Documento revela o que Bolsonaro usou para danificar a tornozeleira eletrônica

Publicado em: 22/11/2025 18:32

Documento revela o que Bolsonaro usou para danificar a tornozeleira eletrônica

Tornozeleira de Bolsonaro com avarias. Foto: Reprodução

Neste sábado (22), um documento oficial trouxe a descrição da tentativa de Jair Bolsonaro de romper a tornozeleira eletrônica e anexou um vídeo ao processo. Nas imagens, o equipamento aparece com danos visíveis e marcas compatíveis com exposição ao calor.

No áudio gravado pela equipe, uma agente da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal pergunta ao ex-presidente o que teria causado as avarias. Bolsonaro responde de maneira direta: “Meti um ferro quente aqui”.

Confira o documento oficial na íntegra:

Senhor Secretário,
Brasília-DF, 22 de novembro de 2025.

Apresentamos a Vossa Excelência informações acerca da monitoração eletrônica de JAIR MESSIAS BOLSONARO (Prontuário: 193.317- STF):

O Centro Integrado de Monitoração Eletrônica monitora remotamente o réu desde 18/07/2025, através de tornozeleira eletrônica.

Ocorre que às 00h07m do dia 22/11/2025 o Sistema de Monitoração gerou alerta indicando violação do dispositivo.
Imediatamente, a equipe de escolta posicionada nas imediações da residência do monitorado foi acionada, assim como a Direção da Unidade.

Os policiais penais realizaram contato imediato com o réu solicitando que se apresentasse para verificação do equipamento.

Paralelamente, a Diretora Adjunta do CIME se deslocou até o local para análise presencial da situação.

A informação inicial recebida pelos escoltantes era que o monitorado havia batido o
dispositivo na escada.

No momento em que esta Policial chegou ao local o acesso foi rapidamente viabilizado pelo próprio réu.

Após autorizada a entrada no recinto buscamos um espaço com boa iluminação e energia elétrica, disponível já na sala principal da edificação.

Diferente do que havia sido informado inicialmente, a tornozeleira não apresentava sinais de choque em escada.

O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case.

No momento da análise o monitorado foi questionado acerca do instrumento utilizado.

Em resposta, informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento.

Informamos, ainda, que não foram identificados sinais de avaria na pulseira da tornozeleira.

O equipamento número de série 85916 foi então substituído.

A tornozeleira eletrônica n. 85903 foi instalada. Após confirmação de funcionamento regular, captação contínua de sinal e teste de tração, o monitorado foi liberado para retornar ao repouso.

O dispositivo violado foi então recolhido e a equipe de escolta retornou para posto de vigilância externo à residência.

Memorando 195 (187858882) SEI 04026-00051009/2025-90 / pg. 1

Permanecemos à disposição para outros esclarecimentos.

Respeitosamente,

RITA GAIO
Diretora Adjunta CIME/SEAPE

Defesa de Bolsonaro terá 24 horas para explicar violação da tornozeleira

Equipamento já violado no tornozelo de Jair Bolsonaro. Fotomontagem: Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro tem 24 horas para se manifestar sobre a violação da tornozeleira eletrônica do político. O fato ocorreu na madrugada de sábado, 22 de novembro de 2025, poucas horas antes de Bolsonaro ser preso preventivamente em Brasília. A decisão está ligada a um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), que detectou uma tentativa de violação do equipamento.

Segundo o relatório, o alarme da tornozeleira disparou às 0h07 do sábado, acionando uma equipe para verificar a situação na residência de Bolsonaro. A vistoria mostrou que o aparelho apresentava marcas de queimadura e danos visíveis, especialmente no ponto de fechamento. Questionado, Bolsonaro confessou que usou um ferro de solda para tentar abrir o dispositivo, justificando o ato como “curiosidade”. Aliados mencionaram que ele estaria “em surto” no momento da tentativa.

