EDITORIAL: O que está acontecendo com a imprensa de Rondônia?
EDITORIAL: O que está acontecendo com a imprensa de Rondônia?

Charge francesa trata da briga de dom Pedro 1º com o irmão dom Miguel pelo trono português: imperador jamais permitiria tal caricatura na imprensa do reino – Honoré Daumier/Reprodução – Imagem ilustrativa
Porto Velho, RO – Há algo de estranho — e preocupante — pairando sobre o jornalismo rondoniense. Aquela que deveria ser a “voz da razão”, a guardiã da verdade e da informação pública, parece ter se perdido em meio a um mar de vaidades, brigas e intrigas.
As redes sociais, que antes serviam como espaço de divulgação e debate de ideias, tornaram-se o ringue preferido dos comunicadores locais. Um acusa o outro de ser “vendido”, de “ganhar demais”, de “ter cargos em órgãos públicos”, de “ficar com todos os editais”. Há quem diga que o colega está “velho demais” para exercer o ofício, e outros que o problema é ser “novo demais e sem estrada”.
A imprensa de Rondônia, outrora combativa e respeitada, hoje parece um prédio antigo e malcuidado. A fiação está exposta, o encanamento vazando, o elevador quebrado. As escadas, sem corrimão, levam a um teto que desaba sobre a cabeça dos inquilinos. Ninguém mais quer morar ali — e quem fica, apenas discute de quem é a culpa pelo desabamento.
Enquanto isso, o verdadeiro propósito do jornalismo — informar, fiscalizar, servir à sociedade — vai sendo esquecido entre postagens inflamadas, “lives” recheadas de indiretas e comentários venenosos.
Mas será que não é chegada a hora de demolir o prédio velho e reconstruí-lo? Reformar não basta. É preciso erguer algo novo, sólido, moderno, ético. Algo que devolva à imprensa rondoniense sua dignidade e propósito.
Sim, toda mudança é dolorida. Derrubar paredes, reconstruir alicerces, sempre causa incômodo. Mas, como em toda boa obra, o pó é passageiro — e o resultado pode ser luminoso.
Que os jornalistas de Rondônia se olhem no espelho e se perguntem: queremos continuar nesse escombro moral, ou vamos reerguer o edifício da credibilidade e do respeito?
Porque, se a imprensa ruir de vez, não será apenas um prédio que desaba — será a própria voz do povo que se cala.
Fonte: Site eletrônico Portal364
