Religião e a separação estreita entre as praias “do bem” e “do mal” no Egito

Publicado em: 24/11/2025 10:23
Praia em Sahel el-Tayeb, no Egito. Foto: Fatma Fahmy/New York Times

O litoral mediterrâneo do Egito está dividido entre duas realidades contrastantes: a “Costa do Bem” (Sahel el-Tayeb) e a “Costa do Mal” (Sahel el-Shireer). Ambas compartilham as mesmas praias de areia branca e mar turquesa, mas separam-se por valores, estilos de vida e poder econômico. Enquanto a primeira oferece férias simples e familiares, a segunda é marcada pelo luxo e ostentação.

Na “Costa do Bem”, predominam mulheres usando burquínis e hijabs, cafés simples à beira-mar e vendedores ambulantes oferecendo biscoitos fresca e amêijoas. Já na “Costa do Mal”, a menos de uma hora de distância, encontram-se vilas milionárias, biquínis, butiques de grife e festas com DJs internacionais.

Aziza Shalash, que migrou para a Baía de Almaza, refletiu sobre a mudança em entrevista ao New York Times: “Antes era assim: levar quatro ou cinco looks, chinelos e nada de maquiagem. Agora, quando você vai à praia, precisa estar com o cabelo arrumado, usar maquiagem”.

A divisão reflete uma fratura social mais ampla no Egito, onde a classe está diretamente ligada à adoção de costumes ocidentais. Mohieddin el-Ashmawy, de 83 anos, frequenta a “Costa do Bem” há décadas e define a vizinha: “É ‘maligno’ porque eles gastam muito dinheiro. A cada passo que damos lá, o dinheiro fala mais alto”. A crise econômica de 2022 aprofundou ainda mais esse abismo.

Compartilhar

Faça um comentário