A prisão do ex-presidente ocorreu no mesmo dia e ele foi levado a uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal. Na decisão que decretou sua prisão preventiva, Moraes citou tanto a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro quanto a tentativa de violação da tornozeleira como fatores que indicariam risco de fuga. A ação visa prevenir qualquer tentativa de evasão e não representa o início do cumprimento da pena penal.

Bolsonaro ainda aguarda o julgamento de um recurso no STF, que deve ser apresentado até segunda-feira, 24 de novembro. Caso esse recurso não seja aceito, ele começará a cumprir a condenação de 27 anos e três meses de prisão, ainda imposta por liderar uma tentativa de golpe de Estado. Até lá, o ex-presidente permanece sob monitoramento, com equipamento substituído após o incidente.

Os advogados de Bolsonaro argumentaram que a tentativa de violação do equipamento não justifica sua prisão, ressaltando que ele estava vigiado 24 horas por dia por uma equipe de segurança constante. Para a defesa, o estrago na tornozeleira serviu apenas para causar humilhação ao ex-presidente, sem qualquer chance real de fuga, dada a vigilância restrita.

O relatório detalha que, durante a inspeção, a diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica constatou que as marcas no equipamento não eram compatíveis com choques decorrentes de quedas, reforçando a versão da tentativa deliberada de abrir a tornozeleira. Diante disso, o aparelho foi recolhido para análise e substituído no local.

Entre as medidas impostas a Bolsonaro pelo STF está o uso do aparelho eletrônico para monitoramento 24 horas por dia, além de restrições como a permanência em casa no período noturno e a proibição de comunicação com certos indivíduos, incluindo diplomatas e outros investigados. O descumprimento dessas medidas tem gerado debates e ações judiciais recentes.

Veja o vídeo onde o ex-presidente fala da tornozeleira:

Como é a cela especial da PF que receberá Bolsonaro em Brasília

Interior da sala da PF no DF reservada para Jair Bolsonaro; foto: reprodução X

Nesta semana, a CNN Brasil teve acesso ao local onde o ex-presidente Jair Bolsonaro deve permanecer detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A sala destinada ao ex-mandatário fica no andar térreo do prédio e foi preparada após decisão interna da corporação e da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.

O espaço reservado para Bolsonaro é semelhante ao que abrigou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2018 e 2019, na sede da PF em Curitiba. A acomodação inclui banheiro privativo, cama, mesa de trabalho, televisão e uma cadeira, compondo uma estrutura adaptada para prisões de autoridades.

A sala passou por reformas recentes. Ela foi organizada para atender eventuais determinações de prisão preventiva e não foi criada especificamente para Bolsonaro, segundo a Polícia Federal. A corporação explica que o ambiente pode ser usado por qualquer autoridade que tenha direito a recolhimento especial.

A custódia será individual. Bolsonaro não terá contato com outros detentos, prática que segue normas aplicadas a presos com prerrogativa de foro ou posições institucionais relevantes. O procedimento já foi adotado em casos anteriores, como o do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que ficou em uma sala especial em Maceió após ser preso.

O local de detenção está situado no Setor Policial de Brasília, próximo à área administrativa da Superintendência. A escolha do espaço levou em conta condições de segurança e logística interna, além de orientações da cúpula da PF.

A prisão decretada contra Bolsonaro é de natureza preventiva. Ela não está associada ao cumprimento da pena de 27 anos e três meses imposta pelo STF por tentativa de golpe de Estado. A medida tem caráter cautelar.

Dentro da PF, agentes relatam que a convocação pelo senador Flávio Bolsonaro para uma “vigília religiosa” em frente ao condomínio do ex-presidente influenciou a avaliação de risco. A possibilidade de tumulto e de obstrução policial foi um dos fatores que pesaram para o pedido de prisão.

A corporação considera que o isolamento do ex-presidente dentro da Superintendência reduz potenciais tensões externas e facilita o cumprimento das normas de segurança. O ambiente preparado busca atender às exigências judiciais e proteger a integridade da custódia.

Veja o vídeo:

 

 

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