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Brasil : Saiba qual a frequência sexual mínima para evitar o câncer de próstata
Enviado por alexandre em 11/08/2023 16:54:51


Foto: Reprodução

Entre os fatores de risco para desenvolver o câncer de próstata estão a idade avançada, excesso de peso, tabagismo e a presença de casos da doença na família. As evidências científicas, porém, apontam que a prevenção ao câncer de próstata também pode estar relacionada à quantidade de vezes que os homens ejaculam.

 

“Manter uma frequência mínima de ejaculações é fundamental para evitar o desenvolvimento do câncer de próstata“, afirma a médica Jennifer Rider em entrevista ao jornal The Sun publicada nesta quinta-feira (10/8). Epidemiologista da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, ela é a autora principal de um estudo que buscou estabelecer exatamente qual a quantidade básica de rotina sexual para os homens evitarem o desenvolvimento da doença.

 

“Homens em idade adulta que mantiveram uma maior frequência ejaculatória são menos propensos a ter o câncer”, completa Jennifer. O estudo feito pela epidemiologista acompanhou os hábitos sexuais de 31 mil homens dos Estados Unidos entre 1992 e 2010 para entender os impactos da vida sexual na prevenção aos tumores.

 

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De acordo com a pesquisa, que teve seus primeiros resultados publicados em 2016, os homens acima de 21 anos relatam ejacular, em média, de quatro a sete vezes por mês. No entanto, quem manteve uma frequência maior de orgasmos, com 21 vezes ao mês, teve 50% menos de chances de ter câncer de próstata. Este número, porém, é maior que o mínimo recomendado pela especialista para a prevenção.

 

O MÍNIMO PARA AFASTAR O CÂNCER DE PRÓSTATA


A frequência de ejaculação considerada ideal para afastar o risco de desenvolvimento de câncer é de 13 vezes ao mês, segundo a especialista. O problema é que esta periodicidade costuma diminuir com a idade.

 

Homens que alcançam o orgasmo mais de 13 vezes ao mês são 57% entre os 20 e 29 anos, mas este número cai para 32% entre os de 40 a 49 anos.

 

Apenas 40% dos homens mantiveram a frequência que tinham no começo da pesquisa, o que revela a diminuição da libido com o passar dos anos. Para os pesquisadores, é preciso manter uma boa quantidade de ejaculações para eliminar as secreções potencialmente cancerígenas que se acumulam nos dutos do aparelho reprodutor.

 


 

“Agora estamos trabalhando em estudos de acompanhamento que relacionam a frequência da ejaculação com alterações moleculares específicas na próstata. Queremos investigar melhor os fundamentos biológicos dessa associação entre a quantidade de ejaculações e a incidência do câncer”, completou Jennifer, em entrevista ao site da Universidade de Boston. 

 

Fonte:Metrópoles

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Brasil : Conheça Uiramutã, o município com maior proporção de indígenas do país
Enviado por alexandre em 10/08/2023 10:36:53

Cercado de serras e lavrado, vegetação típica de Roraima, a região tem uma área territorial de 8.113,598 km². Do total de 13.751 habitantes, 13.283 se identificam como indígenas.


Cachoeira Urucá, em Uiramutã. Foto: Divulgação/Secom-RR

Localizado na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã, ao nordeste de Roraima, é o município mais indígena do país, segundo dados do Censo 2022 divulgados no dia 7 de agosto. Além de ter quase 97% da população indígena, Uiramutã tem outras características ímpares: possui mais de 80 cachoeiras ainda inexploradas, tem o menor Produto Interno Bruto (PIB) do país e uma vegetação predominante de lavrado.

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Distante 280 km da capital Boa Vista, Uiramutã é 10º mais populoso entre os 15 municípios de Roraima. Do total de 13.751 habitantes, 13.283 se identificam como indígenas, o que levou o município a ter 96,6% da população indígena, o maior percentual do Brasil.

Também indígena, o prefeito Tuxaua Benísio (Rede), do povo Macuxi, recebeu com o orgulho os dados do Censo do IBGE. Ao g1, ele disse que espera receber mais apoio dos governos estadual e federal para que o município receba mais políticas públicas. Em Uiramutã se concentram os povos Macuxi e Ingaricó.

"Como indígena, eu valorizo isso. Isso é muito importante, com 96,6% de indígenas, ela [cidade] faz sua contribuição para esse desenvolvimento no estado e no Brasil", afirmou.

