Novembrinho Azul: por que a prevenção ao câncer de próstata começa ainda na infância
Desde 2023, o Novembrinho Azul amplia a campanha de saúde masculina para alertar pais de crianças e adolescentes sobre a importância da prevenção e do acompanhamento médico desde cedo
Novembro é tradicionalmente o mês dedicado à saúde masculina, com foco na prevenção do câncer de próstata em homens adultos. Mas você sabia que criancas e adolescentes também podem ter câncer de próstata?
Isso mesmo, embora seja raro, meninos também podem desenvolver câncer de próstata. De acordo com a oncologista pediátrica Ana Paula Kuczynski, do Hospital Pequeno Príncipe, o principal tipo que acomete crianças é o rabdomiossarcoma, um câncer raro que pode atingir a região pélvica e a próstata.
“Nas crianças, o câncer primário de próstata é o rabdomiossarcoma, que apresenta uma incidência muito baixa, inferior a 2% em relação a outros tipos de câncer. A taxa de sobrevida pode ser alta, até 80%, se a doença for diagnosticada precocemente, sem metástases. Caso haja metástases, as chances de cura são mínimas, em torno de 5%”, explica a médica.
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A trajetória do pequeno Gabriel Seabra, de Salto de Pirapora (SP), mostra como a atenção aos sinais e o diagnóstico precoce podem fazer toda a diferença. Hoje com 8 anos, Gabriel enfrentou uma batalha difícil contra um tipo raro de câncer de próstata, diagnosticado quando tinha apenas 2 anos e 8 meses. Foram dez longos meses marcados por medo, incertezas e também por muita fé.
Os pais, Jéssica e Leandro, contam que tudo começou de forma inesperada, quando o menino passou a sentir fortes dores abdominais enquanto estava na escola. A família o levou ao hospital, onde uma série de exames revelou algo preocupante. “Fizemos uma série de exames durante a noite e, depois de algumas horas, vieram dizer que queriam fazer uma ressonância, pois estavam suspeitando de algo mais grave”, lembra Jéssica.

Após a tomografia, veio o diagnóstico e o primeiro contato com o oncologista. “E daí, no resultado da tomografia, deu o diagnóstico de que era um tumor, e chamaram um oncologista para conversar com a gente”, completa a mãe. O impacto foi devastador. “A palavra ‘câncer’ é muito forte. Assusta demais”, desabafou Leandro em entrevista ao G1..
A Drª Ana Paula Kuczynski, explica que o câncer de próstata pode se manifestar por sintomas sutis, como dor abdominal, dificuldade para urinar, diminuição do volume urinário ou presença de tumorações na região pélvica. Segundo ela, o diagnóstico precoce é fundamental para a cura e envolve exames de imagem como a ressonância magnética e biópsias para confirmação.
NOVEMBRINHO AZUL E O PAPEL DA CONSCIENTIZAÇÃO
Desde 2023, quando foi sancionada a Lei n.º 14.694/2023, apelidada de Novembrinho Azul, as campanhas no mês de novembro foram ampliadas para alertar e conscientizar meninos com até 15 anos sobre a importância dos cuidados com a saúde sexual e reprodutiva, além do diagnóstico precoce de doenças que podem atingir a próstata ainda na infância.
As ações do Novembrinho Azul incluem atividades educativas em escolas, unidades de saúde e redes sociais, com materiais informativos e palestras voltadas para pais, professores e profissionais da saúde. O foco é garantir que meninos de todas as idades tenham acesso à informação e ao acompanhamento médico adequado, criando uma cultura de cuidado que se estende por toda a vida.

Fotos: Reprodução
A campanha é apoiada por instituições como o Hospital Pequeno Príncipe, o maior e mais completo hospital pediátrico do país, que reforça a importância do acompanhamento médico regular como base para garantir o bem-estar das crianças e adolescentes. De acordo com os especialistas do Pequeno Príncipe, o acompanhamento pediátrico regular é essencial para detectar precocemente qualquer alteração.
Segundo as diretrizes médicas, as consultas devem acontecer mensalmente até o primeiro ano de vida, a cada três meses entre 2 e 4 anos, e pelo menos duas vezes por ano após essa idade. Os médicos explicam que durante esses atendimentos, o exame da genitália é indispensável para observar possíveis alterações anatômicas ou sintomas que possam indicar complicações. Eles reforçam ainda que pais e cuidadores devem estar atentos a sinais como dor abdominal, dificuldade para urinar, inchaço ou mudanças no padrão de micção, que podem indicar problemas graves, inclusive tumores.
No caso de Gabriel, o acompanhamento médico e a atenção dos pais aos sinais foram fundamentais para a identificação da doença. Após meses de luta, a família recebeu a notícia de que o pequeno Gabriel estava curado.
Fonte: Seleções




