Crise climática global reforça incêndios e ameaças a ambientes e povos tradicionais
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Análises internacionais apontam que destruição da vegetação natural é retroalimentada pela disparada da temperatura
O desmate e o agro são grandes vilões climáticos, respondendo, no Brasil, por ¼ das emissões que reforçam o efeito estufa e elevam a temperatura média planetária. O restante se deve à queima de combustíveis fósseis, como gasolina e carvão.
Contudo, dar cabo de árvores e pastagens naturais ou drenar pântanos não só emite poluentes climáticos, como está degradando os mesmos ambientes naturais e sua vida selvagem pelo rebote na disparada da temperatura, das secas e incêndios. Essa alarmante via de mão dupla prejudica também povos tradicionais como os Kalungas, no estado do Goiás – a maior comunidade quilombola do Brasil. Eles descendem de escravizados que fugiram e lá se estabeleceram, há mais de 300 anos.
Pois, a comunicadora e guia kalunga Alciléia Torres contou que este ano 45% do território incendiou. “Muitas pessoas perderam tudo”. Mas os danos são maiores. “O fogo não queima só o mato, leva nossa cultura, nosso modo de vida”.
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Para ela, a crise do clima e o desmate do Cerrado são os motores do drama das mais de 50 comunidades na região, pois desde 2012 a vegetação nativa é manejada – queimada em pontos estratégicos – para reduzir as chances de grandes incêndios. “Esse ano teve muito fogo de novo. Foi tão forte que passou pelos aceiros [faixas desmatadas para conter o avanço das chamas]”, descreveu Torres.

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E tal fenômeno ganhou escala global. Só entre março de 2024 e o último fevereiro, uma área maior que a Índia – mais de 3,7 milhões de km2 – queimou no mundo todo, emitindo 9% mais carbono que a média dos últimos 20 anos. O balanço está num relatório que a Fundação pela Justiça Ambiental (EJF, sigla em Inglês) levou à COP30 reunindo graves situações e prejuízos gerados por incêndios na Indonésia, Estados Unidos, Grécia, Congo, Reino Unido e Brasil.
“Os incêndios são um dos efeitos mais visíveis e destrutivos do colapso climático”, ressaltou a representante da EJF no Brasil, Luciana Leite. “Estão destruindo vidas, deslocando comunidades e ameaçando ecossistemas num ritmo assustador”.
Fonte: O Eco