Oficializado como município em 1995, por meio da lei federal nº 098, Uiramutã foi desmembrado dos municípios de Boa Vista e Normandia. A sede está localizada na antiga vila do Uiramutã.

Rio cotingo, em Uiramutã. Foto: Samantha Rufino/g1 Roraima

Tríplice fronteira

Cercado de serras e lavrado, vegetação típica de Roraima, a região tem uma área territorial de 8.113,598 km². A região está localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, território emblemático na luta dos povos indígenas pela demarcação de terras em área contínua.

A sede do município fica distante 310 km de Boa Vista. O caminho é a maior parte em estrada de terra. Apenas os primeiros 160 km são percorridos pela BR-174 Norte. 

Para quem segue na rodovia sentido o município de Pacaraima, a entrada para o lugar fica à direita. Veículos altos - do tipo caminhonete - são a melhor opção. A viagem dura em média seis horas.

Uiramutã inclui em seu território o Monte Caburaí, de 1.456 m de altitude, o ponto mais setentrional do país. O Monte Roraima, também localizado no município, é um dos picos mais altos do Brasil. O monte fica no ponto tríplice com a Guiana e a Venezuela.

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O município está a 840 metros de altitude, por isso boa parte do caminho é íngreme. A vastidão de terras pode ser contemplada no decorrer da viagem. As serras e vales são entrecortadas pelos rios Maú, Cotingo, Canã e Ailã.

Menor PIB do Brasil

Em 2020, o município teve um PIB per capta de R$ 11.985,64, o menor do país, segundo IBGE. Cerca de 94,2% da receita do município é de fonte externa, de acordo com dados do Instituto divulgados em 2015.

Em 2021, o salário mensal era de 1.6 salários mínimos. Já a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 4.1%. A economia de subsistência é a principal entre as comunidades, com a criação de gado e roça.

"Nós temos o potencial de pecuária. Em cada comunidade, as 130 comunidades, tem o seu rebanho e também temos a agricultura. Nós temos também o projeto de grão de milho em nosso município, além do comercial e empresarial", explicou o prefeito.

Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, 52,4% da população vivia nessas condições, o que o colocava na posição 1 de 15 dentre as cidades do estado e na posição 915 de 5570 dentre as cidades do Brasil.

Produção da roça da comunidade Pedra Branca, em Uiramutã. Foto: Samantha Rufino/g1 Roraima

Potencial turístico

Entre as características da cidade está o potencial turístico, com cachoeiras, corredeiras e paisagens preservadas. No local, há ao menos 82 cachoeiras catalogadas pela prefeitura, mas apenas algumas delas estão abertas para visitação, como: Paiuá, Urucá e Sete Quedas.

O potencial esbarra em dificuldades de infraestrutura, como o acesso ao município, que é por estrada de chão, pela RR-319. No entanto, os desafios não tem impedido os investimentos do etnoturismo na área, segundo o Diretor do Departamento Estadual de Turismo, Bruno Brito.

Leia também: Etnoturismo: fortalecimento das tradições, cultura e economia indígena na Amazônia

"Uiramutã é um município singular, ele é uma sede muito pequena cercada pela terra indígena Raposa Serra do Sol. Então, em função disso existe uma regulamentação específica e toda uma legislação vigente pra ordenar a visitação turística a essas terras indígenas. Nós trabalhamos com a construção de várias políticas para orientar e para subsidiar o interesse das comunidades em desenvolver os seus planos de visitação turística", 

explicou.
Cachoeira 7 quedas, em Uiramutã. Foto: Divulgação/Secom-RR

Entre as ações estão as orientações para os planos de visitação turística, a capacitação de profissionais, parcerias e disponibilização dos roteiros turísticos. A expectativa é que com a pavimentação da rodovia que dá acesso ao município e a aprovação dos planos de turismo pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas, que regulamenta a atividade em áreas demarcadas, o turismo se desenvolva ainda mais na região.

