“Repreendido”: presente da China ao Brasil revolta evangélicos

O presente entregue pela China ao Brasil durante a COP30, em Belém (PA), desencadeou revolta em parte do público evangélico. A escultura, chamada “Espírito Guardião Dragão Onça”, foi produzida pelo artista Huang Jian e oferecida como símbolo de cooperação entre os dois países.
A obra representa uma criatura híbrida, unindo o dragão (figura central da cultura chinesa) e a onça-pintada, ícone brasileiro. O ser abraça um globo com a inscrição COP30 e foi concebido como guardião da floresta tropical. Ainda assim, sua estética chamou atenção e gerou controvérsia nas redes sociais.
Nas publicações, evangélicos reagiram com frases como “está repreendido” e “o Brasil é do Senhor Jesus”. Entre os comentários, há pedidos para que o presente seja devolvido e alertas de que a peça traria “maldição” ao país. Muitas mensagens vieram acompanhadas de versículos bíblicos.
O apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer, afirmou que “o dragão com chifres é o símbolo bíblico do engano e poder contrário a Deus”. Ele também argumentou que a fusão do dragão com a onça criaria uma espécie de mensagem contrária à tradição cristã brasileira.

O religioso citou Apocalipse 12:9, que descreve um “grande dragão” que “engana todo o mundo” e é chamado de “diabo ou satanás”. Esse trecho costuma servir de referência para a rejeição do dragão em setores cristãos, especialmente os mais conservadores.
Na China, porém, o significado é completamente diferente: o dragão é visto como símbolo de força, sabedoria, prosperidade e boa sorte, além de representar liderança e proteção espiritual. É uma das figuras mais importantes da mitologia chinesa e aparece em celebrações, artes e rituais.
A diferença de leitura não é nova: enquanto no Oriente o dragão está associado ao positivo, em partes do Ocidente ele aparece como o inimigo a ser derrotado, presente tanto na mitologia grega quanto no cristianismo, como nas representações de São Jorge enfrentando a criatura.
