Aliados dizem que Lula vê Motta perdido e projeta Câmara mais hostil em 2026

O presidente Lula (PT) passou a ver Hugo Motta (Republicanos-PB) sem rumo à frente da Câmara e avalia que a instabilidade no comando da Casa pode tornar o cenário ainda mais difícil em 2026, segundo aliados próximos ao Planalto. Com informações do UOL.
A percepção ganhou força após decisões recentes tomadas de forma inesperada, como pautar o projeto da dosimetria na madrugada e conduzir, em sequência, as votações sobre as cassações de Glauber Braga (PSOL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP).
No entorno de Lula, Motta é descrito como imprevisível e inseguro, alguém que não consegue dar direção política clara à Câmara. O presidente evita críticas públicas, mas aliados dizem que a confiança se perdeu após o parlamentar romper acordos, como ao acelerar a tramitação do projeto que derrubava o decreto do IOF e anunciar a decisão pelas redes sociais.
Tentativas de aproximação, inclusive com acenos eleitorais na Paraíba, não tiveram resposta considerada satisfatória, reforçando a leitura de que Motta evita se comprometer com qualquer campo.
A avaliação negativa se aprofundou após uma semana marcada por confusão no plenário, agressões a jornalistas e constrangimentos públicos, como o episódio envolvendo Benedita da Silva durante a sessão sobre a Constituição.
Para integrantes do governo, Motta conseguiu desagradar simultaneamente petistas, bolsonaristas e setores do Centrão, revelando fragilidade política em um ambiente em que esse tipo de sinal costuma cobrar preço alto.
Câmara, 2026 e temor de piora
A instabilidade no comando da Câmara se soma à preocupação de Lula com o Congresso a partir de 2026. Já lidando com minoria, o presidente teme um Legislativo ainda mais conservador e, na sua avaliação, de menor qualidade política.
Apesar de o governo ter aprovado pautas centrais, como mudanças no Imposto de Renda e medidas para reduzir a conta de luz, o custo político tem sido elevado, especialmente em temas sociais e ideológicos.
Nesse contexto, Lula estimula candidaturas de petistas e aliados de centro-esquerda e trabalha com a saída de ao menos 22 ministros para disputar eleições. O PT também discute uma reforma política, defendendo o voto em lista partidária como forma de fortalecer legendas e reduzir a influência de figuras individuais.
A aposta do Planalto é que a composição do Congresso será decisiva para definir se o país “vai melhorar ou piorar”, como o próprio presidente tem reiterado em discursos recentes.