Para visitar as áreas é preciso contatar agências de turismo especializadas ou um condutor indígena local. Além disso, o departamento de turismo orienta que os visitantes sigam regras de boa convivência:

Levar saco de lixo para trazer de volta todos os resíduos para serem descartados conforme orientação dos condutores;

O registro de imagem por fotografias e filmes podem ser realizados desde que sejam permitidos pelas pessoas envolvidas;

O uso de trajes de banho nas ruas e locais públicos não é permitido;

Evitar transitar nas residências e quintais sem permissão dos moradores;

Não é permitida a retirada de plantas, animais e minerais dos locais visitados;

É proibida a entrada de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas na comunidade;

A prática de assédio moral e sexual aos moradores fere os princípios e normas da comunidade, portanto, não é tolerada;

Em obediência às crenças e tradições da comunidade, não é permitido o acesso aos locais como cachoeira, igarapés, lagos e roças nas situações de luto ou em período menstrual.

Os períodos mais propícios para visitar as cachoeiras são no período do verão, de setembro a março.


*Por Samantha Rufino, do g1 Roraima

Brasil : Corrida: 6 coisas que você precisa saber antes de começar
Enviado por alexandre em 10/08/2023 10:35:14

Foto: Reprodução

Educadora física lista cuidados e dicas que são extremamente importantes para quem é iniciante na prática

Manter o corpo ativo é primordial para uma vida mais saudável, por isso é tão importante praticar exercícios. E aqui vale tudo: você pode ir além da tradicional musculação e apostar em atividades, como a corrida.

 

Por oferecer a possibilidade de ser praticada ao ar livre e não exigir muitos equipamentos, a modalidade ganhou o coração de muitos adeptos.

 

Mas não pense que basta sair de casa e começar a correr, viu? Essa é uma atividade que exige muitos cuidados antes e durante a prática. Por isso, separamos a seguir 6 informações que você precisa saber antes de incluir a corrida na rotina, de acordo com a educadora física Thaís Ghendov. Confira a seguir!

 

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A ORIENTAÇÃO MÉDICA É MUITO IMPORTANTE


Na verdade, essa dica vale para qualquer atividade física. Antes de começar algo novo, é essencial buscar um médico e realizar exames. Isso vai te ajudar a entender e a saber se seu corpo está preparado para o ritmo. 

 

Prometeu que vai começar a correr em 2023? Veja 6 cuidados importantes |  Metrópoles

 

É PRECISO FORTALECER A MUSCULATURA ANTES


O ideal antes de fazer corrida é fortalecer os músculos que você usará nessa atividade. Você pode fazer isso tanto na academia quanto em casa. Inclusive, há vários vídeos on-line de profissionais ensinando os movimentos corretos.

 

EXERCÍCIOS EDUCATIVOS SÃO ESSENCIAIS

 

Após o fortalecimento, você pode procurar pelos chamados “exercícios educativos”. Eles servem para melhorar cada movimento da corrida e ajudar com a postura correta. “Eles funcionam como uma dança: primeiro, nós pegamos os passos de cada parte da música, depois, treinamos várias vezes cada um deles e, por fim, juntamos tudo para criar a coreografia”, explica Thais, que atende pelo GetNinjas.

 

Dicas para começar a correr - Smart Fit News

 

INVISTA EM CALÇADOS ADEQUADOS


Um calçado inadequado vai diminuir o seu rendimento na corrida e ainda pode facilitar o surgimento de lesões. Portanto, use sempre um tênis com a maciez correta (nem pouca e nem exagerada), que seja confortável e que não tire sua percepção do contato com o solo.

 

É PRECISO MANTER CONSTÂNCIA


E aqui a dica vale não apenas para a corrida, mas para todas as atividades físicas no geral. O ideal é se exercitar pelo menos três vezes por semana. Você pode alternar fazendo exercícios na academia, atividades em casa e corridas na rua, por exemplo.

 

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Fotos: Reprodução

 

O importante nesse sentido é manter a constância. Aliás, fica até mais difícil de atingir sua meta — seja ela qual for — sem essa regularidade.

 


NÃO TENHA PRESSA


Nada de começar com corridas mais longas! É melhor iniciar com treinos intercalando corrida e caminhada ou corrida e descanso, para acostumar o corpo. Ah, e o mais indicado é começar sempre na esteira e só então ir para a rua.

 

Fonte: Alto Astral

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Brasil : Marca relança Jesus Ken e Barbie Virgem Maria e causa polêmica
Enviado por alexandre em 10/08/2023 10:25:18

As bonecas inspiradas em personagens religiosos já gerou críticas anteriormente


Jesus Ken Foto: Facebook Pool&Marianela

O relançamento de bonecas Barbie com temas religiosos na Argentina tem gerado polêmica no país. Batizadas como “Barbie Virgem Maria” e “Jesus Ken”, essas figuras provocaram indignação, particularmente entre grupos católicos em Buenos Aires, a cidade natal do Papa Francisco.

