Governo de Rondônia divulga gastos com mídia de novembro; Veículos de comunicação são “cortados”

Publicado em: 12/12/2025 00:03

Cortes em veículos de comunicação despertam alerta no mercado; justificativa recai sobre recomendação do Ministério Público de Rondônia


Porto Velho, RO –
Em novembro e dezembro de 2025, o mercado de comunicação de Rondônia sentiu um abalo daqueles que fazem o café esfriar na xícara. Enquanto os gastos oficiais do Governo do Estado com veiculação de publicidade seguiram firmes — somando R$ 1.236.355,61 apenas em novembro —, o que chamou atenção de empresários do setor foi a ausência total de investimentos em produção e em mídia exterior (outdoor).

Num cenário em que cada centavo costuma ter destino certo, a linha orçamentária dedicada a criação e produção aparece zerada. Isso mesmo: nenhum real aplicado. Já a veiculação, por outro lado, deslizou tranquila pelas ondas do rádio, da internet e da TV aberta.

📊 Onde o dinheiro efetivamente foi parar

Segundo o relatório oficial:
TV aberta: R$ 249.042,16
Internet: R$ 640.252,62
Rádio: R$ 239.576,58
Redes sociais: R$ 30.934,18
Mídia exterior: R$ 76.550,07
Criação: R$ 0
Produção: R$ 0
Total: R$ 1.236.355,61

É um quadro curioso para um mercado tradicionalmente movido por jingles, vídeos, campanhas criativas e outdoors que disputam espaço com o céu de Rondônia.

O corte que virou assunto nos bastidores

Em dezembro de 2025, a gestão do publicitário Cleiton Pena, responsável pela PEN6 — agência que opera o plano de mídia do Governo de Rondônia — promoveu um corte brusco: dezenas de veículos de comunicação foram excluídos do plano de mídia da administração estadual, comandada pelo governador Marcos Rocha (União Brasil).

A medida não veio do nada. Segundo o próprio Cleiton Pena, da PEN6 Publicidade, a ordem teria partido do Promotor de Justiça Geraldo Henrique Ramos Guimarães, da 7ª Promotoria de Justiça de Porto Velho, que recomendou ajustes na distribuição dos recursos.

Não bastasse isso, no mês anterior, Pena já havia reduzido também o número de veículos contemplados pela Assembleia Legislativa de Rondônia. Resultado: o setor, que tradicionalmente se organiza em torno de longas relações de parceria com o poder público, viu-se em estado de alerta.

O que mais incomoda os empresários

Não foi apenas a tesoura afiada que tirou o sono do mercado. O silêncio completo sobre produção e outdoor, áreas que historicamente movimentam estúdios, gráficas, equipes técnicas e mão de obra local, foi recebido como um sinal de que algo mudou — e mudou muito.

Empresários apontam que:
Campanhas sem produção local reduzem a participação do mercado rondoniense no processo criativo.
A ausência de outdoor — um formato clássico, querido e eficaz — levanta dúvidas sobre a estratégia adotada.
A concentração de verbas em internet e TV sugere uma mudança brusca no modelo tradicional de comunicação institucional.

Um final de ano tenso no mercado de mídia

O ano de 2025 termina com o setor de comunicação de Rondônia olhando para o governo como quem observa um velho amigo que, de repente, mudou de hábitos. A estratégia pode ter razões técnicas, jurídicas ou orçamentárias — mas deixou claro que 2026 começará com conversas mais firmes entre mercado, governo e instituições de controle.

E, como diria o jornalista mais antigo da redação, “quando a publicidade muda, é sinal de que o vento político vem virando”. Por ora, resta observar para onde ele sopra.

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