Trump faz discurso alarmista e ataca novo prefeito de Nova York: “Comunista”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez nesta quarta (5) um discurso alarmista e atacou o novo prefeito de Nova York, Zohran Mamdani, eleito na véspera em uma disputa histórica. Durante o American Business Forum, em Miami, o republicano chamou o democrata de “comunista” e disse que sua vitória mostra o “verdadeiro rosto” do partido rival.
“Se vocês querem ver o que os democratas do Congresso desejam fazer com os Estados Unidos, basta olhar para os resultados da eleição de ontem em Nova York, onde o partido deles elegeu um comunista como prefeito da maior cidade do país”, afirmou o republicano. Em tom irônico, ele prosseguiu: “Pulamos a etapa dos socialistas e colocamos os comunistas no lugar deles”.
Trump ampliou os ataques, associando Mamdani a regimes autoritários. “Vejam o que está acontecendo em diferentes partes do mundo, mas agora os democratas estão tão extremistas que Miami em breve será um refúgio para aqueles que fogem do comunismo na cidade de Nova York”, prosseguiu.
A eleição de Mamdani representa uma mudança no perfil político de Nova York. Nascido em Uganda e filho de mãe indiana e pai ugandês, o novo prefeito se mudou para os EUA ainda criança. Ele se define como socialista e defende congelamento de aluguéis, creches públicas e supermercados subsidiados para reduzir o custo de vida.

Mamdani venceu a disputa com 50,4% dos votos, superando o ex-governador Andrew Cuomo (41,6%) e o republicano Curtis Sliwa (7,1%). O resultado foi considerado um revés para Trump, que havia declarado apoio a Cuomo e ameaçado cortar repasses federais a Nova York caso o democrata socialista fosse eleito.
O novo prefeito respondeu aos ataques durante seu discurso de vitória, enviando um recado direto ao presidente. “Se tem alguém que pode mostrar para uma nação traída por Trump como o derrotar, esse alguém é a cidade que o criou: Nova York”, afirmou.
Em resposta, Trump suavizou o tom e disse estar disposto a cooperar. “Agora veremos como um comunista se sai em Nova York. Vamos ver como isso funciona. Queremos que Nova York tenha sucesso. Vamos ajudá-los um pouco, talvez”, declarou.
Ministro israelense pede que judeus deixem Nova York após vitória de prefeito muçulmano

O ministro israelense da Diáspora e da Luta contra o Antissemitismo, Amichai Chikli, fez um apelo público nesta quarta (5) para que os judeus de Nova York se mudem para Israel, após a vitória do muçulmano Zohran Mamdani na eleição para prefeito da cidade.
“A cidade que uma vez foi símbolo da liberdade no mundo entregou suas chaves a um partidário do Hamas. Nova York nunca voltará a ser a mesma, especialmente para sua comunidade judaica. Convido os judeus de Nova York a considerarem seriamente estabelecer seu novo lar na Terra de Israel”, escreveu Chikli no X.
Mamdani, de 34 anos, será o primeiro prefeito muçulmano da história de Nova York quando assumir o cargo em janeiro. Defensor da causa palestina, o político também tem condenado o antissemitismo e a islamofobia, relatando inclusive casos de discriminação que sofreu nos Estados Unidos.
As declarações do ministro israelense refletem o desconforto do governo de Israel com as posições de Mamdani, que já classificou o país como um “regime de apartheid” e acusou suas forças armadas de promover um “genocídio” em Gaza. O novo prefeito defende o reconhecimento do Estado palestino e o corte de repasses americanos para o governo israelense enquanto durar a ofensiva militar.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, conhecido por suas posições ultranacionalistas, apoiou o colega e também atacou o novo prefeito. “O antissemitismo venceu o bom senso. Mamdani é um partidário do Hamas, inimigo de Israel e antissemita declarado”, afirmou em comunicado.
Mamdani vem sendo atacado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, desde a campanha. Ele chegou a ser chamado de “inimigo dos judeus” pelo republicano, que chamou seus eleitores de “estúpidos”.
O democrata venceu com 50,4% dos votos, superando o ex-governador Andrew Cuomo e o republicano Curtis Sliwa, tornando-se símbolo da ascensão de uma nova geração de políticos progressistas no país.
Em entrevistas após a vitória, Mamdani tentou amenizar o clima e reforçou sua postura de diálogo. “Eu sou contra toda forma de ódio. Quero que Nova York continue sendo um lar para todos, independentemente da fé ou origem”, declarou.
