O senador Flávio Bolsonaro (PL-DF) fez um discurso inflamado na noite da última terça-feira (11), durante um evento do PL em Brasília, que marcou os 100 dias de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Diante de uma plateia de militantes e parlamentares, o filho mais velho do ex-chefe do Executivo chamou o pai de “sequestrado” e afirmou que o “resgate” seria político.

“Meu pai está hoje num cativeiro e pior… o sequestrador quer exigir o pagamento de um resgate para tirá-lo dessa situação”, disse se referindo ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi punido pelo governo dos Estados Unidos, de Donald Trump, com a Lei Magnitsky.

Flávio ainda sugeriu que a prisão estaria sendo usada como forma de pressão: “Tenho para mim que o sequestrador está achando que pode trocar Bolsonaro pela retirada da [Lei] Magnitsky sobre ele, como se nós tivéssemos algum controle, por ele ter sido sancionado como violador de direitos humanos internacional. Se ele acha que alguém vai ficar calado, acovardado, porque ele usa uma arma covarde — que é uma caneta para escrever a própria Constituição e escolher quem quer perseguir —, ele está muito enganado”.

Flávio Bolsonaro: “O sequestrador está achando que pode trocar Bolsonaro pela retirada da lei Magnitsky sobre ele.” pic.twitter.com/KsjyzLybuM

— Pri (@Pri_usabr1) November 12, 2025

 

O evento, promovido pelo PL no Setor de Clubes Sul, teve como objetivo estimular novas filiações e lançar a pré-candidatura da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado. Também estiveram presentes o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, e o senador Rogério Marinho (PL-RN).

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi a principal atração da noite e, segundo aliados, foi tratada como “a voz de Jair Bolsonaro” durante o período em que o marido está preso.

Flávio adotou um tom combativo, misturando críticas ao governo Lula e exaltações ao bolsonarismo. “A nossa luta para resgatar o Brasil tá só começando. E cada um de vocês, não só testemunha, como tá fazendo parte dessa história. Porque acreditam que nós temos o caminho para que não falte comida na mesa de ninguém”, afirmou.

Em outro trecho, o senador disse que o presidente Lula estaria “trocando carteira de trabalho pelo cartão do Bolsa Família” e prometeu “libertar o povo da dependência do governo”.

“O que o Lula fez foi tirar as pessoas da pobreza e botar na miséria. Ele quer que as pessoas sejam cada vez mais dependentes do governo dele. Mas nós viemos para libertar essas pessoas, ajudar quem precisa e mostrar que tem um caminho aonde essas pessoas que hoje necessitam de um Bolsa Família vão poder ganhar três, quatro, cinco vezes mais com a carteira de trabalho ou abrindo o seu próprio negócio”, afirmou.

Flávio também reforçou o discurso de identidade nacional usado pelo bolsonarismo desde 2018. “Porque a nossa bandeira foi jogada na lata do lixo. A minha bandeira jamais será vermelha. E o Bolsonaro resgatou essa bandeira. Agora a gente vai resgatar o Bolsonaro nesse cativeiro em que ele foi colocado hoje”, declarou, em meio aos gritos de “Volta, Bolsonaro” entoados pelo público.

O senador encerrou sua fala atacando o governo federal e associando a gestão de Lula a “ditadores e criminosos”: “Porque a soberania que o Lula defende é a soberania de traficantes de drogas. É a soberania de ditadores. E nós vamos devolver a soberania para o povo brasileiro, que quer voltar a andar em paz nas ruas, que quer voltar a ter emprego, segurança e dignidade”.