Inércia dos políticos novatos incentiva retorno da “Velha Guarda”

PORTO VELHO (RO) – Nas conversas políticas da capital e do interior, a falta de políticos com aprovação da maioria da população predomina, principalmente em nível federal. Muitas são as reclamações, com raras exceções, da Bancada Federal de Rondônia, composta por oito deputados e três senadores, pela falta de ações de interesse da maioria da população.
Temos ciência de que a representatividade no Congresso Nacional (Senado e Câmara) com oito deputados federais num universo de 513 pouco representa, mas é necessário mais e melhores ações em favor do social, da saúde, da educação e do transporte aéreo, terrestre e fluvial. No Senado há equilíbrio, com três senadores por Estado e pelo Distrito Federal.
Mesmo assim, há que se destacar as mobilizações da deputada Sílvia Cristina, presidente regional do PP, em relação à saúde — especialmente no controle e combate ao câncer. Sílvia mantém, em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, unidades de atendimento em Porto Velho e Ji-Paraná, serviços que estão sendo levados para outros municípios, inclusive Vilhena, na divisa com o Mato Grosso. Ela trabalha a pré-candidatura a uma das duas vagas ao Senado, com chances reais de sucesso.
A atuação do deputado Lúcio Mosquini, que presidiu o MDB regional até recentemente, também satisfaz. Tem conseguido atender municípios com emendas e dar suporte na busca de recursos federais. Não deverá ter dificuldades para buscar um novo mandato; resta saber se permanecerá no MDB ou optará por uma nova sigla.
O período para os deputados trocarem de partido sem ter complicações com a legislação, como a perda do mandato, é de 7 de março a 5 de abril de 2026 — a chamada janela partidária.
A situação de Maurício Carvalho (UB), por enquanto, é uma interrogação. Se optar pela reeleição, provavelmente não terá dificuldades, mas o que se comenta nos bastidores da política é que ele concorrerá à Assembleia Legislativa (Ale), para que a irmã, que já foi deputada federal e vereadora em Porto Velho, busque o retorno à Câmara Federal.
Mariana disputou a Prefeitura de Porto Velho em 2024 como favorita. Recebeu 44,53% dos votos válidos no primeiro turno, mas no segundo foi derrotada por Léo Moraes (Podemos). Erroneamente, o comando de campanha de Mariana trabalhou sua eleição para o primeiro turno — missão quase impossível. Como não obteve sucesso, as articulações para o segundo turno ficaram comprometidas, pois se esqueceram de que política é negociação, soma, jamais divisão. Léo fez uma campanha simples, direta e agressiva e, mesmo não tendo eleito nenhum dos 23 vereadores, foi vitorioso, somando 56,18% dos votos válidos.
Fernando Máximo (UB), o mais bem votado em 2022 (85.596 votos) para a Câmara Federal, trabalha uma candidatura a governador. Vem encontrando uma série de barreiras pela frente, o que é normal. Ultimamente, fala-se até em ele concorrer ao Senado, mas, por enquanto, a meta é a sucessão estadual. Tudo dependerá das negociações até as convenções e da janela partidária. Dificilmente permanecerá no União Brasil.
O coronel Chrisóstomo Moura (PL), político de extrema-direita, se prepara para mais uma reeleição. É radical, mas coerente com a política que defende, e dificilmente deixará de conseguir um novo mandato.
Thiago Flores (Republicanos) e Rafael O Fera (Podemos), ambos com domicílio eleitoral em Ariquemes, certamente terão dificuldades para conseguir novos mandatos. Flores obteve 24.784 votos em 2022, foi o nono mais votado e se elegeu devido à legenda. Fera assumiu recentemente, no lugar de Eurípedes Lebrão (UB), que foi cassado pela Justiça Eleitoral. A expectativa é que terá uma reeleição difícil.
Resta ainda Cristiane Lopes (UB), que realiza um trabalho silencioso — talvez até demais. Boa parte das lideranças políticas de bastidores acredita que ela tem chance de conseguir um novo mandato, mas é uma aposta.
Dois dos três senadores terão mandatos encerrados em 2026: Marcos Rogério e Confúcio Moura, presidentes do PL e do MDB, respectivamente, em Rondônia. Por enquanto, há dúvidas sobre o futuro político de ambos.
