra cobrar explicações do MEC. Inclusive, eu estou pedindo a anulação de 3 questões da prova do Enem, porque essas 3 questões mostram a ideologia de esquerda de quem elaborou a prova. Nós não podemos deixar que o agronegócio brasileiro seja atacado de nenhuma forma. Muito menos por ideologias daquele que são contra. O agronegócio eu defendo o agro defendo o do campo e vou continuar defendendo e quero seu apoio nessa minha luta em prol do agro brasileiro”, anotou.

ARGUMENTOS NO ENEM: DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO NO CERRADO

Segundo a Rede Brasil Atual (RBA), a prova do Enem abordou recentemente as preocupações relacionadas às práticas prejudiciais do agronegócio no Cerrado, caracterizando-as como um "cerco aos camponeses". O Observatório do Clima, ao referenciar uma série de estudos, sustenta a fundamentação dessa questão. Eles apontam que os processos de autorização de desmatamento no Cerrado estão operando de forma descontrolada. Especialistas e relatórios de fiscais indicam que essas autorizações estão sendo emitidas de maneira acelerada, dificultando qualquer forma de monitoramento e carecendo de transparência e controle social.

Outra linha de pesquisa sugere que as atividades do agronegócio de fato impactam adversamente na questão hídrica. Cientistas citados pelo Observatório afirmam que seus resultados e projeções de cenários futuros levantam questionamentos sobre a sustentabilidade do atual modelo de produção agrícola praticado no Cerrado, particularmente no que diz respeito à agricultura industrial.

Por outro lado, porém, é evidente a fragilidade do controle estatal em relação a essas atividades. "Enquanto isso, os processos de autorização de desmatamento no Cerrado estão operando fora de controle. Estudos de especialistas e relatos de fiscais indicam que as autorizações são emitidas de forma acelerada, impossibilitando qualquer forma de monitoramento, e carecendo de transparência e controle social."

DESMATAMENTO NO CERRADO: UM OLHAR CRÍTICO

O Observatório do Clima destaca que o Cerrado está enfrentando um alto índice de desmatamento, representando 40% do desmatamento total no Brasil, conforme dados de 2022. No entanto, o observatório ressalta que a versão preliminar do novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) enfoca predominantemente o desmatamento ilegal, quando, na realidade, o maior problema no Cerrado é a destruição da vegetação amparada pela lei.

Além disso, o mesmo plano enfatiza que a menor porcentagem do bioma do Cerrado atualmente consiste em vegetação nativa. "No ano passado, a vegetação natural primária representava apenas 47% do bioma, enquanto as áreas de pastagem e agricultura abrangiam 30% e 15%, respectivamente, conforme aponta o documento do PPCerrado."

FPA SOLICITA REVISÃO DE QUESTÕES DO ENEM 2023

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), composta por deputados e senadores ligados ao setor do agronegócio brasileiro, emitiu uma nota na segunda-feira, dia 6, pedindo a anulação de três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023. O grupo argumenta que essas questões carecem de "critérios científicos ou acadêmicos" e são baseadas unicamente em "confirmação ideológica." No entanto, professores consultados pelo GUIA DO ESTUDANTE, da Abril, discordam e observam que as questões fazem referência a renomados cientistas brasileiros.

Ademais, uma das questões diverge da posição dos parlamentares, uma vez que desafia a estigmatização do agronegócio. Ela destaca que a expansão legal da produção de soja não deve ser atribuída exclusivamente ao desmatamento, mas sim às atividades ilegais de grileiros.

CONFIRA:https://www.rondoniadinamica.com/noticias/2023/11/ong-e-professores-defendem-questoes-do-enem-que-ligam-agronegocio-ao-desmatamento-deputado-de-rondonia-quer-anular-perguntas,175414.shtml