Críticas e destruição em Rondônia: operação federal expõe tensão entre Marcos Rocha e o líder bancada de Rondônia

Publicado em: 01/11/2025 10:23

Enquanto o governador critica a omissão de deputados e senadores, o líder da bancada federal, Maurício Carvalho, reage para conter danos e se defender das acusações de inércia As informações são do site Rondônia Dinâmica.

Críticas e destruição em Rondônia: operação federal expõe tensão entre Marcos Rocha e o líder bancada de Rondônia

Porto Velho, RO – A operação de desintrusão em Alvorada d’Oeste, que culminou na destruição de casas e expulsão de famílias com títulos emitidos pelo Incra há mais de 40 anos, extrapolou o campo jurídico e ambiental. Transformou-se em um divisor político dentro do União Brasil em Rondônia. O episódio revelou contradições até então sutis entre o governador Marcos Rocha e o líder da bancada federal, Maurício Carvalho — ambos da mesma legenda —, e reacendeu a discussão sobre a real efetividade da representação política do Estado em Brasília.

No vídeo divulgado nas redes sociais, o governador Marcos Rocha reconheceu os limites de atuação do governo estadual diante de uma decisão judicial, mas cobrou responsabilidade política. “O governo do Estado de Rondônia não tem competência para interferir em decisões judiciais”, afirmou. Mesmo assim, determinou à Procuradoria-Geral do Estado que recorresse ao Supremo Tribunal Federal em busca de uma revisão.

Ao lamentar a situação das famílias que “vivem ali há décadas, com escrituras, financiamentos e muito trabalho”, Rocha apontou o dedo para Brasília. “Nossos senadores e deputados federais deveriam ter atuado com antecedência para impedir que essa injustiça chegasse a esse ponto”, disse, numa crítica direta à bancada sob coordenação de Maurício Carvalho. A fala expôs uma tensão política que vinha sendo velada, justamente no momento em que colunistas especulavam sobre a aproximação entre o governador e o líder da bancada federal, com possibilidade de espaços na administração estadual a aliados do deputado.

A resposta de Carvalho veio logo após a suspensão da operação pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, decisão que reconheceu indícios de erro na demarcação da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. Em vídeo, o parlamentar reagiu às críticas de Rocha: “Respeito a manifestação do governador, mas é importante restabelecer a verdade dos fatos. A bancada federal de Rondônia nunca se omitiu.”

O deputado afirmou que o grupo vinha “acompanhando de perto” o caso desde os primeiros episódios, realizando reuniões com Funai, Ibama, Incra e Ministério do Meio Ambiente. “A diferença é que, enquanto alguns preferem falar depois que o problema está instalado, a bancada esteve presente desde o início, tentando evitar exatamente o cenário que hoje causa tanta dor”, declarou, em tom que evidenciou o embate interno.

Enquanto isso, a decisão do desembargador Newton Ramos, do TRF1, reforçou o argumento de que há dúvidas técnicas na demarcação da terra indígena, especialmente quanto ao marco geográfico 26, que teria sido deslocado em mais de 3,6 quilômetros. O magistrado determinou a suspensão das desocupações e o encaminhamento do caso à Comissão de Soluções Fundiárias do Conselho Nacional de Justiça.

Nos bastidores, a disputa entre o governador e o líder da bancada deslocou o foco das famílias desalojadas para o tabuleiro político. Parlamentares como Lúcio Mosquini (MDB), Sílvia Cristina (PL) e Thiago Flores (MDB) se pronunciaram em defesa dos produtores, cobrando do governo federal a correção dos erros fundiários e reparação dos prejuízos causados. A Funai e o Incra, por sua vez, divulgaram notas reafirmando que a operação cumpria decisão judicial e que eventuais falhas técnicas seriam tratadas administrativamente.

Para além da tragédia social e da disputa técnica, o caso revelou um traço recorrente na política rondoniense: a ausência de coordenação entre os poderes estadual e federal. Rocha, ao cobrar a bancada, buscou demonstrar liderança e e alguma sensibilidade diante do clamor popular. Carvalho, por sua vez, soou como se agisse em defesa de seu capital político, tentando manter a imagem de articulador discreto, porém atuante.

A controvérsia, contudo, deixou marcas.

O líder da bancada saiu da sombra da discrição, mas sob questionamentos. Sua defesa pública — tardia — tende a ser vista mais como reação política do que como prova de ação prévia.

No contexto eleitoral que se aproxima, o episódio pode se tornar um ponto de inflexão. Se Maurício Carvalho tivesse voltado seus esforços, com igual intensidade, à defesa institucional do Estado e de sua população, em vez de calibrar cada movimento com as próximas eleições, talvez não precisasse agora rebater críticas, mas apenas colher reconhecimento. Em política, o retorno mais sólido vem não da autopreservação, mas da confiança espontânea de quem vê seus representantes atuarem de forma clara e proativa.

Em Alvorada d’Oeste, o fogo que destruiu casas também iluminou as zonas de sombra da política rondoniense. E, por ora, a fumaça da desintrusão encobre algo maior: a disputa silenciosa por quem, de fato, representa Rondônia. As informações são do site Rondônia Dinâmica.

Texto originalmente publicado em https://www.rondoniadinamica.com/noticias/2025/11/criticas-e-destruicao-em-rondonia-operacao-federal-expoe-tensao-entre-marcos-rocha-e-o-lider-bancada-de-rondonia,230383.shtml

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