O impulso para essa controversa coleção veio após o sucesso internacional do filme Barbie, dirigido por Greta Gerwig e estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling. Os artistas locais Emiliano Pool Paolini e Marianela Perelli, inspirados pelo filme, decidiram ressuscitar sua polêmica série de bonecas.

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A coleção original, intitulada Barbie: A Religião de Plástico, estreou em 2014 e gerou ameaças de morte para os artistas devido à representação de figuras religiosas importantes, incluindo santos católicos e a Virgem Maria, na forma de bonecas de plástico.

Embora enfrentando ameaças e controvérsias, pelo menos uma loja de brinquedos na Argentina concordou em estocar alguns modelos da coleção revivida. Os artistas planejam exibir suas criações em uma mostra de arte programada para dezembro. A polícia estará presente para garantir a segurança durante o evento.

O lançamento anterior da coleção atraiu críticas em todo o mundo. O padre Adrian Santarelli, da paróquia de St. Thomas More, em Buenos Aires, questionou a apropriada representação de figuras sagradas como bonecas, temendo que isso possa influenciar a compreensão religiosa das crianças.

A exposição original incluía bonecas Barbie retratando figuras religiosas como Joana D’Arc e a Virgem de Guadalupe, bem como Ken representando Buda e Moisés. Notavelmente ausentes eram bonecos retratando figuras muçulmanas, devido às restrições islâmicas sobre representações desse tipo.

No passado, a arte já gerou raiva entre os hindus. Rajan Zed, um clérigo hindu baseado em Nevada, criticou a representação de “Kali Barbie” como inapropriada e desrespeitosa. No entanto, outros argumentam que bonecos representando figuras religiosas de outras crenças já foram vendidos sem problemas.

De acordo com o The Christian Post, os artistas argumentam que sua exposição é uma expressão artística e não tem a intenção de ser ofensiva. Emiliano Pool Paolini afirma que as criações são a “união dos dois elementos mais populares da história: a boneca Barbie e a religião”.

Brasil : Rio Laje, em Rondônia, é o primeiro a ter direitos reconhecidos por lei
Enviado por alexandre em 09/08/2023 09:30:18

Lei estabelece que seja criado um comitê de guardiões do rio, localizado em Guajará-Mirim, com a finalidade de preservação e manutenção de direitos.


O rio Laje, em Guajará-Mirim (RO), foi reconhecido como um ente vivo e sujeito de direitos. A lei foi proposta pelo vereador e liderança indígena Francisco Oro Waram (PSB), que é líder do território indígena que cerca a região do rio Laje.

O projeto garante a existência do rio e de todos os outros corpos e seres que vivem em suas águas. Essa foi a primeira lei que reconhece um rio como ente vivo aprovada em Rondônia, segundo o biólogo e ambientalista Paulo Banavigo.

"É uma novidade pra gente aqui em Rondônia, mas é um processo que já ocorre em outras partes do Brasil, de reconhecer o direito do meio ambiente. Direitos e princípios que estão previstos na constituição", 

disse Banavigo.
Rio laje, em Guajará-Mirim (RO). Foto: Divulgação/Kanindé

O biólogo também explicou que esse processo já vem sendo implementado em outros países, como Equador, Peru e Índia. "Não é uma exclusividade nossa, mas chama atenção que o projeto foi idealizado por um território indígena, que precisa que o meio ambiente se mantenha da forma que está para que eles mantenham o seu modo de vida tradicional. Uma iniciativa extremamente importante e que tem que ser cumprida", avaliou Paulo.

A lei define que o rio seja reconhecido como uma vida e consequentemente que todas as ações referentes ao mesmo passem por uma série de etapas, até que sejam efetuadas.

Segundo o governo, um comitê será criado e composto por membros da comunidade indígena, pescadores e órgãos de estado com o objetivo de serem consultados sobre todas as propostas que gerem impacto no rio.

A vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RO), Estela Maris, diz que o direito ambiental tem evoluído e possibilitado a criação de leis que mudem a visão da população sobre a natureza.