Confúcio, como sempre, bate, mas assopra. Dependendo do momento, deixa transparecer que concorrerá a governador, cargo que já ocupou por dois mandatos seguidos. Passa alguns dias e suas falas deixam pistas de que buscará a reeleição.
Rogério está mais ou menos na mesma situação. Sabe que terá uma disputa difícil em sua base eleitoral, Ji-Paraná. Sílvia Cristina é pré-candidata ao Senado, assim como o ex-senador Acir Gurgacz, presidente regional do PDT, e o pecuarista Bruno Scheidt, indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Todos estão na disputa.
Exposto o quadro das possibilidades dos políticos atuais, vamos aos da “velha guarda”, que estão se preparando para voltar a enfrentar as urnas — todos com identificação com o eleitorado e muitas chances de sucesso.
O PSD tem como presidente o ex-senador Expedito Júnior, que também já foi deputado federal. Há tempos não ocupa cargo eletivo, mas está sempre muito atuante nos bastidores da política. Estaria se preparando para disputar uma das duas vagas ao Senado.
Na busca pelas vagas ao Senado também está o ex-senador Acir Gurgacz, presidente do PDT em Rondônia, que trabalha o retorno ao Congresso Nacional. Organizou no Estado o grupo Caminhada Esperança, que vem se reunindo nas principais cidades do Estado e se preparando para as Eleições Gerais de 2026.
Na relação, consta Amir Lando, ex-deputado (estadual e federal), ex-ministro (INSS/Saúde) e ex-presidente regional do MDB. Ele vem trabalhando uma candidatura à Câmara Federal.
A ex-senadora Fátima Cleide, do PT, estaria formatando uma candidatura à Câmara Federal. Em 2022 recebeu 28.409 votos, foi a quinta mais votada e não se elegeu devido à legenda. É um nome a ser considerado, sempre entre os favoritos nas pesquisas. Hoje é a força maior do PT no Estado.
O ex-senador Valdir Raupp e sua esposa, a ex-deputada federal Marinha, estão sempre nas listas de prováveis candidatos. Em recente contato com Raupp, ele garantiu que ambos não estarão disputando cargos eletivos em 2026. Ele já foi prefeito, governador e senador. Marinha foi deputada federal em cinco mandatos seguidos. Deixou uma ampla folha de bons serviços prestados e é sempre lembrada pela população de forma positiva.
Ainda temos mais nomes que deverão disputar cargos nas eleições de outubro do próximo ano. Roberto Sobrinho, que teve dois mandatos seguidos como prefeito de Porto Velho pelo PT e hoje está sem partido, é apontado como pré-candidato a deputado estadual. É um nome expressivo e, caso opte pelo PDT, como se comenta nos bastidores, dificilmente deixará de se eleger.
Temos ainda ao menos três políticos em condições de se elegerem em 2026, todos considerados experientes, bons de voto e que já provaram isso em eleições anteriores: dois ex-deputados federais — Natan Donadon, de Vilhena e filiado ao União Brasil, e Carlos Magno, ex-prefeito de Ouro Preto do Oeste, ex-deputado (estadual e federal) e hoje adjunto da Casa Civil do Governo do Estado. Natan estaria em busca do retorno à Câmara Federal. Já Magno teria como objetivo uma das 24 cadeiras da Ale-RO.
E ainda temos um dos políticos mais carismáticos de Rondônia, Ernandes Amorim, que já foi vereador e prefeito de Ariquemes mais de uma vez, deputado estadual, deputado federal e senador. Dos cargos eletivos no Estado, só não conseguiu se eleger governador, apesar de tentar duas vezes. Amorim não se manifestou publicamente sobre pré-candidatura e possíveis cargos, mas certamente estará concorrendo nas eleições do próximo ano, pois admite a hipótese nas conversas de bastidores.
Certamente Rondônia tem outros nomes de políticos da chamada “Velha Guarda” com expressividade suficiente para concorrer nas eleições de 2026, mas os citados são os que estariam dispostos a enfrentar as urnas novamente e os mais comentados entre os políticos.
