Hipocrisia de Setembro e Outubro: o teatro da saúde pública

Todo ano é a mesma encenação. Em setembro, os governantes vestem o laço amarelo, fazem discursos emocionados e lotam as redes sociais falando sobre o Setembro Amarelo, a valorização da vida e a importância da saúde mental. Mal termina o mês, e já trocam o figurino para o Outubro Rosa, com novas fotos, novos discursos e a mesma superficialidade de sempre.
Enquanto isso, a realidade segue nua e crua: falta médico, falta atendimento, falta respeito com o povo. As unidades de saúde vivem com profissionais insuficientes, e quem precisa de apoio psicológico ou psiquiátrico enfrenta longas esperas — quando consegue ser atendido. As mulheres, por sua vez, continuam sem o acompanhamento ginecológico adequado, sem exames preventivos e sem políticas reais de atenção à saúde feminina.
O que se vê é uma avalanche de postagens bonitas e vazias, um espetáculo de marketing travestido de empatia. Governantes aparecem sorrindo nas redes, posando ao lado de campanhas que, na prática, não passam de fachada.
É fácil se solidarizar com causas nobres quando tudo se resume a hashtags e discursos prontos. Difícil mesmo é fazer política pública de verdade, com investimento, planejamento e compromisso com a vida das pessoas.
O povo já cansou de campanhas de um mês. O que se quer — e o que se precisa — é respeito o ano inteiro.
