Eduardo Bolsonaro ataca Moraes e diz que é vítima de “caça às bruxas”

Publicado em: 14/11/2025 16:18
O deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foto: Reprodução

Eduardo Bolsonaro (PL-S) reagiu ao voto do ministro Alexandre de Moraes, que defendeu o recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) para torná-lo réu por coação no curso do processo. O deputado classificou a decisão como uma “continuação da caça às bruxas”, repetindo o termo usado pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, para falar de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O parlamentar diz que o voto é “totalmente inconstitucional”, já que, segundo ele, Moraes atua ao mesmo tempo como vítima e julgador. Ele também criticou o procurador-geral Paulo Gonet, afirmando que ambos agem “em conluio” em um “jogo de cartas marcadas”. Para o deputado, o processo é parte de uma perseguição política.

“Não fui oficialmente citado, por mais que seja notório que eu esteja residindo em local certo e sabido pelas autoridades americanas. Moraes fala que está aceitando denúncia por coação por ato praticado pelo presidente Trump, fora da jurisdição brasileira, e um ato lícito, uma vez que a Lei Magnitsky é, por óbvio, uma lei aprovada pelo Congresso americano”, disse à coluna de Paulo Cappelli no Metrópoles.

O parlamentar voltou a negar que tenha atuado para influenciar o julgamento do pai, alegando que seu objetivo era punir autoridades que teriam cometido abusos. “Tampouco, o meu trabalho objetivava a absolvição do meu pai, visto que não espero nenhuma decisão justa vinda de um tribunal de exceção e inquisitório. Assim, a minha energia sempre se voltou para levar consequências aos notórios abusos e violações de direitos humanos cometidos por Moraes”, prosseguiu.

Os ministros Flávio Dino e Alexandre de Moraes, em sessão no STF. Foto: Rosinei Coutinho/STF

O deputado também associou o caso às eleições de 2026. Ele acusou Moraes de tentar retirá-lo da disputa para o Senado. Segundo Eduardo, não há “qualquer indício do cometimento do crime de coação”, e o processo revelaria “a perseguição política” contra aqueles que exercem o que chamou de “diplomacia legislativa internacional”.

Ele afirmou que a suposta tentativa de tirá-lo do pleito poderia atingir outros nomes fortes da oposição. “Moraes quer me tirar da eleição de 2026, no tapetão, e isso ocorrerá com qualquer candidato favorito ao Senado que ele enxergue como opositor”, disse.

Eduardo encerrou dizendo que todas as suas declarações são baseadas no que viu publicado pela imprensa, já que não foi notificado do processo. Ele questionou a decisão de não usar carta rogatória para citá-lo nos EUA. “Por que Moraes tem medo de que eu fale? Por que não usa os canais oficiais, como todos os juízes do mundo utilizam?”, afirmou. Atualmente licenciado, o deputado vive nos Estados Unidos.

O placar para tornar Eduardo réu atualmente está em 2 a 0, já que Flávio Dino seguiu o relator do caso. Restam os votos de Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

“Vingança”: como Paulo Figueiredo reagiu ao voto de Moraes contra Eduardo

Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro nos EUA. Foto: Reprodução

O golpista Paulo Figueiredo, aliado direto de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reagiu ao voto do ministro Alexandre de Moraes no julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia contra o deputado. Ele afirmou que o colega foi “denunciado sem citação, por ato lícito praticado fora da jurisdição da Corte”.

O neto do ditador João Baptista de Oliveira Figueiredo, último mandatário do regime militar, disse que o processo contra Eduardo é uma “uma vingança pessoal do Alexandre” e de uma tentativa “de retirá-lo das urnas”.

Eduardo está nos Estados Unidos desde o início do ano, o que dificultou sua citação judicial no Brasil. Por causa da ausência de resposta, Moraes determinou que a Defensoria Pública da União (DPU) atuasse na defesa do parlamentar. Ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por “restrição ao exercício dos poderes constitucionais”.

A denúncia afirma que Eduardo e Figueiredo atuaram nos Estados Unidos para pressionar autoridades estrangeiras. Segundo o texto, eles buscaram impor sanções pessoais a ministros do STF e “prejuízos econômicos ao Brasil”, além de estimular a aplicação da Lei Magnitsky e tarifas comerciais, com o objetivo de “livrar Jair Bolsonaro da condenação penal”.

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