"Essa lei representa junto com outras iniciativas no Brasil e América Latina, uma mudança de paradigma, ou seja, o meio ambiente agora está tendo uma visão ecocêntrica, onde é visto como um sujeito de direitos", apontou Maris.

Sobre a Lei 

A lei estabelece que seja criado um comitê de guardiões do rio com a finalidade de preservação e manutenção de direitos, entre eles:


  • Manter seu fluxo natural e em quantidade suficiente para garantir a saúde do ecossistema;
  • Nutrir e ser nutrido pela mata ciliar e as florestas do entorno e pela biodiversidade endêmica;
  • Existir com suas condições físico-químicas adequadas ao seu equilíbrio ecológico;
  • Interrelacionar-se com os seres humanos por meio da identificação biocultural, de suas práticas espirituais, de lazer, da pesca artesanal, agroecológica e cultural.


Áreas com lençol freático instável passam por variações de secas e encharcamento ao longo do ano, o que favorece as gramíneas.


Áreas da Amazônia com grandes períodos de inundações ao longo do ano, como as planícies de inundação do Alto Rio Negro, da região dos rios Purus e Madeira e do rio Amazonas, podem se transformar em savanas ao longo deste século por causa do aumento na instabilidade do seu lençol freático. É o que constata estudo publicado na segunda (7) na revista "PNAS", feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com universidades do exterior, entre elas, a Rutgers University, dos Estados Unidos.

A pesquisa revela que a variação de profundidade das águas subterrâneas influencia se floresta ou savana será predominante em áreas da América do Sul com provável ocorrência desses tipos de vegetação. A vegetação de savana, por exemplo, é favorecida por um lençol freático mais instável, caracterizado pela alternância entre grandes períodos de secas e encharcamento ao longo do ano.

No estudo, os pesquisadores partiram de dados sobre chuva, topografia, tipo de solo e relevo para construir um modelo matemático que representa a profundidade mensal do lençol freático em áreas tropicais da América do Sul, como a Amazônia e o Pantanal brasileiro. Dados de 2004 a 2018 permitiram englobar períodos de grande variabilidade climática. Essas informações foram cruzadas com observações de satélite sobre a vegetação predominante em cada área.

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A literatura já reconhece os regimes de chuva como determinantes para a separação entre Cerrado e Amazônia, lembra Caio Mattos, autor da tese que deu origem ao artigo e atualmente pesquisador da Universidade de Princeton e do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), nos Estados Unidos. O novo estudo, por sua vez, aponta a contribuição da água armazenada pelo solo para a coexistência de savanas e florestas. "A partir de estudos locais, a gente sabia que o lençol freático afetava a distribuição da vegetação, mas isto nunca tinha sido verificado na escala de toda a América do Sul", explica o cientista.

O lençol freático estável envolve maior previsibilidade. Ele mantém-se profundo ou raso e é regulado mais diretamente pelo relevo. "Já os lençóis instáveis são mais influenciados pela chuva e têm ampla variação de profundidade, podendo estar próximos à superfície na estação chuvosa descendo até dez metros na estação seca", ressalta Mattos. "Encontramos muito raramente espécies de árvores que conseguem tolerar tanto o encharcamento como a seca, pois as estratégias para contornar ambos são quase incompatíveis e exigem muito gasto energético", aponta o pesquisador. Já as gramíneas da savana conseguem armazenar seus nutrientes nas raízes até uma situação mais favorável para criar novas folhas, demandando menos energia para sobreviver.

O modelo formulado pelos pesquisadores mostra que planícies alagadas por grandes rios no interior da Amazônia podem ser expostas a um duplo estresse para o qual não estão preparadas, em projeções de aumento da estação seca e diminuição das chuvas na região entre os anos de 2090 e 2100. Mattos frisa que esses solos têm muita matéria orgânica e guardam grandes quantidades de carbono, ali mantidas enquanto há um alagamento permanente. "Uma vez em contato com o oxigênio da atmosfera, esse carbono pode reforçar os efeitos das mudanças climáticas".

O pesquisador avalia que novos estudos devem ser feitos considerando cada tipo de floresta e levando em conta as características do lençol freático junto com a chuva. "Nenhum modelo hoje leva em conta a perda da porção oeste da Amazônia. Temos que prestar atenção e estudar mais os efeitos de um colapso da floresta nesta região que achávamos estar protegida – e talvez não esteja", observa Mattos. 

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

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